Padrinhos escrita por Nana Roal


Capítulo 6
As Paqueras do Padrinho VS O Ex. da Madrinha


Notas iniciais do capítulo

Oi galerinha! :)
Bom espero que gostem do capítulo... o/
Obrigada a quem favoritou a fanfic e quem comentou... Logo responderei os comentários! :)
Vamos ao capítulo!

Ps: Não betado, qualquer erro... Me avisem por favor!



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Durante uma semana acompanhei Itachi nos preparativos para o Paintball, que ficou marcado para um final de semana antes do casamento, ou seja, no próximo final de semana.

O tal tema que Itachi criou ainda é um mistério completo para mim, ele realmente não deu pista nenhuma. Mas tenho certeza que será algo surpreendente, mesmo que eu ainda pense que terá dardos envolvidos.

Além disso, tivemos que começar a nos preocupar com os preparativos da cerimônia e da recepção que seria feita depois da mesma. Foi combinado que essas coisas seriam responsabilidade dos padrinhos, mas os noivos participam ativamente de tudo.

Apesar da situação, passar por isso ao lado de Itachi tornou tudo menos complicado.

A convivência fez com que eu ficasse cada vez mais cativada por ele: os sorrisos, o costume de passar as mãos na longa franja negra, o olhar sempre sereno, o jeito carinhoso com os pais, as discutições com Kurama, a divertida mania de irritar Sasuke, o estranho amor por lojas de doces e até o jeito arrogante de falar algumas vezes...

Durante esse tempo nos tornamos ainda mais próximos, mas não falamos sobre o beijo, é como se nunca tivesse acontecido. No entanto minha mente ama pregar peças e é claro que eu estou sempre me recordando desse dito beijo. Para minha felicidade, o Uchiha parece não querer tocar no assunto.

Nesses dias Itachi me mostrou que apesar de toda a áurea pomposa que o envolve, ele é muito simples, é fácil agradá-lo. Nunca pensei que alguém ficaria tão feliz ao saber que eu faria bolinhos de arroz para o almoço. Mesmo que, naquele dia, eu não tenha lhe estendido o convite, ele resolveu que almoçaria comigo.

Abro um sorriso ao lembrar-me do tal almoço...

– Finalmente você parece uma mulher normal, que sorri ao fazer compras. – A voz me tira dos devaneios e eu encaro o moreno, vestido casualmente, que caminha ao meu lado no Shopping.

– Eu sempre fui uma mulher normal. – Cutuco seu braço e ele abre um meio sorriso.

– Sim, muito normal. – Solta com sarcasmo. – As mulheres que eu conheço não ficam discutindo comigo, nem forçam Sasuke a fazer papel de dama, não costumam socar os melhores amigos e são perfeitas donas-de-casa. Além disso...

Ele fita intensamente uma mulher que caminhava em nossa direção, ela não parava de encará-lo e sorriu derretida ao perceber o olhar de Itachi sobre ela.

– É raro elas resistirem ao meu charme. – Me olhou e piscou.

– Com esse cabelão todo, é capaz dos homens não resistirem ao seu charme e você acabar fazendo o tal papel de dona-de-casa, Itachi-chan. – Soltei mordaz e fuzilei a coisinha que o encarava. Será que ela não percebeu que ele está acompanhado?

– Acho que acabei com seu humor. – Itachi arqueia a sobrancelha e volta a olhar para frente, lógico que ele novamente olhou para a mulher.

– Sim acabou. Você provavelmente nasceu pra isso. – Acelero ao avistar a loja de vestidos. Me recuso a olhar para aquele idiota e aquela coisa que agora parecia querer despi-lo com os olhos.

Pensando bem: todas as mulheres desse lugar parecessem estar dispostas a pular sobre ele a qualquer momento e no processo irão me atropelar e pisotear, até não sobrar nem vestígios de Haruno Sakura.

Entro na loja, sem ligar se Itachi está me seguindo. Afinal ele não é o cara irresistível? Pois que vá ser irresistível na pu... Certo... Estou sendo muito exagerada. O que eu tenho a ver com isso? Ele é apenas meu amigo e fez uma piada, nada demais.

Uma vendedora de longos cabelos castanho-avermelhados me aborda sorrindo gentilmente e se apresenta como Umeko. E antes que eu pudesse me dar conta já estava debatendo sobre modelos e cores de vestidos. Talvez compras realmente relaxem uma mulher e a faz se esquecer de todos os problemas.

