Once Upon a Time escrita por Susan Salvatore


Capítulo 19
A culpa é das estrelas


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, acho que a história tava precisando disso.



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Lentamente, o mundo parou de girar a minha volta. Que vergonhoso. Um vampiro com vertigem. Para mim, poderia ter se passado um ano, mas parece que nem uma hora tinha transcorrido depois daquela visão. O olhar que eu mais temera minha vida toda: o ódio de meu pai.

Levantei rapidamente, as fraquezas dando lugar à consciência do que tinha acontecido. Ao ouvir minha aproximação, Elena piscou vagarosamente, parecendo meio sonhadora. Preocupação latejou minha cabeça.

– Hei – sussurrou ela, num fraquejo de voz.

– Você está bem? – perguntei, colocando-a no meu colo.

– Acho que sim... Sinto-me meio, sei lá, vazia. E bem tonta.

– Do que se lembra?

Ela olhou o quarto. Com exasperação viu o pescoço da bastante mal-humorada Rebekah. Vi que ela procurou por meus irmãos, provavelmente imaginando o pior. Agradeci que meu mortal ferimento já tivesse cicatrizado. Com sorte, ela não se lembraria disso.

– De tudo – respondeu, abraçando-me com força.

Senti que devia coisas a ela. Seria tudo tão mais fácil se Elena não tivesse descoberto a verdade, se continuássemos na faculdade, se permanecêssemos naquele jogo de sedução divertido.

Mas isso é passado. Minha única obrigação é limpar essa sujeira agora.

– Vem – falei – vamos procurar os outros.

...

Elena ainda estava muito fraca e constantemente tivemos que parar. Eu até tentei fazê-la aceitar que eu a carregasse, mas desconfiava que ela estivesse envergonhada demais de sua fraqueza para aceitar.

Quando finalmente chegamos ao pátio, vimos muito sangue, até um dente, e Klaus e Elijah discutindo ferozmente.

– Ei, idiotas. Esqueceram que são aliados? – gritou Rebekah, empurrando-os um metro para trás. Essa é minha menina.

– Essa anta do Elijah – rugiu Klaus – fez merda de novo! Estávamos quase acabando com o Finn, mas não, ele teve que dar misericórdia, no último golpe! Terminou com um soco na cara, mas nem isso o fez deixar de ser burro!

– Onde está Finn? – perguntei, notando a expressão chocada de Elijah. Traição, mágoa e esperanças perdidas jorravam de seus olhos. Resolvi deixá-lo em paz.

– Outra anta! – disse Klaus, exasperado – No meu bolso é que não está. Óbvio que fugiu.

– Se você conseguisse controlar sua TPM, talvez eu pudesse contar que Finn é a última de nossas preocupações agora.

– O que quer dizer? – perguntou a loira.

– Tatia o traiu, obviamente. Mas ela tinha um outro aliado, mais poderoso que qualquer um de nós. Nosso pai se juntou a ela.

Um silêncio macabro encheu o ar. O peso da minha frase caiu sobre nós. Pela primeira vez em muito tempo realmente nossa vida estava em risco. E não sabíamos se íamos vencer; a desvantagem era pavorosa. Apertei-me contra Elena. É tudo por ela, pensei, agarrando-me a isso. Mesmo que eu não sobrevivesse, eu a salvaria.

Nesse momento, peguei-me pensando mais uma vez sobre o destino. Nós, Originais, éramos como a raiz de todo mal e envolvemos muitas pessoas inocentes em nossa carnificina. Talvez, finalmente, a natureza encontrara um jeito de revidar. Perguntei-me se algum de meus irmãos teria se apaixonado tão intensamente por ela se estivesse em meu lugar. Algum deles a defenderia e protegeria tão fielmente como eu? De certa forma, entre todos, eu era o único merecedor?

Ou talvez eu fosse estúpido demais e me apaixonasse pelo mesmo rosto mais vezes do que era saudável. Ri internamente. Certas coisas jamais mudam. Se Elena morresse, a linhagem acabava ali. Minha maldição seria finalmente quebrada e não haveria mais doppelgangers para eu querer morrer por elas.

O destino é uma coisa engraçada. Estou tão profundamente ligado a essa menina que só o pensamento dela morta me apavora. Respirei fundo. Quem se importa com maldição quando se tem ela ao seu lado?

...

Com uma rápida discussão, decidimos não perder um segundo sequer, e fomos atrás do rastro de Tatia e Mikael. Quer dizer, meus irmãos foram. Deixando Elena e eu sozinhos, propositalmente, eles dividiram-se e procuraram. Elijah foi o último a partir.

