Nina e o Grand Chase escrita por NessBR


Capítulo 2
Capítulo II – Partida à Altegria




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Capítulo II – Partida à Altegria

 

 

 

A manhã estava clara e agradável e a equipe de elite do Grand Chase descansava em seu quartel-general, aproveitando um dos poucos momentos livres que tinham quando não estavam resgatando gatinhos indefesos nos galhos de árvores altas ou então ajudando idosos a atravessarem as ruas de Vermecia. Pelo menos assim pensa o guerreiro Ryan, que não cansa de reclamar das missões inúteis que eles têm recebido nos últimos dias. Sentia falta daquela ação correndo pelas suas veias e a emoção de sacar sua pique e com ela dissipar todo o mal do planeta.

Falando no nosso querido elfo, ele se encontra neste exato momento no pátio do edifício, próximo a um muro, balançando-se inquietantemente sobre uma cadeira, ao lado de seu companheiro Lass, que descansa debaixo da sombra de uma árvore. Os dois ficaram ali por horas vendo o tempo passar, Ryan olhando as nuvens no alto e Lass apenas permanecia parado onde estava sem mexer um músculo. Ryan não se agüentava de tanto tédio. Ele queria chutar bundas de vilões por aí ou pelo menos interagir com uma alma viva, quer que fosse. Levantou-se de um salto, espreguiçou-se energeticamente e perguntou:

- Lass, vamos fazer... alguma coisa?

Lass nada disse, ao invés disso permaneceu onde estava com os olhos fechados e com os braços cruzados atrás da cabeça.

- Ah, fala sério, eu sei que você não tá dormindo. Então levanta esse traseiro daí e...

- Me deixe em paz se você tiver amor à vida. – ameaçou Lass.

Ryan se espantou ao ouvir a voz grave e sombria do amigo. Então bufou para si mesmo e tornou a se sentar.

Mais à frente Elesis e Ronan faziam um treinamento de combate juntos. Ambos sacaram suas armas e começaram a lutar. A garota de cabelos vermelhos devia ficar na ofensiva a todo instante enquanto o Erudon se esquivava dos golpes.

- Muito bem, Ronan. Mas em uma luta você deve ser mais que um guerreiro! – comentou Elesis.

Ela salta, dá um giro no ar sobre Ronan e aterrissa atrás dele, e aproveitando a oportunidade desfere um golpe com os seus sabres na sua retaguarda.

- Defesa mágica!

Mas o rapaz conjurara uma proteção mágica em forma de uma aura azul-clara ao seu redor antes de receber o ataque, fazendo-o levar dano algum ao ser acertado.

- É por isso que não sou um mero guerreiro! – retrucou Ronan.

Ryan acompanhava a luta de longe com os olhos brilhando. Foi então que lhe ocorreu a idéia: por que não treinar também? Com um salto repentino, pôs-se de pé e berrou próximo ao ouvido de Lass:

- Lass, quer lutar comigo?

- Não posso. – reagiu lentamente.

- Por que não?

- Se eu lutar com você vou me empolgar de mais e acabar te matando. – concluiu Lass, retornado ao seu cochilo.

- Argh, será que não tem nada pra fazer nesse fim de mundo?

Ryan, então, enfureceu-se e chutou para bem longe uma pedra que estava perto dos seus pés. Impaciente, começou a caminhar sem rumo pelo grande terreno do quartel de cabeça baixa. Será que teria de coçar as costas de velhinhos pelo resto da vida? Será que ele teria de começar uma rebelião para findar essa monotonia? Queria encontrar alguém que o entendesse, que pudesse caçar texugos com ele ou até nadar no lago ao seu lado.

Foi então que passando pelo campo de treinamento encontrou Lire treinando com a sua Gakkung, disparando em pratos que eram lançados de uma velha caixa de correio.

- E aí, Lire! – cumprimentou.

- Oi, Ryan! – disse em resposta ao amigo, ignorando um prato que havia sido lançado.

- Ai! – gemeu ele.

O prato que Lire se ignorara foi parar direto na testa do Ryan, jogando-o no chão com o impacto, deixando-o atordoado.

- Ai meu Deus! – Lire correu alarmada até ele – Você está bem?

- Ai, e-e-e-e-e-eu t-tô legal, s-sim! – gaguejou ele. – Ei, Lire, você nunca me disse que tinha uma irmã gêmea!

Lire arregalou os olhos.

- Sei não... Olha quantos dedos têm aqui? – perguntou ela, levantando dois dedos.

- Um, dois, três... quatro! – contou.

Lire arregalou ainda mais os olhos. Então puxou a mão do amigo para ajudá-lo a se levantar.

- Levanta, vou te levar à Ala Médica. Ou melhor, ao quarto da Arme, ela deve resolver isso mais rápido, já que não é grande coisa.

Seguiram, então, os dois pelos corredores até o quarto. Lire falava sem parar enquanto Ryan massageava o galo na sua testa. Sentia uma forte dor de cabeça, tanto que não conseguia escutar nada ao redor e tudo girava como um redemoinho.

