Once Upon a Time escrita por Susan Salvatore


Capítulo 1
A garota que não existia




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P R Ó L O G O


A história de um cara que se apaixonou pela garota do irmão, três vezes.

Mas tudo mudou quando ela apareceu.

Quando lhe falarem de alguém que é como a luz de uma pessoa, acredite.

Era isso que ela era para mim.

Porém, não sei se é possível alcançar a luz quando se está envolto por escuridão.



C A P Í T U L O   U M


Sonhei com Tatia de novo. Como toda noite. Era o mesmo de sempre: ela morrendo àos meus pés e meus pais colhendo seu sangue para fazê-lo nosso alimento. Como sempre e como fora antes, eu nada fazia a não ser olhá-la implorar por clemência.


Balancei a cabeça. Não era hora para isso. Afinal, hoje começava o meu quadragésimo terceiro primeiro dia de aula numa faculdade e eu não dormiria em casa por um bom tempo. Estava nos meus últimos meses de Medicina e iria começar o primeiro ano de História, não que fosse importante, eu já era advogado, engenheiro, biólogo e um monte de outras coisas. E não, ensino médio definitivamente não era pra mim.


Olhei-me no espelho. Sim, qualquer mortal com cérebro babaria por mim. Sem cérebro também. Sorri. 1019 anos de charme. Ei, só porque sofro por uma ou duas mulheres não significa que eu não deva aproveitar as outras.


Saindo do apartamento, cujos 21 andares eram minha propriedade, eu entrei no meu Audi R8 Spyder. Hm, que tal Shoot to thrill? Sim, eu era muitíssimo rico, porém, tirando o carro, geralmente escondia isso. Se fosse para pegar vadias interesseiras, bem, que fosse pela minha aparência então.


Alguns minutos depois, estacionava na minha vaga preferida. Ao meu lado, estava o carro dos Salvatore. Veja, eles são os únicos que convivem comigo que são como eu. De um nível inferior, mais ainda assim como eu. Estão comigo desde quando minha irmã colocou à prova sua tolice e se apaixonou por um deles. Tsc, tsc, mulheres.

E quando digo como eu não me refiro apenas à nossas singulares refeições. Mau caráteres, álcoolotras, mulherengos e egocêntricos. Sim, como eu.


Ok, também não pense que sou uma merda. Na verdade, com todas elas eu sempre fui muito cavalheiro. Coisa de humanidade.


– Abaixa esse volume, bebê! - gritou Damon, para que qualquer rabo de saia ali perto pensassémos que éramos um belo e fofinho casal.

– Cara, uma hora dessas eu te faço engolir os dentes.

– Prefiro engolir outra coisa - respondeu, bagunçando meu cabelo. Filho da puta. O cabelo é um ponto fraco.


Deixando os cumprimentos amáveis de lado, fui procurar meus colegas humanos. É ao redor deles que as refeições boas estão.


– Kol! - gritou uma menina loira, de quem me alimentava com frequência.


Não disse?

. . .


Ah, a minha parte preferida. As festas depois das aulas. Havia o costume de fazer uma fogueira e beber na cabana da floresta que havia ali perto.


Sentei-me num dos troncos que haviam ali, deixando minha cerveja de lado. A velha nostalgia aparecera. A desvantagem de se ter mais de mil anos são as toneladas de lembranças.


Resolvi caminhar na mata. Coisa de psicopata, eu sei. Enquanto andava, ouvi o barulho de passos destrambelhados ali perto e um "droga" seguido de uma queda. Eu ri. Como eles haviam posto algumas luminárias nas árvores, não estava escuro e logo pude ver o rosto dela entre os troncos.


Puta que pariu.


Era a Katerina Petrova. Ou Katherine, que é como ela gosta de ser chamada. Eu sempre a destestei, mas nunca pude separar muito bem isso do que eu sentira pela Tatia. Mas ela era uma desgraçada e me vi pronto para atacá-la.


Com um pulo, cheguei por trás e rosnei.


– Petrova...


Ela berrou e caiu no chão.


Não era a Katherine. Era uma humana! Podia ouvir seu coração batendo e sua pulsação acelerada. Mas era idêntica! Uma outra doppelganger? Meu cérebro parou por um momento, considerando o que significaria aquilo.


Assim, demorei um pouco pra perceber que a garota não estava passando bem. Parecia a ponto de desmaiar.


– Oh, me desculpe, eu... eu não queria... Ei...Ei! Você está bem? - perguntei. Mas ela continuava a me olhar assutada e acuada. E então ela desmaiou. - Oh, merda. E agora?


Eu a peguei em meus braços, socorrendo-a. Ela cheirava um pouco a álcool. Sorri. Era provavelmente uma menina meiga que nunca havia experimentado bebida e acabara exagerando. Seu rosto era tão dócil e frágil que não percebi que o admirara até ela começar a recuperar a consciência.


–Hm... - ela começou a gemer, piscando lentamente.

– Não se preocupe, querida. Eu a levarei de volta.

– Por favor.


Quanto ela olhou na minha direção, meu adormecido coração explodiu em meu peito. Não era possível. Durante alguns minutos trocamos um olhar tão intenso que, incoscientemente, eu apertei meus braços ào seu redor. E então o coração dela também explodiu. O rosto, tão lindo, ficou corado.