Fiquei uns quinze minutos tentando encontrar um vestido que me agradasse, mas estava muito difícil. Será que seria muito ruim se eu usasse o mesmo que usei no casamento do Naruto? Certo que o combinado é que os vestidos das madrinhas sejam da cor preferida do noivo, no meu caso, ou da noiva, no caso da Hinata. Mas laranja, mesmo claro, está muito longe de ser a cor preferida do Sasuke.

A jovem vendedora esta prestes a entrar em desespero, pois nada me parece suficientemente bom. Estou me sentindo uma daquelas pessoas chatas que entram na loja, remexem em tudo e depois saem sem levar nada.

– Já sei! – Quase pulei de susto ao escutar a voz empolgada e ver os castanhos olhos brilhando em minha direção. Até parece que a jovem acabou de descobrir a cura de todos os males.

– Sabe? O quê? – Fecho o catálogo.

– Eu tenho um vestido que foi feito por encomenda, mas por fim a cliente não quis mais. – O olhar dela esta me assustando! Muito! – Tenho certeza que ficará ótimo em você... Pode ir até os provadores e já irei levá-lo. – Saiu sem esperar minha resposta. Acho que as pessoas, realmente, não se importam com minha humilde opinião.

Antes de seguir em direção aos provadores giro os olhos pela loja de tamanho médio, que está um tanto cheia hoje, mas não localizo Itachi. Provavelmente ele deve ter encontrado alguma coisa mais interessante pra fazer no Shopping.

Após alguns minutos de espera a vendedora aparece sorrindo largamente, carregando de forma cuidadosa um belo vestido azul-anil.

– Acho que ele vai ficar perfeito e é no tom que você quer! – Umeko tem o dom da venda. Duvido que toda essa empolgação seja verdadeira, mas não posso mentir: o vestido é realmente lindo.

Entro em um provador e enquanto estava experimentando ouço Umeko começar a conversar com outra garota. Elas não se importaram em falar baixo e eu não pude evitar escutar.

– Você viu aquele cara sentado no sofá perto do caixa? – A voz soou abafada, mas isso não me impediu de perceber o tom excitado.

– É claro que percebi, é impossível um homem daquele passar despercebido. – Acho que o tom alegre da garota que me atendeu é constante, mas agora sua voz parece ainda mais fina. – Ele entrou logo depois da cliente que ‘to atendendo.

Paro de ajeitar o vestido e dou mais atenção a conversa delas. Isso é ridículo? Claro que sim.

– O estranho é que ele simplesmente entrou e sentou. Até o abordamos – os risinhos me fazem girar os olhos -, mas ele disse que estava apenas esperando alguém.

– Seja lá quem for, é uma pessoa sortuda. – Definitivamente é uma boba alegre, Umeko fala tudo em tom de riso. – Se eu tivesse um cara daquele me esperando, juro que jamais me atrasaria pra nada.

– Mas ele não tem aliança. Pode ser que esteja esperando a mãe ou a irmã. Ainda há esperança. – Esse tom esperançoso está me enjoando.

– Você olhou bem pra ele? Alto, definido, elegante, longos cabelos lisos e os olhos mais misteriosos que eu já vi. Um cara como aquele não iria estar solto por aí.

Se antes havia dúvida, agora só resta certeza: elas estão falando do Itachi. O maldito que se acha, e pelo jeito é, irresistível!

Mas espera!

Elas estão certas, como pode alguém assim não ter ninguém? Namorada, noiva, rolo, paquera, enfim, qualquer coisa? Realmente Sasuke nunca comentou sobre o irmão ter alguma namorada.

Mesmo eu, que sempre gostei de Sasuke, tive meus rolos e namoros que não renderam nada, só dor de cabeça. Já Itachi, pelo visto, nunca teve nada sério com ninguém, ou é tão discreto que até se esqueceu de avisar a própria família. Não duvido da segunda opção.

– Esta tudo bem ai dentro? – Arregalo os olhos ao escutar a voz preocupada da vendedora. Fiquei tão entretida com a conversa que me esqueci de terminar de colocar o vestido.

– Esta sim, em um minuto eu saio. – Respondo com voz alta.

O mais rápido possível, terminei de me vestir e olhei o espelho. Não é querendo me gabar não, mas eu adorei o resultado. Até parece que o vestido foi feito sobmedida, mesmo que a barra esteja arrastando um pouco no chão, isso não será um problema quando eu colocar o salto.

