Once Upon a Time escrita por Susan Salvatore


Capítulo 15
Doppelganger




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Merda, quando tudo isso acabasse, eu ia beijar Elena. Ia beijar avidamente. Droga, droga, droga. Estou em abstinência! Tá, pode rir, eu sei que você quer. Sim, eu mudei. Não, não foi de propósito. E eu não estava nem um pouco arrependido.

Deixei Lissa numa babá – embora a moça talvez não fosse se lembrar disso futuramente. Estava fora de cogitação levar a menina pra perto de Klaus. No fundo, eu realmente não sabia o que fazer com ela, mas não podia deixá-la a mercê do mundo – ainda mais quando eu tinha uma boa parcela de culpa da atual situação dela. Karma é uma vadia.

Meu tempo de diversão com a criança me deixou cego perante as outras coisas. Passara-se quase um dia inteiro; são 19 horas e a lua cheia vai atingir seu ápice às 21h30min. Sim, Elijah vai querer comer minha cabeça quando eu voltar.

Respirando fundo, eu corri até o único lugar onde não queria estar.

...

Elijah estava furioso.

– Seu estúpido! Quase põe tudo a perder! Será que não percebe que é a sua namorada que estou tentando salvar?!

– Acalme-se, homem. Fui fazer coisas importantes. E, no final, deu tudo certo. Então, vamos ser positivos.

Eu estive bem perto de ter a cara quebrada.

Suspirando, meu irmão me levou até o local onde Katherine estava. Imagine só a surpresa dela quando descobriu que pretendíamos usar compulsão nela. Gritou, esperneou e tentou fugir, mas, no final, ficou dócil como um cãozinho. Vi nos olhos de Elijah que doeu nele fazer aquilo, mas, se for pra dizer algo de bom sobre meu irmão, era que ele tinha a cabeça no lugar. Prioridades são prioridades.

Agora é que vinha a parte mais difícil. Fazer a troca sem que Klaus percebesse. Rebekah assumiu o controle a partir daí. Nós quatro nos esgueiramos pelos fundos da mansão, entrando por um alçapão que nem mesmo Klaus devia conhecer; este alçapão levava a uma série de túneis que passavam por baixo da casa. Um deles dava diretamente pra cela de Elena.

– Ok, provavelmente a cela está sendo vigiada por dentro e por fora. Um de nós vai ter que ir lá pra cima dar um jeito de acabar com os guardas – falou Rebekah, olhando incisivamente para mim.

– Tudo bem, o trabalho sujo sempre sobra pro mais novo – respondi, revirando os olhos.

Minha querida irmãzinha tinha razão. Dois subordinados vigiavam Elena dentro da cela e mais três lá fora. Não os matei. Apenas disse que deixassem comigo e eles se foram com prazer – vigiar uma garota mal-humorada talvez não fosse a mais divertida das atividades.

Quando Elena me viu, apenas fiz sinal para que ficasse em silêncio. Não íamos arriscar tudo por um abraço, embora eu estivesse morrendo de vontade de fazê-lo. O mais silenciosamente que pude, abri o alçapão e puxei Katherine com toda a força que eu pude. Mas, quando fui colocar Elena dentro dos túneis, não resisti à tentação de segurar sua mão e ela me deu um olhar, tão cheio de amor e confiança, que eu finalmente senti que podia fazer aquilo. Nós íamos conseguir.

Por sorte, ou destino, assim que fechei o alçapão e cobri-o com um tapete ouvi passos se aproximando rapidamente.

– Que prestativo meu irmãozinho é – falou Klaus, naquela sua voz irritante.

– Essa aí tentou fugir – respondi sério.

– Hm, bem, pelo menos uma vez na vida você tem que fazer algo direito. Vamos, está na hora.

Pegando Katherine pelo braço, eu o segui.

...

Tá, eu admito. Klaus sabe fazer as coisas com estilo. Ele preparara um verdadeiro altar, onde bruxas já faziam seu feitiço naquela voz estranha. Um lobisomem e um vampiro estavam desmaiados dentro de um círculo. Com um tremor, vi o círculo que era destinado à Elena.

– Coloque-a em seu lugar – falou meu irmão. Joguei Katherine dentro do círculo, desta vez mais gentilmente. Podia sentir o perigo se alastrando pelo ar.

Um trio de bruxas seguraram as mãos gritando um feitiço numa língua desconhecida até para mim. Afastei-me. Cada uma foi para dentro de um círculo e este pegou fogo, queimando-as vivas.

– Faça, Niklaus – disse uma quarta bruxa.

Meu irmão entrou nos círculos. Do vampiro, ele arrancou e comeu o coração. Do lobisomem, cortou sua garganta e espalhou o sangue por suas mãos, colocando-as perante o fogo. O sangue sumiu, mas Klaus não tinha uma única queimadura. Então foi a vez de Katherine.

E aí algo realmente estranho aconteceu.

Enquanto a bruxa proferiu novas palavras, Katherine começou a gritar desesperadamente. Arranhou seu próprio rosto e, com horror, percebi que as feridas não se fechavam. A bruxa estava fazendo-a... Humana? Seria possível? E se isso fosse verdade, significa que Klaus já sabia sobre a troca.

