Hesthia, Ainda Há Esperança escrita por Luiza Rabelo


Capítulo 33
Inverno chega às ruínas de Freljord


Notas iniciais do capítulo

GALERE, MUITO IMPORTANTE! : Quando Selene começar a narrar, a partir de quando ela fala "Adella riu", coloque uma música de fundo que fica nesse link. http://www.youtube.com/watch?v=lT67liGjZhw



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  -Gostaram da surpresa? –Shiva surgiu atrás de nós.           

  -Sim! –Eu disse sorrindo de orelha a orelha.

  -Gostei, mas achei desnecessária a parte do susto. Quase que enfiei uma flecha na fuça desse cachorro. –Wrath disse me fazendo gargalhar.

  -Ainda bem que não enfiou... –Sebastian disse sério, pareceu não ter gostado da brincadeira.

  -Fica calmo... –Adella disse dando um soco de leve no ombro de Sebastian. E ele, apenas continuou frio da mesma forma que disse aquilo.

  -Vem! Vou te mostrar a casa. Não é de luxo, mas é melhor que as cabanas! –Adella disse rindo e me puxando pelo braço. –Aqui é a cozinha. –Disse me levando à um lugar que eu jamais havia visto, havia uma caixa grande, aliás, duas caixas, mas uma era maior que a outra, fiquei confusa e perguntei o que era.

  -O que são essas caixas?

  -Não brinca! –Adella disse espantada. –No mar onde vocês comiam?

  -Em qualquer lugar, era só caçar a comida e comer. –Falei com naturalidade.

  -Sério? Enfim, aquela “caixa” se chama armário, serve para estocar comida, principalmente quando estamos no inverno. –Disse apontando para a caixa menor, ou melhor, o armário. –E aquela é como se fosse nossa fogueira, é o fogão à lenha. –Apontou para a caixa menor. Fiquei maravilhada com tais objetos. –Agora vamos à sala. –Me levou à um espaço grande com apenas uma espécie de cadeira grande ao centro. –Antes que você me pergunte, isso é um sofá. –Não fui com a cara do tal objeto. -Vou te apresentar seu quarto, e, querendo ou não, irá dividir com Sebastian. –O lugar era espaçoso, Adella não precisava me mostrar o que era o objeto central, já sabia que era uma cama, meu pai havia me falado sobre este, dizia que é muito confortável. –Isto... –A interrompi.

  -Sim, eu sei, é uma cama. –Falei.

  -Seu pai lhe contou?

  -Sim! –Sorri. –Mas não sei o que é aquilo... –Apontei para uma espécie de caixa.

  -Aquilo é um armário, lá que você guarda suas roupas. –Explicou.

  -Ah sim. A propósito, o que fizeram com elas?

  -Trouxemos! –Adella respondeu me dando um alívio. -E para finalizar, tem o banheiro.

  -Finalmente. –Falei. –Não aguentava mais usar a moita... –Reclamei.

