P.O.V Scorpis Malfoy

–Isso, meu caro amigo loiro, é o que o Alvo aqui chama de amor. - Alvo deu alguns tapinhas no meu ombro, e eu o empurrei.

–Tá maluco, cara? Eu não me apaixono, por favor.

–Sei- Alvo riu, se jogando na cama. - Meu irmão disse que por enquanto vai ter que “confiar nos seus instintos de conquista”, porque ele, pasme, está estudando.

–Quem diria, James Sirius Potter estudando... - eu ri, enquanto uma parte do meu cérebro me lembrava de que era exatamente o que eu ia precisar fazer no próximo ano.- Não precisamos da ajuda dele, de qualquer jeito. Eu já tenho a Rose.

Alvo pareceu ler meus pensamentos, o que foi um pouco bizarro.

–Esse é seu futuro, big boy- ele brincou, levantando da cama. - Mas quem sabe, a Rose não vai ter paciência de te ajudar a estudar?- ele piscou.

Eu não respondi. Parte de mim queria acreditar que isso podia ir além de uma aposta. Mas as palavras da louca da Alicia não conseguiam ser expulsas do meu pensamento, por mais que eu tentasse. “Ah, meu queridinho... Você acha que vai dar certo? Nananinão. E não sou eu que vou atrapalhar. Vocês não nasceram para ficar juntos, isso é antinatural. Aproveite enquanto pode, porque querendo ou não vocês vão partir os corações um do outro.” Tentava esquecer essas palavras e o efeito era o mesmo de tentar esquecer uma certa ruiva. Ou seja, era praticamente impossível.

–Scorpius, você é um cara estranho- Alvo disse, balançando a cabeça. - Quer saber, eu vou dormir. Já me acham louco o suficiente sem que eu fale sozinho.

–Você sempre fala sozinho.

–Para falar mal de mim ele presta atenção, que amigo é esse, produção?- Alvo dramatizou e eu ri da cara dele.

–Aí, ó, do lado da cama... Viu? Nasceu, o drama. (n/a: essa vai para os meus amigos, que falam isso para moi diariamente hahaha só que colocam Bruna no lugar de drama, é a vida ~drama queen like Alvo~).

*****

No dia seguinte, Rose estava me esperando na frente do salão principal. Ela parecia tão bonita com os cabelos ruivos caindo em volta do rosto enquanto lia algum livro avançado que eu nunca chegaria a ver, com as mangas do uniforme dobradas. Tão concentrada. Tão Rose.

–Ei, bom dia, namorada- aquela palavra, sim aquela palavra proibida, escapou da minha boca sem que eu nem ao menos percebesse. Merlin, o que eu estava pensando? Em como ela é incrível, respondeu meu cérebro, mas eu fiz questão de ignorar. Se tivesse sorte, ela nao ia ter escutado. Por favor, que eu tenha sorte uma vez na

vida.

Ela deixou o livro escorregar, colocando o cabelo pra trás.

–Err, é melhor entramos, certo?- jogou a mochila nos ombros, enfiando o livro lá dentro.- vamos Scorp, a não ser que você tenha grudado no chão.- ela riu, um tanto quanto nervosamente, e puxou minha mão de leve.

Quando nos separamos, sempre em frente a mesa da Grifinoria, Rose finalmente voltou a me encarar. Suas duas primeiras aulas hoje eram com a Corvinal, para minha tristeza.

–Vejo você no almoço, tá?- ela se ergueu, me dando um selinho. Como sempre, sua mão estava apoiada no meu ombro para manter o equilíbrio, mas por algum motivo, hoje isso foi diferente. Como se significasse alguma coisa. Ela me encarou, os olhos castanhos preocupados.- você ficou estranho agora. Desde aquela hora no corredor.

Antes que eu pudesse responder, Alvo chegou pulando nas minhas costas.

–Parou o momento fofurinha, vocês dois- ele apontou acusadoramente para Rose, depois para mim.

Rose riu, daquele jeito que só ela fazia.

–Eu sei que isso tudo é ciúme de mim.- ela piscou, ameaçando se afastar.

–Está passando muito tempo com Dominique.- afirmou Alvo, balançando a cabeça.- Nunca esperava isso de você.

–Deixa a Dominique saber disso.- ela riu.- Agora eu preciso ir, sonserinos da minha vida.- Rose finalmente disse, indo até a mesa da Grifinoria e sentando ao lado de Lily. Observei a distancia, enquanto Alvo me arrastava para a mesa contando alguma coisa que eu não conseguia prestar atenção.