Quando Klaus pegou-a e preparou-se para morder seu pescoço, Katherine desfaleceu em seus braços. Seu corpo começou a se desfazer em cinzas, vagarosamente. Assustado, Klaus largou-a e percebi que aquilo não fazia parte de seus planos.

– O que está acontecendo? – berrou ele para a quarta bruxa.

Eu olhei para ela. As cinzas que estavam saindo do corpo de Katherine estavam caindo também dela. Mas em vez de matá-la, faziam outra coisa. Enquanto aquilo estava passando por seu corpo, a velha bruxa ganhava novas feições; ficou mais alta e seu cabelo cresceu, mudando de cor. Seus olhos ganharam um novo formato e sua pele mudou de tom.

Ela agora exibia o rosto de Elena.

Todos nós ficamos num silêncio abismado.

– Bem, isso foi melhor do que eu esperava – respondeu ela.

– T-Tatia? – gaguejou Klaus.

– Ah, sim, menino esperto. Bem, não tão esperto – falou, rindo. – Mas tenho que te agradecer pelo novo corpo. Séculos sem uma forma física me fizeram meio... Desajustada. Então, como estou? Adorável? Kol?

Engoli em seco. Não, não, não, não. Não era possível. Tatia estava morta há muito tempo, ela absolutamente não podia estar aqui! Não agora, por favor...

– O que está acontecendo? – perguntei, minha voz subitamente fraca.

Ela suspirou.

– Vejo que os anos não te fizeram mais esperto, querido Kol. Vou explicar só um pouquinho, afinal, se vangloriar não faz mal a ninguém. Klaus também foi abençoado com minhas visitas em sonhos, não é querido? Ah, o quão feliz ele ficou quando eu lhe dava tudo o que era preciso para quebrar sua maldição. Mas, quando a bela Katherine veio nos avisar de seu plano – falou Tatia, apontando um dedo acusador para mim – ficamos muito consternados que tudo fosse dar errado. Bem, Klaus ficou. Quando eu lhe falei que podia transformá-la em humana por alguns instantes, ele quis fazer de mim sua rainha. Embora agora talvez esteja repensando sobre isso.

– Oh, deixe-me adivinhar, você também tinha seus próprios planos? – falei, recuando disfarçadamente.

– Isso, garoto. Fazer da minha doppelganger humana de novo era perfeito. Através disso, pude recuperar meu corpo, embora não... Enfim, você também não precisa saber disso. Agora você faria o favor de me dar sua amada Elena? Preciso dela por um momento.

– Sem chance.

– Ah, vamos lá Kol. Não vai doer taaaaanto assim. Hm, não? Tem certeza? Pois bem, acho que isso torna as coisas mais divertidas. Finn, querido, pode vir aqui?

As surpresas não acabavam mesmo. Meu irmão mais velho apareceu, sério e carrancudo como sempre, e, amorosamente, colocou um braço na cintura de Tatia.

– Chamou-me, senhora?

– Awn, adorável Finn. Chame seus amigos para a festa. Eles vão manter nossos convidados ocupados. Enquanto isso me leve para um lugar seguro. Preciso descansar.

– Sim, senhora.

E saíram andando calmamente, entrando num carro e desaparecendo.

– Que porra foi essa? – falou Elijah, de olhos arregalados. Seria muito engraçado ver meu irmão xingar, se eu não estivesse tão assustado.

– Acho que podemos nos preocupar com isso depois – falou Klaus.

Estávamos cercados. Lobisomens e vampiros olhavam raivosamente para nós e atacaram. Claro que isso não ia nos matar, era só uma distração. Rezando para que Rebekah fosse inteligente, eu me defendi.

...

Meia hora depois, os inimigos continuavam a aparecer. Meus irmãos e eu lutávamos sem descanso e, desconfio, cada um tentava ser melhor do que o outro em batalha. Eu não me importava com isso. Só pensava em mutilações e em Elena, terrivelmente assustada lá em baixo. Conseguiria escutar o rastro de morte que eu deixava?

– Isso é ridículo! – falei, arrancando o coração de um lobo – Temos que sair daqui.

– Temo que isto não seja possível – respondeu Finn, com certa loira desmaiada nos braços. Sua barriga continha uma coleção de flechas de madeira.

– O que você fez, seu idiota?

– Não perderei tempo com você. Agora, se me dá licença, tem certa moça que quero visitar – falou, pulando dentro dos túneis.

E eu teria seguido-o, se um lobisomem não estivesse tentando arrancar o pescoço de minha irmã.

Aquela luta não parecia ter um fim. Mas minha cabeça estava há alguns metros abaixo, pensando em quanto tempo demoraria para Finn encontrá-la. Eu não suportaria se qualquer coisa acontecesse a ela; porém, não podia entrar lá para não correr o risco dessas criaturas tentarem machucá-la. Me empenhando ao máximo para erguer as minhas frágeis muralhas de autocontrole, tentei tirá-la da cabeça só por alguns instantes. Erro meu. Quando finalmente achei uma abertura entre os inimigos, meu coração parou, e o grito de Elena rasgou o silêncio, deixando-me paralisado.

A última coisa que senti foram dedos cravados no meu peito.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do último capítulo.

Tá, é brincadeira, não acabou ainda :D



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