To Die For escrita por SilverMoon


Capítulo 4
Lance, o filho de Apolo


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Então, eu estou viva, por maior milagre que isso apareça.
Queria pedir desculpas pela demora a postar, mas andei tendo menos tempo para entrar por umas coisas aí. Quis fazer um capítulo grande para compensar, mas não consegui muito bem.
Não sei se o capítulo ficou bom, foi o mais complicado de escrever até agora. Enfim, foi o melhor que consegui por agora.
De novo, desculpem pelo atraso para postar! >.
Enfim, boa leitura!



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Thalia Grace POV

O sol já brilhava no céu, mais do que eu gostaria. O calor era insuportável. Cheguei a quase amaldiçoar Apolo mentalmente, mas me contive ao lembrar-me bem dele.

Logo me censurei com o pensamento, com medo que Lady Ártemis pudesse lê-los de algum modo. Devia me manter focada, era uma Caçadora. Por mais inconveniente que aquilo me parecesse naquele instante.

- Espero que não estejam preocupadas conosco. - Hailee murmurou.

- Duvido muito. Muitas delas fariam uma festa se eu virasse comida de monstro e nunca mais voltasse. - resmunguei.

- Não fale assim, Thalia! Nenhuma Caçadora desejaria algo tão terrível.

- Você é inocente demais. - revirei os olhos.

Após o combate com as harpias, no qual eu quase morri de um modo ridículo, acabamos sendo resgatadas por um grupo de semideuses, vestindo camisetas do Acampamento Meio Sangue, que haviam nos guiado até seu acampamento provisório.

Normalmente eu negaria toda a ajuda e voltaria para as outras Caçadoras, frustrada pela derrota patética, mas aquele caso era diferente. Não tinha sido salva por alguns novatos que mal sabiam manusear armas. Havia sido salva por Luke. E aquele pensamento não me deixava em paz.

Assim que seus amigos apareceram, ele se libertou nervoso de meu abraço, apenas pedindo que ajudassem a mim e a Hailee. Desde então não o havia visto. Não quis fazer perguntas para os outros semideuses, afinal tinha que agir como uma boa Caçadora desprezando-o, mas aquilo ainda me atormentava.

No momento que o vi, tinha plena certeza que era ele. Aquela voz, aquele sorriso, aqueles olhos. Jamais ninguém poderia tê-los naquele conjunto perfeito e hipnotizante. Mas aos poucos, a lógica me atingia. Aquilo era simplesmente impossível. Annabeth e Percy haviam lhe visto morrer diante de seus próprios olhos. E eu tive a triste infelicidade de ver seu corpo pouco depois, sendo coberto pela mortalha do chalé de Hermes.

Um lado de minha mente apenas gritava isso, que estava sendo burra. Aquele não podia ser Luke. Mas o outro lado, logo argumentava. Hazel estava morta também, mas havia voltado a vida alguns anos atrás. E continuava bem e respirando, como qualquer outra pessoa.  A possibilidade existia, apesar de mínima. E aquilo só me afundava em perguntas, todas sem resposta.

- Está se sentindo bem? Parece um pouco tensa. - uma garota morena perguntou, em um tom doce.

- Estou. Estava só... Pensando um pouco.

- É bom pensar. - sorriu gentil. - Posso me sentar? - pediu, apontando com a cabeça um espaço vazio ao meu lado.

- Claro. - tentei soar simpática.

A garota se sentou com cuidado, parecendo preocupada em sujar sua roupa. Seu rosto já me era familiar. Tinha traços delicados e bem delineados. Os cabelos pretos, tão escuros quanto os meus, desciam em cachos delicados. Seus olhos eram de um castanho bem claro, e estranhamente chamativos. As unhas estavam longas e bem cuidadas, o que era raro entre semideusas, sempre tendo que combater monstros e tudo mais. As roupas pareciam impecavelmente bem passadas, caindo perfeitamente bem em seu corpo. Ela havia cuidado dos ferimentos de Hailee assim que chegamos, e sempre nos rodeava com um ar preocupado.

- Filha de Afrodite? - perguntei logo.

- É tão óbvio? - sorriu sem graça.

- Devia considerar como um elogio.

- Já me disseram isso. - ela tirou um cacho do rosto, colocando-o atrás da orelha. - Ainda não me apresentei, não é? Meu nome é Sarah. Filha de Afrodite, como já deduziu. - ela suspirou, parecendo frustrada.

- Hailee. Filha de Demeter. Caçadora de Ártemis. - apresentou-se timidamente.

