Padrinhos escrita por Nana Roal


Capítulo 2
O terno do noivo


Notas iniciais do capítulo

Nem demorou tanto! o/
Yeah!
Aqui está o primeiro capítulo!



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Pensei que seria fácil ajudar Sasuke a escolher o terno, ele nunca me pareceu muito preocupado com roupas. Mas aqui estou eu, há quase duas horas vendo-o folhear um maldito catalogo e sinto que já memorizei todos os modelos.

Agora eu entendo porque os homens odeiam acompanhar as mulheres nas compras e juro que nunca mais irei demorar a escolher uma roupa.

Itachi sumiu e a vendedora pareceu desistir de tentar ajudar, indo auxiliar outro cliente e nos indicou um sofá para que pudéssemos ficar mais confortáveis enquanto escolhíamos o modelo. Ela nos odeia...

– Sakura o que você acha desse aqui? – Me apontou um modelo, que me lembrou realmente um uniforme de mordomo.

– Bom...

– Você ficaria ótimo nesse aí, Alfred. – Itachi apareceu atrás do irmão e bagunçou seus cabelos enquanto ria.

– Cala a boca! – Estapeia a mão do outro e tenta ajeitar o cabelo, que agora parece um ninho.

– Sakura você ia deixar meu irmão se casar parecendo um mordomo? – Indagou fingindo indignação, se sentando a meu lado e passando o braço sobre os meus ombros displicentemente. - Até parece que esta tentando boicotar tudo.

Faz apenas três dias que ele chegou e eu estou pensando seriamente em começar a me entupir de chá de camomila. Se já não bastasse a situação torturante, ainda tenho que aguentar Itachi e suas piadinhas mordazes.

– Pelo menos alguém está tentando me ajudar Itachi. – Sasuke rebateu. – Onde você estava?

– Eu fui comprar algo para comermos e acabei me distraindo na loja de doces. - Pela primeira vez me dei conta que o mais velho trazia uma sacola. Meu estomago deu sinal de vida.

– O que você trouxe de bom? – Sasuke se inclinou para pegar a sacola, só que ele pareceu se esquecer que eu estava sentada entre eles dois, no sofá. Fui espremida contra o estofado, enquanto os irmãos brigavam pela sacola.

Um Uchiha sob pressão torna-se muito parecido com um Uzumaki.

– Vamos parar com a palhaçada! Vocês vão acabar matando a Sakura. – Vi os dois serem empurrados e fechei os olhos ao escutar o barulho de suas cabeças batendo no chão.

As vendedoras nos encararam com um ar de repreensão misturado com divertimento, corei de vergonha e raiva.

– O que você ‘tá fazendo aqui, Kurama? – Itachi estreitou os olhos ao encarar o amigo ruivo.

– Vim saber como a donzela Uchiha está se saindo ao escolher o vestido de noiva... Não pera! – Gargalhou da própria piada, típico de um Uzumaki.

– Se não está aqui pra ajudar é melhor cair fora! – O Uchiha mais novo rebateu, voltando a sentar-se ao meu lado, como se nada tivesse acontecido.

– Sasuke porque você não usa um terno cor chumbo? A Sakura pode te ajudar na escolha dos acessórios e ponto. – Kurama tomou o catalogo e folheou até achar o modelo que queria, entregou a Sasuke. – Não fica tentando ir muito além do básico, se não vai acabar fazendo papel de palhaço.

Isso realmente me surpreendeu quem poderia imaginar que Kurama – o cara que passa a maior parte do tempo em savanas ou florestas tratando de animais –, poderia dar um conselho tão pertinente sobre moda?

O pior é que o conselho que ele deu foi básico, eu poderia ter dito isso logo no começo, mas parece que meu subconsciente está trabalhando contra minha razão. Afinal uma parte de mim não quer esse casamento, minha sorte é que a maior parte é racional, ou então eu já teria surtado.

– Excelente ideia Kurama! Viu Itachi? Isso é um verdadeiro conselho. – Sasuke sorriu mordaz para o irmão.

Eu sei que aquela frase não foi pra mim, sei que não era sério e que ele só quis provocar o irmão. Eles eram assim e nada mudaria, era só uma brincadeira. Mas pela primeira vez no dia eu me senti uma inútil, na verdade eu me senti como uma vilã patética de uma novela mexicana, tentando sabotar o casamento dos mocinhos.

