Nina e o Grand Chase escrita por NessBR


Capítulo 3
Capítulo III – Desafio nos montes




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Capítulo III – Desafio nos montes

 

 

 

      Em poucos minutos, a embarcação já se via aterrissando no porto de aeronaves. Sem esperarem por uma segunda ordem, os oito jovens desceram do veículo, atravessaram o caís mal iluminado rapidamente e seguiram por uma estrada de chão em sentido ao centro da vila.

- Nossa, esse lugar é imenso! – exclamou Arme.

Eles estavam na avenida principal, uma rua iluminada por lâmpadas presas a pequenos postes, bem pavimentada, rodeada por grandes e pequenas lojas dos tipos mais variados, movimentada por carroças e pessoas que passavam ali a pé, a maioria delas carregava uma sacola de compras nos braços.

- Esse lugar é lindo – elogiou Lire – e tão grande que não sei por que ela ainda é considerada uma vila!

- Ai, quanta loja! – disse Amy, seus olhos brilhavam de emoção – Eu não sei por onde começar...

- Começar? – espantou-se Lass – Começar? O que vocês pensam que vão fazer?

- Como assim...? – perguntou Amy, inocentemente.

- Nós temos uma missão amanhã, e não sei se ouviram, mas a Lothos pediu para dormirmos bem para acordar cedo! – disse Lass com aspereza.

- Mas... – choramingou Amy.

- Ei, calma aí, Lass! – advertiu Ronan – Nós sabemos disso tudo, só queremos aproveitar o momento. Não é todo dia que podemos visitar um bom lugar como este.

- Grand Chase, esperem!

O piloto da aeronave vinha apressado na direção do grupo.

- Eu fiquei encarregado de guiá-los até o alojamento do Templo Central da vila. – disse ele ao se aproximar – Vamos?

- Nós decidimos ficar mais um pouco aqui – respondeu Ronan. – Iremos mais tarde.

- Bah, que seja! – esbravejou Lass – Só não quero que vocês fiquem no meu caminho! E não venham choramingando de madrugada. E você, me leve até esse alojamento – dirigiu-se ao piloto.

- Ah, sim senhor – afirmou desajeitadamente. – Volto para buscar vocês, me esperem na praça central à meia-noite! – disse ao resto do grupo.

Os dois partiram juntos atravessando até o final da rua e cruzando à direita, onde se perderam de vista.

- Hehehe, esse é o nosso Lass de sempre! – comentou Jin.

- ...sempre estressadinho e ranzinza! – completou Arme.

Todos emudeceram, como se ninguém tivesse coragem de fazer mais nenhum comentário sequer. Amy olhou insegura de um lado pro outro e disse:

- Err, alguém aí está com fome?

 

***

 

Saíram do lugar que estavam estacionados e foram visitar as lojas. Passaram primeiro em uma lanchonete para comprar sanduíches e bebidas. E depois em uma confeitaria, onde compraram montanhas de guloseimas. A partir daí eles dividiram-se em dois grupos: os das meninas e dos meninos.

- Que tal irmos às lojas de roupas e calçados? – sugeriu Amy ao grupo.

- É uma boa idéia – afirmou Lire.

- Agora podemos ir a lojas mais femininas, já que os garotos não estão com a gente – concluiu Arme com um risinho.

- Argh, que saco! – Elesis sussurrou para si mesma.

Afinal, Elesis desgostava daquela meiguice toda que as meninas do grupo tinham em relação às lojas que desejavam visitar. Foi se afastando de mansinho sem ser notada pelas três e seguiu sozinha pela direção oposta. Foi então que lhe ocorreu uma idéia ao avistar os meninos à sua frente.

- Ei, Ryan! – chamou ela.

- Hã, o que houve? – estranhou ele.

- Quer trocar de grupo comigo?

- Por que eu trocaria para o grupo de meninas?

- Oras, talvez porque elas estariam participando de um treinamento de combate – mentiu Elesis.

- Sério? Então troca comigo! – pediu Ryan, inocentemente.

- Tá bom. Mas olha só, o grupo delas está esperando por você em uma loja de roupas femininas na rua à direita.

- Ok, estou indo pra lá agora. – disse animadamente – Até mais!

- Até! – “Hahaha, que burro! Caiu que nem um patinho!”, pensou.

Assim, os meninos juntos à Elesis seguiram para uma loja de armamentos e defesa pessoal, onde puderam experimentar e comprar novas armas para usarem na nova missão; e Ryan teve de seguir com as garotas por lojas de moda feminina após chegar tolamente berrando “Cadê o treinamento?” na loja em que estavam.

À meia-noite todos se dirigiram à praça central que o piloto havia comentado. Os meninos com a Elesis haviam chegado primeiro e ficaram ali conversando sobre as suas novas armas até a chegada do outro grupo, em que Ryan trazia consigo uma montanha de bolsas rosas-choque de compras das meninas nos braços. Acidentalmente tropeçou numa pedra, caindo junto com as sacolas no chão. Todos gargalharam ao ver a cena.