- Thalia. Filha de Zeus. Tenente de Lady Ártemis. - dei um sorriso fraco.

- Thalia Grace. - ela sorriu. - Você é conhecida no Acampamento Meio Sangue. Lutou ao lado de Percy Jackson e Annabeth Chase contra Cronos. E depois, ao lado de seu irmão Jason, contra Gaia.

- É. - dei de ombros. - Não foi nada, na verdade. Todos os semideuses da época lutaram também. É injusto só se lembrarem de alguns.

- A Tenente é sempre modesta. - Hailee sorriu, dando-me um leve tapa no ombro.

Sarah riu e iniciou uma breve conversa com Hailee. Espreguicei-me, voltando a sentir os efeitos da falta de sono. Rezava para que Lady Ártemis finalmente voltasse de sua reunião estúpida, aqueles dias de vigia estavam me matando.

- Thalia. - ouvi Sarah chamar, despertando-me de meus pensamentos.

- O que?

- Lady Ártemis está aceitando mais Caçadoras? - perguntou timidamente.

Arregalei os olhos. Uma filha de Afrodite querendo entrar para a Caçada ainda era um evento bem incomum. Seu comportamento ao tocar no nome da mãe era estranho, mas não imaginava que chegasse a esse ponto.

- Não sei, acho que sim. - respondi, piscando perplexa.

Antes que pudesse iniciar minha chuva de perguntas, minha atenção foi bruscamente desviada. Luke surgiu do meio da floresta, com um arranhão no rosto,  voltando ao acampamento. Senti meu coração disparar. Naquele instante, esqueci minhas dúvidas mais uma vez. Era ele. Tinha que ser ele.

Levantei em um salto, sem dar maiores explicações, e quase corri em sua direção, ignorando os olhares curiosos dos outros semideuses. Freei ao seu lado, cutucando seu ombro. Ele virou o rosto para mim, sorrindo levemente ao me ver.

- Oi, Caçadora. - seu tom era um misto de timidez e preocupação, o que me deixou confusa.

- Oi.  - murmurei baixinho, abrindo um pequeno sorriso. - Ainda lembra de mim, certo?

- Ahn, claro. Você estava lutando contra as harpias e eu te salvei. - sorriu sem graça.

- Hm? Não, não estou falando disso. - balancei a cabeça.

Repentinamente, um garoto ruivo, grande e forte, apareceu atrás de Luke, dando-lhe um tapa forte nas costas. Ele cedeu para frente, quase caindo em cima de mim, fazendo-me corar.

- Ei Lance, dando em cima de Caçadoras? Isso dá problemas cara! - gargalhou, voltando a dar alguns tapas em suas costas.

- Você é realmente inconveniente, Kevin. - Luke resmungou, afastando o braço do grandalhão com facilidade.

- A verdade é inconveniente. - Kevin provocou, dando um soco leve em seu ombro.

Os dois começaram uma breve discussão, nada séria, como se fossem velhos amigos. Luke me lançava olhares de canto de olho a todo instante, parecendo verificar se eu continuava ali. Mas no meio daquilo tudo, só uma coisa girava em minha cabeça.

Lance. Por que aquele garoto o chamara de Lance?  Ele estava escondendo sua identidade? Por isso minha presença parecia incomodá-lo?

- Luke, por que esse garoto te chamou de Lance? - interrompi os dois, sendo bem direta.

A discussão foi substituída por um silêncio atordoante. Kevin me olhou, arqueando uma sobrancelha, como se o que eu dissesse não fizesse o menor sentido. Luke pareceu reagir ainda pior. Ele mordeu os lábios, parecendo nervoso, como se estivesse no meio de uma situação incomodamente complicada. Tudo aquilo era medo de ser descoberto? O Acampamento ainda o julgaria por todos os problemas com Cronos? Não. Quíron não permitiria. Ou eu achava que não. O que estava acontecendo?

- Hm... Caçadora, acho que precisamos conversar. Podemos ficar sozinhos sem que Ártemis amaldiçoe minha existência? - Luke parecia verdadeiramente preocupado.

- Sem problemas. Eu acho. - murmurei perdida, e com um mal pressentimento crescendo dentro de mim. Pela primeira vez, havia notado também o fato de que ele não me havia chamado pelo nome uma vez sequer.

 E se aquele não fosse mesmo Luke? Podia ser um monstro. Talvez até uma armadilha de alguma Caçadora, tentando me fazer quebrar o juramento. Minha cabeça girava. Ele havia me salvado. Não podia ser só um truque, podia?