 Adella riu, e disse que ia para seu quarto para me deixar descansar do longo dia. Ela saiu do quarto, deitei na cama, respirei fundo, me espalhei completamente, e fiquei pensando em meus bons momentos. Quando me perdi na floresta, meu medo, minha fragilidade, meu arrependimento, minha saudade... No momento, o que eu apenas queria, era meu pai, meu escudo, meu protetor, meu anjo sem asas, meu protetor, um dos únicos que eu realmente confiava com toda a certeza, que nunca iria me por para baixo, nunca me machucaria. Ao contrário de mim. Naquele momento, eu deveria ter pensado direito sobre o que fazer, em minha mente o que se passa é o a abandono de uma filha machucando drasticamente os sentimentos de seu pai que a amava, que se dedicava todo seu tempo por ela, e ela, não valorizou isto na hora da escolha, achou melhor ignorar tal fato e seguir em frente, a loucura havia me sucumbido até na alma. Por quê? Me perguntava ali, deitada na cama, “Por que diabos, o deixei? Deve estar com um sentimento de fúria pairando sobre mim. Como sou idiota!” Repeti isto três vezes em minha mente para me repreender por tal decisão. Sentia saudades de meu pai. Era um fardo que eu teria que aguentar, talvez, para sempre. Saudades, um sentimento que não traz nenhuma utilidade, só te faz ficar mal, se sentindo como se tivessem retirado uma parte de você e jogado ela no lixo para os corvos comerem. Uma lágrima se escapou, tentei lutar com esta insignificante, mas não aguentei. Um defeito que eu tinha, ser fraca em relação à sentimentos. Qualquer coisa que me tocasse, ou seja, que fizesse alguma significância para mim, me afetava da pior forma. Esfreguei minhas mãos em meus olhos afim de parar por ali, o choro que parecia querer se estender. Mas pensei no que a minha loucura havia trago até mim;. Adella, Sebastian, Shiva e Wrath, outros quatros anjos sem asas, no qual por um pequeno tempo consegui me apegar tanto à essa pessoas. Adella, a criança mais meiga de já havia visto, no início, apesar de se mostrar sombria, eu sabia que não era daquele jeito, havia algo por traz de tanta vingança e espalhamento de sangue. Em cheio, consegui fazê-la mudar, o que queria era atenção, e um amor para completá-la, no fundo, Adella não é apenas uma criança. Wrath, guerreiro, me ensinou a ver que nem sempre temos o que queremos, temos que nos decepcionar, mas no final de tudo, haverá uma recompensa. Shiva, havia entrado a pouco tempo na liga, se parecia com Wrath, firme na batalha, fraca no amor, ela, me ensinou a valorizar as pequenas coisas da vida, até o simples cheiro de uma flor que acaba de abrochar. Ah, Sebastian, o homem de minha vida, meu salvador, meu forte, talvez sem ele, tudo seria normal, sem aventuras, perigos, riscos, tudo; tudo isso que me aconteceu poderia não ter acontecido sem ele. Já havia pensado inúmeras vezes o quão o destino pode ser sábio. “Sebastian, meu cachorro molhado!” pensei, e logo me veio involuntariamente um sorriso de lado, não pude controlar. Comecei a pensar o que aconteceria se eu o perdesse naquele momento; minha vida poderia acabar. Pensei em uma cena em que resolvi me proibir de pensar a partir de ver aquilo. Sebastian morrendo em meus braços na Guerra, ou em qualquer outra ocasião, eu poderia ficar totalmente incompleta, talvez eu poderia cometer suicídio, com a esperança de reencontrá-lo em outro lugar que não fosse a Freljord. Lágrimas se escorreram sobre meu rosto, as enxuguei rapidamente para que ninguém percebesse. E continuei pensando em nós dois. No calor em que Sebastian passava para mim enquanto nossos corpos estavam encostados, nossos beijos de tirar o fôlego, os beijos leves no pescoço que me arrepiavam só de pensar. O que eu precisava entender era que minha nova vida  teria sim consequências ruins, arrependimentos, e culpas, mas iriam ter os momentos felizes, de risos, amor, cumplicidade, e várias outras situações que me fariam achar que tudo esta planejado, e tudo dará certo.

  -O que está fazendo? –Sebastian disse chegando no quarto sorrindo.

  -Só refletindo... –Falei.

  -Sobre o que? Posso saber? –Questionou.

  -Sobre tudo o que aconteceu comigo até hoje. Desde quando perdi minha cauda e vim para Freljord. –Eu disse.

  -E as reflexões, são boas? –Perguntou se sentando ao meu lado, o que me fez sair da minha posição, estirada na cama, e sentei-me ao seu lado.

   -Algumas sim, outras não... –Confessei.

  -Espero que sejam de maioria boas...

  -Sim, são. –Falei sorrindo olhando diretamente em seus olhos. –Você está entre elas.

  -É? –Sorriu e me deu um beijo rápido. –Vai prometer me deixar falar até o final sem me interromper?

  -Prometo... –Falei sorrindo de lado. –Meu cachorrinho molhado. –Brinquei com ele.

  -Ah... Então quer dizer que agora sou um cachorro morrinhento? –Disse se aproximando de mim.