- Chegamos a tempo, olha só o piloto chegando! – disse Lire, apontando para o lado.

O piloto vinha apressado na direção do grupo enquanto Ryan recolhia as bolsas que haviam caído com a ajuda dos amigos.

- Estão todos prontos? – perguntou, arfando ligeiramente – Podemos partir?

- Com certeza! – respondeu Jin.

- Já estamos cansados e temos de repor nossas energias para amanhã. – comentou Ronan.

Seguiram juntos até o norte da cidade com a instrução do piloto. O comércio da cidade já estava começando a encerrar naquela hora, pois as ruas estavam ficando vazias e a maioria das lojas estavam de portas fechadas. Saindo do centro comercial percorreram por uma pequena rua pavimentada que levava até a uma enorme escadaria.

- Olhem lá no topo! – exclamou Arme – Aquilo é um castelo?

Do pé da subida podia-se ver uma grande construção de inúmeros andares, rodeada por pequenos prédios e uma muralha de pedra. Agora era difícil saber qual era o maior: se era a vila ou o terreno pertencente ao edifício.

- Este é o Templo Central de Altegria – explicou o piloto – e provavelmente o lugar mais importante e imponente da vila. Aqui vive todo o clero e boa parte da nobreza, além dos cultos realizados a toda a comunidade.

- Irado! – elogiou Ronan – Isso aqui é talvez maior que o castelo real de Canaban!

Sem perder mais tempo, começaram a subir as escadarias. Chegaram ao topo mortos de cansaço minutos depois. Atravessaram os portões e adentraram em um dos prédios menores que haviam ali. Na sala principal, o piloto dirigiu-se rapidamente ao balcão e voltou ao grupo com um molho de chaves na mão.

- Tomem, estas serão as chaves dos quartos de vocês. – disse, distribuindo a todos – Vocês ocuparão todos os quartos do segundo andar e cada um terá seu quarto individual. Ah, e o senhor Lass me pediu para avisá-los que não devem fazer barulho no corredor enquanto ele estiver dormindo.

- Coitada da Bela Adormecida... – disse Elesis, sarcasticamente.

- E me esperem no portão da escadaria amanhã às sete horas. Partiremos depois do café da manhã e iremos de carroça até o pé do monte. Boa noite!

- Boa noite! – desejaram todos em uníssono.

Os sete guerreiros subiram ao segundo andar e cada um foi abrindo a porta do quarto de suas respectivas chaves. Sonolentos, despediram-se:

- Boa noite, gente! – disse Ronan.

- Boa noite! – respondeu Lire.

- Durmam com os anjos e sonhem comigo! – brincou Arme.

- Só em um pesadelo! – caçoou Jin – Durmam bem!

- Beijosmeliga! – despediu-se Amy.

- Beijunda pra você, Elesis! – brincou Ryan.

- QUÊ!? – esbravejou ela.

- Nada, esquece. Boa noite.

 

***

 

Eram seis horas da manhã. Não havia nem um ruído sequer pelos corredores do dormitório. Nenhuma alma viva ousava perambular àquela hora, ouvia-se apenas um leve rugido do vento que corria do lado de fora. Silêncio completo. Ou talvez seria se não fosse um detalhe.

- AAAAAAACCCOOOOOOOOOORRRRRRDAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!

Ryan acordou energeticamente após um sono mal dormido, e ansioso não se agüentou ver parado no mesmo lugar e resolver acordar a todos, mesmo uma hora mais cedo. Ele desceu até a cozinha sem ser notado e afanou duas tampas de panelas e começou a bater e berrar pelo corredor.

- VAMOS ACORDAAAAAAAAAAAAAAR!

- Ryan, você tá louco ou o quê? – disse Lire, que apareceu detrás da porta do seu quarto com os olhos grudados de sono.

- ACORDANDOOOOOO!

- RYAN, VOCÊ TÁ LOUCO!? – berrou Lire, elevando sua voz sobre a algazarra.

- RYAN, VOCÊ COME TITÍCA? – gritou Elesis.

- PARA COM ISSO, ASSIM VOCÊ VAI ACORDAR O PRÉDIO INTEIRO!

Mas Ryan parecia ignorar completamente os amigos. Estava determinado a acordar todos eles, afinal estava empolgado e não queria esperar mais nenhum minuto. Naquele instante apenas o Lass não havia despertado. Aproximou-se da porta do quarto do garoto e bateu vigorosamente os pratos.

 

BOOM, POW!

 

Quase como uma flecha, Lass insurgiu arrombando a porta do próprio cômodo e acertando em cheio o rosto do elfo, jogando-o contra a parede oposta, deixando-o inconsciente, e isso tudo com apenas uma voadora. Todos ficaram boquiabertos demais para comentar o que acabaram de presenciar.

- Alguém quer ser o próximo? – duvidou Lass, batendo as palmas das mãos umas nas outras, como se estivesse limpando-as.

