Once Upon a Time escrita por Susan Salvatore


Capítulo 16
A ira dos Originais




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Ironicamente, meu coração estava sendo arrancado – dos dois jeitos. Os gritos de Elena ainda ressoavam nos meus ouvidos e, não sei bem por que, eu paralisei. Eu a perdi? No final, fracassei? Fechei meus olhos, deixando a pessoa terminar o serviço. Aquilo não ia me matar, mas recolocar um coração estraçalhado de volta demora um bom tempo. Séculos, desejei ardentemente.

Ouvi o som de um crânio sendo esmagado e lentamente os dedos foram retirados de dentro de mim; sequer registrei a dor. Olhei para meu maldito salvador e levei um soco na cara que me jogou a metros de onde eu estava.

– Não vou deixar você desistir daquela menina, Kol Mikaelson – disse Rebekah, ajeitando uma mecha de cabelo – Vocês são a última esperança um do outro.

Ajeitei minhas roupas. Com espanto percebi que estava um silêncio mórbido lá nos túneis. Onde estava minha pequena?

– Eles sumiram faz tempo? – perguntei, desolado.

– Há cerca de dez minutos – respondeu Elijah.

– Só um momento – pediu Klaus – Saiam já da minha propriedade!

– Hm?

– É isso mesmo, irmão. Vocês me traíram, apesar de minhas precauções. Não tolero traidores. Que sua namora jaza no mais profundo inferno.

Elijah suspirou.

– Por que você não é capaz de ver a um palmo a sua frente? Nós salvamos sua vida. Se não fosse a nossa presença, Finn teria te esmagado, fraco do jeito que está.

– Gostaria de vê-lo tentar – respondeu Klaus, mas pareceu ouvir a verdade naquelas palavras. – Pode fazer o discurso que quiser, não adianta. Vocês me traíram.

– Jesus! Imbecil, e o que é que Tatia fez? – gritei exasperado – Ela enganou todo mundo aqui!

– Menos eu – murmurou Rebekah, mas nós ignoramos.

– Veja, querido irmão, Tatia é uma bruxa e tem como proteção o mais velho Original – respondeu Elijah – Qual você acha que é o próximo passo? O que é que Finn sempre quis?

– Nossa destruição – sussurrou ele.

– Exato. E agora que ele tem Tatia e a doppelganger não precisará de mais nada para conseguir isso. E, ao menos que seu cadáver seja capaz de se vingar de alguém, sugiro nos apressarmos.

Eu mesmo não havia pensado nisso. Bem, não é todo dia que eu tinha minha vida em perigo; meus instintos de auto preservação chiavam como sirenes loucas. Sorri com o joguinho do destino. A única vez em que corro perigo é quando Elena está sob ameaça de morte.

– Muito bem. Que nos unamos. Só que tem um preço. Se conseguirmos achar a garota antes do virar da lua, eu ainda terei chances de completar minha transformação – o que estou muito inclinado a fazer.

– De jeito nenhum – falei furioso.

– Acalme-se, Kol. Não seja cegado pela fúria. Klaus só precisa de um gole de sangue dela para concluir a transformação. E há uma pequena parte de mim que pensa que isso talvez vá ser necessário.

Tentei me acalmar.

– Vai ter que pedir permissão para ela – disse, por fim. – Vamos.

– Homens – suspirou Rebekah

Nós vasculhamos cada centímetro do túnel, o cheiro de Elena penetrando dentro de mim. Pelas marcas, ela tinha lutado, tinha tentado fugir. Mas era de se esperar que tivesse perdido. Não havia sangue e por isso agradeci. Mas ela também não estava lá. Finn a levara. É isso. Eu a perdi.

– Nós vamos encontrá-la, Kol – falou Elijah, parecendo advinhar meus pensamentos – Eu prometo.

Em outra época, se fossemos outras pessoas eu poderia ter confiado minha vida naquelas palavras. Elas teriam me trazido segurança. Mas nós éramos quem éramos e eu só podia contar comigo mesmo. Elijah talvez quisesse realmente me ajudar, porém, eu não deixaria a vida de Elena em suas mãos.

– Obrigada – agradeci mesmo assim.

Meu corpo agia por mim. No fundo, eu sabia que não acharíamos pistas ali, mas eu era forçado a não desistir. Enquanto não decorasse cada milímetro daquele lugar, somente quando tivesse a certeza de que não havia nenhuma pista, eu então sairia. Eu devia aquilo a minha garota.

