Once Upon a Time escrita por Susan Salvatore


Capítulo 2
Iluminados, então




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Confesso que tive de me controlar para não ficar vigiando-a. Até porque não seria possível, ela ainda não me convidara - o que eu pretendia resolver em breve. Certo, talvez agora, 03:00 da manhã, seja um bom momento para pensar.

Que porra é essa?

De todos os lugares, no mundo todo, por que a doppelganger tinha que aparecer aqui? Inferno, por que elas sempre apareciam onde eu estava? Tenho cara de baba cópia? Sério, é difícil de acreditar. Após mil anos depois de Tatia, após 500 anos depois de Katherine, veio a Elena. Ela se parece muito mais, fisicamente, com a Katherine, mas por dentro é quase como se tivesse a Tatia de volta. Bem, eu presumia que fosse, já que nunca havia mantido um diálogo de mais de 20 minutos com a Petrova original.

E, pela terceira vez, ela vêm à mim. Então a resposta veio facilmente: é para protegê-las. Por isso sempre comigo. Com as outras, eu não conseguira, mas com a Elena iria me dedicar. Fosse meu interesse nela romântico ou não, eu a protegeria. Essa menina não seria sacrificada em nome dos Originais, não mais.

Por isso a importância, a partir de agora, de manter segredo. Nenhum vampiro devia saber da existência dela, ninguém relacionado à nós ou a outras criaturas. Ah, droga, os Salvatore! Eles foram criados pela Katherine, se por acaso vissem Elena, ficariam loucos.

Ok, não é saudável manipular os amigos, mas seria necessário.

Por que?, veio então à minha cabeça. Por que eu fazia isso? Não era minha obrigação e com certeza não era pra ser uma boa pessoa. Culpa? Não era realmente minha culpa que as outras tiveram o fim que tiveram, apesar de que talvez eu pudesse ter feito alguma coisa. Então por quê?

É claro que já sabia a resposta.

Eu ainda amava Tatia. Talvez ainda fosse minimamente apaixonado pela Katherine, apesar de tudo. Mil anos e quinhentos anos, respectivamente. Eu não as vira durante esse tempo todo. Era muita burrice que ainda preservasse algum sentimento, mas eu preservava. Quão masoquista alguém pode ser antes que isso o mate? Pelo visto, muito. 

Não olhava para esses sentimentos há muito, muito tempo. Porque doía. Profundamente. Palavras não seriam suficientemente abrangentes para que pudesse explicar. Faziam parte do meu passado e quando finalmente aceitava isso, uma delas aparecia. Seria alguma maldição? Como a que minha mãe colocara em Klaus? O castigo para seu garoto era jamais esquecer o que nunca devia ter acontecido.

Veja, que dois irmãos amassem a mesma mulher até seria aceitável. Mas três? Não, isso destruiria a família, assim minha mãe pensou. A escolha de Tatia fora Elijah e a de Katherine seria Klaus. Quanto à mim, eu sempre sobrei, sempre fui a razão de tudo ser destruído. O irmão mais novo, um fardo.

Família. É tão ridículo esse laço, e no fundo, eu o desprezo. Ora, são pessoas que você não escolheu para estar ao seu lado, pessoas obrigadas a sentir algo por você e fazer o seu bem. Espera-se que você as ame e tenha total confiança, sem questionar. O problema é que elas são questionáveis. Sua obrigação é amá-las, mas nem por isso elas são dignas desse amor. Você deve sempre perdoá-las e ampará-las, mesmo elas não merecendo isso, mesmo você as odiando. Família. É mais uma maldição, ter que fingir que ama pessoas que você pode acabar odiando, pessoas que vão te destruir por conhecê-lo tão bem. Eu os odeio, todos eles.

Respirei fundo.

Queria proteger Elena porque eu queria. Talvez outras razões me motivassem, mas, acima de tudo, era porque eu queria. Desejava vê-la bem, livre de todo o peso desse mundo sobrenatural. Por entrar em sua vida é quase como seu eu já devesse isso a ela. Não, a saída não era ficar longe, mas tão perto quanto o possível para observar cada detalhe, cada um que se aproximasse. E se eu sentisse o perigo, ele seria eliminado.

