A Beautiful Mess escrita por Danendy


Capítulo 6
Capítulo VI – Medos


Notas iniciais do capítulo

Ok, pessoal, eu não morri nem fui abduzida, pelo menos não pelos aliens. Ainda.
Acontece que passei os últimos dias lendo e lendo mais ainda e isso me deixou um pouco sem imaginação. Li A corrida de escorpião da Maggie Stiefvater, A garota americana da Meg Cabot e Take a bow da Elizabeth Eulberg (todos os livros coincidentemente com protagonistas ruivas). Também descobri novas bandas como Mumfords and Sons e Of monsters and men (escutem, escutem!) e não consigo pensar em outra coisa a não ser cantar as suas músicas.
Além de tudo isso, ainda estou me recuperando do seminário, aparentemente fui bem: 34% dos 35. Mas ainda acho que devo melhorar muito (embora meu conceito final tenha sido um grande Excelente). Mas bem, Linguística não é minha área favorita do meu curso de graduação mesmo.
Ah é, e também andei traduzindo uns capítulos de um livro em um grupo online, então fiquei super sem tempo. Ainda nem vi o último episódio de Once Upon a Time (embora já tenha baixado)
Enfim, chega de divagar. O capítulo sinceramente me desagradou muito, mas está aí.



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Quando retornei a festa, depois de algum tempo, ela já estava no fim e meus amigos queriam ir a outro lugar. Em outra ocasião, eu estaria animada, mas não naquele momento. Eu me sentia mal pelo que acontecera entre mim e Peeta e queria mesmo ir para casa, dormir e tentar esquecer tudo aquilo.

Marvel sorrateiramente me ofereceu carona. Eu declinei, obviamente, mas então Clove me olhou estranho e eu tive que voltar atrás. Aceitei que ele me levasse para casa. Os meninos me deram abraços ligeiros — exceto Cato que ainda estava desaparecido com Lavinia — e eu saí à frente de Marvel.

Na sua caminhonete, eu fiquei olhando para o teto do carro enquanto ele ligava a ignição, pisava na embreagem, mudava a marcha e acelerava. Olhei de soslaio para ele, que misteriosamente estava calado, e pude ver um sorriso malicioso no canto dos seus lábios. Se não o conhecesse bem, estaria com medo de que fosse me levar a um terreno baldio e fazer qualquer coisa… Mas era só o Marvel, e apesar de todos os pesares, eu sabia que chegaria em casa bem.

— Então você e o garoto de ouro, hã?

Levei algum tempo para perceber que ele se referia a Peeta. Não respondi. Não era da conta dele. Marvel não insistiu no assunto e ligou o rádio, enquanto eu olhava a janela. Quando o locutor anunciou uma canção, eu me voltei para ele com descrença.

— Você ligou para a estação de rádio de pediu essa canção, não é?

Pude ver o sorriso dele se alargar.

— Kitty, é uma música conhecida…

— É Katniss, e não é conhecida não, não nesta cidade.

E não era. E enquanto o som de The Killers preenchia o carro com Runaways, eu me senti transportada para o semestre passado, quando dormir ao lado de Marvel no banco de trás daquele mesmo veículo não era incomum, ou má ideia. Antes de perceber que não iríamos a lugar algum.

Ain't we all just runaways?

I knew it when I met you

I'm not gonna let you runaway

— Ok… está claro aqui que você ainda não superou… — Eu disse sobre a música.

Ele desligou o rádio e parou o carro no acostamento. Isso me forçou a olhá-lo. O que ele pretendia fazer ainda era um mistério para mim.

— Eu mandei mensagens, eu liguei um milhão de vezes, eu tentei falar com você nos corredores, eu tentei tudo, Katniss. Eu até fui a sua casa. É bem óbvio que eu não te superei, porque você nunca terminou nada, como disse ter feito. Você levantou aquela manhã e foi embora antes de eu acordar, e então evitou contato comigo. Até parou de ir à casa da Clove ou aos jogos só para não me ver. Eu nem sei o que eu fiz…

A verdade é que eu fizera tudo isso mesmo, mas havia uma razão, só que dizer a ele não facilitaria as coisas. Eu não podia dizer que eu me afastei porque tinha medo de gostar dele, porque eu estava começando a me importar e isso me assustava. Porque se eu admitisse isso, então eu estaria perdida.

