Eu evitava pensar em Edward, pois isso me dava uma sensação horrível. Eu sentia um buraco no meu peito, um vazio indescritível. E nas horas que eu passava em La Push com Jacob eu conseguia esquecer isso um pouco. Eu sabia que ele era um lobisomem, e isso pra mim não era problema nenhum. Sabia também de Sam, Paul e Seth, e também não me importava.

Conheci Emily e Leah, e soube daquela estranha reação dos lobisomens, a impressão. Sam era namorado de Leah até ele ter uma impressão com Emily. E consegui simpatizar com Leah; eu sabia o que era ser abandonada pelo seu amor... ela não gostava muito de mim justamente por causa dos vampiros; se não houvessem os Cullen, Sam nunca teria se transformado em lobisomem e então ela poderia ainda estar com ele. Eu não tinha culpa dos Cullen ter aparecido, eu cheguei depois deles; mas desde quando me apaixonei por um...

Jacob me pegou pensativa e perguntou no que eu pensava tanto.

- Ah, estava pensando nessa coisa de impressão... é comum isso acontecer?

- Não, acreditamos que não, senão todos nós estávamos com impressões a essa altura.

- Quer dizer que você não teve isso ainda?

- Não, não tive impressão com ninguém... mas eu queria mesmo era ter tido uma com você.

Comigo? Eu sabia que ele gostava de mim, mas até aí... quem ia querer ter algum tipo de coisa comigo? Se até... ele se recusou a me transformar ou permanecer comigo...

- Mas não se preocupe, nós podemos ser amigos, com impressão ou não, concorda?

- É, concordo.

Fomos à casa de Sam, onde Emily estava preparando um banquete. Aqueles garotos realmente comiam muito. Quando entrei, vi o modo como Sam olhava pra Emily: como um homem cego vendo o sol pela primeira vez. Era impressionante o tipo de adoração que acompanhava a impressão. Era quase como o que eu sentia por ele... ou o que ele dizia que sentia por mim. Mas não, aquilo era passado... um passado dolorido demais. Abracei meu peito e fui perguntar a Emily se ela precisava de ajuda.

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Jake já havia terminado nossas motos, e eu não podia tirá-la da garagem dele pra colocar na minha. Imagina se Charlie soubesse que eu estava andando de moto! Pegamo-las e fomos dar uma volta. Acelerei um pouco mais do que Jake e ouvi a voz familiar, que havia aparecido na minha cabeça em Port Angeles e na floresta, quando Laurent me encontrou.

- Bella, pare com isso, você sabe que é perigoso.

Era a voz dele. Ouvir essa voz não doía, era se como ele ainda se importasse comigo. Acelerei um pouco mais.

- Você quer morrer, é isso? É esse o problema?

Não, eu não queria morrer. Eu só queria pensar que não tinha sido abandonada, por mais que essas ilusões fossem prova de que eu estava ficando louca de vez.

Logo à frente tinha uma curva, e eu pisei no freio do pé ao invés de usar o freio de mão. A moto parou, cambaleou e eu caí embaixo dela. A voz rosnou na minha cabeça. Logo atrás veio Jacob, correndo pra tirar a moto de cima de mim.

- Você ficou maluca, Bella?

“Oh, eu já estou maluca”, pensei.

- Eu só queria ver até onde essa moto ia.

- Claro, claro. Eu vou te levar pra casa na minha moto e depois volto pra pegar a sua. E vou desconectar o seu freio de pé.

Levantei e senti uma pontada na testa. O sangue escorria pelo meu rosto.

- Oh droga, você tem um belo corte aí. Vamos, eu vou te levar pro hospital

- Não, não vai, é só um corte.

- Que seja, nada de motos por enquanto, ta?

Eu assenti. Já tinha ouvido a voz dele, podia esquecer a moto por algum tempo. Fui com Jake até a casa dele, onde Billy o ajudou com o meu curativo. Então peguei a minha caminhonete e fui para casa. Fiz o jantar para Charlie e fui para o meu quarto. Era cedo, mas eu estava cansada pela corrida de motos. Adormeci, torcendo para conseguir enfrentar os meus sonhos sem acordar gritando.