A Maldição Dos Deuses escrita por Eline Sandes


Capítulo 22
Capítulo 22 - Reflexões


Notas iniciais do capítulo

Pelos deuses, me desculpem pela falta de criatividade com esse capítulo. Eu juro pelo Estige que fica legal depois. E caso a Isabella esteja lendo isso, a briga já já vem.



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Meu banho durou duas vezes mais do que o normal: primeiramente, eu estava duplamente suja, minha pele super oleosa e meus cabelos estavam emaranhados e suplicando por hidratação. Em segundo lugar, a água daquele chuveiro era muito quente, do jeito que eu gosto. Em terceiro lugar, minha mente estava a mil. Pensei em como minha vida havia mudado ao avesso desde a morte de Lucy. Eu tive que pensar que minha vida estava indo até muito bem; em apenas uma semana e três dias eu já tinha muito mais amigos do que na vida inteira, lutava com monstros – posso ser louca em pensar assim, mas passei boa parte da minha vida lendo livros de ficção em que o herói lutava contra monstros, e eu invejava a vida deles  - e, um garoto muito bonito parecia gostar de mim. Lembrei da única amiga chegada que tive na escola, dois anos atrás, que dizia que iríamos ser matemáticas porque todos os matemáticos são virgens. Tudo bem, finja que você não sabe o que se passa dentro da minha cabeça. Essa amiga era muito legal, mas foi transferida para outra cidade.

     Mal percebi as batidas na porta se intensificando até que elas estavam suficientes para serem ouvidas da Austrália. Me enrolei na toalha mais próxima de mim e saí correndo com medo de que houvesse um monstro querendo nos atacar. Francamente, eu não gostaria de lutar contra um monstro assim, mas se estivesse entre um caso de vida ou morte... bem, minhas escolhas seriam facilmente apontadas. Peguei o marca-páginas que estava em um dos bolsos da minha calça e destranquei a porta, com a adaga em mão.

- Calma! Sou eu! – Vanessa gritou, assim que viu a adaga.

- Você me assustou! O que foi? – perguntei

- Preciso... hum... usar o banheiro de novo.

- Existem três outros banheiros, por que você quer usar esse, especificadamente?

- Porque sim.

Ela entrou no banheiro o mais rápido que pode. Vesti as primeiras peças de roupa que achei, pois estava morrendo de cansaço e sono. Só percebi que cochilei quando Vanessa bateu a porta do banheiro, xingando. Acordei assustada.

- O que aconteceu?

Droga,ela resmungou.

- Não é da sua conta

Me sentei na cama e encarei Vanessa.

- É sim. Posso não te conhecer há muito tempo, mas eu me importo com você.

- Não.

- Tudo bem, então – se ela não queria falar nada, não teria problema.

Eu já estava saindo do quarto quando Vanessa pediu que eu esperasse.

- Quando eu fui usar o banheiro... havia sangue por todos os lados... quero dizer...

Não esperei que ela terminasse de falar; eu já havia entendido a notícia. E era estranho uma garota em pleno século 21 não saber o que era puberdade, mas ela fugiu de um orfanato ainda pequena e provavelmente aprendeu pouco sobre esse assunto, porque, pelo que vi, o Acampamento não dá aulas de Ciências ou algo relacionado à mortais. Expliquei para ela o que havia acontecido.

- Mas... tem certeza? – ela perguntou

- Absoluta.

- Você já... ? – O jeito que Vanessa estava falando me deu nos nervos; ali estava a Vanessa que gaguejava, sentia medo, se preocupada, bem diferente da Vanessa que conhecera há apenas uma semana e alguns dias atrás.

- Sim.

- O que eu faço agora? – ela perguntou, ainda preocupada.

- O que todas as meninas fazem: compram um pacote de absorventes.

O episódio de Vanessa nos atrasou por trinta minutos. Saímos às 21:30h, e eu torcia para que meu pai realmente estivesse no apartamento. Felizmente, ele estava em “casa”. Eu odiava aquele apartamento por ter arruinado minha vida, enquanto eu deveria ter treinado para matar monstros e proteger Lucy – por mais que não sabia ainda o que ela havia feito -.

O porteiro não abriu a porta para mim até interfonar meu pai; acho que ele não me reconheceu. Claro, havia dois anos que havíamos morar em Washington, e eu mudei muito durante esse tempo. Papai abriu a porta assim que ouviu o elevador (que continuava velho e fedido), e nos recebeu alegremente, me abraçando até perder suas forças.

- Filha! Pensei que você havia morrido durante esse tempo! Você está bem? Esses são seus amigos?

- Ah, sim, claro, pai; Vanessa e Samuel.