— Ainda vai me levar para casa ou eu devo descer e ir a pé? Não é muito longe… — Falei calma, observando sua cabeça se voltar para mim.

Ele me olhou daquele jeito esquisito que ele costumava me olhar quando acordava de manhã e eu já não estava mais em seus braços. Era um olhar de desapontamento. Eu deveria saber desde o início que ele gostava de mim de verdade, e não ter me envolvido, mas eu só queria me sentir normal em meio às sessões com a psicóloga, os pesadelos, as bebedeiras de Haymitch e a Johanna e sua relação conturbada com Finnick.

Após alguns segundos, ele parou de me encarar e se endireitou ao volante. Voltamos à estrada.

— Eu sinto muito. — Pude dizer.

— Não, não sente. — Ele me corrigiu.

E então o silêncio invadiu o carro por alguns segundos.

— Ele é um garoto legal. — Marvel começou. — Não deveria brincar com ele.

Ele estava se referindo a Peeta? Eu não queria brincar com ninguém, eu só não sabia lidar com emoções. Eu nunca soube. Eu não tive quem me ensinasse. Por um momento a imagem dos meus pais surgiu na minha cabeça, mas foi como um flash, forte, porém rápido demais.

Quando ele parou em frente a minha casa, eu tirei o cinto e saí do carro antes mesmo que Marvel pudesse dizer mais alguma coisa. Estava exausta, só queria dormir e esquecer tudo. Estava tão absorta que não notei o outro carro parado ali em frente até encontrar uma figura sentada na varanda.

Era um homem ruivo, alto e bonito, que eu quase não reconhecia sem uniforme. Ele olhou para mim assim que me aproximei. Senti raiva ao vê-lo ali, com seus olhos verdes suplicantes.

— Johanna morreu. — Eu falei antes de subir os degraus e ir de encontro à porta.

— Eu pude ver a luz acesa no quarto dela… — Ele respondeu.

— É um ritual funerário. A luz no quarto dela a guiará na escuridão. — Ironizei. — Agora por que não dá o fora daqui e vai cuidar da sua mulher grávida?

Enquanto eu colocava a chave na porta e a girava na fechadura, ele se levantou e pôs a mão sobre meu ombro.

— Eu só quero conversar com ela. — Disse.

— Que pena, mortos não falam. — Abri a porta e entrei, fechando-a logo em seguida e deixando Finnick ali ao relento.

Tirei aqueles malditos saltos que escorregavam no liso chão de madeira e subi as escadas silenciosamente. A porta do quarto de Johanna estava entreaberta e eu adentrei. Haymitch estava sentado numa poltrona observando a filha dormir.

— Ele está lá embaixo na varanda. — Eu disse baixinho, sentando no chão, ao lado da poltrona.

— Eu sei, vi o carro dele parado ali. Mas ele não teve coragem para bater na porta. — A voz de Haymitch era quase um sussurro.

— Por que não o expulsou dali? — Eu cochichei.

Ele riu baixinho com o que eu disse.

— Sério, docinho, ele é policial, mesmo não estando em serviço ainda sabe bater…

— Frouxo. — Eu disse, mas ri também. — Ela parece bem, mas exausta… — Observei.

— Ela está. Eu a peguei chorando enquanto preparava um chá… — Ele parecia realmente preocupado. Eu não via Haymitch assim há tanto tempo que havia me esquecido de que ele se importava com as pessoas. — Eu andei olhando as contas. Tenho o suficiente para mandá-la para a faculdade. Vou forçá-la a fazer os exames novamente no próximo outono. Já está na hora de ela ir embora.

— Acha que ela vai te deixar aqui sozinho? — Eu perguntei, já me levantando.

— Eu vou ficar bem… Se ela pode me forçar a não beber, vou forçá-la a estudar. Ela está perdendo tempo aqui. Rebecca não ia gostar disso.

— É, está certo… — Eu assenti e me dirigi à porta. — Boa noite, Haymitch.

— Boa noite.

