Instintos Primitivos escrita por samy_15


Capítulo 4
Capítulo 4 - Prólogo Parte III


Notas iniciais do capítulo

Parte 3!! *o*



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Instantaneamente terminou de arrumar as malas e pegou a passagem que estava sobre a mesa, colocando dentro do bolso da jaqueta que estava usando. O vôo partiria dali a 40 minutos. Pegou as malas e não se esqueceu de uma fotografia do garoto com a família e os amigos. Incluindo Carolina.

 

Recordações vieram em sua mente nos últimos minutos, eram todas lembranças boas, porém algumas deixavam a desejar e outras não eram nem um pouco convidativas.

 

Depois desses momentos pensando, sua mãe subiu ao quarto para chamá-lo, ela o encontrou parado de frente para a porta, de pé.

 

– Vamos querido, ou você vai perder o vôo.

 

Ele se sentia orgulhoso, apesar de toda a dor, em ter uma mãe daquelas. A mulher era amiga para todas as horas, nunca o havia decepcionado. E agora o filho faria isso.

 

Com retorno indeterminado, ele partiria de Los Angeles, onde mora e tinha planos em dar uma parada por Chicago por uns três dias. Só então ele completaria a viagem indo para Nova Iorque. Ele sentiria falta das belas praias e do calor constante da cidade, mas não sentiria nenhuma falta da dor que estava passando descontroladamente em todo o seu corpo. Ele tinha até mesmo uma leve esperança de que quando estivesse atravessando a rua, sentisse a coragem para se jogar na frente de um carro, acabando com todo o sofrimento facilmente.

 

O vôo ocorreu ligeiramente desconfortável, mas mesmo assim, estava indo tudo bem. Parecia que a sorte estava virando para o lado do Andrew, o avião não se atrasara nem um pouco, pelo contrário, partira poucos minutos mais cedo. Os doces servidos no avião eram os seus favoritos, o restaurante planejado para o almoço ainda estava aberto quando ele chegou a Chicago, e um guia do hotel cinco estrelas em que ficaria fora recebê-lo, carregando sua bagagem e lhe apresentando a suíte presidencial em que passaria as próximas duas noites com o máximo de luxo possível.

 

Nessa cidade, foi onde Andrew passou seus três dias mais longos de sua vida. Estava adorando a quietude e paz do lugar e das praias, além de ter ficado com duas garotas da primeira vez que saíra ao shopping, porém nada fazia ele esquecer a garota com quem ele sonhou por anos. E ainda sonhava.

 

Quarta vez que saíra do quarto foi direto para a piscina. A água estava morna, de uma temperatura agradável e foi ali que teve a conversa mais longa em Chicago. Lá estava uma garota de 11 anos, sentada à beira da piscina com os pés na água e sua bóia rosa de peixinho. Tinha cabelos um pouco mais claros que chocolate. Os olhos, castanho-amarelados, observavam-o. O rapaz não se conteve e foi falar diretamente com a menina.

 

– Olá!

 

– Oi. – Ela respondeu dessa vez sem olhar para ele. Evitando encará-lo.

 

– Você está sozinha aqui?

 

– Não. – Andrew não viu mais ninguém no local. Eles estavam sozinhos.

 

– Onde estão seus pais?

 

– Na sauna.

 

– Ah.

 

– O que o senhor quer? – “Senhor”, ele pensou divertido, “nem pareço tão velho assim, ou pareço?”.

 

– Nada, só conversar com alguém. Por que estava me olhando antes?

 

– Você dá medo. Seus olhos não têm brilho. Você nem parecia vivo, boiando daquele jeito.

 

– He-he. Eu estou bem vivo, quer experimentar? – Ele a olhou malicioso.

 

– Tá.

 

            Andrew sentou a beira da piscina, retirou a mão da água, e soprou para esfriá-la, chegando à temperatura normal de seu corpo. Depois tocou a face da garota com as costas da mão.

 

            – É, você ta vivo. – Ela sorriu. – Andrew gostou de ter a prova disso.

 

            – Filha! Venha logo, a sauna está boa! – A menina olhou em direção à voz. Devia ser a mãe dela chamando, pois logo em seguida, ela saiu da piscina dando um breve “até logo” para Andrew e foi para a sauna, deixando-o sozinho, diante da grande piscina aquecida.

 

Único novamente. Sentia-se cada vez mais só. Rodeado de pessoas, uma multidão e ele se sentia como se não existisse ninguém mais no mundo além dele. Tomou banho com esses pensamentos, secou-se, pôs a roupa, deixou a mochila no quarto e foi para a rua com alguns trocados. Com os pensamentos ainda o consumindo, quase bateu num poste de luz, esbarrou em um pedestre que gritou um belo “Idiot” para ele e por final quase realizou um de seus mais íntimos desejos desde sua última noite em LA. Ser atropelado por um carro. Ele estava atravessando a rua, como sempre, pensando, mas isso não estava o impedindo de prestar atenção no sinal vermelho para pedestres e nos carros vindo a toda a velocidade contra seu corpo humano. Andrew a essa altura pensava naquelas maquinas como verdadeiras amigas e se enfiou entre elas, ouvindo suas reclamações do estilo de cada automóvel que passava rente a sua pele, como se quisesse arrancá-la.

 

Incrivelmente, do meio da rua, entre as buzinas ele pôde ver uma garota, parada olhando para ele. Quanto mais ele tentava fugir, parecia que Carolina ia mais atrás de Andrew. Ele a observou parada, olhando para ele com olhos desejosos. Ele deu um passo a frente saindo de cima da linha que marcava o meio da rua. Ouviu os carros rugirem cada vez mais, desviando do rapaz e ouviu as pessoas xingando-o a sua volta, mas Carol continuava a observá-lo como se estivesse o esperando. Um carro tirou Andrew de seus devaneios. Chegou buzinando como os outros, mas fora de controle, rasgou a jaqueta que usava, a mesma que havia emprestado para Carol no dia do teste e arrastou o rapaz junto. Ele sentiu sua pele sendo cortada pelo quente asfalto. Estava sendo arrastado e esfolado vivo pelo carro. Esse era seu maior desejo sendo realizado. Estava feliz. Estaria feliz, se...

 

Sentiu o vento que o carro trouxe consigo bater em seu rosto, esbofeteando-o. Sim, aquele era seu maior desejo. Não, ele não morreu. Pelo menos ele não morreria dessa forma, para a tristeza do rapaz.

 

Tudo voltou ao normal, a visão de Carolina desapareceu. Quando o fluxo de carros diminuiu e ele teve a possibilidade de atravessar a rua, foi direto para a calçada. Ele queria morrer, mas não tinha coragem para tal procedimento. Não que a dor fosse maior do que ele estava sentindo no momento, mas não queria deixar o mundo tão rapidamente.


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Notas finais do capítulo

Deixem reviews para alguém ncessitado xD
Espero qe estejam gostando... Aceito críticas construtivas e sugestões!
Bjoos



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