To Die For escrita por SilverMoon


Capítulo 3
Ocípite e Celeno


Notas iniciais do capítulo

Acho que as coisas finalmente ficam mais interessantes nesse capítulo, eu espero.
É o último que tenho pronto escrito, então a partir de agora terei que ir escrevendo para postar.
As postagens irão ocorrer toda semana, variando quantos posts, vai depender do meu tempo. Se eu falhar em alguma postagem, irei compensar depois.
Sem enrolar mais, boa leitura! ^^



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- As Caçadoras que enfrentei costumavam ser mais espertas. - uma voz horrível e em tom de deboche grasnou atrás de mim.

Forcei-me a virar a cabeça para trás, apesar da dor, e vi parada de pé uma harpia que fazia a outra parecer uma Miss. Seus braços e pernas eram horrivelmente retorcidos e finos, se assemelhando a galhos. Suas asas eram grandes e de uma cor estranha, um tipo de verde musgo, da mesma cor dos cabelos. Seus olhos eram estranhamente arqueados e horripilantes, como se previssem sua morte, o que, na minha situação, podia ser verdade.

Antes que pudesse sequer pensar em reagir, senti mais uma vez o horrível cravar de garras na minha pele, dessa vez em minhas pernas, e feitas pela harpia vermelha que sorria vitoriosa com seu rosto deformado.

- Está toda machucada Ocípite. Não consegue nem mais matar duas semideusas fracas?  - a harpia verde grunhiu para a outra.

- Acha mesmo que essas duas garotinhas me machucariam, Celeno? Odeio ser subestimada. Há mais quatro semideuses por aqui, Aelo ainda deve estar lutando contra eles. São fortes. - grunhiu a outra queixosa.

- Mais quatro semideuses? - Celeno riu como uma gralha. - Hoje é mesmo nosso dia de sorte! Vamos acabar logo com essas duas e ir atrás dos outros, antes que fujam.

Os olhos das harpias pareceram brilhar de modo ameaçador, como se tivessem avistado uma presa fácil, que no caso era eu. Minhas costas e minha perna pareciam queimar, enquanto eu tentava inutilmente levantar. Não iria aceitar ser morta de um modo tão ridículo por aqueles monstros estúpidos, eu já havia sobrevivido a coisa muito pior.

Com muito esforço, consegui ficar de pé. Encarei as duas criaturas a minha frente, deixando toda minha raiva transbordar. Eu era uma Tenente. Havia sobrevivido a Cronos e Gaia. Os monstros haviam diminuído muito desde então, fazia um bom tempo que não tinha uma luta de verdade, havia perdido um pouco da prática, mas não ia ficar parada ouvindo aqueles monstros de quinta categoria me chamarem de fraca.

- Vocês tem a mínima ideia de com quem estão lidando? - sorri convencida. Outra descarga elétrica pareceu percorrer meu corpo. Aquelas coisas iriam pagar.

As duas me encararam com desprezo e rapidamente avançaram em minha direção. Sem pensar duas vezes, joguei-me no chão em direção ao meu arco. Senti meus ferimentos arderem em protesto, mas simplesmente os ignorei. Elas passaram de rasante sobre mim, gritando irritadas por não me atingirem.

Estiquei o braço, rapidamente empunhando meu arco e agachei-me novamente ao notar que avançariam de novo. Senti uma garra atingir meu ombro de raspão, mas tinha preocupações maiores no momento. Corri até minha aljava, que felizmente havia caído próxima ao arco, e preparei uma flecha.

Celeno rapidamente recuou no ar ao notar a ameaça, mas Ocípite não foi esperta o bastante. Esperei que avançasse até mim, lançando uma flecha certeira em seu abdômen, assistindo-a se transformar em pó enquanto a outra me encarava estática.

- Ocípite! - Celeno grunhiu rouca, com os olhos de predadora me encarando possuídos pela raiva.

Antes que pudesse comemorar, senti as garras tocarem minha pele mais uma vez e me lançarem longe com ferocidade. Rolei até bater em uma árvore. Minhas costas doíam ainda mais pelo contato com o chão. Uma pontada de pânico me atingiu ao notar que meu arco, novamente, não estava  em minhas mãos. Aquele realmente não era meu dia de sorte.

Abri os olhos com dificuldade, vendo uma figura verde voando em círculos, acima de mim, rindo satisfeita. Como um urubu apreciando o futuro banquete. Trinquei os dentes com o pensamento, precisava pensar em algo, e rápido, mas meu corpo parecia não responder aos meus comandos.

- O que foi, Caçadora? Soou tão ameaçadora instantes atrás, e é só isso que pode fazer? Perdedora! - sua voz horrível parecia ecoar em meus ouvidos.

Senti-me um total fracasso, colocando minha vida e a de Hailee em risco por pura curiosidade. Eu era uma guerreira, devia ao menos saber que meu tempo sem praticar afetaria significavelmente meu desempenho. Comecei a me xingar mentalmente por ter sido tão estúpida, até notar o pior de tudo. Hailee. Hailee! Eu precisava arrumar um jeito de tirá-la de lá.

Meus olhos instintivamente se voltaram até o local em que estava caída, mas algo realmente me pegou de surpresa. Ela já não estava mais lá. Uma mistura de confusão e alívio me atingiu. A garota devia ter fugido de algum modo, provavelmente enquanto as harpias estavam distraídas tentando me matar, mas ela realmente parecia imobilizada pela dor de seu ferimento, apesar de não muito grave.