Soltei um curto suspiro, ignorando a nova discussão que os três homens iniciavam. Resolvi que por hoje já chega, não consigo mais. Levanto-me do sofá, ajeitando a roupa e coloco minha bolsa no ombro.

– Sasuke... – Os três param de conversar e me encaram. – Acho que os rapazes podem te ajudar melhor na escolha de suas roupas. – Sinto que em breve vou começar a chorar, mas procuro manter o semblante descontraído e calmo.

– Mas Sakura... – Se aproxima e me afasto dois passos, ele parece confuso.

– É que estou com dor de cabeça, sabe como meu humor fica quando sinto dor. Acho que não poderei te ajudar muito. – Forço uma risada. – É melhor eu ir, qualquer coisa me ligue mais tarde. – Aceno e saio o mais rápido possível, indo direto para o estacionamento.

Quando entro no carro, todo meu autocontrole parece desaparecer. Encosto a cabeça no volante enquanto soluço e deixo as lágrimas escorrerem abundantemente por meu rosto. Assustei-me quando fui puxada para um abraço, mas imediatamente relaxo ao escutar a voz de Itachi me confortando. Nem sei quando ele entrou no carro.

Em meu estado normal eu teria o afastado, mas em meu estado normal eu não estaria chorando compulsivamente dentro do carro, no estacionamento de um shopping.

– Está mais calma? – O Uchiha perguntou suavemente, após meus soluços cessarem.

Ele acaricia meus cabelos e eu seguro fortemente sua camisa, meu rosto escondido em seu tórax. Após toda a turbulência emocional ter passado, estou com vergonha de encará-lo, mas também não posso ficar agarrada a ele para sempre.

– Obrigada, Itachi. – Sussurro e aos poucos vou me afastando, evitando encarar seus olhos.

– Não precisa agradecer Sakura. – Ele segura meu queixo, fazendo-me encará-lo diretamente. – Agora responda minha pergunta: está mais calma?

– Sim. – Como alguém pode ter olhos tão bonitos? Não há nada de especial neles, mas ao mesmo tempo parece a coisa mais bela que já vi.

– Ótimo! – Sorri e da uma tapinha na minha cabeça. – Então nós vamos a um restaurante, estou prestes a entrar em coma. Escolher roupas é cansativo, entediante e me enche de fome.

O vi colocar o sinto de segurança e o imito. Abismada com a calma e displicência dele, nem parece que há pouco tinha uma louca chorando desesperadamente em seus braços, como se o mundo fosse acabar.

Durante o almoço não houve conversa, eu ainda não conseguia encará-lo e ele pareceu não se importar com o silêncio, na verdade parecia bem à vontade.

– O que você pretende fazer? – Paro de encarar o mousse de morango que estava a minha frente e fito os olhos negros.

– Fazer em relação ao que?

– Ao Sasuke, obvio. – Ele da um meio sorriso. Não gosto muito dessa expressão de zombaria. – Você ainda vai continuar persistindo em ajudá-lo?

– Sim, eu vou. Não há porque parar, não é como se eu tivesse outra opção.

– Meu Deus! Como você pode ter tão pouco amor próprio mulher? – Uma mão pálida segura a minha, que estava apertando fortemente a colher. – Não é necessário ficar se torturando desse jeito, eu mais do que ninguém, desejo que meu irmão seja feliz, mas isso não significa que alguém precisa sofrer no processo. Sasuke não iria querer isso, Karin também não e eu também não quero.

– Mas eu já aceitei o convite e toda a ideia de que os padrinhos vão ajudar a organizar a cerimônia. Como posso desistir faltando apenas um mês?

– Não sei como você aguentou até agora.

– Até agora eu não pude ajudar muito, afinal para conseguir esse tempo livre, tive que trabalhar quase o dobro no hospital durante dois meses. – Dou um pequeno sorriso.

– Você é medica, tinha me esquecido disso. – Ele solta minha mão e volta a comer sua sobremesa. – Qual área você atua?

– Eu sou Urologista. – Itachi tem um ataque de tosse, eu não aguento e acabo gargalhando. – Porque todos tem essa reação?

– Eu não imaginava que você... – Ele começa a resmungar algumas coisas e me olha um tanto assustado.

