Instintos Primitivos escrita por samy_15


Capítulo 3
Capítulo 3 - Prólogo Parte II


Notas iniciais do capítulo

São 4 partes pessoal ^^
As aspas são para o pensamento, mas nessa fic, só o pensamento do Adrew que aparece.



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A cada pergunta, o nível de dificuldade ia aumentando, assim como no mesmo tempo em que a velocidade que o rapaz demorava a responder as perguntas, começa a seguir um ritmo mais lento. Ele achou que estava cansado, mas no final da última pergunta sentiu-se arrasado. Ele sabia que não se saíra bem e que talvez a droga não tivesse funcionado para ele. Fizera o teste por nada, ou melhor, apenas para agradar à Carolina, sem ao menos saber se a droga tinha algum risco.

 

Depois de terminada a verificação, o médico se dirigiu pessoalmente ao garoto. A moça foi para fora da sala.

 

– O teste foi feito antes da aplicação do XKL e teve 80 pontos feitos por você, bem, em conta das circunstâncias... a sua nota atual foi para 79. – Ele começou explicando, e Andrew se surpreendeu, a nota foi menor do que na primeira vez. – Aparentemente, O remédio não fez efeito, mas faremos um novo teste na próxima segunda, daqui a quatro dias para termos certeza. Mesmo local mesmo horário... segunda-feira, não se esqueça! Até logo. – Ele praticamente o expulsou da sala, tamanha decepção do médico.

 

A garota o esperava do lado de fora, sentada, com as pernas cruzadas e com a mão no rosto, na cadeira mais afastada da porta do consultório. Pelo jeito dela, parecia que alguém até tinha morrido. E foi o que ele falou.

 

– Quando é o funeral? – Ele perguntou. Ela apenas olhou para ele e respondeu de forma muito mal educada:

 

– Cala boca seu idiota, porco imundo.

 

– Calma, eu tava brincando. Venha, vamos embora. – Ele estendeu a mão, ela o segurou e de mãos dadas eles saíram do local. Ele estava pensando em se declarar para ela à dias, e queria fazer isso o mais rápido possível, mas ela o interrompeu.

 

– Como foi o teste?

 

– Nada mal. – Ele realmente odiava mentir para ela. Carol abaixou a cabeça. – Que foi?

 

– Eu não me saí bem, acho que o XKL não fez efeito em mim.

 

– Você não tem jeito mesmo, não cabe mais nada nessa sua cabeça pequena! – Ela sorriu, ele sempre conseguia fazê-la sorrir mesmo quando estava muito triste. Ela se soltou dele e começou a rodopiar no lugar, estendendo as mãos para cima.

 

– Tá uma bela noite agora não é? – Ele não conseguia respirar, ficou sufocado com tamanha beleza e brilho que a garota emanava.

 

– É. Ela tá muito linda. – Falou referindo-se a garota.

 

– Você vai ter que me contar qual é a sensação de ficar inteligente.

 

– Hmm... Na verdade, eu não to mais inteligente Carol, eu acertei menos do que de manhã... – Ela explodiu. Não funcionar apenas para ela, era uma coisa, mas para os dois era outra. Ela sempre acha que tem razão, mas não se conforma quando Andrew está certo. E aquilo mostrava como ela estava errada desde o começo.

 

– Como assim?! Você acabou de dizer que tinha funcionado em você! Isso quer dizer que você mentiu para mim??

 

– D-desculpe... – Foi a única palavra que ele conseguiu dizer. – Eu não queria te magoar.

 

– Mas agora eu estou magoada. Realmente não da para confiar em você. – Ela falou dando meia volta.

 

– Por favor, espera você já estava tão triste, eu não queria, não queria... Eu te amo Carol. – Ele praticamente cuspia as palavras. Segurou a mão dela, e a fez ficar de frente para si.

 

– Não me importa se eu já estava...! O que você disse? – Ela falou surpresa, seus olhos estavam mais azuis ainda, se é que era possível, por causa das lágrimas. Mas ela nunca havia feito expressão tão assustadora quanto aquela. Era uma mistura de medo, tristeza, raiva, angústia e desespero, mas não havia nenhum traço de felicidade por ele ter dito aquelas palavras.

 

– Você ouviu... – Andrew resmungou.

 

– Você sabe que eu gosto do Matt, Drew. E nós somos apenas amigos... - Interculou suavemente, como se o rapaz fosse um garoto que fizera algo errado, porém, ainda havia traços de raiva na voz.

 

– O Matt é um vagabundo Carol! Ele bebe álcool desde os 12 anos e ainda usa drogas! Fica comigo! Eu te amo muito mais.

 

Viu a raiva se intensificar no rosto da garota, ela se soltou do aperto de Andrew, estava claro que as palavras a feriram mais ainda.

 

– Tchau Drew, e... me esqueça. Nossa amizade acaba aqui! Não me procure mais, não me olhe mais na cara. Adeus! – Ela continuou em direção a sua casa e dessa vez, o rapaz não fez nada para impedi-la.

