DUAS SEMANAS DEPOIS

P.O.V Rose

–Então quer dizer que vocês estão juntos a quase um mês- começou Dominique.

–Duas semanas e meia- eu corrigi, mas ela ignorou e continuou a frase como se eu não tivesse dito nada.

–... E nenhuma mão boba? Nada? NADA? Quem é esse cara e o que ele fez com Scorpius Malfoy?- ela praticamente gritou.

Como o que eu estava pensando não era nada agradável de ser dito para sua prima e amiga que estava te ajudando em um plano levemente louco, eu fiquei quieta. Não era minha culpa se os meninos olhavam para ela e só queriam... Você sabe. Menos o James, é claro, mesmo que eles fizessem isso e todos soubessem, mas os dois eram endgame.

–Dominique, dá um tempo. Não vejo nada de anormal nisso.

Dominique enrolou uma mecha do cabelo loiro.

–Tá bem. Isso pode significar duas coisas.

Eu fiz um gesto para que ela continuasse.

–Um, ele gosta mesmo de você. Mesmo mesmo. E quer sabe ser fofo e romântico essa coisa toda que as garotas gostam. E a segunda opção é que ele tem outra.

–O que você está insinuando, Dominique Delacour... - foi minha vez de praticamente gritar e partir para cima de Dominique.

Ela se afastou e sorriu levemente, como se dissesse "eu sei que isso é sinal que está apaixonadíssima por ele".

–Você não me deixou terminar, Rose. Eu acho que é a primeira opção. E isso é bom. Isso é ótimo.

Eu estreitei os olhos na direção dela, mas Dominique pareceu inabalável. Ela levantou, e andou de um lado para o outro por alguns segundos.

–Sendo assim, a regra número quatro fica guardada.

Eu me sentei na cama rapidamente, tomada pelo velho sentimento de curiosidade. Eu realmente tinha que parar com isso.

–Qual é a regra número quatro?

Dominique de um sorrisinho de canto, fazendo biquinho e cara de inocente.

–Regra número quatro, tem que parecer pura. Beijar adeus na porta e sempre deixa-lo esperando mais.

Eu ri da encenação de Dominique.

–Com certeza essa vai ficar guardada.

Ela sentou ao meu lado.

–Se quer saber minha opinião, é bom mesmo. - ela suspirou. - Eu me arrependo, tá. Eu sei que você e bem quase todo mundo me acha uma vagabunda. - ela parou de falar. - Esquece. Você não quer saber. Ninguém nunca quer.

Ela pareceu uma garotinha frágil por um momento, mas logo voltou ao normal. Pior que Lily nas mudanças de humor só Dominique mesmo. As mudanças de humor dela eram desse tipo.

–Rose- ela chamou. - Você gosta dele, não gosta? Gosta dele de verdade?

Eu encarei o teto, depois o chão. Dominique ainda me encarava com os olhos azuis gelo, que depois que você a conhecia não eram tão frios assim.

–Pode falar- Dominique provocou- Eu sei como é gostar de alguém que não devia. Qual é, sou apaixonada pelo meu primo- ela desabafou, meio rindo, meio lamentando.

–Isso seria muito ruim?- perguntei.

–E isso é um "sim, eu estou apaixonada por Scorpius Malfoy"?- ela ergueu uma sobrancelha.

Eu suspirei, derrotada.

–Isso é um sim eu estou apaixonada por Scorpius Malfoy. E é uma droga. Porque tudo é uma aposta. Uma maldita aposta, e eu... Eu não queria que fosse. - despejei em cima de Dominique.

Ela se sentou ao meu lado na cama.

–Quer saber? Ele gosta de você. De verdade. Eu estou com pena do Scorpius, sério. - ela franziu a testa. - Mas olha. Eu pessoalmente acho que vocês poderiam dar certo.

Eu ri.

–Depois do que eu vou fazer, só vai dar certo em sonhos.

Dominique levantou o queixo.

–Eu vou te ajudar. Vai dar tudo certo, tá?- ela levantou e me puxou. - Levante esse sorriso e vai ver seu namorado, garota!

Ela me empurrou para fora do quarto, e eu dei de cara com uma Lily corada.

–Me atrasei, né?- ela perguntou ofegante, indicando a porta.

–Estava com Hugo?

Ela corou ainda mais, concordando. Eu sorri para ela em aprovação.

–Preciso ir encontrar Scorpius... - indiquei o corredor, um pouco sem graça.

Lily fez um gesto de impaciência.

–Vai logo. Eu não ligo, conversamos depois.

Eu olhei para trás no meio do caminho, mas Lily já tinha sumido. Desde que ela estava sendo a "melhor amiga" do meu irmão, e eu estava namorando Scorpius tanto pela aposta quanto por mim mesma, nós duas tínhamos conversando surpreendente pouco. Nos meus momentos livres, ela estava ocupada e eu acabava passando mais e mais tempo com Dominique, que se revelou uma companhia muito boa. Claro que ela passava grande parte do tempo com James, mas mesmo assim parecia que nossos horários batiam bem mais ultimamente.