Senti um abraço. Paralisei. O cabelo loiro, que cheirava a pêssego, de minha irmã estava enterrado sob meu queixo.

– Eu sinto muito – disse ela, a voz abafada – Mas nós estamos aqui. Confie em nós, Kol. Todo mundo merece a felicidade. Eu e Elijah estamos aqui por você, porque gostamos de você.

Eu me entreguei àquele carinho. Beijando o topo de sua cabeça deixei-me invadir pelo afeto que eu ansiara por anos. Como um garotinho, percebi, sem armagura. Eu os queria tanto quanto eles me queriam. Finalmente. Mesmo que a única coisa que nos uniu foi a futura morte de nosso irmão mais velho.

Não.

Foi Elena. Que garota especial era ela, capaz de unir aqueles que se detestaram por séculos. Ela despertava isso nas pessoas. Sorri, imaginando que ela seria capaz de conquistar cada um ali, assim como fez comigo. Uma mulher formidável, pensei.

Rebekah olhou sugestivamente para Klaus.

– Tá, eu não vou socar ele, nem nada do tipo – falou, revirando os olhos. – E... Eu vou recuperar sua garota. Com um pequeno buraco no pescoço, talvez...

Eu sorri para a provação. Estávamos unidos; éramos então os seres mais poderosos do mundo. Sozinhos, não podíamos derrubar uns aos outros. Juntos, e éramos a ruína de qualquer coisa.

– Vamos então – falei – Temos uma surra pra preparar.

Enquanto caminhávamos, Klaus puxou meu ombro e apontou para uma parte da caverna, no chão, coberto de poeira estava o celular de Elena. Pegando-o, notei que estava na tela de mensagem e havia um endereço, evidentemente escrito às pressas.

– Essa menina é esperta – admitiu ele.

Minha guerreira. Era preciso mais do que um Original furioso para derrubá-la – completamente.

– Eles estarão esperando por nós. – falei

– Oh, é claro que estarão. Por isso precisamos de um plano.

Planejamos. Ah, aquilo sem dúvida deixaria-os de queixo caído. Ninguém mexe com minha garota e sai impune, ninguém.

Imaginei como meus irmão se sentiam ao conspirar contra Tatia; eles também já foram apaixonados por ela. Ou talvez só eu ainda pensasse nisso. Quem é que passa mais de mil anos pensando em alguém?

Meus irmãos, talvez, finalmente entenderam o que minha mãe desejava. Que estivéssemos unidos.

Oh, se uma parte de mim ainda desconfiava? Evidentemente. Mas, no fundo, eu sabia que estava errado. Eles eram tudo o que eu tinha agora e me ofereciam ajuda de bom grado. Fora a diversão que era lutar ao lado deles. Irremediável Kol, sempre precisando dos irmãos.

Isso não era tão ruim, era?

...

Adormeci e, nos meus sonhos, eu tive o cuidado de manter Tatia longe. Ela não se aproveitaria de mim novamente. Toda fraqueza que ela representava sumira. Elena era minha vida agora e eu mataria Tatia se fosse necessário. Evidentemente, isso não funcionou. Estávamos numa pequena sala, sentados um de frente para o outro.

– Se você a abandonasse, eu poderia estar do seu lado para sempre – disse ela, sedutora – Uma imortal poderosa é um partido e tanto, não?

– Desculpe, querida, eu gosto de manter meu nível.

– Você namora a minha cópia mal feita.

– Eu conheço algo mal feito – respondi, sorrindo sugestivamente. – E quando eu acabar com ela...

– Fará o que? – perguntou, interrompendo-me – Arrancará meu coração, exatamente como eu fiz com o seu? Metaforicamente, é claro. Ah, querido, eu vi o quando você chorou clamando por mim. Eu sei que ainda me deseja. Você deseja o que não pode ter.

– Tem razão – falei – Realmente desejo poder te matar de mais de uma maneira. Vinte seria um bom começo.

Ela sorriu para mim no sonho.

– Gostaria de ver você tentar, pequeno Kol.

Enfiei as mãos em seu coração e o arranquei. Talvez ela até não estivesse sentindo dor, mas isso machucou seu orgulho e esse foi um pensamento maravilhoso.

– Você vai experimentar. Ah, isso dói? Espero que esteja sentindo isso. Sinta bem, Tatia. É o que farei com você. Desapareça agora, antes que eu comece a ser mais criativo.

Tatia me olhou mortalmente e se desvaneceu.

Nunca irrite Kol Mikaelson, é meu conselho pra você.


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