Não sei se era paranóia a minha, mas eu ficava a noite inteira de olhos bem abertos olhando Gerard dormir. Desde que minha irmã chegou, eu não conseguia fazer mais nada, a não ser vigia-los. Os dois estavam se dando muito bem e Gerard ria mais do que costume. Eu quase não o via sorrir e agora no jantar os dois ficavam rindo o tempo inteiro e nem aprestavam atenção na comida. Na hora de dormir eu ficava até tarde ao lado do Gerard esperando que ele fosse dormir pra eu ir também. Às vezes pegava no sono no sofá, mas não saia dali enquanto Sarah estivesse ao lado dele. Eu sei que é errado pensar desse jeito da minha irmã, mas os dois já tinham namorado antes e o Gerard como estava um pouco distante de mim podia muito bem querer partir pra outra. Eu estava gostando da visita dele, mas estava passando noite em claro por achar que a qualquer momento os dois poderiam ter novamente um caso. Nesse momento estava com Michelle voltando da escola andando. Ela morava perto do colégio então resolvi acompanha-la já que ela não estava se sentindo bem.

M: ciúmes da irmã? Que horror Lola.

L: é eu sei, mas me entenda. os dois podem voltar.

M: acho que isso é paranóia sua. Você mesma disse que ela já tem outro.

L: eu sei, mas ela não é fácil. Pelo menos não era...

M: mas pode ser que ela tenha mudado.

L: é...pode ser.

M: o que ela faz pra te deixar com duvida?

L: ela quase não fica em casa, mas quando está os dois não se largam. Estão o tempo todo rindo e conversando. O Gerard não é assim comigo.

M: bem vinda ao mundo real. Mikey também prefere conversar com os amigos do que comigo. A gente às vezes fica um tempão sem trocar um ai, mas quando ele vê um colega ele tem papo pra horas.

L: acho que é coisa da minha cabeça mesmo. Estou insegura...

M: não fique. Ele te ama.

L: eu sei, mas está sendo tão difícil nossa convivência juntos.

M: no começo é assim, depois vocês superam isso. Coisa de casal Lola, nada anormal.

L: chegamos. – disse parando em frente à casa de Michelle.

M: se quiser ficar...

L: não, eu vou pra casa.

M: vigiar os dois?

L: não, vou pra casa por que preciso mesmo. Amanhã ela vai embora e combinamos de sairmos pra almoçar fora.

M: ta bom. Beijo. e ó fique tranqüila.

L: pode deixar. – disse andando em direção à minha casa.

 

De tarde fomos pra pizzaria nós três. Era um rodízio então comemos bastante e depois de várias pizzas eu estava me sentindo mal.

 

S: a mamãe riu tanto. – Gerard e ela se divertiam com a história que ela contava sobre sua aventura com a minha mãe no shopping. Eu estava séria e bebia meu refrigerante calada.

G: Lola você está bem? – eu estava muito mal, com vontade vomitar.

L: na verdade preciso ir ao banheiro, comi demais.

S: quer que eu vá com você? – perguntou ameaçando se levantar.

L: não, não precisa. Continuem aí conversando. – e me levantei.

tive que me retirar pra ir ao banheiro por que não estava me sentindo bem. Chegando no banheiro lavei meu rosto e respirei fundo várias vezes pra ver se o enjôo ia embora. Ok, já estava me sentindo melhor, então sai do banheiro, foi quando vi aquela cena. Gerard assoprava o olho de Sarah. Mas aquela desculpa era tão velha que eu já cheguei bufando na mesa.

 

L: eu sabia! – disse batendo na mesa.


Peguei minha bolsa e sai. Os dois me olharam sem entender. Quando cheguei do lado de fora Gerard me puxou pelo braço.

G: o que aconteceu?

L: sabia que estavam de caso os dois.

G: sua irmã e eu?

L: é claro, com quem mais. Agora pude comprovar que era verdade.

G: eu só estava tirando um cílio que entrou no olho dela.

L: essa desculpa é velha Gerard.

G: mas é sério.

L: eu sei que estamos distantes nesses últimos dias, mas não precisava fazer isso comigo. Podia ter terminado antes e ter dito logo que não queria mais ficar comigo. Que ainda sentia algo pela minha irmã.

G: eu não to acreditando no que estou ouvindo. Está com ciúmes de mim com sua própria irmã?

L: eu sei o que vi lá dentro Gerard. Estavam se beijando e quando me viram fingiram uma cena velha de desculpa esfarrapada. Engana trouxa.

G: entendeu tudo errado.

L: tchau. – corri e peguei um táxi que passava. Queria sair dali o mais rápido possível.

 

Ficamos brigados, na verdade eu com os dois. Eles chegaram em casa e ainda tentaram uma aproximação, mas eu não dei o braço a torcer. No dia seguinte quando estava no recreio no colégio michelle e eu, nos sentamos distante do resto do pessoal pra conversar.

 

M: eu nunca imaginei que ele fosse tão cara de pau.

L: não é ele, é ela a culpada. Ela só ficou aqui pra sair  com ele.

M: mas você tem certeza que os dois estavam beijando antes de você chegar? Você viu?

L: não, eu não vi. Mas...

M: pode ter sido verdade o que o Gerard disse. Pode ser paranóia sua. 

 

Quando cheguei em casa, lá pras seis da noite, pois fiquei na casa da michelle, minha irmã estava de malas prontas pra ir embora e esperava sentada. Quando entrei ela se levantou e veio até mim.

S: eu já vou. – disse colocando a mala no chão.

L: ta. Manda um beijo pra minha mãe. – disse fria fingindo não ligar pra que ela estivesse indo embora.