Um sorriso brotou em meu rosto e seus olhos brilharam. Droga, o efeito que eu devia estar causando nela só ia piorar sua condição. Então, mandando ào inferno o que todos iam pensar, eu a levei no colo até de volta a festa. As pessoas abriram caminho, sussurrando, enquanto nós íamos até dentro da cabana. Não havia ninguém lá dentro, então, a coloquei no sofá e fechei a porta, para que o barulho não a incomodasse.


Sentei-a e me apoiei no chão, pegando sua mão, tão macia.


– Vamos fazer isso direito - disse, e ela corou mais ainda - Eu começo. Sou Kol. Qual é seu nome, amor?

– Meu nome é Elena.

– Bem, Elena, diga-me, como se sente?

– Estou bem.


Arqueei uma sobrancelha e ela mordeu o lábio.


– Só um pouquinho tonta e com sede.

– Certo, eu resolvo isso.


Rapidamente, consegui um copo de água e ela bebeu avidamente.


– Não sei como agradecer você.

– Com "Obrigada, Kol?" - disse, sorrindo.

– Bem, obrigada, Kol - respondeu ela, rindo.

– Então, bebeu demais?

– Sim. Eu nunca faço isso e no primeiro dia... ah, que deplorável.

– É apenas uma questão de conhecer seus limites.

– Eu devia começar a aprender essas coisas.


Olhando para Elena, mal podia acreditar. Era como voltar mil anos atrás e isso era demais pra mim.


– Vou deixá-la descansando aqui. Quanto estiver pronta, peça para alguém me chamar. Você com certeza precisa de carona.

– Hm, não, não quero incomodar mais - disse ela, se retraindo à minha evasiva. Merda, eu fui grosso sem perceber. E isso me incomodou.

– Vocâ não incomoda, Elena. Não mesmo - corrigi, acariciando seu rosto levemente bronzeado.


. . .

Presumi que ela havia adormecido, pois já havia se passado uma hora. Mas permiti que dormisse, e aproveitei o tempo para afastar aqueles pensamentos e colocar minha cabeça no lugar.


Se qualquer um da minha família descobrisse, seria o fim dela. Decidi, então, não contar à nenhum deles, nem mesmo à minha confiável irmã. Ela era meu segredo agora.


Senti um delicado puxão na manga da minha camisa.


– Você devia estar descansando -repreendi.

– Não conheço quase ninguém, então sai pra procurar você - respondeu ela, projetando levemente o lábio inferior. Sorri novamente.

– Não importa, você está aqui agora. Então, vamos? - lhe estendi minha mão e a levei até meu carro.


Enquanto a levava de volta, tive que me controlar profundamente. O cheiro que emanava era incrível, um sangue exageradamente doce e uma pele com um odor tão floral... ah, cara.


– Quer ouvir alguma coisa? - perguntei, para me distrair.

– Hm, deixa eu ver - respondeu e foi mexendo no player até encontrar algo que gostasse. - Você ouve tanta coisa pesada, é uma surpresa que tenha isso - ela se referia à música She Could Be You do Shawn Hlookoff. Sério? Sério mesmo, cara? Nem um pouco irônico isso.

– Eu escuto tantos tipos de música... Você gosta?

– É meu estilo favorita. É uma das minhas favoritas, Kol.


Quando disse meu nome, seu coração falhou. Ela estava encantada. Ora, eu estava encantado. E antes que eu pudesse responder, chegamos àos portões do dormitório feminino da faculdade. Ela preparou para sair do carro.


– Elena, espere - disse, segurando sua mão.

– Sim?

– Me passe seu telefone? - disse entregando-lhe meu celular. Ela anotou rapidamente, corando.

– Ótimo - falei, sorrindo, e então fui abrir a porta do carro para ela.


Segurei novamente em sua mão.


– Muito, muito obrigada mesmo, Kol. Se não fosse por você... Ah, muito obrigada.

– Não tem de quê. E foi um prazer ajudá-la.- disse - É um longo caminho até o prédio e está escuro... Permite-me acompanhá-la?

– Ah, não precisa...

– É só uma desculpa para ficar mais tempo com você.

– E-eu adoraria.


Quando chegamos, ela se virou para mim.


– Obrigada novamente, então - disse, sorrindo - Parece que eu te devo muita coisa agora.

– Bem, pode me recompensar iludindo-me, dizendo que quer me ver novamente - respondi, passando a mão pelos cabelos, movimento que ela acompanhou com o olhar.

– Sou péssima mentirosa. Então serei obrigada a lhe dizer a dura verdade. Eu adoraria revê-lo, Kol.


Cheguei mais perto, ficando a uns dez centímetros de seu rosto. Apertei sua mão.


– Esperarei ansiosamente por isso.

– Boa noite - disse ela, virando-se.


Quando cheguei ào carro, pude ver que ele estava ao alcance das janelas do dormitório. Peguei meu celular e lhe enviei uma mensagem, que se referia a música no carro. Quando recebeu, ela me olhou pela janela.

A mensagem dizia: "Você tem um rosto lindo e eu conheço esses olhos, eles me fazem voltar no tempo. Boa noite, amor."


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Notas finais do capítulo

Esse é um dos meus casais favoritos. Espero que gostem da ideia ;)