– Espere – disse Elena e foi até ele. Com minha audição inumana pude ouvir o que ela dizia.

“Não é sua culpa. Ter misericórdia não é vergonhoso. No fim das contas, ele é seu irmão. Você é bom, Elijah.”

Ele não respondeu; apenas olhou-a com olhos curiosos, como se não entendesse nada sobre aquela pequena garota.

– Isso foi... Bonito – respondi incerto quando ela voltou – Nobre.

– Obrigada – falou, com um sorriso tímido – Ele parecia perturbado. E... Bem, ele está me ajudando, de alguma maneira.

– E eu?

– Não precisa fazer beicinho. Você me salva só de existir.

Beijei-a intensamente. Há quanto tempo nós não tínhamos um romance de verdade? Queria ouvir o riso dela, sem um peso por trás. Queria ver seus olhos brilharem ao me ver, ouvir seu coração acelerar por amor e não por medo. Era incrível o fascínio que essa humana despertava em mim.

Nós deitamos nas folhas secas, tomando o cuidado de evitar o sangue espalhado ali perto, e observamos as estrelas. Nesse momento, eu daria tudo para ler a mente dela. O que pensava disso tudo? Ainda tinha medo de mim? Haveria alguma dúvida nela?

– No que está pensando? – perguntei, quando perdi minha batalha interna.

– Em nós. Em destino e em tudo.

– Isso é bom?

– Sim... – falou, e havia um “mas” implícito ali.

Girei-a de modo que ficasse em cima de mim e afaguei seu rosto. A pele ainda era como pêssego, um pêssego escaldante por sinal.

– Diga, amor. Você não precisa ter vergonha comigo.

– Estava pensando... Por que você se apaixonou por mim? Quero dizer, eu sou humana. Perto de você, sou tão sem graça. Não entendo... É por que sou parecida com ela, a Tatia? – perguntou, sem conseguir evitar desviar os olhos.

Calei-me por um momento e fiz aquela pergunta a mim mesmo. Nem meio ano havia se passado desde que nos conhecemos e eu era terrivelmente apaixonado por ela. Com um choque, percebi que passamos mais tempo separados do que juntos. Por quê? Por que era tão intenso?

– Você me fascina – falei, suspirando fundo, ainda relutante em me expor tanto – É boa, sabe, e isso me contagia. Contigo não me sinto um monstro... Gosto de pensar que você é como meu sol; literalmente ilumina. Não sabe como é ter vivido tanto, tantas memórias. Isso pesa, sabe. E, acredite ou não, não gosto de ter feito as coisas que fiz. Sei que fui mal, e apesar de meus instintos clamarem por sangue, foi só com você que entendi que não é certo. Matar tanto. Sim, a primeira coisa que me chamou a atenção em você foi sua semelhança com ela. Depois de mais de mil anos, confesso que ainda era apaixonado por Tatia. Só que com você, Elena, foi como despertar. Vocês são tão diferentes... Mas a diferença principal é que somente com você eu senti amor. Nunca foi tão real como é agora. Desde o momento que te conheci senti o instinto de te proteger, como se fosse responsabilidade mim. No dia em que nos beijamos, senti-me ligado a você. Eu sei que encanto você, mas isso não é um terço do encantamento que exerce sobre mim. Pode ser humana, mas nunca será sem graça; sua personalidade... Ah, Deus, tudo em você me fascina. E é tão linda, absurdamente linda.

Suspirei, terminando o meu monólogo. Nunca me senti tão piegas. Quando me atrevi a olhá-la, Elena me encarava, esperançosa, como se tivesse medo de acreditar.

– Eu... Eu me sentia tão vazia antes – disse ela – Como se não soubesse o que era sentir. Era como viver num mundo cinza, mas com você... Tudo é brilhante e fascinante. É como se fosse de outro universo. É incrível demais... Como uma estrela.

E ficamos ali, absurdamente apaixonados um pelo outro, nos beijando, unindo-nos mais ainda. Compartilhávamos amor e isso era a coisa mais poderosa do mundo. Esperança floresceu em mim. Por ela, eu sou e faço tudo.

A escuridão ainda estava lá, ameaçando cobrir nosso mundo, mas éramos suficientemente fortes para detê-la. Ela era a luz e enquanto eu a mantivesse do meu lado, não existiria mais medo, só um belo infinito brilhante.


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