Acho que mereço ganhar um premio por tê-lo deixado sem graça, mas na verdade eu já considero normal esse tipo de reação, os homens tem a mania de relacionar minha especialização ao exame de toque. Como se Urologistas só fizessem isso e mais nada.

– Certo Itachi, vamos mudar de assunto? - Ele parece aliviado. Homens... – Mesmo que todos me falem sobre sua genialidade – vejo um sorriso presunçoso surgir em sua face, resolvo ignorar -, eu não sei em que você trabalha.

– Eu sou engenheiro aeronáutico e trabalho para uma empresa que presta serviços em vários lugares diferentes, por causa disso viajo constantemente. – Certo, estou impressionada.

– Eu pensei que Sasuke tinha seguido seus passos quando fez faculdade.

– Por quê? Sasuke nunca se interessou muito por coisas assim, ele odeia aviões e qualquer coisa que esteja fora de terra firme. Isso inclui navios também.

– Ele sempre buscou tirar as melhores notas, tanto na escola quanto na faculdade, e Naruto dizia que era porque você sempre tirou boas notas.

– Isso não é mentira, mas não significa que ele iria pra mesma área que eu. – Ele se inclina na minha direção e diz sussurrando. – E é claro que eu não faria Direito, ser advogado deve ser um saco, ficar decorando leis não é comigo. Só meu pai e o chato do Sasuke pra escolher algo assim.

E novamente eu começo a rir, mas o riso morre quando percebo o olhar intenso que era dirigido a mim, como se estivesse me analisando.

– O que foi? – Pergunto sem graça.

– Você fica bem mais bonita sorrindo, Sakura. – Eu sei que é uma frase clichê, mas não pude me impedir de ficar envergonhada.

Até pareço uma adolescente, o que está acontecendo?

– Itachi acho melhor irmos, Sasuke deve estar preocupado. – Não que eu realmente queira voltar, mas não consegui pensar em outra coisa para disfarçar a vergonha. Além disso, só agora me dei conta de que os dois “auxiliares” do noivo simplesmente o largaram.

- Kurama disse que pode ajudá-lo hoje e meu irmão não conseguiu dizer não a nós dois. – Ele enfatizou o “nós dois”, deve ser realmente impossível negar algo a Kurama e Itachi juntos. – Então você e eu tiraremos o dia para relaxar e esquecer essa história de casamento.

– Você decidiu por mim? – Finjo indignação.

Ele da um sorriso aberto, é a segunda vez que o vejo com uma expressão tão descontraída e não posso me impedir de ficar admirada.

– Vamos lá, Sakura. Você precisa esquecer esse assunto de casamento e eu preciso relaxar um pouco. Faz tempo que não tiro férias e não vou passar todo tempo livre seguindo meu irmãozinho por aí, como se fosse seu auxiliar pessoal.

Sem dar tempo para eu protestar, Itachi paga a conta e me arrasta até o carro, assumindo a direção. Lógico que eu tentei impedi-lo, mas grande parte de mim quis saber o que iria acontecer.

Nem sabia que um dia poderia render tanto, fomos a um parque de diversão – onde ele descobriu meu medo de altura -, uma feira de artesanato e por último ao cinema.

– Eu não sabia que você gostava desse tipo de filme. – Estamos tomando sorvete, sentados lado a lado em um banco da praça, que fica em frente ao prédio onde moro.

– Estou tão surpreso quanto você. Quem diria que alguém tão madura e feminina, gosta de animações sobre ninjas superpoderosos? – Itachi me encara desconfiado. – Fala a verdade você gostaria de destruir rochas gigantes com socos, igual à heroína do filme?

– Seria muito interessante! – Estalo os dedos e tento, provavelmente sem sucesso, fazer uma expressão maligna.

Começamos a rir, algo que se tornou comum ao longo do dia, rir de coisas estúpidas e sem a mínima graça, que para nós pareciam realmente divertidas. Essa faceta descontraída de Itachi realmente me surpreendeu, mas foi uma surpresa boa, fazia tempo que não me divertia tanto.

– Acho que se você tivesse esse poder eu estaria morto, por ter te arrastado pela cidade hoje.

– Você escapou hoje, porque eu me diverti. – Pisco um olho e ele da um meio sorriso prepotente.