Desci as escadas com pressa. Estava mesmo atrasada. Cheguei correndo no nosso habitual ponto de encontro, hora marcada ás oito, sempre correndo o risco de sermos pegos.

–Bu!- eu sussurrei, tampando os olhos dele.

Scorpius riu.

–Oh, quem será?- ele brincou, me puxando para sentar ao seu lado e roubando um selinho.- Eu quase não te vi hoje. Espero que os corvinos tenham se comportado.

Eu me inclinei, apertando suas bochechas e ele fez uma careta na luz fraca.

–Eu não teria nada com eles.

–Não mesmo?- ele perguntou, meio de bico. Eu continuei rindo. - Eles são bem mais seu tipo, Rose. Inteligentes, ratos de biblioteca...

–Ei!

–Mas você é uma rata de biblioteca linda- Scorpius corrigiu, com um sorrisinho no rosto, me puxando para outro beijo.

Esse era um bom jeito de parar com nossos começos de discussão. Parei de pensar por longos minutos, só curtindo aquele momento.

–Isso é bom- eu disse, encostando a testa na dele.

–Gastamos tanto tempo nos odiando que...- Scorpius completou e eu fingi estar chateada.

–Ah, mas no primeiro ano eu realmente te odiava. Você era um babaca. Aliais, ainda é um babaca.

Ele se aproximou de novo.

–Hum, é mesmo? Eu sou um babaca?

Eu concordei.

–Dos maiores. Não sei como aguento. - dramatizo ainda mais (N/A: Rose "barrencando" hahaha essa vai pros meus amigos, esses chatos) colocando a mão na testa como se estivesse sofrendo.

Scorpius continuou a rir, e entrou na brincadeira.

–E você, então? Suas primeiras palavras para mim foram "você sabia que o sobrenome Malfoy vem do francês?"

–E você respondeu erguendo o nariz e dizendo que era sua família, obvio que saberia disso. Aposto que não sabia.

–Sabia sim!- Scorpius protestou, estufando o peito. -Eu sei toda a história da família Malfoy e dos Black e dos Greengrass.

Eu empurrei seu ombro, mesmo ele sendo bem mais forte do que eu. Ele pareceu não sentir nada. Continuamos ali até a primeira sombra da Madame Norra e seu fiel novo amigo Sr. Wes parecer.

Scorpius fez uma careta.

–Esses gatos sempre estragando tudo.

Eu beijei sua bochecha.

–Até amanhã, Malfoy- pisquei e ele repetiu o gesto.

–Te vejo no café, Weasley.

Oh droga. O que eu estava fazendo da minha vida?

POV Scorpius

Observei Rose até ela sumir de vista no corredor, correndo como uma fora da lei. Tudo bem que estávamos errados, com aquela coisa de horário e tudo mais. Mas quem liga. Era bom estar com ela. Não era nada daqueles assuntos forçados de sempre, ou não era nada só típico. Nada como os limitados relacionamentos que eu tivera até então.

–Cara, o que está acontecendo comigo?- perguntei a Alvo, quando cheguei no nosso quarto. Anthony Zabine já roncava na cama ao lado da de Alvo. Graças a Merlin, eu tinha escolhido a cama do lado da parede. Um vizinho a menos. Nosso outro companheiro de quarto era Sebastian Grey, de uma família tradicional da Escócia.

Alvo riu baixinho.

–Isso é amor, meu caro.

–Ninguém diz "meu caro" desde a década de cinquenta. - eu impliquei, quase que tentando fazer mudar de assunto.

Alvo quase gritou.

–Ha! Hoje você não escapa. Você gosta dela, não gosta? NÃO GOSTA?

Eu quase pulei da cama para amordaçar aquele garoto.

–Alvo Severo Potter! Eu eu não...

–Sempre soube que era amor reprimido!- ele continuou, como se eu não tivesse interrompido.- Mas então, Scorpius... Isso quer dizer o que? Que você não vai ser estúpido com ela como é com todas?

Eu coloquei a cabeça nas mãos.

–Não sei. Eu gosto de estar com ela e... Não tenho vontade nenhuma de terminar. Mas você realmente acha que isso acabaria bem?

Alvo fez sinal de negação com a cabeça.

–Seu pai é até legal, cara. Ele ia entender... Depois de uns meses.- Alvo brincou, piscando.

Eu quis bater nele. Por que tão lerdo?

–O problema não é o meu pai. É o seu tio.

–Tio Rony?

–Quem mais, Alvo?- eu ironizei. - Seu tio quase bombardeia minha família na estação do espesso de Hogwarts. E no seu aniversario e em todas as vezes que me viu na sua casa. Ou na Toca.

Alvo riu.

–Você gosta mesmo da Rose, né?

–Pergunta repetida.

Ele não respondeu por um tempo.

–Eu apoio vocês dois. E vou arrumar reforços.

–Reforços?

–Para o mais novo plano, ora- ele respondeu, como se fosse obvio. - Juntar você e a Rose definitivamente.