- Lance, estou falando sério, ficar perto de Caçadoras já não parece bom. Sozinho então, parece motivo o suficiente para Ártemis te picar em mil pedacinhos. - Kevin cruzou os braços, parecendo realmente sério.

- Não é como se eu fosse fazer algo, pare de assustá-la. - Luke grunhiu.

Antes que Kevin voltasse a responder, Luke fez um sinal para que o seguisse, começando a adentrar a floresta. Olhei para trás rapidamente, recebendo um olhar curioso de Hailee e Sarah. Estranhamente, não era como se me julgassem. Apenas pareciam confusas.

Voltei a olhar para frente, avistando Luke já um tanto distante. Respirei fundo, saindo correndo atrás dele.

Caminhamos pela floresta em silêncio, por alguns breves minutos. Acabamos parando próximos a um rio, que passava tranquilamente, produzindo um som agradável. Luke finalmente voltou a me olhar, parecendo preocupado.

- Ok, vou ser direto com você. - suspirou pesadamente. - Meu nome é Lance. Sou filho de Apolo. Estou no Acampamento faz pouco tempo, e essa é uma de minhas primeiras missões. Sendo ainda mais claro, eu sinto muito, mas é impossível nos conhecermos. Seja lá quem for esse Luke, você deve estar me confundindo com ele. Não sou eu.

Lance. Filho de Apolo. Não era Luke. Não era.

Senti o ar me faltar. Conseguia ouvir suas palavras, mas não processá-las. Aquilo não podia ser verdade. Era ridículo. Uma brincadeira de mal gosto.

- Não. - murmurei, sentindo algumas lágrimas começarem a se formar em meus olhos. - Luke, eu sei que é você. Não se lembra? Não se lembra de mim?

Seus olhos me encararam, e mais do que tudo, me feriram. Estavam indiferentes. Não eram carinhosos e protetores como sempre. Eram apenas vazios, como se eu não estivesse na sua frente. Como se não significasse nada.

- Desculpe, mas como eu já disse, você está confundindo as coisas. - repetiu calmamente, sem demonstrar qualquer emoção. Não havia rastro de mentira. Não havia nada.

Senti meus lábios tremerem, fazendo-me os morder com força, sentindo gosto de sangue. Precisava conter minhas lágrimas, tentar raciocinar. O que estava acontecendo?

Ele não podia aparecer, me trazer esperanças e então me tratar como nada. Ele realmente não se lembrava de mim? Por que? Não parecia haver uma explicação. Mesmo que houvesse renascido, aquilo não fazia sentido. Por que manteria a mesma aparência? Apenas para bagunçar com minha vida?

Aquilo simplesmente não era justo. Seria uma punição do deuses, por ter tentado fugir do meu destino tornando-me uma Caçadora? Ou apenas Hades e Afrodite divertindo-se as minhas custas? O motivo não importava. Não sabia como, ou porque, mas ele simplesmente estava ali, encarando-me com aqueles malditos olhos azuis, sem parecer fazer a mínima ideia de quem eu era, ou mesmo de quem ele havia sido.

- Você está bem? - ele arqueou uma sobrancelha, me olhando preocupando.

 Ouvir sua voz fez meus olhos se encherem de lágrimas, mas eu não podia simplesmente começar a chorar e parecer uma verdadeira maluca na frente dele, com certeza iria assustá-lo. Contive as lágrimas e assenti. Se eu tentasse dizer qualquer coisa, desabaria.

Seus olhos se prenderam aos meus, como se tentassem decifrar meus pensamentos, o que fez com que eu imediatamente desviasse o olhar.

 Lance, um filho de Apolo. Era este quem ele era, e como havia se apresentado para mim. Mas eu tinha certeza, aquele era Luke. Meu Luke. Tinha que ser. O herói que havia morrido pelo Olimpo, e que agora estava em minha frente, vivendo outra vida, sem parecer fazer ideia de quem fora ou do quanto havia significado para mim.

Dentre todos os sentimentos que senti na vida, aquele parecia o pior. Eu estava dilacerada. Dilacerada por causa de um garoto. Isso já quebraria meu juramento? Além de perder Luke pela segunda vez, perderia meu posto? Xinguei-me mentalmente. Não podia perder o que nunca tive, nem nunca teria.

- Caçadora. - senti sua mão tocar meu rosto, enxugando uma lágrima teimosa que eu ainda não havia notado. - Eu sinto muito.