Ninguém foi burro ou corajoso o suficiente o bastante para levantar a mão. Satisfeito, voltou ao seu quarto, imerso no silêncio absoluto que causara. Aos poucos, seus amigos repetiram o seu gesto e se esconderam dentro de seus devidos quartos para despirem o pijama, deixando Ryan desolado no chão.

- Ai... – choramingou ele.

Todos se trocaram depressa e desceram para um delicioso café-da-manhã (Ryan chegou atrasado e só pôde pegar uma maçã para comer). Automaticamente pegaram suas mochilas e saíram todos do alojamento em direção aos portões. Lá encontraram o piloto aguardando em uma grande carroça coberta por um tecido em forma de arco, liderado por dois cavalos de pelagem bege.

- Bom dia! – cumprimentou ele com gentileza – Dormiram bem?

- Eu sim, mas eu acho que alguém não teve essa oportunidade – declarou Elesis, abafando um riso.

Sem entender, o piloto deu a partida dando uma guinada nas rédeas, ordenando os animais a trotarem pela estrada de chão afora. Foram conversando a viajem inteira, divertiam-se com pequenos jogos para passar o tempo (Lass não participou de nenhum deles, ao invés disso, tirou um pequeno cochilo com os braços cruzados atrás da nuca). Até que o assunto morreu depois de alguns minutos e todos ficaram calados apreciando o visual, que mudara de um campestre para um montanhoso, conforme subiam os montes. Passaram mais uma hora calados até que o veículo parou de se locomover lentamente. Um atrás do outro, desceram da carroça e visualizaram melhor o ambiente em que haviam chegado. O horizonte aberto revelava cadeias montanhosas cobertas por neve, e mais abaixo podiam ver uma pequena faixa verde que indicava as terras de Altegria. Era de admitir de que o clima havia esfriado consideravelmente a partir daquele ponto.

Eles haviam parado também em frente a uma pequena casa de madeira onde o piloto entrara rapidamente e voltou dizendo:

- A partir daqui vocês deverão seguir sozinhos – informou ele. – Peço que se agasalhem devidamente, pois a temperatura daqui pra frente será rigorosamente baixa. Estarei aqui neste alojamento o dia inteiro, portanto, aguardarei a volta de vocês quando já tiverem completado a missão. Isso é tudo, apenas desejo-lhes boa sorte e peço que tenham cuidado! – encerrou fazendo uma leve reverência.

- Muito obrigado novamente – agradeceu Jin.

- Fique tranqüilo, nós estaremos bem – tranqüilizou Lire.

Abrindo as mochilas, sacaram grossas luvas de lã, cachecóis, toucas, casacos e capas e as vestiram. Sem perder mais um segundo, seguiram o percurso a pé em direção ao topo dos montes.

A cada passo que davam mais flocos de neve caíam sobre suas cabeças, até o ponto em que fortes rajadas congelantes cortavam os rostos dos aventureiros. Todos tremiam de frio, Amy em especial.

- Ai, que frio! – gemeu ela, trepidando debaixo de sua capa de veludo rosa – Nem mesmo os meus três casacos conseguem me aquecer!

- Não tem o que temer, minha linda! – disse Ryan – Eu te dou o meu casaco! – e despiu o casaco que vestia e estendeu à garota.

- É sério? Muito obrigada! – agradeceu, pegando o casaco e dando um beijo na bochecha dele, deixando-o com o rosto vermelho – Ah, mas você não vai sentir frio?

- É claro que na...A-A-A-A-ATCHIM! – espirrou Ryan.

- Eu acho melhor você... – balbuciou Amy.

- Não precisa...A-A-A-A-ATCHIM! ATCHIM! ATCHIM! – desatou a espirrar.

Amy saíra depressa de perto do Ryan, que não conseguia conter os espirros. As garotas observavam risonhas de longe pensando: “Que burrinho!”, enquanto os garotos faziam descaso do ocorrido.

Continuaram a atravessar a corrente gelada através do solo íngreme, agora passando por uma estrada um pouco estreita que circulava ao lado da montanha em forma de espiral. Mas algo parecia anormal para Lass até àquela hora. Abruptamente, tomou a dianteira do grupo, com uma das mãos sobre sua katana, pronta para ser usada, e a outra aberta na direção do grupo, como um sinal para que parassem.

- O que houve, Lass? – perguntou Arme – Se quiser ir à frente, pode ir.

- Não é isso! – irritou-se – Será que vocês ainda não perceberam? Estão nos seguindo!

- O quê!? – perguntaram todos em uma única voz.

- Apareçam! – ordenou ele.

Instantaneamente, ouviu-se um tremor e do alto do morro e instintivamente todos sacaram suas armas. De lá surgiram várias pedras que rolaram até a estrada, levantando poeira e neve e parando a frente deles com estrondo. Lentamente, desta pequena nuvem de poeira apareceram criaturas estranhas, de estrutura médio-alta, de cor azulada, ombros largos, punhos grandes e corpo composto de gelo.

- Há, é só isso? – debochou Lass.

- São golens de gelo! – admirou-se Ryan – e muitos deles!


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