Once Upon a Time escrita por Susan Salvatore


Capítulo 20
Entre a luxúria e a ira




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Agoniado, eu assistia Klaus morder o pulso de Elena e sugar seu doce sangue. Por tudo no mundo, tentei resistir ao impulso de esmagar a cabeça dele. Eu juro, se ele abusasse um pouquinho, mas só um pouquinho que fosse...

– Já não é o suficiente? – perguntou Elena, tentando por tudo não demonstrar a dor que aquelas pequenas adagas lhe infligiam.

– Precaução nunca é demais – respondeu, com a voz abafada pelo sangue.

– Chega! – vociferei.

É claro que aquela brilhante ideia fora das queridas bruxas de Klaus; disseram que se ele bebesse o sangue de uma doppelganger poderia ativar seu poder híbrido por algum tempo. Graças à Tatia, Katherine já não estava disponível... Mais um motivo para odiar aquela maldita.

Eu não ia permitir, mas, ouvindo atrás da porta como uma menininha travessa, Elena concordou imediatamente – desconfio que para se fazer útil. Argh, essa garota não percebe que é forte apenas por ainda estar viva. Nenhuma outra humana teria agüentado tanto... Mas, para ela, tudo aquilo era para a minha proteção. Céus!

Mais uma vez os preparativos foram acertados; partíamos para nossa possível ruína com coragem suicida. Respirando fundo, coloquei a última sacola de armas dentro do carro e entrei novamente no abrigo onde estávamos, vazio, exceto por Elena.

– Vem cá, deixe-me curar isso. – falei, lambendo delicadamente seus ferimentos gêmeos, o que a fez corar.

– Kol...

– Sim?

– Não seria mais fácil se me transformasse em vampira logo?

Deixei seu pulso cair; a pergunta me pegara totalmente de surpresa, mais do que até se Tatia aparecesse implorando perdão. Eu ouvira direito?

– Não faça essa cara – continuou ela, desviando o olhar – Com certeza você já cogitou isso. E eu sou tão miseravelmente frágil. Ser como você resolveria isso.

– Elena, vampiros são monstros – falei, ainda perplexo. Como alguém como ela poderia pensar nisso? Sua humanidade era tudo para ela.

– Nem todos. Pessoas como você e Elijah são heróis. Principalmente você; diga-me quantas vezes você já salvou minha vida?

– Não menos do que as vezes em que a coloquei em perigo.

– Todo mundo tem seu lado ruim. Até eu. Atualmente, coloco você em constante perigo... Não quero mais isso. E se eu for forte e estiver do seu lado, tudo vai ser perfeito.

Aquelas palavras pareciam ensaiadas, como se ela as tivesse repetido mil vezes em frente a um espelho. Só que eu a conhecia bem demais para descobrir quando havia algo mais.

– E? – estimulei – O motivo por trás dessas palavras? Diga-me.

– Eu... Você não pode namorar com uma senhora de 60 anos.

– Quê? – disse quase gaguejando.

– Não estou falando de amor – continuou ela, afagando meu cabelo – Você é tão louco que pode me amar mesmo estando decrépita. Estou falando de atração. Desejo. Enquanto eu for jovem e bonita, você vai me desejar. Mas não depois disso. Não discorde. É impossível que rugas e flacidez te atraiam, fora as vezes em que você me verá doente. Não suportarei ser assim perto de você, lindo e imortal. Se para me livrar da morte tenho que viver num mundo cheio dela... Aceito.

Pode anotar: essa foi uma das poucas vezes que fiquei sem palavras. Não entendia minha hesitação; não era o que eu sempre quis? Mas eu podia entendê-la. O desejo que ela despertava em mim era algo magnético, quase impossível de controlar. Pode até não ser nobre da minha parte – foda-se isso – mas não consigo pensar nela daqui algumas décadas.