- Eu estava treinando com uma caixa de correio usada que a Arme enfeitiçou pra mim – comentou ela – Só que nunca pensei que poderia ser tão perigoso. Vou tentar outro modo que seja menos arriscado. É aqui!

Os dois pararam em frente a uma porta roxo-clara que pertencia ao quarto da Arme. Debaixo dela pairava uma fumaça verde que carregava um leve cheiro de repolho. Lire bateu nela várias vezes, mas não houve nenhuma resposta, embora pudesse ouvir do lado de fora alguns murmúrios e batidas desconhecidas. Lire suspirou e gritou:

- Arme, abra a porta! Eu sei que você está aí e que está ocupada, mas eu preciso de você agora! – argumentou, dando mais batidas frenéticas na porta – Por favor!

Ninguém respondeu. Lire abandonou a chance da amiga atendê-la e apoiou as costas na parede, pensativa. Ryan, enfim, conseguindo perceber a situação, afirmou:

- Não precisa mais, Lire. A minha dor já passou, já estou bem melhor agora.

- Tem certeza? – preocupou-se Lire, observando atentamente a bolota que cresceu na testa dele.

- Sim, pode ficar tranqüila.

- Ok, então. – compreendeu ela, desencostando-se do muro – Apenas tome cuidado. Se cuida!

- Tá bom...

Lire saiu em passos apressados em retorno ao campo de treinamento, deixando Ryan à só. Este ficou ali, mirando o chão mais uma vez. Voltara à estaca zero, e ainda com um enorme galo na cabeça. Recomeçou a sua caminhada pelos corredores, tristonho, sem saber aonde ir. Andava desatento, tão desatento que colidiu com alguém no meio do caminho: ele havia chocado seu ombro com o ombro do Jin.

- Olá, Ryan – cumprimentou gentilmente – tudo bem com você?

- Ah, Jin – exclamou Ryan, recobrando a consciência – tudo bem, sim.

- O que houve? Você parece triste demais hoje...

- Sabe como é, não tem nada, NADA, pra fazer aqui.

- Eu sei, eu também estou na mesma situação - conciliou – Sabe, eu estava na mesma situação até que a Amy me chamou para jogar baralho. Na verdade eu só estava indo ao banheiro agora. Ei, você quer jogar baralho com a gente?

- É claro! – exclamou Ryan com empolgação – Por que não? Isso é mais do que perfeito!

- Que bom! – alegrou-se Jin – Venha comigo, nós estamos no refeitório...

 

BLÁM, BLÁM, BLÁM!

 

Mas antes que pudessem dar um passo sequer o som de um sino ecoou pelas dependências do quartel: era o sino de alerta. Para os integrantes do Grand Chase, o soar deste sino sempre simbolizava a chegada de novas missões ou grandes problemas, em que sempre contava-se a participação deles. Era pedido a eles que se reunissem na sala da comandante Lothos toda vez que o sino der a soar.

- O sino? – questionou Jin – O que será dessa vez?

- Não sei – concluiu Ryan – mas tô louco pra descobrir!

 

***

 

Àquela altura, praticamente todos já haviam se dirigido à sala para a reunião extraordinária. Elesis, Jin, Amy, Ryan, Ronan, Lass e Lire estavam sentados lá, tensos, olhando uns para os outros, cochichando pelo canto da boca alguma idéia do que estava à espera deles. Exceto Ryan, que não parava quieto na cadeira em que se sentara, levantava-se constantemente dela, ziguezagueando pelo cômodo e depois tornava a se sentar. Em um desses trajetos, o elfo acaba pisando no pé do rabugento do Lass.

- Ai! – gemeu Ryan de dor depois de receber um forte cascudo na cabeça pelo Lass.

- Na próxima eu vou te dar um soco para deixá-lo desacordado! – irritou-se.

Minutos e mais minutos se passaram e Lothos ainda não tinha retornado para o seu escritório. Afinal, ela é a pessoa mais importante para o andamento da reunião, e ainda assim não estava ali e nem parecia chegar. Até o momento em que se puderam ouvir passos se aproximando do aposento, seguido pelo som do ranger de porta se abrindo, o mesmo ranger da porta do escritório, revelando o rosto inconfundível da Lothos, que adentrou na sala agitadamente com um envelope debaixo do braço, atravessou até a sua escrivaninha e acomodou-se na sua cadeira, apoiando o envelope sobre a mesa, tudo isso sob uma cortina de silêncio que fechava o ambiente inteiro. Ele só foi rasgado quando a voz firme e direta da comandante saltou de sua boca.

- Bom dia, queridos amigos. – iniciou – me perdoe pelo meu atraso, tive que resolver algumas coisas urgentes antes de vir até aqui.

“O que temos para discutir é um novo caso que nos foi concedido para que busquemos uma resolução. Esse caso consiste em uma missão de busca a uma fugitiva da prisão de alta segurança da Vila de Altegria.”

- Altegria? – questionou Lire – por acaso eu já vi esse nome de algum lugar...

