Era mais um típico e pacato dia na cidade de Manhattan. Pessoas iam e vinham na multidão frenética de pés, o transito, o som urbano, pombos na praça, um bando de anjos lutando sobre uma cobertura de prédio, tudo na mais alta normalidade.

Mais quatro destes, sobrevoaram o lugar avistando o dia de treinamento dos Hammer, que mais parecia uma guerra.

– O que aquele idiota está fazendo ali? – Crow se referia a Seth, o humano que insistia em estar no meio da confusão.

– O dobro de pontos pra quem pegar o humano! – Jack gritou fazendo um batalhão de anjos se jogar sobre ele, que teria virado uma panqueca se Dem não o tivesse feito afundar na própria sombra.

– É meu, é meu.

– Seu nada. – Alice se multiplicou em dez e Jolie usou seu dom de ilusão para transformar todas elas em um novo Seth.

No total, agora eram onze dele, e nem a própria Alice sabia disser quem era o original por que os poderes de Jo se mesclaram aos seus.

– Venci. – Sebastian segurava um Seth.

– Como sabe que é o verdadeiro?

– O que seria de mim se não soubesse.

As copias foram sumindo como imagens falsas de Tv, uma a uma. Com exceção é claro, de uma, a que estava com Sebastian.

– Humn.. Seh posso falar contigo um pouco? – JC o puxou pra perto, pra lhe dizer algo em tom de segredo. – Meu caro, somos amigos, então me sinto na obrigação de dizer, que você andando por aí tão próximo de Seth. – Ele esfregou os dedos um no outro. – E dizendo coisas desse tipo, vai fazer as pessoas pensarem coisas.

– Coisas?

– Você sabe. Por acaso você é Homo?

– Homo?

– Gay, seu idiota! Tô perguntando se você é gay!!! – Jack perdeu o controle da voz, atraindo a atenção de todos, inclusive de quem pousava agora.

– Você é gay? – Crow perguntou com uma cara pronta a fazer uma piada.

– Não.

Sebastian respondeu de forma simples e até risonha, sem alteração, mas que de certa forma mexeu com o humano entre anjos. “estou... Triste?” O anjo lhe olhou e seu coração bateu ainda mais forte. “Que estranho poder é esse que ele exerce sobre mim?”.

– AHH... Por um segundo, pesei que estivesse gostando do cara. – O corvo caiu no chão, rindo tanto que até seu gato espiritual se manifestou e riu também.

– Não estou gostando de Seth. – Agora ficava nervoso. – Estou apaixonado por ele!

Uma chuva de “O quê?” saiu da todas as bocas, cortando a graça de Dante pelo meio e fazendo Seth esquentar avermelhado.

– Do... Do que está falando? Você acabou de dizer que não era gay! – Seth.

– Não sou, mas posso dizer que sim se você quiser. – Ele puxou Seth pra perto e avançou metade do caminho de um beijo, deixando o outro completar o caminho que faltava.

– Ai meu deus! – Emi, Alice, e metade das outras garotas desmaiaram com o nariz sangrando. O que Lenny denominou de choque Yaoi, antes de cair também.

– Há se é assim tudo bem. – JC deu de ombros “pensei que fosse algo mais grave.”

– Ei, eu conheço você! – Soltou os lábios de seu recém-adquirido namorado. – Nihal. E a outra deve ser a Vee, não é?

– É, achei elas como você disse. – Dante saiu emburrado do chão. “não acredito que matou uma piada tão boa! Que trolagem.”

– Que bom, vamos pra dentro assim vocês podem nos contar tudo e as apresentamos ao resto do grupo.

Bem dito e bem feito, os garotos começaram a entrar carregando nos braços a penca de meninas desacordadas. Com exceção de Sebastian que levou duas e ainda Seth. “Agora que você é meu, não te largo mais.”

Jack também já ia entrar, mas algo de energia diferente as de suas plantas lhe chamou a atenção, lá no fundo do quintal. Perto da beirada e sob uma frondosa árvore, havia um ramo de suas flores brancas brotando, e entre elas uma magnânima rosa vermelha de caule e espinhos pretos a qual não havia criado.

– Que bela. Lara vai adora-la, te darei a ela. – Abaixou-se e colheu a flor, direto na raiz.

Deu de contas e remeteu-se a voltar pra casa. Infelizmente não a tempo de ver que meio segundo depois de que a rosa foi colhida, as demais de branco brilho, começaram a secar e morrer.

A noite, todos estavam ali reunidos a mesa pra o jantar. Discutindo no banquete, assuntos pouco prováveis para um bando de adolescentes.

– Só tem mais uma coisinha que eu ainda não entendi. – Lenny.

– Só uma? – Jolie.

– Não, Jo, para é sério. – Enviou um pedaço de galinha na boca, fazendo-a sambar enquanto falava. – Por que alguns de nós nascemos dark?

– provavelmente porque fomos atingidos pela essência negra de Kamael aquele dia. – Dem.

– Kamael, Kamael. Desde cedo essa praga em nossas vidas. – Emi – Ai passa o molho. Brigada.

– Intão quer dixer que vucês tarram seno enganatas por um demo?

– Lenny... Mastiga depois engole. Nossa parece criança. – Violet.

– Eu sou criança.

– Eu também. – Alice.

– Pra dizer a verdade. Nenhum de nós aqui tem idade pra estar passando por nada disso. – Emi.

