Anoitecer escrita por Elise Garcia


Capítulo 3
Sonho e Realidade




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A clareira parece mais iluminada do que antes. As árvores estão irradiando uma estranha luz verde, como se a luz do sol pudesse penetrar através dos musgos e refletir de volta em todo o espaço. Não há nada além de mim e um garotinho no espaço aberto. Ele está de costas; então lentamente gira os calcanhares e fica de frente pra mim. Ele tem os olhos vermelhos e a pele pálida, faiscando na luz do sol. Ele começa a se mover como um gato, sorrateiro, na minha direção. Eu prendo a respiração; esse andar é tão parecido com o dele... então ele corre e salta sobre mim; quando me viro, o pequeno vampiro se transformou num lobo grande, com olhos castanhos que olham diretamente nos meus. Ele solta um uivo e ouço na minha mente uma mistura de duas vozes... uma voz rouca com a cadência do século passado...

Se você tivesse que escolher... quem escolheria?”

Acordei num pulo, sentindo falta de ar. Mas que coisa estranha! Eu estou mesmo maluca; só nos meus sonhos um vampiro se transforma em lobisomem!

Olhei no relógio, eram 5 e meia da manhã. Nuvens grossas tomavam o céu; hoje ia chover, adeus passeio em La Push depois da aula...

Me virei de lado e tentei dormir de novo. Não deu certo... então eu simplesmente levantei e fui tomar um banho. Não queria chegar muito cedo na escola, então eu ia caprichar no café da manhã de Charlie. Ele merecia isso, depois do que eu o fiz passar por causa da minha letargia.

Desci e preparei panquecas. Charlie se assustou quando me viu acordada àquela hora, mas sentou-se pra comer. E comeu quase tudo o que eu fiz. Céus, como ele sobreviveu por 17 anos com a própria comida?

- Vejo que sua amizade com Jake te faz muito bem. Essas panquecas estão divinas.

- Obrigada. E bem ... ele é um ótimo amigo.

- Mike Newton era um ótimo amigo, Bella. E você não saía correndo pra ver Mike depois da aula. Acho que Jake pode ser mais do que só um ótimo amigo.

Para tudo. Será que eu coloquei alucinógeno na panqueca sem perceber? O que Charlie queria dizer com isso?

- Só um amigo, pai. Meu melhor amigo. E vou indo, não quero estacionar longe da porta de saída... vai cair uma bela chuva hoje.

- Ok, Bells, boa aula.

- Tchau, pai. Bom trabalho.

Peguei minha mochila e saí, torcendo pra não cair. A caminhonete fez um barulho enorme e logo eu estava a caminho da escola.

--

Depois de uma aula de Biologia onde eu divaguei desenhando no caderno e outra de Educação Física onde fingi torcer o pé só pra não ter que jogar, ainda tive que aturar o comitê anti-Bella na hora do intervalo. Eu sentava sozinha com Angela e Ben, já que eles foram os únicos que se reaproximaram depois da minha letargia. Mas hoje eles não estavam, e os olhares da mesa de Mike e Jessica se voltaram pra mim assim que Lauren se juntou a eles. Os três olhavam pra mim como se eu estivesse suja... Quando tocou o sinal, eu corri pra minha caminhonete, quase tropeçando, e fui pra casa o mais rápido que a Chevy permitia. Aquela escola me dava raiva, agora.

Entrei na cozinha pensando nisso, e já estava prestes a começar a limpeza quando um barulho de carro na garagem me assustou. Charlie resolveu voltar mais cedo?

Abri a porta e me deparei com um Rabbit estacionado e Jake todo molhado correndo para a varanda.

- Hey, Bells, vim te visitar. Posso entrar?

- Hmmm, pode, mas deixa eu pegar uma toalha pra você primeiro.

Corri na lavanderia e peguei uma toalha seca. Voltei pra sala e joguei-a em direção a ele. Jake estava só de bermuda, descalço, sem camisa. É impressão minha ou o Jake ficou mais... definido depois que virou um lobisomem?

- Você não ta com frio não? Tá todo molhado, e ta só de bermuda!

- Ah, eu não sinto mais frio pro resto da vida! Eu diria que a minha temperatura corporal é de mais ou menos 45oC, então... sem frio!

Fiz menção de ir pra cozinha, e ele me acompanhou. Joguei a toalha na lavanderia de volta e fui pra pia. Quando coloquei a mão debaixo d’água, dei um pulo pra trás. Fria, muito fria...

- Er, Jake, já que você não sente frio, será que você não poderia lavar esses pratos? A água ta muito fria pra mim.

- Claro, claro. Então você enxuga, ok?

- Ok! Obrigada, você é o amigo perfeito! – e o abracei. Ele realmente era mais quente do que um humano normal. E definitivamente mais quente do que um vampiro. Mais quente do que ele... a lembrança dele doeu de novo e eu me sentei, abracei meu peito e esperei que ele terminasse com a louça. Aonde meu braço havia tocado Jake, senti um calor suave que contrastava com o buraco gelado que eu tentava conter.


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