O vestido é um tomara que caia, em tafetá, justo até a região das coxas, com delicadas pregas em diagonal que vão até o lado esquerdo do quadril e por fim vem a saia mais solta e mais longa atrás. Realmente se ajustou perfeitamente ao meu tipo físico “magrelo”, como diria Kurama.

Ainda sorrindo satisfeita com o resultado, saio do provador, para saber a opinião de Umeko, afinal ela se esforçou tanto para me agradar. Já do lado de fora a encontro ao lado de uma garota loira, também vestida com o uniforme da loja, ambas sorriem educadamente ao me encarar.

– E então? – Seguro delicadamente a saia, para que a barra não arraste no chão e giro, para que elas possam ver o modelo.

– Nossa! Ficou muito lindo! – Umeko abriu mais o sorriso e seus olhos estavam praticamente cintilando. Ela deve amar o que faz ou vai receber uma boa comissão pelo vestido. – Parece até que foi feito pra você!

– Concordo! – A jovem loira me fitou ainda com o mesmo sorriso educado, mas este aumentou consideravelmente quando ela fitou algo atrás de mim. Deve ser outra cliente.

– Bom eu vou levar esse. – Falo voltando a encarar Umeko, mas esta também já não me olha mais.

– Toda essa demora valeu a pena. – O tom satisfeito de Itachi chega a meus ouvidos e as vendedoras me encaram. Não sei se estão assustadas, envergonhadas ou bravas.

Me viro em direção ao Uchiha, sinceramente fiquei, estranhamente, contente ao ouvir sua frase, tanto quanto fiquei ao ver as expressões das duas vendedoras. O motivo? Melhor não pensar nisso agora.

– Acha mesmo? – Novamente dou um giro de 360º e paro colocando as mãos na cintura. – Ficou realmente bom?

Os olhos negros me analisam criteriosamente, de cima a baixo. Provavelmente estou corando, só pra não perder o costume.

– Na verdade... Não ficou bom. – Disse seco.

Que ótimo, posso até escutar os pensamentos malvados das duas vendedoras. Bem feito, Sakura! Você foi fazer ceninha, tomou bem no meio da cara!

Deveria ter vindo com a Kushina-san ou até com o Kurama. Eu já espero que ele faça esse tipo de coisa, então não iria me sentir tão humilhada quanto agora.

– Pois então será esse mesmo! – Rebato em voz baixa, eu praticamente sibilei a frase, e vou em direção ao provador, sem olhar pra ninguém.

Alerta vermelho! Alerta vermelho! Vou acabar chorando litros em poucos segundos! Maldito Uchiha! Maldita ceninha! Malditas vendedoras! Maldito casamento!

Maldito ciúme!

– É brincadeira, rosada! – As mãos frias me seguram pela cintura, me impedindo de continuar andando. – Você está linda nesse vestido. – Sussurrou rente a minha orelha. Quando foi que ele se aproximou tanto?

Acabo estremecendo levemente. Respiro fundo, me desvencilho do toque e o encaro por cima do ombro me deparando com o sorriso ladino.

– Eu não me importo! – Murmuro e entro no provador.

A minha vontade é de rasgar essa porcaria de vestido, fazê-lo aos pedaços. Mas não teria dinheiro para pagar esse e nem outro para substituí-lo.

Vamos parar com idiotice: a culpa não é do vestido, nem das vendedoras e nem do Itachi. Eu sou a única culpada de minha própria estupidez.

Encaro o grande espelho a minha frente, agora já vestida com roupas casuais, e não fico mais tão satisfeita com o que é refletido. Não são as roupas, ou minhas características físicas, mas o que percebo ao encarar minha postura. Ombros retesados, punhos fechados, expressão irritada e olhos que brilham furiosamente. Quase não me reconheço.

O primeiro passo é admitir: estou com ciúme de Uchiha Itachi.

Odiei ver os olhares que ele recebeu, odiei escutar aquelas duas falarem sobre ele e quis que o olhar dele não ficasse sobre nenhuma delas, o quis focado apenas em mim e mais ninguém.

E me odeio por isso...

Saio do provador, apenas Umeko me aguarda, seu sorriso alegre foi substituído por um de plástico, como se ela fosse uma Barbie. O olhar cintilante, agora está opaco. Ela está receosa.

– Obrigada pelo atendimento, Umeko. – Dou um sorriso, tão plástico quanto o dela. – Irei levar esse vestido mesmo. – Lhe entrego a peça, para que ela empacote.