Ele estalou os dedos na minha frente.

–Terra para o Malfoy.

Eu pisquei.

–Estava ouvindo.

Alvo me encarou, cético.

–E eu sou a Celestina Werbeck. Vamos lá, me diz o motivo da estranheza maior que o habitual.

– Eu normalmente não sou estranho, normalmente sou irresistivelmente alternativo. (n/a: Jace feels com essa frase).

Alvo revirou os olhos.

–Você vai me contar. Aposto. Precisa dos meus conselhos.

Eu ri, erguendo meu copo de suco de abóbora e bebendo o que restava.

–Levante seu traseiro sedentário daí, vamos logo.

–Ui, ele está querendo ir para a aula- meu amigo tentou brincar, mas eu não ri. Ele correu atrás de mim, que andava com passos largos.

Sem querer, bati em Dominique que corria para chegar ao salão principal. Ela me encarou de cima a baixo.

–Oi, Scorpius- cumprimentou. - Você está bem?- ela franziu a testa, tirando a franja loira do rosto.

–Oi, Dominique. Eu, hum, estou atrasado.

A minha ex-paixão continuou me olhando.

–Faltam vinte minutos para o começo das aulas. - ela respondeu. - Olha, se for sobre a Rose... Eu acho vocês dois lindos. - Dominique continuou, parecendo sincera. - Ás vezes não parece, mas ela gosta de você. E você gosta dela.

Alvo se intrometeu nessa parte da conversa.

–Dominique, minha prima deusa, você é uma vidente tudo de bom. Isso soou gay, mas... É a verdade. Talvez com ela falando esse cabeção acredite em mim.

Dominique riu, começando a se afastar.

–Ah, ele vai perceber Al.- ela mandou um beijo e saiu caminhando.

Algum tempo atrás, eu me derreteria por qualquer palavra de Dominique Delacour na minha direção. Mas agora... Não que ela não fosse linda, porque ela era. E sempre ia ser. Mas olhando-a abraçar James daquele jeito, eu vi que nós não poderíamos dar certo. Mesmo que ela não tivesse me dado o fora um ano atrás, não ia mudar nada. Talvez pudéssemos ser amigos. Ela era legal.

E isso me leva ao outro problema. Rose. Rose Weasley não era a garota mais bonita, não era a popular. Era simplesmente ela. E isso bastava. Eu não podia negar, estava aos poucos me apaixonando.

Isso não devia acontecer.

–Alvo. Eu acho que temos um probleminha.

–Chora- ele disse, sem nenhuma preocupação. Eu o encarei, respirando fundo. Paciência.- Tá, não gostou da minha fala de mano?

–É sério, Alvo. Eu acho que fiz merda.

–Acha? Você está com cara de quem fez uma merda muito muito grande...

–Eu chamei a Rose de namorada.

Alvo engasgou, balançou a cabeça e começou a gaguejar.

–V-você, o-o que-e fo-oi e-eu

–Alvo. Calma. Você está me deixando nervoso- eu gritei para ele, o sacudindo com força.

Alvo balançou a cabeça de novo, despertando do mundo interior dele.

–Acho que precisamos de ajuda... De novo.

######

Duas aulas matadas depois, estávamos no dormitório vermelho e dourado de James na Grifinória, porque era o lugar mais perto. Alvo tinha corrido que nem um louco para encontrar o irmão.

James não parecia feliz.

–Isso não era para acontecer. Garotas esperam demais dessa palavra com “n”.

–O que eu faço James?- perguntei, pela primeira vez sem saber o que fazer. Se não fosse pela aposta e tudo o mais, as coisas seriam tão mais fácies... Era mais do que uma informação em jogo. Era meu orgulho e minha dignidade. Eu posso ter qualquer garota, e estava provando isso. Agora vou até o fim.

Eu fui imediatamente contra a "brilhante" ideia de James. Tido bem que precisávamos de um pedido de namoro decente para ontem, mas aquilo já ia longe demais.

–Eu não vou pedir ajuda da minha ex, sua atual e amiga da Rose para fazer um pedido de namoro para a Rose!-protestei, perante a ideia sem nexo. Tudo bem que u tinha que admitir, Dominique era a alma feminina perfeita para isso. Mas não.

–Odeio dizer que James revejam boa ideia- disse Alvo. Ele nunca concorda com James, porque esses dois tinham que concordar logo agora?