Empurrei seu braço com força. Seu toque parecia me ferir ainda mais. Ele me olhou assustado, mas não disse nada. Apenas continuava lá, me olhando, parecendo desconfortável. Suas mãos se moviam de modo estranho, como se quase se inclinassem em minha direção.

- Quer um abraço? - ofereceu timidamente.

- Não. - balancei a cabeça, já pronta para lhe dar as costas. - Está tudo bem. Desculpe por tê-lo incomodado.

Virei meus pés rapidamente, querendo correr de volta para o acampamento. Só queria buscar Hailee e ir embora o mais rápido possível. Esquecer de tudo aquilo, afastar todas as lembranças que minha tola esperança havia trazido de volta. Mesmo que fosse Luke, em outra vida ou não, eu não podia ficar. Não podia correr o risco de perder tudo por ele. E já temia estar correndo.

Assim que tentei dar o primeiro passo para longe daquele inferno, fui impedida por uma mão firme agarrando meu pulso.

- Espera. - ele pediu. - Eu nem sei seu nome. Poderia me dizer?

- Thalia. - murmurei com a voz rouca, lutando contra as lágrimas. - Poderia me soltar?

Ele libertou meu pulso, permitindo-me finalmente sair dali. Sai correndo, o mais rápido que pude. A essa altura, as lágrimas já escorriam livremente por meu rosto, caindo pelo chão, como prova da vergonha que eu era. Desviei meu caminho do acampamento. Precisava ficar sozinha, precisava processar tudo.

Luke se fora. Independente de quem ele fosse, o meu Luke, com nossas lembranças, havia ido. Só precisava entender e aceitar isso. Após um doloroso processo, eu havia conseguido da primeira vez. Mas parecia ainda mais difícil desistir de uma esperança renovada. Era como finalmente aceitar que jamais o teria novamente.

Logo parei, cansada de tanto correr, sentando-me apoiada em uma árvore. Enxuguei o rosto, fitando o céu. Algumas nuvens escuras pareciam se unir. Uma tempestade se formava.

Meu pai estava bravo comigo? Ou apenas me entendia, querendo chorar ao meu lado? Não sabia se um dia teria a resposta.

As primeiras gotas de chuva começaram a cair, misturando-se com minhas lágrimas. Agradeci por isso. Pareciam insignificantes, perante todas as outras. O primeiro raio logo se fez presente, com um lindo desenho no céu. Imaginei se haveria acertado alguém. Mesmo após tantos anos, ainda temia por Percy, Nico e Hazel. A rivalidade de meu pai não era algo com que se pudesse brincar.

Em meio ao barulho da água, ouvi passos. De certo modo, eu já sabia quem era, não ousando virar meu rosto. Sem dizer nada, senti quando ele se sentou ao meu lado. Ainda não ousava olhar para ele. Por que estava lá afinal? Havia me seguido o caminho todo?

- Thalia. - chamou.

- Lance. - cuspi a palavra, com raiva, sem mover meu rosto.

- Thalia Grace. - murmurou perdidamente.

Ergui minha  mão, em sinal para que não dissesse mais nada. Eu não queria ouvir ele me tratar do mesmo modo de Sarah, como uma estrela ou algo do tipo. Não, não ele.

- É seu nome, não é? - insistiu, fazendo-me soltar um grunhido de descontentamento.

- Sim. Agora poderia me dar algum espaço?

Ele ignorou meu pedido, espreguiçando-se preguiçosamente e me dando um sorriso tímido. A chuva não parecia incomodá-lo. Seu ar despreocupado começava a me dar nos nervos. Ele realmente não fazia ideia do quanto havia me magoado, tendo culpa ou não. Eu estava arrasada, e aquele maldito garoto insistia em tentar agir naturalmente. Qual era o problema dele afinal?

- Por que ainda está aqui? - perguntei seca.

- Não acho certo voltar para o acampamento e te deixar para trás. Ficaria preocupado. - deu de ombros. - Além do mais, queria te perguntar algo.

- Não estou disposta a responder.

- Mas eu nem disse nada ainda. - ele coçou a nuca, parecendo confuso.

- Não importa. Eu só quero que fique quieto e suma daqui. - abracei minhas pernas, escondendo o rosto entre elas. - Não quero ouvir sua voz. Nunca mais.

Ele suspirou pesadamente, calando-se por alguns minutos. Ficamos lá, sentados em silêncio, tendo como único som os barulhos da tempestade. Continuava com o rosto escondido, só notando sua presença pela respiração ao meu lado. Meus sentidos haviam ficado bastante apurados depois de tantos anos na Caçada.

