O Caminho Da Neve. escrita por MoonPie, Pam


Capítulo 8
-Vanessa-




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-Vanessa-

Acho que foi a primeira vez que tive um sono tranqüilo. Apenas dormi. Nenhuma imagem sem sentido na minha cabeça, o que era ótimo! Charles e Ben estavam em sono profundo, e de vez em quando soltavam alguns resmungos -e no caso de Ben, ganidos.
Só quando a aeromoça passou, foi que percebi o que estava faminta. Aceitei um suco de laranja e cookies, peguei dois pacotes extras e latas de diet coke para os garotos.
Logo Charles acordou, entreguei a ele um pacote de cookies e uma diet coke, que ele devorou em segundos.
Depois de um longo tempo de silencio -que não era estranho, Charles e eu eramos amigos há tanto tempo que não havia necessidade de falar algo para sabermos o que estavamos pensando- ele finalmente disse algo.
-O que você esta achando disso tudo? - perguntou olhando pela janela do avião.
-Sinceramente? suspirei Uma loucura!
-Concordo...
Ficamos mais um tempo em silencio até que Ben soltou um ganido meio alto e acordou acordar.
Charles e eu o observamos comer seus cookies, a sua latinha e a do Charles. Isso foi meio hilário, o que quebrou o silencio com nossas gargalhadas.
Logo a voz do comandante soou nos altos falantes, dizendo o horário e clima de Manhattan, e nossa possível hora de pouso (daqui a mais ou menos vinte minutos).
Olhei ansiosa para Chalés, que me devolveu um olhar muito parecido, sentia uma sensação estranha, e não gostava nada disso, pois não sabia se era medo, ou ansiedade, ou pânico... Ou tudo junto.
A aeronave não pousou, mesmo que já tenha dado os vinte minutos -vinte e cinco na verdade- Ben, que quando não estava dormindo, estava assustado e em vigilância constante, estava histérico dizendo que havia estranho acontecendo, seus olhos arregalados o denunciavam para as outras pessoas do avião, que pareciam que estavam começando a ficar preocupadas também.
-O avião já deveria ter pousado. ele sussurrou, olhando pela janela, quando um raio foi visto. Oh-oh isso não é bom... Nada bom!
-Isso deve ser normal, transito de aeroportos são comuns... disse tentando convencer a mim mesma.
Senhores passageiros, ouve um pequeno e simples problema na aeronave, por favor, fiquem tranqüilos, e permaneçam sentados e com seus cintos afivelados. a voz do comandante soou mais uma vez.
Ben fez o oposto do que havia sido recomendado, soltou seu cinto e levantou da poltrona, indo na direção da cabine de controle.
-O que você acha que aconteceu? - perguntei a Charles, assustada.
-Fortes ventos, creio, nuvens de tempestade... O tempo esta horrível, não é possível ter uma boa visão para se pousar o avião. ele disse como se fosse algo que TODO o mundo soubesse, mas não, NINGUÉM saberia disso sem algum tipo de estudo.
Meus dedos agarraram a poltrona, e vários sentimentos me invadiram, o maior deles, o medo é claro. Poderíamos cair, é claro que poderíamos... Mas eu não estava querendo pensar muito nisso, então resolvi pensar em chocolate, porque chocolate é bom, e acalma todo mundo (bem, todo mundo normal o suficiente para gostar de chocolate).
-Estamos quase pousando, não podemos cair. Charles disse como se lesse meu medo em meus olhos.
Não podemos? Ora Vanessa, pare de pensar nisso, apenas lembre-se do delicioso chocolate! Dei uma bronca em mim mesma.
Ouço uma gritaria vinda da cabine de comando, e também ouço um Beee no meio da discussão, ou seja, nosso amigo bode estava envolvido na historia. Ben logo apareceu, aos pulos, com três mochilas (um tanto estranhas) e as tacou em nossos colos.
-Vamos cair. ele disse, e eu pensei que morreria ali mesmo (CHOCOLATES, VANESSA, CHOCOLATES!). Vistam o pára-quedas e estaremos em solo em questão de minutos.
Ele saiu em direção da cabine novamente, Charles e eu fomos atrás, eu, agarrada na mochila, olhei pela janela um instante e pude ver um vulto branco, que me encarou com -aquilo era um rosto?- um sorriso não amigável.
Não, isso não é possível, eu realmente estou vendo coisas...
Um raio explodiu muito perto de nos, e um clarão -como o de um flash- o acompanhou. Tremi por dentro.
-Você tem certeza de que vamos cair? - perguntou Charles, assim que alcançamos Ben.
-Não, mas vocês precisam estar em terra antes da confirmação.
O comandante nos encara, e abre uma porta de emergência, que quase nos suga para fora. Ouço uma forte trovoada e as luzes do avião piscam, ouço também a gritaria aos fundos, pessoas apavoradas. Sinto um arrepio diferente percorrer pelo meu corpo, não era medo, era curiosidade, até excitação.
Sempre quis descobrir a sensação de voar, sentir o vento no rosto, cair pelos ares, com confiança total de que não iria explodir meus órgãos ao colidir com o chão duro e com a pressão. E isso estava prestes a acontecer.
-Estão prontos? - perguntou o comandante.
Eu queria dizer sim. E ao mesmo tempo queria dizer que não.
Ben apenas baliu nervosamente.
-Sim! Charles diz, sorrindo, ele parecia gostar, assim como eu, da ideia maluca. E não desista agora Ben, a idéia foi sua, portanto você vai primeiro.
Ben engoliu em seco.
-E você mocinha? - o comandante sorriu pra mim.
-E-estou pronta! disse tentando soar confiante, e me dando broncas por gaguejar.
-A escolha é toda de vocês, pulem, contem ate dez, não muito rápido, e abram o pára-quedas. o comandante nos deu as instruções.
-Há riscos de não abrir? - perguntou um Ben apavorado.
-Ora, é claro! ele disse, e o medo quis me dominar de novo (chocalates Nessie, pense). Ele nos entregou nossa mochila de bagagem, e a penduramos de forma que não viria a cair.
-O. k. Vamos logo com isso. Ben disse. Um... Dois...Três....Quatro! ele pulou e ouvi um grito (bem, na verdade foi mais um longo Bééééééé do que um grito).
Charles olhou pra mim e entendi o recado. Era minha vez.
-Nos vemos lá embaixo, Charles! disse animadamente, ou tentei (qual é! Já tentou parecer animada enquanto etá prestes a pular de para-quedas, de um avião que está prestes a cair, com uma tempestade horrenda lá fora, e vendo vultos com sorrisos maldoso? em chocolate funciona com isso!) e saltei para a escuridão da noite.
Ao sentir o vento gelado misturado com os pingos da chuva em meu rosto, sentia-me infinita, com uma imensa felicidade, algo inexplicável. Uma sensação de incrível de liberdade tomava meu corpo.
Comecei a contagem mentalmente. Um, dois, três, quatro.... Oito, nove, dez.
Soltei um grito inesperado, como aqueles que você solta em uma montanha russa hiper assustadora, e mega divertida.
Abri o pára-quedas e uma força me puxou para trás, o pára-quedas se abrindo, acho.
Fiquei um tempo observando as luzes de Manhattan, elas brilhavam lá em baixo, como se fosse um segundo céu. Olhei para cima, por trás de meu pára-quedas, e pude ver a lua e algumas estrelas brilhando lá em cima.
Voltei meus olhos para baixo, procurando pelo pára-quedas de Ben.
Mas eu não o encontro.

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