– Sakura-san, me desculpe se... – Ela sabe que eu as escutei conversando.

– Não se preocupe. – Começo a caminhar em direção ao caixa, ao longe vejo Itachi sentado no sofá ali perto, folheando uma velha revista. – Você fez um excelente atendimento, me ajudou muito. Só tenho a agradecer.

Ela corou e novamente o alegre sorriso surgiu. A jovem se encaminhou para um balcão e eu cheguei ao caixa. Acertei o preço do vestido e contratei o serviço de entrega a domicilio, pois do jeito que sou descuidada acabaria estragando o vestido no caminho para casa.

Alguns minutos depois Itachi e eu caminhávamos silenciosamente em direção a uma loja de roupas masculinas, era sua vez de comprar o traje para o casamento.

Na loja me acomodei em uma poltrona, enquanto o Uchiha conversava com um vendedor, e peguei um livro que estava na bolsa. Se ele for igual ao Sasuke, provavelmente eu irei ler, no mínimo, umas vinte ou cinquenta páginas.

Fiquei tão entretida na leitura que me espantei ao sentir um toque gentil em meu ombro, seguida de uma voz conhecida.

– Quanto tempo, Sakura. – Ao meu lado está um homem de cabelos ruivos, olhos verde-água, sorriso calmo e uma excêntrica tatuagem na testa.

– Gaara! – Levanto e o abraço fortemente.

Nós fizemos faculdade juntos, Gaara é muito inteligente, um amigo leal e meu ex-namorado. Talvez o único que não me deu dor de cabeça e que foi capaz de conquistar a simpatia dos meus amigos ciumentos.

O fim do relacionamento veio por dois motivos. Primeiro, ele iria voltar para sua terra natal e segundo, ele descobriu sobre o Sasuke. Mas por incrível que pareça, não tivemos nenhuma discussão e nem nada minimamente parecido.

Se eu tivesse realmente me apaixonado por Gaara, tenho certeza que seria uma mulher muito feliz.

– Como você está? – Indaga depois de encerrarmos o abraço, mas ainda permanece com as mãos pousadas em meus braços.

– Eu estou bem. – Respondo alegre, rever um amigo é muito bom. – O que faz aqui na cidade? Não sabia que você viria.

– Bom... – Ele ficou um tanto constrangido. – Eu vim para o casamento de Sasuke, na verdade, eu só iria chegar na véspera do casamento, mas Naruto me ligou perguntando se eu poderia vir antes. E aqui estou eu.

– Esqueci que você também se tornou um amigo de Sasuke. – Fiquei desconfortável, mas tentei disfarçar. O Uchiha foi um dos motivos do término, afinal.

– Eu também vim pra saber de você. – Passou o dorso da mão em meu rosto e eu sorri.

– Eu estou bem, já até estou me acostumando com a ideia. – Minha voz soou verdadeiramente descontraída. A ideia realmente não me assusta tanto, o ultimo surto de tristeza foi no dia do almoço na casa de Naruto.

– Fico feliz em saber. – Ele abre um de seus raros e belos sorrisos, daqueles em que os olhos se fecham.

– E o que você está fazendo no Shopping? – Arqueio uma sobrancelha.

– Eu não tive tempo para comprar o smoking. – Mordeu o lábio. – Na verdade queria usar o mesmo que usei no casamento do Naruto, mas a Temari o emprestou para o Shikamaru. Você acredita que vou ter que comprar um novo porque o meu cunhado vai usar o meu? – Falou indignado.

– Temari sempre consegue o que quiser de seus homens. Como Kankuro escapou dessa?

– Ele não vai vir e deu fim a todas as suas roupas sociais.

– Bem a cara dele. – Solto uma risada e me afasto, fazendo-o soltar meus braços. – E onde você está hospedado? Não me diga que é em um hotel? – Pergunto enquanto guardo o livro na bolsa.

– Óbvio que é na casa da minha irmã. Aquele preguiçoso tem o dever de me hospedar, já que vai me fazer gastar com um novo traje de gala. – Cruza os braços.

– Sorte do Shikamaru que sua vingança não é tão maligna. Fala a verdade. – Cutuco sua cintura. – Você só está lá por causa de sua afilhada.

– Não consigo mentir. – Os olhos foram tomados pelo carinho. – Ela é meu tesouro.

– Que lindo! – Digo divertida e seguro o rosto dele entre minhas mãos, pressionando suas bochechas. – Você será um excelente pai, Gaara.

