Once Upon a Time escrita por Susan Salvatore


Capítulo 18
A bruxa má


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridos leitores. Hoje, quando fui postar o capítulo, constatei que essa história atingiu a marca de 1.116 leituras! Isso é incrível e fiquei muito feliz. Obrigada a todos vocês que deram uma chance à uma ideia maluca



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Não havia volta agora; tomamos nossa decisão.

– Quando iremos? – alguém perguntou, mas eu estava entorpecido demais para reparar em quem. Morte, pediam todos os meus instintos – inclusive os bons.

– O mais rápido que pudermos – respondi – Mas antes tenho que mostrar algo a vocês.

E mostrei-os minha não tão pequena coleção de armas de carvalho branco – provavelmente os últimos pedaços daquela madeira no mundo todo –, a única coisa capaz de matar-nos, matar de verdade. Havia de tudo um pouco, desde estacas até armas equipadas com balas da maldita madeira; eu era o único que sabia a localização das últimas árvores, um investimento do qual não me arrependia.

– Usem com cuidado, somente para o golpe final – continuei – São raras. E... Poderão ficar com elas, quando acabarmos. Têm tanto direito quanto eu.

Sem dúvida eles ficaram surpresos com minha repentina decisão, mas não me importava. Tudo que eu queria era vingança, mesmo que isso me consumisse. Hoje, Finn e Tatia recordar-se-ão de quem eu sou e meu nome vai ficar gravado neles com sangue. Hoje eu salvaria Elena.

...

É claro que uma verdadeira tropa nos esperava – e isso me deixou animado. Sorrindo, enfiei-me na infernal bagunça que era a formação daqueles soldados sem disciplina. Rasguei, arranquei e decapitei, liberando toda a minha raiva, deixando o demônio sair. E, ah, como ele se divertiu!

Depois do trigésimo guarda que eu estraçalhava, já começava a ficar impaciente. Será que aquela vagabunda só sabia se esconder? Olhei ao redor e vi que meus irmãos tinham tido tanto sucesso quando eu; Rebekah tentava tirar o sangue de si, que empoçara até seus cabelos. Imaginei em que estado eu estava.

O silêncio caiu sobre o local onde estávamos, mas sinos martelavam na minha cabeça. Onde ela estaria? Estava machucada? Estava morta? Pensamentos macabros me atormentavam, porém, nem mesmo isso desviava minha atenção. Eu era um caçador e tinha um alvo.

Quando entramos mais um monte de criaturas descontroladas nos atacaram. Um atraso, percebi enraivecido. Arrancando mais corações, vagamente percebi que minhas mãos estavam encharcadas de sangue e, por baixo de minhas unhas, vários pedaços de pele e músculo se aglomeravam. Argh, nojeira.

Senti uma pulsação frenética no andar de cima juntamente com o cheiro asfixiante de alguma erva queimando. O feitiço! Tatia estava concluindo-o! E, uma vez que ela fosse ainda mais poderosa, não sabia se éramos capazes de detê-la.

Meus irmãos encontravam-se presos numa luta que parecia não ter fim, e, portanto não me viram desistir das outras presas, bem como não viram minha postura mudar e meu instinto de vingança queimar o ar ao meu redor. A última coisa que eu ouvi era o pulsar desesperado de Elena.

Eu corri.

Em uma fração de segundo, meu corpo registrou a dor da bala perfurando-me. Assim que estava dentro de mim queimou furiosamente – carvalho branco. Caí de joelhos, fazendo pressão na minha perna ensangüentada, torcendo para que não tivesse atingido uma artéria. Sangrava como o inferno.

Finn, com um revólver na mão, sorria insanamente.

– Só alguém estúpido como você viria aqui sem um plano – disse, girando a arma nos polegares.

– Meu... Meu plano é matar você – respondi entre dentes, lutando para me colocar de pé.

– Ah, é? Vai gaguejar até eu morrer?

Minha perna falhou abaixo de mim e eu fui ao chão. De relance, vi Elena amarrada e jogada aos pés de Tatia. Minha menina revirava os olhos e parecia sentir muita dor. Parecia que a vida estava sendo tirada dela... E estava.

Finn chutou minhas costelas sem dó. Mais velho, mais inteligente, mais forte, lembrava-me meu corpo. Arfei quando um pedaço de osso perfurou meu pulmão. Por costume, eu busquei desesperadamente por ar, mas aí percebi que, novamente, meu corpo agia por mim. Era hora de usar a cabeça. Eu sou um dos vampiros mais fodas que existe e tenho uma promessa a cumprir. E irei cumpri-la.

Levantando-me antes que ele pudesse ver, dei-lhe um gancho de direita que quebrou seu nariz, já torto. Apenas concentrei-me em arrebentar seus órgãos, tendo alguns hematomas por causa disso. Pela regra, Finn venceria, mas todos nós sabemos que eu estou além das regras. Eu tinha minha habilidade, minha agilidade e, acima de tudo, minha capacidade de provocar as pessoas.

– Diga-me, irmãozinho – falei, limpando o sangue de meus lábios – O que ela te prometeu? Imortalidade? Amor eterno? Poder?

– Ela... – respondeu ele, recuperando o ar – Irá morrer comigo. Como nossa mãe desejou.

Aquele segundo de choque me custou um dente.

Era típico de Finn. Ele queria matar-nos, até mesmo sua querida Tatia, acabando com todos os Originais e todos os vampiros do mundo. Que tipo de ser quer dizimar sua própria espécie?

Eu vi uma brecha na luta de Finn, uma pequenina brecha que me permitiu quebrar seu joelho e correr até Tatia, arrancando a adaga que ela tentava enfiar em Elena. Mesmo amarrada, a humana lutava, chutando a barriga da outra até esta prendê-la num feitiço de dor.