  -Sim, você é. De lobo, rebaixado à cão. –Provoquei.

  -Então deixa eu te mostrar quem é o lobo alfa da relação. –Falou me puxando pela cintura e me beijando.

 Como disse, beijo de tirar completamente o fôlego. Mas alguém tinha que interromper. Podia ser Shiva ou Adella, mas foi Wrath. Logo ele tinha que nos separar. Sebastian o metralhou com os olhos e perguntou.

   -O que quer?

  -Shiva está chamando Selene... –Avisou um pouco frustrado por ter nos interrompido.

  -Já volto. –Avisei a Sebastian me levantando da cama e indo para fora da casa. –Me chamou?

  -Bom, queria lhe dar alguns conselhos sobre seu pégaso e também lhe dar algumas roupas para aguentar o frio que está chegando.

  -Obrigada! –Peguei as roupas que ela me entregara. –Mas o que quer me falar sobre o pégaso?

  -Então, é importante saber que você tem que deixá-lo confortável, mas deixando em evidencia que você é o domador. Tente fazê-lo acreditar que é responsável e saberá como cuidar dele. Trate como se fosse seu filho, ou alguém muito próximo. Dê atenção. Saiba que pégasos não são iguais a cavalos normais, precisam se socializar, literalmente, pôde notar que ele consegue conversar, então tente ter momentos de conversa com ele, pode ser que ele te mostre seu futuro por ser o macho líder do grupo. Bom, apenas isso. –Finalizou.

  -Entendi. Mais uma vez, muito obrigada pelas roupas e pelo conselho. –Agradeci e fui em direção ao quarto deixar as roupas no armário.

  -O que ela queria? –Sebastian perguntou.

  -Me deu algumas roupas de frio e conselhos sobre o pégaso. –Respondi.

  -Ah, verdade, como foi a experiência? –Questionou curioso.

  -Fantástico, infelizmente não tem como descrever o que houve naquele momento, apenas posso afirmar que foi único e de experiência única. Nunca irei me esquecer. É como se ele fosse eu, como se estivéssemos ligados por algum motivo muito forte.

  -Não fui com a cara desse pégaso. Espero que ele não ocupe meu lugar de macho alfa. –Sebastian disse me fazendo sorrir,

  -Só para constar, e, sem querer lhe deixar para baixo, ele é o alfa do grupo dele, então... Cuidado... –Avisei o fazendo mais ciumento. –Fique calmo, sempre será meu cachorro morrinhento. –Falei o beijando.

  -Tomara... –Disse colocando uma meche de meus cabelos atrás de minha orelha. –Eu te amo.

 Aquelas três simples palavras me deixavam atordoada. Para muitos, falar elas é fácil, sem problemas, mas para mim é algo mais complicado e complexo. Eu preciso ter muita certeza para dizer elas, como eu digo-as para meu pai, com toda a certeza de que estou certa daquilo. Mas eu sabia, com Sebastian não é diferente, eu o amava, não precisava de mais provas para isso.

  -Eu também te amo. –Respondi sorrindo.

 Foram umas das últimas conversas que me lembro após este período de mudanças. Dias se passaram, semanas também, e a Guerra, se aproximava cada vez mais, a agonia desesperadora, igualmente. Proteger ou atacar? Perder ou morrer? Perguntas que me enlouqueciam com o tempo, o que me mantinha em sã consciência era a certeza de que se eu morresse teria Adella, Sebastian, Wrath e Shiva à meu lado. Sem me abandonarem. A grama verdes estavam começando a perder a cor, as folhas longas e estreitas das árvores começavam a avisar que o Inverno rigoroso havia chegado. De uma paisagem verde, cheia de vida, com um clima quente, se transformou em algo branco, com uma névoa cinza, desanimadora, intimidando a me fazer desistir de tudo o que eu havia passado. A cor verde sumiu. O cima quente, igualmente, o frio tomava conta de Freljord, o que me permanecia aquecida era ao calor humano e o calor que permanecia dentro da casa, à noite, o que me aquecia era Sebastian, junto ao meu corpo, mais as cobertas que nos cobriam quase nos fazendo desaparecer. Era agonizante, não aguentava tal clima. Parecia que não só os fatores naturais pioravam, o relacionamento das pessoas que habitavam aquela casa estava se tornando mais frios e distantes apesar de todos estarem juntos. Eu tentava permanecer contato, mas era difícil, todos queriam se isolar, o que restava unido, era eu, Sebastian e meu pégaso. Não havia uma hora específica para comermos juntos, todos reunidos em volta de algo. A partir da mudança, cada pessoa pegava sua comida a hora que sentisse fome. Por um momento comecei achar aquela relação doentia, só por causa de um inverno, as relações tinham que ficar frias também. Mas percebi que tudo aquilo havia uma explicação, o nome daquilo é chamado de tensão. Todos estavam tensos, temiam cometer algum erro na Guerra, prejudicar a liga, morrer, ou, deixar alguém morrer, perdermos, ou qualquer coisa do tipo. Esta era a verdade. Confesso que eu também estava tensa, mas me controlava drasticamente.