Nós acabamos rindo com a situação, mas uma pessoa para ao meu lado, Gaara fica sério a encarando e se afasta de mim.

– Quem é ele, Sakura? – A voz de Itachi está seca, com um leve tom de irritação. Ao encará-lo, percebo os olhos fixos em Gaara, como se ele pudesse torturá-lo apenas com um olhar.

– Sabaku no Gaara. – O ruivo estende a mão em direção ao moreno, a expressão neutra e o tom plácido de sempre.

– Uchiha Itachi. – Aceita o cumprimento, mas ainda parece irritado com o outro.

Nunca o vi assim. Como Gaara conseguiu irritá-lo sem fazer nada? Logo Gaara que esta sempre na dele, sempre calmo... Itachi é muito estranho.

– Gaara esse é o irmão do Sasuke... – Todos os que convivem com o Sasuke conhecem seu “idolatrado” irmão mais velho.

– Oh... O famoso gênio dos Uchiha. – Cruzou os braços, adotando uma postura mais altiva. Algo muito simples para ele. – E o que vocês estão fazendo no Shopping juntos? – Volta a me fitar.

– Também viemos comprar os trajes para o casamento. Por mim eu também usaria o mesmo vestido que usei no casamento do Naruto, mas você sabe como o Sasuke é. – Giro os olhos e Gaara solta uma curta risada.

– Sim, eu sei. Ele se preocupa mais com a imagem do que qualquer outro cara que eu conheço. E como está o trabalho no hospital? – É impressão minha ou o ruivo está deliberadamente ignorando a presença do Uchiha?

– Está muito bem, a fase de adaptação foi complicada, mas agora já me sinto ótima trabalhando lá. – Não consigo conter a empolgação.

– Isso é ótimo. Mas qualquer coisa o convite para trabalhar comigo no meu país ainda está de pé. – Sorri calmo.

– Se algo acontecer eu com certeza irei, afinal já tenho até um lugar pra morar, não é? – Entro na brincadeira.

– É claro, minha casa é sua casa.

Sinto uma mão apertar meu pulso e olho assustada para Itachi, a atitude dele está completamente diferente do normal. A postura ereta, o queixo levemente erguido e os olhos ligeiramente estreitos em direção a Gaara.

– Desculpe-nos por não ficar mais tempo aqui, Sabaku-san. – Falou friamente. – Ainda temos outro compromisso, se nos der licença.

Gaara me encara seriamente, mas estou surpresa demais para dizer qualquer coisa, quem dirá negar o que Itachi acabou de dizer.

– É verdade? – A voz do ruivo está repleta de desconfiança.

Meu olhar recai momentaneamente nos olhos negros de Itachi, que parece irredutível, mas ao mesmo tempo um tanto inseguro com o que vou dizer.

– Sim, eu quase me esqueci. – Solto sem muita segurança.

Os olhos verde-água passeiam sobre nós dois, tenho certeza que o ruivo está calculando uma potencial ameaça e tentando saber se pode confiar no que eu estou dizendo ou não. Então ele solta um leve suspiro e o sorriso volta a aparecer em sua face.

Eu menti. Gaara percebeu. Mas achou melhor não se intrometer.

– Foi um prazer conhecê-lo, Uchiha-san. – Voltou a estender a mão em direção ao outro homem, que a aceitou.

– Igualmente. – A voz dele está repleta de uma educação forçada,

– Até mais, Sakura. – Gaara deposita um beijo em minha testa, a mão de Itachi aperta meu pulso com mais força.

– Até, Gaara. – Digo com calma e remexo o punho disfarçadamente, tentando fazer o Uchiha afrouxar o aperto. Minha vontade é atendida.

Começamos a caminhar em direção a saída, o moreno ainda me segurando e quando estávamos prestes a sair, uma mulher entra e sorri em minha direção.

– Sakura! – A jovem de cabelos castanhos acena e eu retribuo, mas não paro de andar e ela também continua seguindo para dentro da loja.

– Itachi, você está machucando meu braço! – Digo entre dentes, nós já estávamos quase no estacionamento do Shopping.

– De onde você conhece o Gaara? – Ele rebate, sem fazer menção de me soltar.

– Ele é meu ex-namorado, mas porque você se importa? – Paro de andar e puxo meu braço com força, fazendo-o me soltar. Estamos há poucos metros do meu carro e não tem ninguém no estacionamento.