Ataquei Tatia, mas esta criou uma barreira invisível entre nós e, não importa o quanto eu usasse minha força, parecia que era intransponível.

– Oh, o principezinho vem salvar sua dama – falou ela, aumentando ainda mais a pressão da barreira, fazendo-me recuar – Não é comovente? Ah, Kol, estou magoada. Você não lutou tão arduamente por mim.

Uma onde de lembranças me invadiu e eu não tive certeza se era um feitiço. Vi-me com oito anos, observando a garota mais velha correr pelo prado, escondendo-me quando ela sorriu para mim. Alguns anos depois, a mesma menina me cumprimentava e eu não fazia nada além de gaguejar. As noites que eu passava em claro pensando nela, sem uma gota sequer de malícia.

Senti alguém torcer meus braços para trás, mas não me importei – aquela dor pertencia a outro mundo. Tudo o que eu queria era reviver aqueles momentos com os quais sonhava incessantemente. A alegria que eu não me permiti sentir aflorou com o pensamento de que Tatia estava viva.

As lembranças se aceleraram. No dia em que beijei sua mão e me senti o homem mais sortudo do mundo, vi-a beijar Klaus avidamente e corri para contar aos meus pais. Eles, ao invés de defenderem meu desejo por aquela menina se tornaram cada vez mais odiosos. Vi-a clamar por meu nome e por de meus irmãos enquanto nosso pai enfiava uma adaga em seu peito. Presenciei todos os últimos suspiros, enquanto Klaus desviava os olhos.

E aqui estava a mesma garota sagaz e intrigante por quem eu me apaixonara tantos séculos antes. Em seus olhos fumegantes pude ver a sugestão, o grande “E se?” que atormentara minha vida. Pela primeira vez, Tatia aceitava-me e uma onda de amor me consumiu.

Mas era um amor forçado, uma lembrança da lembrança de um sonho. Vi tudo isso como um telespectador e não como vivente. Aquele amor, hoje, era dedicado a outra pessoa e essa pessoa acabara de ter ambos os pulsos cortados e seu sangue gotejava para uma taça.

– Finalmente – suspirou, bebendo da taça. Quando a esvaziou, caiu no chão, parecendo mais uma vez morta.

Lutei contra os braços de Finn que tentavam quebrar meus ossos. Fúria, desespero, ódio e loucura fizeram-me mais forte. Quando quebrei os dois braços de meu irmão, eles nada mais pareciam senão plumas.

– Não, não, não, não, minha Elena, não – sussurrei, amparando a menina em meus braços. Ela piscou timidamente. Agarrando a adaga ainda pendurada molemente em sua pele, eu a enfiei em minha jugular e coloquei Elena sobre o jorro de sangue.

Fraqueza atingiu-me e tudo pareceu um borrão. Minha vida eterna pareceu pesar sobre mim, convencendo-me que já era hora de descansar. A noite encobriu minha visão.

...

Se um ano ou um segundo depois, não sabia dizer, eu acordei desesperado. Vi Elena com a boca manchada de sangue, desmaiada, e ouvi com felicidade seu coração palpitar miseravelmente.

– Você está bem? – perguntou Rebekah, que tinha um dos lados do rosto em carne viva.

– Onde está Finn?

– Elijah e Klaus... Estão cuidando dele – disse, desviando os olhos para a janela.

Caminhando com dificuldade, fui até o parapeito e pude observar meus aliados quebrarem os ossos e rasgarem a carne de meu irmão. Não parecia ser fácil, uma vez que ambos os lados tinha ferimentos gravíssimos.

– Elas estão mort... – começou Rebekah, antes de um pedaço de madeira perfurar seu pescoço.

Recuei lentamente, fraco como estava, e vi Tatia levantar-se, sorrindo e parecendo ainda mais poderosa que antes.

– Ah, receio que não, querida – respondeu e sua voz parecia o ressoar de um trovão – E, quanto a você, meu belo traidor, eu reservei algo especial.

Uma pequena estaca de madeira pálida foi conjurada na palma de sua mão.

– Você amou a Tatia errada – falou e lançou aquilo direto para meu coração.

E... Errou. Quando minha cabeça parou de rodar pude vê-la apertar as têmporas, parecendo sofrer muito.

– Há algo errado – disse e não estava falando comigo.

Um homem entrou na sala; era de constituição forte, andando elegantemente, seus cabelos mel fazendo muita semelhança aos meus. Olhos cinza nem uma sequer vez desviaram-se para meu lado e isso me fez tremer. Seu rosto, marcado por leves rugas e linhas de expressão, não se suavizou ao amparar a confusa mulher.

– Deves ir – falou o homem, numa voz não imponente e cheia de sotaque que foi preciso um momento para entendê-lo.

– Eu preciso descobrir o que está acontecendo! – gritou Tatia com ele e o olhar que recebeu a fez murchar lentamente.

– Obedeça, menina tola. Irá morrer se não saíres daqui agora.

Tatia assentiu e parou na janela, observando. Finn gritou e clamou por ela, jogando em sua cara todas as promessas em que ele acreditava tão firmemente.

– Você é tão tolo quanto todos eles – foi a única coisa que ela disse, antes de dar às costas à ele para sempre.

Somente quando atingiu o umbral da porta, o homem se permitiu olhar para mim.

– Teremos oportunidade de matá-los, futuramente – falou meu pai, olhando-me com o mais profundo desprezo.

O olhar que ele deu permaneceu em mim pelo resto de minha vida. Mikael iria matar-me e, pela primeira vez, um medo genuíno consumiu-me. Eu era a caça agora e meu predador era o melhor que já existiu. Já sentia-me condenado.

A única coisa que pude fazer foi desvanecer ao lado da garota que eu amava – a qual eu já não sabia se ainda vivia.


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