-x-

Era muita ingenuidade minha pensar que os pesadelos desapareceriam por mais do que uma noite. Quando levantei suada, trêmula e com o coração acelerado naquela madrugada, pulei da cama. Geralmente, eu odiava meus pesadelos, mas a maioria eram apenas distorções dos fatos que minha mente criava para aliviar a dor. Raramente — muito raramente mesmo — meus sonhos eram lembranças do que havia de fato acontecido. Era aterrador demais quando eu tinha esses sonhos.

Olhei no espelho do quarto, e de repente o que eu via não era mais o meu reflexo, mas o de uma garotinha de dez anos em frente a sua casa em chamas, enquanto as pessoas e o corpo de bombeiro tentavam acalmá-la. Ela não chorava, segurava apenas o coelho de pelúcia da irmãzinha na mão, enquanto esperava que a mesma e seus pais saíssem das chamas e a abraçassem. Mas não aconteceu. Nunca aconteceu.

Eu passara minha vida me perguntando por que eu não estava lá, por que eu não morrera junto com eles. Por que eu fora aquela festa estúpida do pijama. Por que meu pai parara de tomar os remédios controlados. Por que as vozes na cabeça dele o levaram aquilo. Ele sempre fora frágil. Eu passara minha infância assistindo a ele ser levado e trazido de hospitais pelas diversas tentativas de suicídios, surtos depressivos, e etc.

Nunca entendi porque minha mãe se casara com ele e tivera duas filhas. Ele era tão suscetível a ataques nervosos, e perigoso. Não era nem de longe o tipo de homem cujos genes deveriam ser conservados. Quero dizer, eu vivia com o medo de que fosse acabar como ele. Eu não queria ser como ele. Por isso eu detestava tanto a psicóloga, ela me fazia sentir como meu pai. A pessoa traumatizada, perturbada que precisava de ajuda. Eu não queria ajuda, não queria calmantes. Eu queria outra vida. Era por isso que eu não via a hora de deixar o estado de Ohio. Talvez, a Califórnia com seus dias ensolarados melhorasse as coisas para mim. Talvez eu só precisasse de um propósito na vida para tentar deixar para trás tudo isso.

Acendi a luz e então me agachei e puxei de debaixo da cama um baú. Abri a tampa e bem lá no fundo, sobre outras muitas velharias, eu encontrei um retrato do que um dia fora minha família. Papai sorria e me abraçava. Mamãe fazia o mesmo com Prim — minha irmãzinha com cinco anos na época. Um nó se fez em minha garganta e meus olhos ficaram úmidos. Aquilo era tudo que me restara…

-x-

A manhã de segunda foi uma verdadeira bagunça, com o diretor convocando a todos os formandos para uma assembleia no auditório. Minha turma e eu ficamos sentados na mesma fileira enquanto o velho Snow falava sobre como estava orgulhoso da maioria de nós e que a nossa verdadeira jornada em busca de nossos objetivos começava.

— Notem que ele nem se deu ao trabalho de mudar o discurso que fez pros formandos do ano passado. — Cochichou Cato.

— Só mais três semanas… três semanas e então a vida. — Clove redarguiu no mesmo tom.

— Ok, calem-se antes que ele nos chame a atenção. — Madge falou irritada.

Eu deixei de prestar atenção às conversas paralelas do meu grupo e ao discurso do diretor quando me virei e vi Peeta olhando para mim. Uma sensação estranha no meu estômago me impediu de sorrir. Ele também não o fez, ao invés disso, me lançou um olhar de súplica.

Mais tarde, depois da palestra do diretor, eu segui até o meu armário e quando o abri, havia um bilhete ali. Assim que o desdobrei o papel e vi um desenho de um sundae, eu soube quem o colocara ali. Sorri pela primeira vez em dois dias quando li o que estava escrito:

Sorveteria hoje?


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Notas finais do capítulo

Ok capítulo curto e não muito relevante, mas, por favor, não me matem. Já expliquei tudo lá em cima. E prometo parar com as traduções e focar mais aqui a partir da próxima semana. Eu só queria experimentar, saber se era isso mesmo que eu gostaria de fazer o resto da minha vida (traduzir). Mesmo sendo de graça, por enquanto, e só alguns capítulos, acho que é para isso que tenho vocação mesmo.
Enfim, até os próximos capítulos. Quando chegar em casa respondo as reviews de vocês, pessoinhas lindas.
;*