Os dois fizeram um gesto educado para cumprimentar meu pai.

- Viemos aqui para tentar achar pistas sobre Atena. – Samuel falou.

Ao ouvir o nome “Atena”, meu pai arregalou os olhos e seu rosto congelou.

- Ela, hm, desapareceu, tio – Vanessa continuou – achamos que você, o senhor, me desculpe, poderia nos ajudar com a busca.

Meu pai pediu para que nos sentássemos. O sofá era velho, mas dava para o gasto. Pedimos informações sobre como ela agiria se fosse sequestrada, ou qual tipo de perfume ela usava; qualquer coisa poderia nos ajudar. Perguntamos por qual motivo ele achava que ela foi sequestrada, pois talvez ele soubesse de alguma coisa. Ele sabia.

- Atena era a única que continuou do lado “bom” depois da traição. – ele falou, como se estivesse com medo de explicar aquilo – Supondo que vocês não sabem o que foi essa traição, acho que está na hora de contar, Susan. Fui criado como uma pessoa qualquer, ou mortal, como vocês chamam. Enfim, quando eu tinha uns vinte, vinte e um anos, me apaixonei por uma moça inteligente, que sempre aceitava minhas opiniões e sabia brigar com as pessoas que faziam da minha vida um inferno. Com vinte e oito anos nós nos casamos, e daí não vou entrar em detalhes no que aconteceu depois, quem sabe alguém um dia te explica. Foi aí que sua tia Lucy entra na história.

Tia Lucy?

“Lucy era filha de seu avô, Lucian e Minerva. Suspeito que você saiba quem ela é.”

Claro, Minerva, versão romana de Atena.

- Então vocês dois eram na verdade... irmãos? – perguntei

- Meio-irmãos – meu pai continuou – quando Minerva deixou seu avô, Lucy já havia nascido. Então ele se casou com uma mortal, sua avó, Karen. Eu sou filho dos dois. Lucy estava morando no Canadá quando soube de mim e Atena. Ela achava que sua mãe me abandonaria também, Susan. Tentou me avisar, mas eu achava que era mentira. Lucy tentou esquecer de seu passado, tornou-se cristã, parou de acreditar na realidade em que vivia e traiu todos os Olimpianos por ódio. Desde então, nenhum deus poderia sequer abandonar os mortais que amavam sem revelar sua identidade; e mais, não poderiam entrar em nenhuma igreja ou capela, ou propriedade de tais, ao menos chegar perto de alguém que havia descendência divina.

Ele tossiu e continuou a falar.

“Os deuses foram obrigados a obedecer. Sua mãe me contou quem era no dia seguinte. É claro, eu fiquei chocado. Descobri quem havia aprontado aquilo em pouco tempo. Comecei a odiar Lucy por ter estragado minha vida. Mas aí as coisas saíram do controle quando você nasceu, e eu... queria que você vivesse uma vida normal. Fingi que sua mãe havia desaparecido e que amava Lucy como minha esposa.”

Ficamos perplexos com o que meu pai falara. Demorou um longo tempo para que eu aceitasse as informações. Então meu pai era meio-irmão de Lucy, que tentava me proteger com sua vida para que eu não descobrisse quem eu realmente era. Mas Lucy havia traído a confiança de meu pai.

- Sua mãe nunca me deixou, Susan. Ela te ama. Você é especial.

  Meu pai dissera que Atena provavelmente estaria bem, pois ela é a deusa da sabedoria e estratégias. Mesmo assim, disse que conseguiria o maior número de ajudantes para procurá-la e dizer algo (a qual ele não mencionou o que era); depois da conversa, peguei todas as mudas de roupa que eu tinha levado para a viagem de Nova Iorque e o carregador de meu celular. O resto da noite foi a mais parecida com a de um mortal desde o acontecimento que matou Lucy: comemos pão com manteiga e bebemos chocolate no apartamento, conversamos sobre nossas vidas (papai queria saber tudo a respeito de meus amigos) e depois fomos embora sem nenhuma hesitação. Pelo menos papai compreendeu que eu tinha que completar a missão.

    Chegamos ao hotel às 23:15h. Parecia que Isabella e Monroe já estavam dormindo, pois o apartamento estava silencioso e a porta do quarto deles estava fechada. “Talvez eles nem tivessem saído de lá para notar nossa ausência”, disse Vanessa. Dormi quase instantaneamente ao deitar na cama macia e grande, mas infelizmente fui interrompida pelo pior pesadelo que já tive em minha vida.


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Notas finais do capítulo

Gente, minhas provas começam semana que vem e já estou estudando, então acho que vai demorar um pouco para postar de novo. Esse foi o maior capítulo de todos até agora, então espero que compense.



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