Once Upon a Time escrita por Susan Salvatore


Capítulo 6
Doces pesadelos


Notas iniciais do capítulo

Voltando dos mortos.
Mil desculpas.



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Eu ainda podia sentir os últimos toques dela na minha pele. Era como estar queimando e sentir prazer com isso e a única coisa que eu desejava era que nunca parasse. Deus! Eu nunca havia provado algo tão bom, tão... Enérgico.

Provavelmente caí no sono com um sorriso bobalhão no rosto. Imbecil.

– Kol, acorde – disse uma voz firme ao meu lado. Não era a voz de Elena – não era nada doce nem musical, quase cantarolada. Era uma voz apressada, com notas de impaciência, levemente rouca e muito misteriosa. Possuía o sotaque de uma civilização há muito extinta. Uma voz feminina, mas não de qualquer mulher. Esse era o som que eu reconheceria mesmo se fosse tão velho quanto o mundo – o que eu quase era. Era a voz de Tatia Petrova que me chamava.

Em uma fração de segundo, pulei da cama e rosnei. Ora, era terminantemente impossível que Tatia estivesse ali.

– Por favor, não seja ridículo – disse. Essa era a Tatia, nunca dada a brincadeiras – Não pense besteiras, eu não estou viva.

– Então como...?
– Explicarei. Eu fui desperta porque a nova doppelganger apareceu. Eu e todas as outras fomos, incluindo a primeira Petrova...

– Espera, você é a Original, não? – interrompi e ganhei uma fuzilada de olhar.

– Não, eu também sou uma cópia. A mulher Original se chama Amara e está semimorta em algum lugar do mundo. Mas não vim aqui explicar banalidades pra você. Se eu senti a presença de Elena, significa que Katerina também sentiu. E se ela contar a algum de seus irmãos, a pobre Elena não viverá sequer mais um dia.

Era demais pra mim. Como ela jogava aquelas bombas em cima de mim assim? Por Deus, como é que ela estava ali? Desperta? De onde?

– Espere Tatia, como e por que você está aparecendo pra mim?

– Eu sou um ser sobrenatural e, portanto, fiquei presa no outro lado. Eu sou um fantasma, Kol. E precisei de muito poder para aparecer em seus sonhos. Não há tempo. Você deve proteger Elena. Se seu irmão quebrar a maldição dele, não haverá ninguém para detê-lo.

– Mas...

– Não confie em ninguém, Kol. Leve Elena daqui o quanto antes. Não há temp....

...

Acordei com as batidas aceleradas do coração de Elena.

A Tatia falara comigo em sonhos... Seria esse mais um delírio de um coração bobo e apaixonado? Eu agora amava Elena... Mas Tatia estaria sempre em meu coração.

Balancei a cabeça. Idiota. Imbecil apaixonado e seus pesadelos. Ora, enquanto eu estivesse com ela não haveria perigo algum. Decididamente, não estragaria nossa felicidade por um delírio qualquer.

Elena gemeu uma certa palavra com K durante o sono e eu sorri, não resistindo à tentação de beijá-la.

– Ahn... Oi – disse, sorrindo, ainda não totalmente desperta.

– Oi, Bela...

Sua expressão se fechou.

– Acho que se confundiu de namorada – falou num tom de voz cortante. E ainda assim, era suave. Essa menina era uma verdadeira flor.

–... Adormecida – continuei, mordendo o biquinho involuntário que seu lábio inferior projetou.

Prendendo seus braços com uma mão só, beijei-a avidamente, sem parar para deixá-la respirar. Quase instantaneamente seu corpo se esquentou embaixo de mim. Bem, você pode imaginar onde isso terminou.

...

Eu estava sendo um péssimo anfitrião. Ora, só eu estava comendo. Elena em breve acabaria desmaiando de fome. Decidi preparar seu café na cama... E abordá-la com algumas questões muito importantes.

– Docinho, ande, coma alguma coisa.

– Não estou c... – ia dizendo ela quando a olhei severamente – Bem, obrigada.

Assim está melhor.

Depois de ter comido a metade, pensei na melhor forma de perguntar, mas não era cara de enrrolação.

– Como chegou aqui?

– Na cama? – perguntou ela, olhando docilmente enquanto fazia seu sorriso mais malicioso.

– Estou falando sério, Elena. Como sabia onde me encontrar?

Ela olhou para suas próprias mãos, envergonhada.

– Hm, sei que isso vai parecer coisa de adolescente perseguidora, mas eu estava muito preocupada...

– E então? – estimulei

– Perguntei àqueles seus amigos. Os irmãos italianos, do carro azul claro.

– Salvatore... – rosnei.

É claro que eles contariam tudo pra ela, provavelmente Damon achou a gracinha mais legal do mundo mandar uma garota desesperada à minha procura direto pra onde era o último lugar onde eu queria que ela estivesse. Mas como? Eu compelira-os para se afastar dela. Será que estavam tomando verbena? Seria algo torturante e improvável... Mas não impossível.

– Não com muita facilidade, admito. – continuou ela – Tive de mandar uma mensagem de texto anônima para conseguir alguma resposta. O que me faz pensar se eles costumam fazer muito isso – disse, lançando um olhar furioso para mim.

Respirei aliviado.

– Não seja tola, amor. Já disse, você é a única na minha vida agora. Na verdade, você é minha vida agora.

Elena me retribuiu com um olhar de tirar o fôlego. Era um olhar tão carregado de sentimentos. Era um olhar que dizia: eu sou sua.

E, pela terceira vez em menos de 12 horas, fizemos amor.

Aquela estava sendo a melhor época de uma longa vida.

...

Mas nem tudo são flores, e em breve tivemos que partir. Elena era muito dedicada à suas aulas e eu não queria uma atenção exagerada do corpo docente quanto aonde eu estava. Nos preparamos para ir embora.

Quando entramos no carro, ela foi logo fuçando no player, onde seu pen drive ainda estava conectado. Ela escolheu uma e uma melodia dançante começou a encher o carro.

– Então nós achamos amor num lugar sem esperança? – disse, prestando atenção na letra apesar do meu pequeno desprezo por artistas pop.

– Sim, meu diamante amarelo.

Nós rimos que nem dois bobos apaixonados.

Algum tempo depois, Elena começou a reclamar de dor de cabeça. Então tive uma singular ideia.

– Ai, droga – reclamei, fingindo espetar meu dedo em alguma coisa no bolso.

– Cuidado – disse ela, toda amorosa. E então pegou meu dedo e chupou o sangue que escorria. Ela não notou que sangrou um pouco mais do que o normal.

– Está do jeito que gosta, querida? – disse, me extasiando naquela sensação.

– Não sei, não costumo chupar sangue – respondeu, revirando os olhos e largando minha mão.

Ela não percebeu que em menos de cinco minutos sua dor de cabeça se fora. Começara ali um vício que não teria fim. Afinal, que cara não ia gostar de ser a cura de todas as dores de uma garota.

...

Estava começando a anoitecer quando ela caiu no sono. Olhei pela janela, sorrindo e refletindo. Sentia-me num sonho, um sonho bom. Essa garota era tudo que eu precisava. Era a doçura para minha armagura, o curativo das minhas feridas, o sorriso das minhas lágrimas, a calma do meu tormento, a luz da minha escuridão. Ela era a chama que incendiava as cinzas que era meu coração.

Nada podia estragar aquilo, a minha primeira felicidade.

E provavelmente aquilo um dia fora verdade...

Ah, se eu ao menos tivesse escutado Tatia...


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem do Kol um pouco fofinho :3