Ergui a cabeça, relutante, permitindo-me espiá-lo de canto de olho. Sua expressão era calma, serena. Como se não houvesse acabado de destroçar meu coração pela segunda vez há instantes. Xinguei-me mentalmente mais uma vez. Não podia ser sentimental. Não sobre um maldito garoto.

Seu rosto se virou repentinamente em minha direção, me pegando no flagra o olhando. Senti meu rosto queimar, enquanto voltava a escondê-lo. Eu era uma idiota.

- Hm... - sua falta de palavras me indicou que estava sem graça. - Esse tal de Luke. É seu namorado?

Cravei minhas unhas em meus joelhos, em um misto de raiva e angústia. Por que ele me torturava daquele jeito? Por que continuava ali, perguntando aquele tipo de coisa? Era um pesadelo. Um delírio pela falta de sono. Só podia ser.

- Caçadoras não tem namorados. - minha voz saiu abafada, e nada confiante. Aquilo daria brechas para ainda mais perguntas. Amaldiçoei minha incapacidade de simplesmente ignorá-lo.

- Ah, eu sei. Acho que me expressei mal. Era seu namorado? Quero dizer, antes de entrar na Caçada. - seu tom era curioso.

- Não.  - minha voz saiu em um fio.

- Então, quem é ele?

Quem? Quem era Luke? Meu amigo. Melhor amigo. Protetor. Irmão. Não, não meu irmão. Era diferente. Muito diferente. O que ele era?

- Alguém importante para mim. Muito importante. - foi tudo que consegui dizer.

- Somos assim tão parecidos?

Respirei fundo, voltando a encará-lo. Permiti-me reparar em cada detalhe de seu rosto. Os olhos azuis. O cabelo loiro. Os traços bem desenhado. Mas pela primeira vez, senti que algo faltava. Imaginei-o como na última vez que o vira. Não com os olhos dourados e sob o domínio de Cronos, mas dormindo. Dormindo tranquilamente pela última vez, sem nada mais para preocupá-lo. Sereno. Com um leve sorriso de canto.

Tive que pensar durante alguns instantes, até chegar a resposta óbvia. A cicatriz. A cicatriz de Luke. Lance não a tinha. E aquele, foi finalmente, o golpe fatal para mim. Não era mesmo ele. Não era algum tipo de amnésia ou qualquer praga do tipo. Simplesmente era mesmo Lance, o maldito filho de Apolo.

- Seu rosto. Sua voz. É tudo  idêntico. - murmurei, pela primeira vez o olhando. - Mas Luke tinha uma cicatriz, bem aqui. - desenhei-a em seu rosto com o dedo, sentindo-o se arrepiar levemente pelo contato inesperado. - Eu devia ter notado. Desculpe.

Antes que pudesse afastar-me dele, Lance segurou meu braço, deslizando sua mão por ele até alcançar a minha. De um modo estranho, ele as enlaçou, brincando levemente com meus dedos. Eu apenas continuei estática, assistindo.

- O que está fazendo? - perguntei inquieta.

Sem dar explicações, ele me soltou, desviando o olhar por alguns segundos. Pela primeira vez, pude ler uma emoção em seus olhos, apesar de não estarem direcionados a mim. Confusos. Por que estavam confusos?

- O seu Luke... É Luke Castellan, não? - ele enfatizou a palavra seu com certo desprezo.

Encolhi-me ao ouvir seu nome.

- Sim. - limitei-me a dizer.

- Ainda sente falta dele? Do traidor?

Não pensei duas vezes. Não cheguei a pensar nem mesmo uma. Virei rapidamente em sua direção, dando um tapa estalado e bem dado em seu rosto. Sentia as lágrimas voltando a fluir. Dessa vez, de pura raiva.

Ele me encarava perplexo, parecendo formular alguma sentença, mas levantei-me subitamente, dando as costas e indo embora, antes que pudesse. Idiota. Insensível. Encaminhei-me de volta, em direção ao acampamento, enquanto o amaldiçoava em pensamentos. Eu o odiava. Odiava Lance. Por que ele tinha que existir, e aparecer logo na minha vida?


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Notas finais do capítulo

Acho que esse foi o capítulo mais parado até agora. Os próximos devem voltar a ficar um pouco melhores.
Estou pensando em fazer um POV do Lance, mas ainda não tenho certeza se vou. Acham que eu devo?
Espero que tenham gostado. Prometo postar o próximo capítulo bem mais rápido do que esse.
Por favor, deixem reviews ^^'
Até o próximo!



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