S: ta. Eu realmente sinto muito por ter feito você brigar com o seu namorado e te fazer desconfiar que eu e Gerard tivemos algo, mas um dia você verá que é apenas coisa sua cabeça. Não faria isso com você, eu te adoro muito pra querer seu mal. Tchau. – passou por mim e saiu de casa. Olhei pela janela e um táxi a esperava do lado de fora pra levá-la pra rodoviária.

 

Fiquei muito mal depois que ela foi embora. Talvez fosse verdade tudo aquilo e eu estava duvidando dos dois. Logo depois Gerard entrou em casa e eu estava em pé na sala pensando na vida. Ele passou por mim sem me cumprimentar.

 

L: Gerard... – chamei ele.

G: o que é? Do que vai me culpar agora?

L: de nada. Eu acredito em você.

G: agora?

L: me desculpa, eu achei que...

G: foi ridículo o que você achou. Desconfiar da própria irmã que veio aqui pra te ver.

L: eu sinto muito.

G: já disse isso pra sua irmã?

L: ela foi embora e eu não consegui.

G: já? O ônibus dela ia sair às onze e meia. Ela foi até embora por causa da sua palhaçada. você deve desculpas a ela, que ficou muito constrangida com seu ataque de ciúmes. Eu estou muito decepcionado com a sua desconfiança.

 

Eu me sentei no sofá chorando e acho que ele sentiu pena de mim e parou de falar. Ficou me olhando e depois chegou perto e alisou meus cabelos.

 

G: eu te amo sua boba. Nunca farei nada pra te magoar. Eu te amo. – eu me levantei e nos beijamos. Estava mais aliviada por nos beijarmos e enfim fazer as pazes. – agora, vê se liga pra sua irmã e pede desculpas.

L: ta. – disse abraçando ele. Enfim voltamos às boas. 

 

Ele me chamou pra irmos ao cinema e pra passarmos um tempo junto na volta fizemos amor. depois de cansados fomos dormir. Acordei com o Gerard falando no telefone. Quem seria ligando de madrugada? Olhei pro relógio que marcava duas e meia da manhã. Ele falava sério no telefone e perguntava onde tinha sido algo que eu não sabia do que ele falava. Acendi a luz do abajur do meu lado da cama que ficava no criado-mudo e me sentei na cama esperando ele desligar o telefone. Quando ele desligou me olhou com lágrimas nos olhos com a boca aberta tentando falar, mas era quase impossível, pois não conseguia fazer sair nada.

 

L: o que foi meu amor? aconteceu alguma coisa? – perguntei colocando a mão no rosto dele preocupada e comecei a chorar sem saber o que era, sentia que algo estava muito errado.

 

G: é a sua irmã Lola. – foi o que ele conseguiu me dizer e eu não queria mais saber o resto.


Sabia que algo muito ruim tinha acontecido pela expressão em seu rosto. Coloquei a mão na boca e comecei a chorar, me levantei e comecei a andar pelo quarto desesperada, não sabia o que fazer. Gerard se levantou e me abraçou. E depois continuou. – houve um acidente com o ônibus que ela estava, o motorista perdeu o controle e acabou chocando com outro. – meu choro foi aumentando conforme ele ia dizendo. – ninguém sobreviveu. – agarrei Gerard com força e não conseguia acreditar no que estava ouvindo. Estava em choque e acabei desmaiando nos braços dele.

 

Abri meus olhos lentamente, fechei-os e depois abri de novo, não reconheci o lugar onde estava. Fiquei meio perdida olhando pro teto quando vi um homem barbudo todo de branco pegar no meu braço e  me perguntar se eu estava me sentindo bem, eu balancei a cabeça que sim não entendendo nada. Estava no céu? Tinha morrido? ouvi a voz de Gerard e olhei pra frente, ele estava na porta, entrando no quarto que eu estava deitada. Falou alguma coisa com o homem barbudo que saiu logo em seguida. Gerard veio até mim e pegou na minha mão.

 

G: Lola, você está bem?

L: onde estou?

G: está no hospital.

L: por que?

G: você desmaiou e outras coisas a mais, mas nada muito grave, agora está tudo bem. Graças a Deus você acordou.

L: por que eu desmaiei?

G: não se lembra? Na sexta, quando recebi a ligação... – de repente a imagem de Gerard me contando tudo o que tinha acontecido com Sarah veio na minha cabeça. Fechei os olhos deixando algumas lágrimas virem à tona.

L:  há quanto tempo estou aqui?

G: hoje faz cinco dias.

L: e os meus pais?

G: eles estão bem. bom, na medida do possível. Eles estiveram aqui, mas foram descansar na nossa casa.

L: por que isso foi acontecer com ela? E agora?

G: calma, não pode ficar nervosa.

L: eu quero sair daqui, quero ver meus pais. Quero ir ver minha irmã.

G: ela já foi enterrada.

L: eu quero ver onde ela está enterrada.

G: calma, você tem que ficar calma. Talvez receba alta hoje.

L: eu preciso Gerard. Preciso sair daqui.

G: calma. – disse me fazendo carinho na cabeça.

 

Várias coisas mudaram na minha vida desde então: Sarah não estava mais entre nós e eu fiquei muito mal por não ter tido oportunidade de me desculpar com ela pela minha ignorância.

Dois meses depois do acontecido com minha irmã Josh me ligou e refiz meu contrato com ele. Ele me pediu desculpas e eu a ele, que apostou mais uma vez em mim. Estava tudo ido bem agora, estava com um segundo CD e que estava fazendo ainda mais sucesso do que o antigo. Voltei a falar com o meu pai depois do incidente. Meu namoro com o Gerard esfriou bastante, e ficamos mais distantes ainda por causa da banda, CDs, shows...