–Até tu, Alvo?- dramatizei, usando uma frase histórica qualquer que Rose tinha dito um dia desses. Não que eu preste muita atenção no que ela diz, longe disso.

James voltou, guardando o Mapa do Maroto na capa.

–Sinto dizer que você tem três minutos para se convencer a aceitar a ajuda da Nique.ela já está vindo.

–Ajuda dela significaria contar a aposta, James. Isso é grave.

–Dominique pode amar uma fofoca, mas lá sabe guardar segredo. Se não soubesse, não teria continuado em Hogwarts depois do que aconteceu.

–O que aconteceu?

–Nada, Scorpius. Nós já superamos isso.

Eu olhei para Alvo, esperando que ele pudesse me responder. Ele deu de ombros.

–Não me olhe assim. Eu só sei que tem a ver com James, Dominique, uma briga feia, os dois se tornando heartbreakers sem sentimentos e agora a reconciliação para o bem do mundo bruxo.

James riu.

–Por aí, irmãozinho.

–Mas você vai contar a ela? Da aposta?

James olhou para os lados e Alvo arregalou os olhos e depois riu.

–Qual a graça?- perguntei.

–Ele já contou.

Não tive tempo de digerir a informação. Ou brigar com James. A porta do dormitório da Grifinória foi aberta e um furacão loiro, sorridente, cor de rosa entrou, acompanhando de um forte cheiro de perfume francês. Dominique.

Ela sorria, com uma mão na cintura e a outra no ombro do pseudo namorado, e jogou a bolsa rosa em qualquer lugar do chão.

–Hum, não vai te atrapalhar gastar seu tempo vindo ajudar com isso?- perguntei, tentando me livrar.

Dominique fez um gesto de descaso.

–Que nada. Eu fico feliz em ajudar. Historias como a de vocês são interessantes.

–Achei que você não curtisse romantismo.

–Eu não curto. Ninguém me põe na cabeça que você encara alguém um segundo e se apaixona pela vida inteira por ela. É uma coisa que se constrói e...

James tapou a boca dela.

–Se não fizer isso ela não para nunca.

–Você sabe que me ama mesmo assim- Dominique disse, se livrando de James.- Em resumo, historias com apostas no meio são legais sim.

Ela abriu a bolsa, tirando de lá uma caixinha.

–Arranjei um anel. Me pague depois- entregou a caixinha e no segundo que olhei de novo ela arrumava um enorme quadro branco no chão.

–De onde você tirou isso...

Dominique piscou.

–Eu tenho meus segredinhos. Esse aqui é família.- ela olhou de esguelha para a bolsa e começou um discurso sobre sua ideia perfeita.

Oh não, mais ideias não.

######

–Não consigo. Eu desisto, foi um péssima ideia e...

–Cara, foi você quem insistiu para levar para frente essa coisa de "namorados"- Alvo fez aspas no ar e trocou um olhar cúmplice com James.

Antes que eu pudesse responder, Dominique apareceu, com seu melhor olhar ameaçador.

–Olha aqui, Scorpius, não sei vocês, mas garotas costumam levar qualquer palavra a sério. Morgana sabe o tempo que levei para aprender a parar com isso. Rose não tem nenhum experiência. Ela levou a sério. Sei de fontes seguras, que no caso é eu mesma.- ela terminou o discurso com um suspiro.- Vamos, James. E você- se voltou novamente Iara mim- não me faça ter perdido tempo ajudando.

Alvo olhou os dois sumirem.

–É nisso que você se meteu, meu amigo apaixonado.

–Eu não est...

–Não negue para mim, Scorpius. Eu sei. Você nunca teria sequer aceitado pedir uma garota em namoro se não gostasse dela. Nem por uma aposta. Eu sempre soube.- ele bateu no meu ombro.

Eu suspirei. Tudo bem, ele era o meu melhor amigo. E depois de hoje, não tinha como negar para mim mesmo. Eu estava apaixonado por Rose Weasley. Eu teria que terminar com ela para quebrar seu coração e provar que podia fazer isso com todas. E quebraria meu coração junto.

Uau. Até um mês atras, eu nem sabia que tinha um. Maldita Rose e seus cabelos ruivos. Maldita Rose e seus olhos castanhos. Maldita Rose.

–Tudo bem, vamos fazer isso.- eu olhei para a caixinha guardada no meu bolso. Era melhor ir antes que perdesse a coragem. Sonserinos não são lá muito corajosos.