E havia o instinto vampiro. Transformar alguém é algo extremamente prazeroso, ainda mais quando se conectam. Listei mentalmente as razões pelas quais eu faria isso: sem mais fragilidades, fim dos limites, ter Elena como eu... Subjugar até mesmo sua alma. Ah, maldito pervertido que sou.

Deitando-a na cama, sem mais palavras, lambi seu pescoço e com prazer ouvi seu coração perder o ritmo. Olhei para cima e senti seus olhos pegando fogo, extasiada no desejo que sentia por mim. Maliciosamente, ela unhou meu pescoço, pedindo por mais.

– Não hoje, mas logo – respondi, sussurrando em seu ouvido – Seu pedido será atendido, senhorita Gilbert. Mas não antes de provar a essência do que é ser como eu.

– O que quer dizer? – perguntou ela, absorvida por tudo o que eu dizia.

Sorrindo torto, mordi seu pescoço suavemente; para aliviar a dor, comecei a afagar sua pele, provocando maldosos arrepios. Suguei, não só para o meu prazer, mas também para o dela. Suspirando, Elena se rendeu ao feitiço que o veneno de vampiro provocava em seu sangue.

– Gostou disso? – perguntei, beijando o novo machucado.

– É... Incrível.

– Vai gostar mais disso – falei, mordendo meu pulso e oferecendo-o a ela – Vamos, não tenha medo.

Timidamente, ela provou. E então seus olhos se arregalaram e sugou mais freneticamente. Senti a deliciosa sensação de ter meu sangue dentro de seu corpo, de ser consumido por ela, de entregar-nos a algo a muito, e secretamente, desejado. Senti-a abandonar o preceito de que aquilo era pervertido e errado; apenas se entregou.

Elena deliciou-se de mim por um bom tempo. Quando levantou seus olhos, ah, foi minha vez de brincar de novo. E assim ficamos, não sei por quanto tempo, no melhor jogo de sedução do qual jamais participara. Sadicamente, tínhamos buracos por todo corpo, mas estes se curavam devido a minha condição e o que eu impunha no organismo dela. Lamentei. Gosto de marcas.

...

Como toda felicidade, aquela não durou muito tempo. Quando meus irmãos nos chamaram, não pareciam nada surpresos que tanto eu quanto a humana tínhamos os lábios e as roupas manchados de sangue. Segurando a mão dela, comecei a traçar círculos em sua palma, dando-lhe a promessa de que faríamos aquilo de novo, mais tarde. Se houvesse um mais tarde.

– Vamos – disse Rebekah, tentando esconder o coração acelerado. Egocêntrico como sempre fui, não reparei que todos ali estavam nervosos, provavelmente com um medo mortal.

Entramos no carro e, não sei se devido ao clima tenso, mas parecia que apenas alguns segundos se passaram até chegarmos ao esconderijo das duas criaturas mais poderosas do mundo. Não havia guardas, é claro; para quê precisariam? Não me importei em como a casa era, mal a notei, só me concentrei em matar. Agora era outro tipo de sangue que eu almejava.

Enquanto as bruxas se colocavam ao redor da propriedade, nós nos equipamos com as armas. Até mesmo Elena ganhou um punhal de madeira, feito especialmente para suas delicadas mãos. Ela me olhava com fingida coragem, tentando fazer com que eu me sentisse melhor. Essa menina nunca para de me surpreender.

Não tardou e ouvimos o crocitar esquisito das vozes em uníssono das bruxas, anulando o poder de Tatia, ou pelo menos tentando. Separando-me de Elena, entrei no modo batalha, sentindo o desejo pela morte queimar nas minhas veias. Vingança, ah, doce vingança. Pode culpar alguém por te desejar tanto?

Decidimos que Elena ficaria conosco. Seria demasiado arriscado separá-la de todo o grupo, só para alguém fazê-la de refém. Não, nós é que a faríamos de isca, e uma parte de mim odiou-se por pensar assim. Mas o que tem que ser feito precisa ser feito.