Ela era a terceira doppelganger. A maldição dizia que elas deviam ser usadas conforme viessem ao mundo, somente desprezadas caso sua vida humana fosse interrompida. Se Elena desse continuidade à sua vida, se ela conseguisse, então meu irmão jamais se tornaria o que ele quer - possibilidade essa que eu recuso a cogitar, tamanho seria o poder.

Elena é a chave para salvar a todos, a mim, e eu sou a chave para salvá-la. Olhei pela janela. Teria dedo de bruxa nisso?

.  .  . 

Antes que me desse conta, já estava na hora de ir. Totalmente tenso, preparei um banho quente. A água relaxava meus músculos quando entrava em contato com eles, produzindo um leve arrepio excitante. Nos locais mais propícios, a sensação era maior ainda. Se hoje a veria, então precisava controlar meus dois instintos mais selvagens. Contrariando o hábito, peguei uma bolsa de B+, meu favorito, e comecei a beber, enquanto a água ainda fazia seu trabalho. Algumas gotas caíam em meu corpo, geladas, e isso era mais extasiante ainda; enquanto a outra mão cuidava de controlar o outro instinto. Ora, não seria muito adequado fodê-la no segundo encontro. Rangi meus dentes quando obtive a satisfação máxima.

Merda, eu queria sim foder ela. Quanto mais rápido, melhor. Ao pensar em seu cheiro, sentia vontade de jogá-la na cama e submetê-la totalmente, fazendo-a minha por inteiro. E aquele corpo, ah cara! Nenhuma das outras era tão tentadora. As roupas de ontem eram apertadas nos lugares certos, revelando coxas médias, cintura fina, quadril avantajado e seios redondos e firmes. Gostosa demais para resistir. Merda, é melhor parar de pensar nisso, se não quiser tomar outro banho.

Engraçado como a manhã passa rápido quando se quer comer alguém. As tediosas aulas não prenderam minha atenção por nenhum minuto e todos os sentidos estavam à procura dela. Sorri. Meu interesse nela era satisfação agora.

Então, o intervalo. Após alguns minutos de procura, achei-a numa fila de um café lá perto.

- Prefere seu cappuccino com muito chantilly, pelo visto - sussurrei em seu ouvido. Preparando-me para sua reação, segurei seu copo antes que ela o derrubasse - Cuidado.

- Como sabe que é cappuccino? - perguntou, tentando esconder o fato de que parecia um pimentão.

- Pelo cheiro. - respondi, roçando levemente meu corpo no dela. O copo ameaçou cair de novo. - É melhor nos sentarmos.

Quando achamos uma mesa, mandei ào inferno a etiqueta e coloquei minha cadeira quase colada à dela, levemente virada, para uma melhor visão. Cara, que roupas eram aquelas? Usava um vestido branco, transparente demais para a visão de um vampiro, que possuía um corpete de renda, minimamente trabalhado. E sim, eu olhava descaradamente.

- Bom dia, Elena - disse, sorrindo.

- Bom dia, Kol. - respondeu e rapidamente procurou um assunto. Ela tendia à falar muito quando nervosa - Hm, gosta desse lugar.

- Nunca vim aqui antes, mas posso mudar esse hábito.

- Ah, isso explica a reação das atendentes - sussurrou baixo demais para a audição humana, mas não para mim. E eu não ia perder a deixa.

- Eu tenho um gosto melhor do que isso, amor.

Ela me examinou com o olhar, incrédula. Ah, mulheres, tão fáceis de encantar.

- Eu pretendia conhecê-la melhor, mais tarde - continuei - Mas tenho outra coisa em mente. Pretendo conhecê-la melhor agora.

- Que coisa?

- Vai preferir experimentar. Não importa, diga-me, faz que curso?

- Literatura Inglesa e você?

- Medicina.

- Não parece com um médico - disse, rindo.

