Once Upon a Time escrita por Susan Salvatore


Capítulo 10
Meu imortal


Notas iniciais do capítulo

Um breve capítulo narrado por Elena.



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TRÊS MESES DEPOIS

Eu estava no pior buraco do mundo. Era o buraco do meu coração.

Por favor, se alguém souber como sobreviver, por favor, me diga. Já não consigo mais suportar a falta dele.

Foram 91 dias sem ele. Duas mil cento e oitenta e quatro horas sem ouvir o som de sua voz. Centro e trinta e um mil e quarenta minutos sem sentir seu toque reconfortante. Sete milhões oitocentos e sessenta e dois mil e quatrocentos segundos, e em todos eles eu ansiava por tê-lo de volta.

Estou tão cansada de estar aqui

Reprimida por todos os meus medos infantis

E se você tiver que ir

Eu desejo que vá logo

Porque sua presença ainda permanece aqui

E isso não vai me deixar sozinha

Kol era o meu mundo. E eu pulei para fora dele. Diga-me, por quê? Se eu ao menos soubesse que viver sem ele era muito pior do que conviver com sua maldade... E que maldade, afinal? Fora aquele momento de descontrole, Kol sempre fora o mais perfeito cavalheiro comigo. Ele cuidou de mim, me protegeu, me reconfortou e me amou. E o que eu fiz? Eu o abandonei no único momento em que ele realmente precisou de mim.

Eu é que era o monstro.

Essas feridas parecem não cicatrizar

Essa dor é tão real

Há tantas coisas que o tempo não pode apagar

No dia em que eu voltara para casa, senti que estava destruída. Alaric fora gentil o suficiente para não tocar no assunto nenhuma vez. Ele perdera sua esposa, devia saber como é. Até mesmo Jeremy, que era tão burro, percebeu que eu não estava nada bem. Jesus, ele tentou me apresentar alguém! Aquele brutamonte sem cérebro, Tyler Lockwood... Se ele achava que podia chegar ao menos a um quilômetro de mim, ele ia voltar direto com o rabo entre as pernas tortas.

Suspirei, sozinha no meu quarto, sem coragem de levantar para trocar a música que estava no modo repetir.

Kol, Kol, Kol, assim batia meu coração.

Quando você chorou, eu enxuguei todas as suas lágrimas

Quando você gritou, eu lutei contra todos os seus medos

Afundei na minha poltrona velha.

Três meses, talvez, fosse tempo suficiente para uma garota normal se recuperar das dores de um amor que não deu certo. Mas, nem eu e nem o amor que eu sentia eram normais. Veja, eu não podia esquecê-lo porque eu simplesmente não queria. Como esquecer a melhor parte de sua vida? Os dias mais iluminados, mais felizes.

Eu vivia numa bolha de felicidade. E eu, idiota, fui lá e rompi-a. Droga, droga, eu só podia estar louca, ficando absolutamente insana. E burra também, infinitamente burra.

Você costumava me cativar

Com a sua luz ressonante

Agora sou limitada pela vida que você deixou para trás

Seu rosto assombra todos os meus sonhos que já foram agradáveis

Sua voz expulsou toda a sanidade em mim

Como eu queria poder superar. Como queria poder sarar. Só que isso nunca ia acontecer simplesmente porque eu era feliz lembrando. A risada rouca e calorosa nunca parou de ressoar em meus ouvidos, bem como as suas últimas palavras: Você sempre será a minha garota. Eu sempre ficava lembrando, repassando mentalmente nossos momentos, todos eles, umas mil vezes. Eu era feliz mesmo.

Isto é, até eu chegar ao momento do adeus. Porque, depois disso, a realidade caía sobre mim e eu desmoronava. Era como ter uma adaga penetrada em meu coração e, o tempo todo, parecia que alguém a girava lentamente para me torturar.

Eu fora abençoada e jogara tudo isso pelo ralo. Tinha um amor imortal. E nunca teria que me preocupar em perdê-lo; ele sempre seria bonito, jovem, forte e invencível. Meu herói. Kol era tudo que eu nem imaginava querer. Ele me oferecera seu mundo e eu o chutara.

Ah, que dor eu sofri! Ao ver seu desespero, pude compreender por quantas dores ele já passara na vida. Eu era o sol dele, também. Cada sorriso, cada carinho... Nada saía da minha cabeça. E só havia duas razões pelas quais eu não acabava comigo mesma: se um dia ele voltasse, jamais me perdoaria e eu realmente não poderia magoá-lo mais; e as lembranças. Eu vivera num mundo incrível, encantando e, mesmo agora, em meio à depressão, não tinha forças para abandoná-lo.

– Ah, Kol, volte para mim, me perdoe. Eu não posso viver sem você. – sussurrei, com medo da minha própria voz.

Minhas orações se resumiam a ele - mas como podia esperar um resultado? Kol, com certeza, não devia ser uma criatura divina, embora ele tivesse me dado tantos dias absolutamente adoráveis no paraíso. Meu rosto, provavelmente, estava arruinado por tantas lágrimas. Eu comia de três em três dias, só para sobreviver. Ninguém ousava conversar comigo e, em breve imagino, eles acabariam por me internar em algum lugar. Isso me preocupa, afinal, não tenho certeza se ele poderia me encontrar de novo.

Como se ele fosse voltar, pensei, amargurada. Kol jamais me perdoaria. Eu provavelmente nem servia mais para ele; como serviria? Não podia nem aguentar saber o que ele era.

Eu o procurei, procurei por toda parte. Só que não fazia ideia de onde procurar mais. Nem o conhecia direito, sua história era um verdadeiro mistério para mim. Na única vez que ele tentou me contar, eu desisti e me entreguei.

Eu tentei tanto dizer à mim mesma que você se foi

E embora você ainda esteja comigo

Eu tenho estado sozinha por todo esse tempo

Pensei em voltar a faculdade, mas não sei se agüentaria ver de tão perto aqueles lugares que partilhara com ele. E outra, o que eu faria se fosse? Para quem perguntaria? Seus amigos estavam compelidos a fugirem de mim e eles eram a única pista que eu tinha. Sim, Kol podia estar lá. Mas como eu ousaria impor a ele minha presença, machucando-o novamente? Não.

Dessa vez, eu tinha de ser forte. Tinha que pagar por meus pecados, mesmo que minha sanidade fosse embora. Digo isso porque, às vezes, quando eu ficava calada, jurava que podia ouvir sua respiração de longe. Quando eu ficava quieta, raramente, eu podia captar um movimento com o canto do olho, apenas um vulto castanho-dourado. E quando eu ousava sair de casa para caminhar podia ter certeza de sentir seu perfume ao redor.

Talvez... Só talvez...

Caminhei em direção à minha cama. Sem saber o motivo, disse com a voz firme e alta:

– Eu realmente amo você. Você e todo seu mundo... Meu mundo.

No fundo, eu sabia que ninguém estaria escutando. Eram só devaneios de uma mente perturbada.

Com um sorriso, me entreguei às doces lembranças que tanto me cativaram; mesmo sabendo que estaria destruída no dia seguinte.

“Eu começo. Meu nome é Kol.”

“Eu sou Elena.”

Mas você ainda tem tudo de mim.


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