  -Acha que o nosso “Para sempre” vai acabar nesta Guerra? –Perguntava para Sebastian.

  -Podemos até morrer, mas quando se diz, “Para sempre”, realmente, é para sempre. Além da morte, além de tudo. Em algum lugar estaremos juntos,  sorrindo, trocando olhares apaixonados como sempre. Isso nunca acabará. –Sebastian respondia.

 Todos os dias, de manhã, eu ia para fora de casa me ligar ao pégaso. Eu tentava entender o que ele queria me dizer. Não estava tudo esclarecido em algumas partes de nossa conversa. Visões embaçadas, sem explicação, gritos de desespero, soluços de choro. Não gostava nada daquilo. Eu tentava de tudo para conseguirmos melhor contato, mas sempre os mesmo resultados. Nada. Nada fazia sentido naquelas visões.

 Faltavam duas semanas para a batalha. Treinávamos mesmo no intenso frio.  Quem saia na desvantagem, de certa forma, era eu, a água, por natural era fria, mas por sorte, com estes treinamentos, consegui controlar a temperatura da água quando eu quero. Minhas habilidades foram todas aprimoradas para muito melhor, em uma série de cinquenta ataques com meus poderes básicos, duas eu errava, ou resto, acertos.

 Em um dia resolvi tomar providências. Reuni todos na sala, Sebastian, Wrath, Shiva e Adella se sentaram no sofá e eu fiquei de pé, olhando-os.

  -O que quer? –Adella perguntou com notáveis olheiras, por falta de sono.

  -Queria deixar claro que para vencermos esta Guerra precisaremos estar mais unidos. Não pensem que não percebi, sim, eu percebi. Todos estão desunidos não por causa do frio, mas porque estão tensos. Pensem comigo, se estão tensos provavelmente estão indecisos, e, pelos meus conhecimentos, a indecisão é uma inimiga que te faz perder. Se não estamos com a certeza de que ganharemos, porque batalhar então? Já que nada é certo do que se aconteça. Temos que ter certeza. Queremos ganhar?

  -Sim. –Responderam em coro.

  -Então, o que estão fazendo ai parados? Tensos? Sabem que ficarem assim não ajudará em nada. Vamos nos unir, ter certeza de que ganharemos, de que daremos o nosso melhor, de que vamos conseguir com toda a certeza. Somos fortes, sabemos disso, e precisamos usar essa força contra os inimigos que também são fortes. Vamos ganhar, certo? –Perguntei para confirmar de que realmente entenderam.

  -Certo. –Disseram com firmeza, o que me fez acreditar que aquela Guerra já estava ganha. Hesthia triunfará.

 Nos próximos dois dias, as visões do pégaso estavam ficando mais visíveis, mas os rostos as cores não eram certas ainda. Entendi que aquilo se passava no Inverno, mas não no cenário da Guerra, havia uma pessoa caída no chão, e algumas outras em sua volta chorando. Aquilo me fazia ter maus pressentimentos. Mas era um risco que tínhamos que correr.


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Notas finais do capítulo

Colocaram a música? O que acharam? Comente amores ♥



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