Antes que ele fale algo seu celular toca, ele o pega e arregala ligeiramente os olhos antes de atender. No segundo seguinte o meu também começa a tocar, quando olho o visor vejo o nome de Naruto.

– Alô?

– ONDE VOCÊ ESTÁ? – Encaro Itachi, que havia se afastado um pouco e falava baixo ao telefone.

– Estou com Itachi em frente ao meu prédio. – Minha voz saiu calma. – E com quem você pensa que está falando, idiota? Não grite comigo.

– EU GRITO O QUANTO QUISER! – Naruto silencia, ouço uma voz gentil falar com ele, não entendo o que diz. Deve ser Hinata tentando acalmá-lo. – Sasuke disse que você estava passando mal e Itachi tinha te acompanhado até sua casa! Tentamos ligar para vocês o dia todo, mas só dava caixa postal! Já estávamos pensando em ligar para os hospitais!

Nós tínhamos desligado os celulares, Itachi disse que não queria que ninguém ficasse atrapalhando seu dia de folga, mesmo a contra gosto eu aceitei. Tínhamos ligado os aparelhos há poucos minutos.

– Desculpe Naruto, eu não queria preocupá-los. – Mesmo não estando arrependida, não posso negar que estaria tão brava quanto ele se fosse o contrario. – Itachi e eu resolvemos passear na cidade, ele sabe sobre a minha situação e quis ajudar... Eu acho.

Ouço meu amigo soltar um suspiro. Naruto também havia dito para eu recusar o convite para ser madrinha, mas eu consigo ser muito teimosa, coisa que aprendi com ele.

– Você sabe minha opinião sobre o que está fazendo, Sakura. – Até parece que consigo ver sua expressão de irritação. – Espero que você não se arrependa depois.

– Não vou me arrepender. – Espero estar dizendo a verdade.

– E pode parar de fazer esses passeiozinhos com o Itachi! Ele só pode ficar com você depois de passar no meu critério! – Após alguns segundos em total silencio, Naruto solta uma gargalhada. Arregalo os olhos e sinto meu rosto esquentar.

Itachi se aproxima rapidamente e pega meu celular.

– Naruto? – O moreno franze o cenho e me encara curioso, enquanto fala ao celular.

Eu continuo tentando entender porque fiquei tão afetada com a piada do Uzumaki.

– Sasuke já me contou, vocês vão ao mesmo horário? – Me recomponho ao escutar a conversa. Ir aonde? – Certo, eu falo com a Sakura. Nos vemos amanhã. Até mais. – Ele desliga.

– Aonde vocês irão? – Pego meu celular e guardo na bolsa.

– Nós vamos ao ensaio da dança. – Faço uma careta. – O que foi?

– Lembrei que o amanhã voltarei à tortura.

– Não se preocupe eu estarei lá. -Itachi passa o braço sobre meus ombros e sorri de lado.

– Nossa, estou salva. – Sarcasmo? É claro que não.

– Mudando de assunto: porque você ficou tão vermelha falando com Naruto? – Novamente meu rosto esquenta e eu rapidamente me afasto do moreno.

– Nada demais, ele apenas me deixou nervosa por causa de toda a tempestade que fez. – Tento sorrir e ele arqueia uma sobrancelha.

– Sei... – A expressão desconfiada se desfaz. – Amanhã teremos o ensaio às 10h você me busca as 9h00, pode ser?

– Porque eu tenho que te buscar? O Sasuke não pode fazer isso?

– Eu prefiro ir com você, o humor de Sasuke de manhã é horrível. Além disso, sua casa é mais próxima ao hotel em que estou hospedado.

Ainda não sei por que ele não se hospedou na casa dos pais ou no apartamento do irmão, homem estranho.

– Tudo bem, Itachi. – Como poderia negar?

– Então está combinado. – Ele se aproxima e beija minha bochecha, sua franja roçando levemente em meu rosto e sinto seu perfume amadeirado. Foi uma aproximação de pouco segundos. – Até mais.

– Até. – O vejo se virar e caminhar calmamente.

Itachi é realmente alguém estranho e mais estranho ainda é a sensação que tive quando ele ficou tão próximo. Esse casamento vai acabar me enlouquecendo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Reivews?
Beijos Beijos



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