- Altegria é um vilarejo situado ao sudoeste do continente de Xênia. Ela é uma vila imigrante de Vermecia que fugiu das péssimas condições de vida encontradas no nosso continente há muito tempo atrás e conseguiu desenvolver e ainda se desenvolve independentemente, ou seja, quase como uma cidade-estado. Por isso, vocês não terão dificuldade com a língua, sendo que falamos o mesmo idioma, e nem com a cultura, que é parecida com a nossa.

- Lothos, fale mais sobre a missão. – pediu Lass.

- Como eu disse vocês deverão buscar uma fugitiva que escapou anteontem da penitenciária. De acordo com as informações que me enviaram ela não fugiu para fora das dependências de Xênia. Eles presumem que esteja se escondendo nas montanhas ao norte da vila, e afirmam que a equipe Grand Chase não terá maiores problemas de dominá-la e trazê-la de volta. Ah, também querem que tragam-na viva à aldeia. – conferiu ela em uma folha de dentro do envelope, aproveitando, tirou uma foto de dentro – vejam aqui a foto da fugitiva que me enviaram.

Lothos entregou a foto na mão de Elesis. Todos, então, se amontoaram ao redor dela para ver também. Na foto retratava uma garota magra e mal vestida, porém esta tinha um lindo rosto intensificado ainda mais pelos seus olhos verdes-esmeralda. Ela estava acorrentada a grossas correntes de ferro presas nas pernas e braços. Mas o fato mais claro que podia se observar nesta foto era rosto de pura solidão e amargura que ela carregava.

Elesis devolveu a foto à Lothos debaixo de vários olhares duvidosos.

- Você tem certeza que essa é a fugitiva? – perguntou Jin.

- Ela parece ter a nossa idade e já é uma prisioneira – afirmou Lire – eu não acredito que ela seja tão perigosa assim, a aparência dela nem demonstra isso.

- Pessoal, ordens são ordens. Se ela for inocente ou não nós poderemos averiguar isso mais tarde. Mas agora nos foi incumbido esta tarefa e o nosso dever é cumprir em primeiro lugar. Os direitos serão acrescentados depois. – encerrou Lothos.

O silêncio retornou à sala. Todos pareciam ter parado até de se mexer.

- Enfim, eu quero que vocês partam hoje à tarde para a vila, irei contratar uma aeronave exclusiva para a expedição. Vocês chegarão lá bem tarde, por isso quero que se hospedem em um pernoite e durmam bem para que amanhã de manhã vocês partam para as montanhas do norte. Bem, acho que...

 

BOOM!

 

Ouviu-se um estrondo tão forte da sala que o chão chegou a estremecer. Uma explosão ocorrera não muito longe dali. Todos haviam se sobressaltado com esse tremor tão instantâneo. Ouviram-se, então, passos rápidos vindos do lado de fora, até que cessaram no instante em que Arme entrou no escritório. Ela estava com a roupa toda chamuscada e seu cabelo roxo estava coberto de fuligem. Estava arfando por ter corrido tão rápido até ali, não conseguia pegar ar para falar. Até que retomou o fôlego e disse:

- Lothos, arf, eu, arf, acabei! – noticiou – acho que é o mais potente que, arf, eu já fiz!

- Muito bem, Arme. – agradeceu Lothos – Obrigado por entender o que eu havia lhe pedido, levando em conta que vocês a utilizarão muito.

- O que é, Lothos? – perguntou Amy – Qual é o segredinho?

- É a poção revigorante. Eu havia pedido à Arme para que a fizesse antes mesmo de tocar o sino.

- Mas, poções revigorantes servem para reanimar o corpo, não é? – disparou o Erudon – Por acaso o local para onde vamos é bem frio?

- Bem observado, Ronan. – elogiou – Sim, o lugar para onde vocês irão vai ser uma “gelada”.

 

***

 

Assim, às cinco e meia da tarde todos prepararam suas malas e partiram na aeronave reservada. Cada um tomou para si uma cabine reservada para ficar, exceto Ryan que permaneceu do lado de fora observando as grandes massas das terras de Vermecia passarem. A aeronave era algo divertido de se observar: tinha forma de um pequeno navio, elevado ao céu por grandes turbinas localizadas em ambos os lados do casco que por sua vez são movidas por motores que se instalam na popa.

Passaram-se horas e a massa de terra foi substituída pela massa marítima e o sol de crepúsculo foi trocado pela lua cheia. Mas Ryan não desistiu, ficou ali deitado por horas em uma cadeira na proa. Cansou de ver a paisagem, agora estava cochilando. Cochilou ali por mais horas até que acordou espantado com o grito do piloto que disse “Terra à vista!”. Todos que haviam se enfurnado nas suas cabines apareceram quase que magicamente na proa, curiosos, excitados pelo anúncio.

Naquela hora havia um denso nevoeiro cobrindo a aeronave. Não se via nada além deles mesmos, todos ficaram esperando ansiosos por pelo menos uma boa visão da nova terra. Até que a cortina se dissipou e, ao longe, avistaram uma vasta massa continental, coberta por muitas casas, do litoral aos grandes morros.

- Enfim, chegamos! – disse Ryan, espreguiçando-se.

- Eba, Altegria! – alegrou-se Amy, dando pulinhos de felicidade.

 

 

 


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