“... De outro fim.”

Estava completamente um caco. Jogada no tapete do meu quarto. Sinceramente, não sei como aguentei subir as escadas.

Sentei no chão coçando meus olhos e, consequentemente, olhando meu reflexo no espelho.

– Linda! - sorria, fazendo caretas sem sentido, gargalhei.

– Que noite, hein, linda! - tomei impulso para trás, assustada. Francine estava encostada na porta, comendo uma maçã, com a cara mais "madruguei" do mundo.

– Já tentou se maquiar?!... - falei em tom debochado, tentando me levantar.

– Idiota! - jogou a maçã em minha direção - quero você perfeita em 30 minutos, vamos correr! - disse sorridente.

– CORRER? CORRER? CORRER? - disse pausadamente, encarando Francine.

– Você dormiu bastante, garota, e eu não quero ter que correr com a Pamella - bufou - Você vai ou você vai. - piscou.

– Coitada – já estava em pé, sonolenta - Que horas são?! -

– São 10h00 - sua voz estava distante, provavelmente havia saído do quarto sem eu perceber, assim como entrou.

– É CEDO PRA CARALHO! - já estava no banheiro, preparando meu banho. Fran ficou em silêncio, deve ter sido agarrada por Matheus no meio do caminho.

O banho foi demorado, suspeito até que eu tenha dormido lá dentro.

Fran estava puta, quase pulou em cima de mim quando fui me trocar.

Já era 11:40 quando terminei de pegar minhas coisas. Eu nunca havia corrido assim, para se exercitar, mas fora uma promessa de fim de ano, e olha para quem eu prometi.

Saiu de casa reclamando da minha demora, começou a correr reclamando da minha demora, até que enfim, silêncio.

– Até onde vamos? - disse ofegante, tentando manter a mesma velocidade que ela.

– Até a praia... - sorri, aliviada, não era longe - vamos parar para comer algo lá e vamos continuar - Francine gargalhou - você vai gostar, talvez encontre “aquele carinha” - me cutucou com o cotovelo.

– Primeiro: talvez ele nem seja daqui. Segund... - eu não estava olhando para frente, o que me fez se bater com alguém. O "impacto" fora tão forte que cai para trás, de bunda no chão, causando uma falta de ar repentina.

– PORRA, CARA. PRA QUE FICA PLANTADO AÍ, NO MEIO DA CALÇADA? – estava, visivelmente, alterada, meus gritos foram capazes de chamar atenção das pessoas que passavam.

– Desculpa gatinha, não esperava que isso acontecesse. - sorriu sem graça, estendendo a mão como apoio para eu me levantar. Apenas bufei, não havia nada que eu pudesse dizer, ele fora simpático - Meu nome é Dake - sorria um tanto maliciosamente. Ele era bronzeado, com duas tatuagens, uma em seu peito esquerdo e a outra em seu braço, segurava uma prancha e estava sem camisa, com uma bermuda em tom azul escuro. Surfista, deduzi, obviamente era surfista, durr.

– Alani - retribui o sorriso, bem, acho que não foi uma boa jogada.

– Posso compensar?

– Pode! - tentei limpar minhas pernas, que estavam cobertas de areia.

– Precisa de ajuda?! - falou em tom malicioso, aproximando mais meu corpo do seu e passando a mão por minhas coxas.

– Acho que consigo limpar sozinha - dei um passo para trás e sorri corada. Ele estava flertando?!

– Quer... Um sorvete?!

– Claro, eu... Amo sorvetes – olhei para Francine.

– Não quero estragar o momento. - debochada - eu vou indo na frente, me encontrem mais tarde na praia, Lani e Dake - ela sorriu ainda debochada e voltou a correr em direção à praia. INÚTIL. IMPRESTÁVEL. COMO OUSA ME DEIXAR SOZINHA EM UM MOMENTO DESSES?!

– PENSANDO BEM... Acho que podíamos ir para a praia... Surfar – Dake riu.

– Sabe surfar?! – Francine estava longe, me deixando ali, com um surfista gatinho, muito gatinho, porém desconhecido.

– Eu surfava quando era mais nova... Acho que esqueci algumas coisas...

– Eu posso te ensinar – Oh, Deus!