Antes que pudesse deduzir qualquer resposta, ouvi um barulho extremamente familiar, bem próximo de nós. Passos. O mesmo som que eu havia seguido. A criatura no céu pareceu incomodada, passando um olhar curioso ao redor.

- Mais semideuses? - ela grunhiu confusa.

Caçadoras! Foi a primeira coisa que veio em minha mente. Hailee de algum modo devia realmente ter fugido e ido atrás de ajuda. Senti um alívio imediato me atingir, misturado com a vergonha de que vissem meu fracasso. Imaginei a reação de Lady Ártemis ao ver que sua Tenente havia apanhado tanto para dois monstros aleatórios. Por um instante, senti vontade de que não fossem elas. Eu havia fracassado miseravelmente, e ainda colocado a vida de uma novata em risco.

Um arbusto se moveu, não muito longe de mim. A harpia verde me encarou durante alguns instantes, como se considerasse a ideia de me matar de uma vez antes de ir atrás dos outros, mas logo virou o rosto em direção a planta que se moveu novamente, planando levemente em sua direção. Em meu estado deplorável, nem representava mais ameaça.

Com certeza aquele truque era bem velho, uma armadilha das mais comuns, o que a fez se aproximar cautelosa. Em um movimento extremamente repentino, três flechas voaram em sua direção, uma seguida da outra, em uma velocidade inacreditável, acertando-a em cheio em uma das asas. A outra não pareceu ser o bastante para mantê-la no céu, fazendo-a voar desajeitadamente até perder o equilíbrio e chocar-se com força contra o chão.

Senti um gosto de ferrugem e minha visão embaçou levemente. O ferimento nas minhas costas parecia bem feio, e eu me sentia mais fraca a cada instante. Precisava sair daquele lugar e arrumar ajuda, e rápido.

Após a chuva de flechas, esperei que alguma Caçadora se revelasse e terminasse de executar o monstro, mas o que vi me pegou de surpresa. Em uma velocidade tão impressionante quanto os disparos, uma silhueta de um garoto loiro lançou-se contra a harpia caída, cravando uma adaga em sua barriga. Ela soltou um grito horrível e desapareceu, deixando o menino ajoelhado sobre uma pilha de pó, respirando ofegante.

Pensei que fosse me oferecer ajuda, ou pelo menos dizer algo, mas minha presença parecia passar despercebida por ele. Tentei ver seu rosto, na tentativa de reconhecê-lo, seu porte físico não me era estranho, mas minha visão prejudicada não estava ajudando.

- Quem é você? - acabei soltando. Assustei-me ao notar que minha voz não passava de um sussurro quase inaudível.

Por sorte, ou milagre, ele pareceu me ouvir, virando em minha direção. Pude notar que seus olhos eram azuis, mas seu rosto ainda estava embaçado.

- Pelos Deuses, você está bem? - sua voz parecia alarmada. E estranhamente familiar, apesar de não conseguir decifrar muito bem de onde. Ele se levantou, rapidamente correndo em minha direção e ajoelhando-se ao meu lado.

- Não. - admiti no mesmo tom baixo. Sentia-me terrivelmente fraca. Fechei os olhos, minha falta de visão estava me deixando nervosa.

Com cuidado, senti o garoto colocar-me sentada e me encostar na árvore em que havia batido instantes atrás. Minhas costas latejaram dolorosamente pelo contato com o tronco, me fazendo deslizar um pouco de modo que o ferimento não o tocasse.

Ouvi um som estranho, como se ele mexesse em uma mochila ou algo do tipo, e logo senti um gosto delicioso, felizmente substituindo o de ferrugem. Néctar. Meus lábios se contraíram em um sorriso involuntário pelo alívio imediato. Ainda sentia minha perna e costas arderem levemente, mas de modo bem mais suportável.

- Melhor? - ele parecia bem menos preocupado. Sua voz era agradável de se ouvir, fazendo meu sorriso aumentar ainda mais. Eu realmente já a havia ouvido em algum lugar.

- Sim. Obrigada.

Abri os olhos lentamente, para agradecer meu salvador de modo propício, mas senti o ar faltar ao encarar aquele rosto sorridente. Aqueles cabelos loiros. Aqueles olhos hipnotizantemente azuis. Aquele sorriso de canto, com um ar quase convencido. Aquela voz. É claro, como pude me esquecer de seu dono por um instante sequer.

Senti meu coração acelerar como não fazia há anos, e meus olhos imediatamente foram tomados por lágrimas.

- Luke. - murmurei.

- Ahn? - ele piscou confuso.

Não consegui me conter, rapidamente envolvendo seu pescoço pelos meus braços e abraçando-o com força. Deitei meu rosto em seu ombro e me permiti chorar. Ele permaneceu estático durante alguns instantes, mas acabou retribuindo o abraço, parecendo sem jeito. Devia ter notado que sua reação havia sido estranha, mas aquilo não me incomodou no momento.

Luke. Luke estava de volta. Não me importava saber como ou porque, só que ele havia voltado e salvado minha vida. Só esperava que nenhuma Caçadora chegasse e me encontrasse abraçada a ele daquele modo. Com certeza isso me traria problemas.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Odiaram? Querem me mandar para o tártaro? Deixem reviews, por favor, me incentiva muito a escrever mais! ^^
Até o próximo capítulo!



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