Um estranho silêncio tomou a mesa, idêntico ao que havia ocorrido no aeroporto dias atrás, sendo cortado apenas pela mudança de assunto que Lara tentou impor cobrindo o colo com um guardanapo. Assunto que ainda assim não era de suma leveza.

– Estava falando com Jack esses dias, sobre o porquê do inimigo não ter matado a Nihal enquanto estava com ela. A nosso ver, Kamael está achando mais útil ter os anjos que sobreviveram do seu lado, do que destruí-los.

– Falando nisso. – Seh lutava pra fazer Seth comer sentado em seu colo. – Alguém aí viu o Jack?

(...)

– Minha linda. Minha linda rosa. Como posso não ter te percebido antes? – JC olhava deslumbrado, a flor trancado em seu quarto. – Com certeza minha linda Lara vai te amar.

– “Não... Você é quem vai” – Disse uma voz feminina saindo do broto que se abriu assim que ele espetou seu dedo em um dos espinhos.

– Ai!!! – Largou a mesma, pegando-a de novo em seguida, mas desta vez sem um pingo de vontade própria nos olhos. – Sim eu vou. Humn... Pensando bem, acho que não vou te dar a ninguém. Isso. Ficarei com você só pra mim. Quem precisa te ver além de mim?

– Jack!

A voz Lara o chamava do lado de fora. Ele pensou em ir, depois olhou para a rosa e pensou em ficar. “Quem precisa comer?” mesmo assim a pôs confortável sobre a cama e saiu.

– Já vou, Já vou.

Chegando à sala de jantar o barulho das risadas tinha voltar com tudo.

– Nossa JC que demora. Quase não sobrou comida pra você. – Sebastian estava alimentando com uma colher, o Seth com mãos e pernas amaradas em seu colo. – Onde estava?

– Não é da sua conta.

– Nossa magoei. – Sorria.

– Essa marcou os cinco dedos. – Crow já recuperado, mordia uma maçã, afim de confusão. – Quê que você tem?

– Nada

– Dante não provoca. – Lara.

Ele levantou as mãos fingindo ser inocente das acusações tão verdadeiras.

– Está com algum problema querido?

– JÁ DISSE QUE NÃO É NADA! – Ele gritou, batendo a mão na mesa, assustando todos ali presentes.

– PERDEU A NOÇÃO DO PERIGO SEU BASTARDO!? – Lara gritou também ficando de pé.

– Corre!!! – Agora o grito era de Lenny e todos se esconderam em baixo da mesa quando uma imensa lâmina de água passou girando na altura dos pescoços.

– O quê que esse dois malucos têm?! – Dem tapava os ouvidos de Emi e Alice para não ouviram a confusão e o estralo de coisas quebradas.

– Essa é a maior DR de todos os tempos! – Dante sorria ali de baixo empolgado com a guerra ali em cima.

Nem mesmo a mesa aguentou por muito tempo, sendo arremessada por Lara contra Jack.

– Ela também tem super força? – Jimmy.

– Que nada, isso é ódio mesmo. – Sebastian. – Tinham que ver quando se conheceram.

Jack cortou o objeto voador ao meio com as Katanas.

– Pra mim já chega! Eu vou pro meu quarto! – JC gritou, e Lara gritou de volta.

– Ótimo, eu também vou!

E então ambos se encararam e bateram as portas vizinhas se trancando em seus quartos.

– Beleza, e agente fica aqui pra arrumar a bagunça?

Pararam pra olhar todo o cômodo destruído e com marcas de corte nas paredes.

No meio da noite, enquanto a casa dormia, Lara se revirava na cama de um lado a outro no escuro com tristes olhos. Daí vestiu o corpo nu com uma camisola de seda, e se sentou na cama passando os dedos na cabeça entre os lisos fios negros. “Seu idiota. O que deu em você?” Caminhou alguns segundos no quarto mordendo a unha do polegar, e então decidiu ir ao quarto de anjo madeira. Em silêncio caminhou pelo escuro da casa, na ponta dos pés para não acordar ninguém. “Não posso dar parte de fraca. Se alguém acordar eu finjo sonambulismo.”

Pôs a mão branca sobre a maçaneta e a girou. “Está destrancada?”

– Jack... Ainda está acordado? – Sussurrou pondo a cabeça ali dentro.

Lara ficou tão pasma com o que viu que soltou a maçaneta e a porta se abriu sozinha por completo.

JC estava deitado sem camisa com uma mulher de cabelos verdes, completamente nua encima dele.

– Jack... – Automaticamente seus olhos se encheram de lágrimas.

Saiu dali correndo sem tempo de perceber que ele estava dormindo e com a parte de baixo de suas roupas intactas.

– O quê que tá acontecendo aqui? – Violet abriu a porta de seus aposentos bocejando e em seguida todas as outras começaram a abrir também ascendendo às luzes da republica angelical.

– Será que aconteceu mais alguma coisa? – Cande.

– Sei lá! Eu quero dormir seus demônios!

Trancada em seu quarto ela chorava de ódio e desgosto. Apesar de forte como toda mulher, Lara também era frágil e indefesa às vezes como agora.

– Você vai ver quando eu estiver melhor.

Passou a mão nos olhos e de repente sentiu-se arrepiar por um vento frio que entrou pela janela formando braços ao redor do seu pescoço e um corpo atrás do seu e por ultimo uma cabeça masculina que sussurrou algo em seu ouvido.

– Quer se vingar?