– Porque você ficou agindo como uma garotinha apaixonada perto dele. Só fiquei curioso. – Me encarou com os olhos estreitos e queixo levemente erguido. Odeio essa atitude superior.

– Não fale comigo nesse tom, não te dei liberdade para agir assim! Eu não sou nada sua e você não pode questionar minhas atitudes! Se eu agi como uma garota apaixonada é problema meu e não seu! – Trinco os dentes e cruzo os braços, o fitando diretamente nos olhos.

– Eu não esperava essa sua atitude, afinal você se diz tão apaixonada pelo meu irmão. – Sorriu ladino.

Choque, raiva, decepção... Não posso considerar que esse trio seja classificado como simpático.

– E o que me adianta continuar apaixonada pelo seu irmão? Eu vou conseguir alguma coisa além de amizade ou irmandade? Com certeza não! Se não consegui em quinzes anos, não vou conseguir em quinze dias.

Vou em direção ao carro a passos duros, deixando a raiva me consumir completamente.

– Sakura...

– Porque você fez isso Itachi? O que você vai ganhar esfregando na minha cara esse sentimento? É um tipo de sadismo? Pra você é divertido ver alguém se arrastar por um Uchiha?

Ele me segura pelos ombros e vira meu corpo, então ficamos frente a frente. Sua expressão esta diferente, mas não me importo, estou com raiva dele.

– Eu não...

– Você é um idiota! Passei quase minha vida inteira escutando histórias sobre o grande e magnífico Uchiha Itachi, só que você não parece chegar aos pés daquele homem idolatrado pelo irmão...

– Sakura me deixa falar...

– Mas sabe o que me irrita mais ainda? O Itachi que eu conheci nesses últimos dias se mostrou completamente humano, absurdamente inteligente sim, mas ainda humano. E eu gostei desse Itachi que não está nas histórias de Sasuke. Um homem que gosta de doces, de bolinho de arroz, de discutir com Kurama, de me deixar corada, de zoar com Sasuke, de abraçar a Mikoto-san, de ir contra tudo que Naruto diz. Um Uchiha que não gosta de reuniões com os familiares, que não suporta contos sobre Guerra, odeia ser chamado de doninha, mesmo que esse seja o significado do seu nome...

Fito os olhos negros, que parecem mais iluminados que o normal. As mãos em meus ombros parecem ter perdido parte da força e eu poderia sair daquele agarre facilmente, mas não estou disposta a isso. Preciso terminar de jorrar tudo que estou sentindo...

– Mas tudo que vi durante esses dias tornou-se pequeno perante o que você me disse agora a pouco. Eu não esperava algo assim nem do Itachi de Sasuke, e nem do Itachi que eu conheci. Você agora só parece uma versão pior do lado ruim de Kurama.

– Me perdoe... – Ele murmura, sinto o toque quente de suas mãos em meu rosto e nossas testas se encostam. – Eu não queria ter dito aquilo. – O halito quente acaricia meus lábios e eu acabo fechando os olhos. – Na verdade eu não suportei vê-la tão contente perto de um cara que eu nunca tinha visto... Acho que senti ciúmes.

Volto a abrir os olhos e os arregalo em direção ao moreno, que está com feições plácidas e um sorriso sem graça. Acho que Itachi e eu estamos afundando juntos nessa convivência, estamos sendo puxados para algo desconhecido, mas ao menos não parece muito ruim.

Levo minhas mãos até sua cintura e o puxo em minha direção, colando nossos corpos, nossas testas ainda permanecem unidas, nossos olhares conectados, as mãos dele ainda segurando carinhosamente meu rosto.

– Nós somos dois idiotas ciumentos, Itachi. – Sussurro, divertida.

– Admitir é o primeiro passo. – Ele rebate e puxa meu rosto para mais perto do seu.

Aqui estou eu novamente beijando Uchiha Itachi. Diferente da primeira vez, o beijo é lento, como se buscássemos conhecer um ao outro através daquele ato.

O primeiro passo foi admitir, por enquanto, me recuso a pensar no segundo passo. Prefiro me concentrar apenas no beijo.


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Notas finais do capítulo

O ciúme está sempre disposto a esfregar na sua cara seus próprios sentimentos! Ele é malvadão! xD
E agora? O que vai acontecer? A convivência ficará diferente? Gaara vai tentar algo outra vez?
E quando o Paintball vai chegar? kkkk
Reviews?

Espero que tenham curtido!

Beijos Beijos