- Garanto que posso examiná-la bem. Então gosta de escrever. Qual seu autor preferido?

- Jane Austen, é claro - respondeu, tonta com a súbita mudança de assunto. Seu coração batia um pouco mais rápido agora.

- A paixão juvenil dos dezenove anos pode tê-lo cegado a tudo que não fosse sua beleza e o seu bom caráter - recitei - Adequado.

- Nos quatro anos seguintes poderia abrir seus olhos.

- Não creio que seja possível- disse, segurando sua mão. Foda-se a prudência. Eu já a queria. Continuei - Qual é seu sobrenome?

- Gilbert. E o seu?

- Mikaelson.

- Pelo sotaque e pelo nome, realmente não é daqui.

- Venho de muito longe, sim.

- Esse lugar tem nome?

Sorri.

- Estou satisfeito por enquanto. Hoje, quando terminar, vou procurá-la novamente, Elena. Talvez possa me conhecer melhor então - despedi-me, beijando sua mão.

Frustrada, curiosa, surpresa. Ela estava praticamente conquistada. Ao contrário do que se pensa, você deve demonstrar seu interesse para uma mulher, mas somente o suficiente para que ela queira mais. É o que ela não conhece sobre você que vai atraí-la.

.  .  .  

- Aonde vamos? - perguntou ela, segurando minha mão firmemente. Estávamos em meu carro, graças a Deus um conversível, e eu a levava até a última estrada do morro da região. Eram 18:20 e eu esperava conseguir mostrá-la o pôr do sol. A luz dá certo charme às coisas.

- O importante é que você vai gostar.

- Como sabe?

- Posso decifrá-la, Elena.

Parei o carro no acostamento e abri sua porta. Puxei-a mais perto e a encostei levemente no carro. 

- Você sabe o que vem agora - disse.

- O pôr do sol.

- Então, tem dois minutos.

- Para quê?

- Para decidir. Pode sentir também, sei disso - falei, passando os dedos docilmente por sua bochecha.

- Algo me diz para ficar longe de você.  É tão misterioso - respondeu.

Esse "algo" era o instinto humano, muito mais eficaz do que o que se espera.

Os últimos raios de sol nos pegaram, iluminando seus olhos, dando vários tons de dourado e castanho à eles.

- Sabe que se seguir agora, talvez não tenha volta. Eu vou fazer com que não queira voltar. Porque agora não sabe o quanto essa distância até sua boca está me matando.

Ela deu um pequenino passo a frente.

- Talvez melhore agora - disse, sorrindo, com o coração batendo furiosamente.

- Não, melhor agora - respondi, parindo pra ação. Puxei-a firmemente pela cintura e a beijei, tomando-a.

Cada espaço em sua boca agora era explorado por mim. E com uma só mão podia sentir a curvatura de suas costas. A outra mão estava alisando suas coxas, enquanto a sentava no carro. Eu não era muito dado à delicadezas, mas suas mãos, ah, elas percorriam minhas costas e meu cabelo avidamente, gentilmente arranhando-me.

Não havia preocupação agora, não havia prudência. Só havia nossas bocas trabalhando em conjunto. E como acontecera pouquíssimas vezes, quase nenhuma, onde seu corpo encostava no meu, queimava. Podia sentir seu sangue pulsando com fúria contra meu corpo, e isso fez meu coração explodir também.

Eu nunca pudera imaginar que estar com ela fosse me proporcionar isso. Algo despertou em mim, algo que clamava por ela, que a louvava. Cada centímetro entre nós era demais para suportar e ela entrelaçou as pernas em meus quadris, envolvendo-me num abraço fervente. Sua pele de seda agora quase derretia e se arrepiava. Percebi, então, que ela ofegava e a libertei, por um momento.

- Isso não é natural, sabe - disse, entre suspiros - Esse efeito. O que você é?

- Sou seu - respondi, tomando-a novamente.

Banhado por luz.

Esse é o efeito.


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Notas finais do capítulo

A citação mencionada pertence ao livro Razão e Sensibilidade. Espero que gostem ♥