– Nossa, eles vieram armados com a ratinha – disse a voz de Tatia, num timbre quase estridente – Não é horripilante?

Mikael olhou-nos de forma avaliadora, como um caçador procura o melhor veado. Ofendi-me.

– São tão bobinhos, todos vocês – continuou a mulher – Ah, crianças, eu não as agüento. Sejam racionais apenas uma vez. Os mais fortes derrotam os fracos. Não é assim tão difícil de entender.

– Eu vivo pelo dia em que verei sua boca fechada para sempre – rosnou Rebekah.

– Pode morrer então, florzinha.

– Não quer me ajudar? – falou minha irmã, com o sorriso mais presunçoso que eu já vira. Poderíamos ser gêmeos se não fosse o cabelo.

E assim começou a guerra. Não ousei tirar os olhos de Mikael, que não movera sequer um dedo até agora. Mas não resisti à tentação e observei pelo canto do olho Tatia preparar-se para um grande feitiço. E sua expressão aturdida de quanto este só fez Rebekah dar dois passos para trás. Ponto para as bruxas.

Enquanto eu me distraia, Mikael pulou em cima de mim. Bem, ele tentou. Com inesperado prazer, chutei seu joelho no mesmo segundo e fiz sua perna vacilar. Não, velhote, não tão fácil assim.

– Cresceu. Parabéns. – disse, sua voz retumbante estremecendo a sala – Todos vocês. Já viveram o bastante, agora morram.

Klaus não foi tão rápido como eu. Sendo de longe o mais odiado entre nós, meu pai enfiou a mão em seu coração e tentou arrancá-lo, apenas parando porque Elijah e eu tentamos quebrar seu braço.

Ninguém dava brechas. Protegendo nossos flancos e ao mesmo tempo fazendo Mikael perder espaço, nós avançamos, sem um segundo de desatenção. Finalmente pude deixar de vê-lo como um pai e sim como um inimigo. Esse maldito caçou-nos a vida toda, destruindo tudo o que construímos apenas por nos culpar pela morte de nossa mãe. Ele não percebia que, igualmente, devíamos ser tão importantes para ele como ela era.

Não havia vantagens ali. Tudo o que podíamos fazer era nos defender e, por algum milagre, fazer com que Mikael se cansasse daquilo e cometesse um erro devido à precipitação. Não que isso fosse acontecer.

Mas todos nós paralisamos quanto ouvimos um grito enfurecido. Ouvi meu pai soltar um arquejo involuntário.

– Sua absoluta vaca! – gritou Tatia, estatelada no chão – Como ousa? Devolva meus poderes, agora! Eu vou matar você, cada célula sua vai ser torturada. Voc...

– Eu só desejo que você finalmente cale a boca – disse Rebekah, mas ela contou vantagem cedo demais. Tatia arremessou uma fina estaca nela que perfurou a lateral de sua perna. Mas pude ver que a bruxa vacilou com a súbita fraqueza.

– Veja só, agora fique aí em seu lugar. Seu bando de idiotas. Você mais ainda, Kol. Traz essa cópia vagabunda. Não manche a honra da minha presença! Devia é me agradecer por ter lhe dado taaaantos sonhos eróticos. Ah, não faça essa cara. Eu sei que você gostava. Com certeza não diverte tanto c...

Ela se calou devido ao soco na cara que a fez ir ao chão novamente. Gritando como uma galinha que está sendo depenada, com o lábio partido e os dentes manchados de sangue, ela procurou o autor de sua pequena ruína.

– É o que você ganha por ser uma completa vadia – disse Elena, fazendo a cara mais furiosa que eu já vira.


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Notas finais do capítulo

Hei, leitores! Então queria falar da minha nova história My Dream. É sobre Elijah/Hayley. Confiram lá: http://fanfiction.com.br/historia/479184/My_Dream/



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