 

Andrew percebeu que fez besteira, estava sozinho no meio da rua, no escuro. Acima dele, apenas, havia um poste de luz, fazendo um pequeno círculo ao redor do garoto. Apenas aquilo o iluminava. Ele sentia que estava sendo engolido pelas trevas. Percebeu que a besteira que cometera foi a pior de todas na sua vida inteira. Restou uma única opção, ir para casa, e foi o que ele fez.

 

Incapacitado de respirar, ele sentia que estava entrando apenas um pouco de ar nos seus pulmões, por isso estava ficando tonto. Sentia seu coração acelerar a cada passo que dava enquanto tremia dos pés a cabeça. “Não devia ter dito nada. Não devia ter dito nada. Não devia ter dito nada.” Repetia para si mesmo, enquanto tentava desesperadamente, achar uma solução para aquilo. Até se lembrar das últimas palavras da Carolina – “...Não me procure mais, não olhe mais na minha cara...”, e sabia que devia desistir. Ela era teimosa demais para mudar de idéia tão facilmente. Além de estar ficando com o Matt. “Aquele vagabundo, nojento, filho da mãe!”, sentia que queria pular de um penhasco, e levá-lo junto só para ele não ter Carolina para si. Se ele não podia, ninguém iria tocar nela também.

 

Mais do que certeza ele tinha de que não iria mais voltar à escola. Não conseguiria mais falar com a garota, e ele sentava atrás dela na sala. Havia somente mais um semestre de aula. Ele ficou feliz com esse pensamento. Resolveu também que não iria no teste na segunda.

 

Ele ainda tremia todo, a chave de casa chacoalhava na sua mão e na tentativa de colocá-la na fechadura acabou derrubando-a duas vezes, na terceira vez, deixou o pequeno objeto no chão e esmurrou a porta feito um doido, terminando com um forte chute. O barulho provavelmente teria acordado os vizinhos, mas não viu nenhuma luz se acender nas casas ao lado, e seus pais, que provavelmente já estariam dormindo a essa hora da noite. Por fim, tentou acalmar-se. Inspirou profundamente algumas vezes e finalmente pôs a chave na fechadura, girando-a silenciosamente.

 

Instintivamente foi direto para o quarto dos pais, mas por sorte, nenhum dos dois estava. Pelo jeito tinham saído juntos e ainda não haviam voltado. Foi para o quarto, trocou a calça, tirou a camisa e praticamente capotou na cama, enfiando o rosto na almofada. “Idiota, estúpido.”, começou a se xingar.

 

– IMBECIL! – Gritou por fim. Mas se passaram apenas alguns minutos quando ele adormeceu, tendo sonhos aleatórios, apesar de sempre ver o rosto de sua amiga neles.

 

Mesmo depois de ir dois dias para as aulas, a garota não falara mais com Andrew. Ela ficava todos os momentos com Matt e toda vez que o grupo deles olhava para um garoto isolado, Andrew, eles o olhavam com fogo nos olhos. Aparentemente ela havia contado o que o garoto havia dito sobre Matt. Ele não acreditava nisso, ela não seria capaz, mas o instinto foi mais forte, e naquele mesmo dia ele fez inscrição em um internato e se mudou na semana seguinte, sem nem ao menos voltar para a escola.

 

Pelo menos, seus pais haviam o deixado fazer suas próprias escolhas. Mesmo que incoerentes. Ele dissera aos pais que aquele internato daria maiores oportunidade para o próprio se tornar médico.

 

E foi naquela noite em que ele havia visto Carolina pela última vez. Ela havia passado em frente a sua casa. Tocado a campainha, esperado alguns minutos e escutando o barulho de passos, ela recuou alguns centímetros, um pouco amedrontada. Parecia com medo de que fosse encontrar um monstro em vez de Andrew ou de seus pais. Ela foi embora, fugiu, rapidamente. O garoto, porém, observou tudo pela janela enquanto sua mãe ia atender. Sentiu uma dor no coração, descendo pelo estômago. Sentiu ele se revirar e subiu as escadas correndo em direção ao banheiro. Fechou a porta com tudo e vomitou. Vomitou a dor que estava dentro dele. Ninguém ouviu, seus pais conversavam no térreo e achavam que o garoto havia ido para o quarto. Mas foi Andrew quem ouviu a conversa dos adultos.

 

– Aquela garota é estranha. Acho que aconteceu algo entre eles. De repente eles são muito amigos, e agora ela foge da porta quando eu vou atender! – A mãe agora repreendia Carolina.

 

– Ainda bem que você não atendeu, vai que a maluquice dela é contagiante... – Ouviu a voz do pai, segundos antes das vozes começarem a rir um pouco baixo. “Maluquice” Andrew pensou, “Ela é bem maluca mesmo, mas eu ainda a amo, mesmo com esse seu jeitinho.”, sacudiu a cabeça querendo expulsar esses pensamentos.

 

Devagar, levantou-se, dando descarga e saindo do banheiro. Foi silenciosamente para o seu quarto.


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Notas finais do capítulo

Reviews para deixar uma autora feliz? ç.ç uahsuahsuah
Obrigada por ler *--*



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