Hesthia, Ainda Há Esperança escrita por Luiza Rabelo


Capítulo 14
Quando não sabemos escutar


Notas iniciais do capítulo

Demorei, mas postei! :3



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/319479/chapter/14

Eu fiquei um tanto quanto sem saber o que dizer, porque depois de dizer tantas coisas para Sebastian, e não ter o deixado falar nenhuma só palavra, não sabia o que fazer.

–Entende agora? –Gritou comigo.

–Mas como? –Perguntei confusa.

–Quando tomei a poção até eu encontrar com Antonella, ela não havia feito efeito algum, então deu a oportunidade para ela controlar minha mente e minha opinião. –Ele disse amansando sua voz.

Abaixei minha cabeça e encostei em uma pedra grande que havia perto dali, e, ainda com a cabeça abaixada disse.

–Sou uma idiota. –Me lamentei.

Sebastian andou em minha direção, e com uma de suas mãos, ele levantou minha cabeça para o olhar e disse.

–Ainda podemos ter nosso “Feliz para sempre.” .... –Afirmou.

Confesso que eu não esperava por isso. Seus olhos brilhavam e olhavam fixamente aos meus que esboçavam arrependimento. Sebastian era um “Príncipe de contos de fadas”, mesmo não sabendo contar piadas, mas, sinceramente eu não ligava.

–Não está com raiva de mim? –Perguntei ainda o olhando.

–Quando o amor está contra o ódio, ele prevalece. –Ele disse sorrindo e logo seguido de um beijo. Uma lágrima se escorreu de meus olhos enquanto nos beijávamos, ele parou, a enxugou e perguntou. –Por que está chorando?

–Eu disse aquilo tudo para você, e nem deixei você falar o que queria. Se eu não fosse tão idiota assim tudo poderia ter acontecido diferente. –E uma lágrima se escorreu novamente de meu rosto e foi enxugada mais uma vez.

–Hey, pare de chorar. Eu estou aqui com você; não estou? –Tentou me acalmar.

–Sim, está. –Respondi o abraçando e colocando minha cabeça em seu peitoral, ele me envolveu com seus braços musculosos afim de mostrar que agora, com ele, eu estava em meu porto seguro.

–Mas e agora? Como voltarei para casa? –Questionei ainda o abraçando.

–Quem disse que irá voltar para casa?

–Mas eu fui expulsa da Hesthia.

–Por Antonella. Não por mim e por Wrath, bom, por ele, não sei mas, por mim e por Adella não. –Respondeu.

–Mas ela irá controlar sua mente de novo, e consequentemente fará você me expulsar novamente. –Falei.

–A poção já deve ter feito efeito. Se for, controlará apenas a mente de Wrath.

–Mas se for pra ficar com Antonella no mesmo grupo, é melhor eu nem voltar. –Eu disse.

–Daremos um jeito de decidir isso. Adella e eu não suportamos mais ela. –Sebastian disse saindo do abraço. –Agora vamos voltar para o acampamento?

–Vamos. –Eu disse e ele logo me beijou na testa e se transformou em lobo. Subi em cima dele, e fomos de volta para o acampamento. Depois de um tempo que se passou, eu escutei Adella dizendo.

–Selene? É você? –Disse animada.

–Sim. –Levantei minha cabeça para vê-la.

–Pensei que nunca mais voltaria. –Disse e logo indo me abraçar quando desci de Sebastian.

–Também pensei isto, mas agradeça a Sebastian por ser persistente. –Respondi a olhando.

–Obrigada Sebastian. –Adella logo o abraçou.

–Ora, ora, ora. Se não é a vadia da pequena Selene... –Antonella disse surgindo no acampamento.

–Cala a sua boca. –Sebastian gritou com ela.

–Calar? Mas estou falando a verdade. –Ela disse com um tom irônico tentando se passar por inocente.

–Sinceramente, a única vadia aqui é você. –Eu disse não me aguentando ficar calada.

–Nossa, que medo hem! –Antonella me zombou.

A fúria já estava quase me completando, minha vontade era dar tudo o que ela fez comigo de volta, só que dez vezes pior.

–É melhor ficar quieta, senão sofrerá consequências. –Sebastian a alertou dizendo isto em um tom furioso.

–Consequências? Mas que tipo... –Antonella dizia ironicamente quando Sebastian se transformou em lobo novamente e a deu uma patada. Agora, a pele do rosto branco de Antonella, jorrava sangue em três cortes em sua face. Ela apenas passou a mão no corte, olhou Sebastian e meio que, tentou-o controla-lo, mas não funcionou, a poção já havia feito efeito, e, para ela, aquilo foi uma grande decepção.

–Saia daqui e nunca mais apareça, a não ser que queira levar mais um cortes... –Sebastian tentou amedrontá-la, já se tornando humano novamente.

–Estou sendo expulsa? –Ela disse indignada, passando a mão em seu rosto, agora, vermelho sangue.

–Sim, está. –Adella confirmou a frase de Antonella.

–Isso não pode acontecer... Wrath... Aonde você está para me defender? –Antonella tentava chama-lo para controlar sua mente, mais uma vez, mas ele apareceu no tronco de uma árvore grande e disse.

–Defender? –Perguntou sorrindo e logo atirou uma flecha que chamuscava o fogo ao lado de Antonella, o que significava um “Suma daqui!”. –Uhh, quase! Corra, se não quiser que eu acerte... Mas agora, propositalmente. –Disse mudando sua expressão para uma vingativa.

–Vai me obrigar? –Antonella atreveu-se.

Sebastian já com a fúria dominada em seu corpo, se transformou ferozmente em lobo e saiu correndo atrás de Antonella, igualmente Wrath, que desceu em um pulo da árvore e começou a correr atrás dela já atirando flechas comuns, mas que obviamente, saíram meio que certeiras. Os três sumiram na escuridão da floresta e só ficou eu e Adella no acampamento. Sentei-me em uma pedra e suspirei.

–Esta bem? –Adella perguntou.

–Não muito... –Eu disse abaixando a minha cabeça me permitindo, somente, olhar para o chão.

–O que foi? Posso ajudar em alguma coisa? –Perguntou novamente.

–Não há como ajudar. Mas o que está me fazendo sentir mal é o jeito que tratei Sebastian.

–O que você fez de tão ruim assim?

–Bom, eu estava na praia, e Sebastian apareceu, eu estava furiosa com ele por ter me expulsado depois de ser tão carinhoso comigo aqueles pequenos dias. Pensei que ele, realmente, era como Antonella, duas caras. Mas ele tentava me dizer o que havia acontecido mas não deixei ele sequer dizer o “Mas...”, fui arrogante, mesquinha e egoísta. Devia ter escutado o que ele tinha a me falar. Sou uma idiota. –Lamentei a mim própria.

–Isso foi uma burrice, confesso, mas a sorte que você tem é que Sebastian não desiste fácil. Principalmente quando se trata de amar. –Adella disse.

–Ele já amou alguém? –Perguntei a olhando.

–Sim.

–Quem? Embora eu não saberei quem é.

–Sabe sim. Sou eu. –Ela disse sorrindo, e eu a retribui. –A palavra amar não se aplica só na definição de namorar, ou ter uma atração, também há o amar de amor ao amigo. Porque pense bem, eu fazia milhões de brincadeiras de mal gosto antes e depois de você entrar, e me responda, ele desistiu de mim?

–Não. –Respondi.

–Então, concluímos que Sebastian não desiste fácil de quem ele ama. E tem que dar valor a isso. –Adella finalizou.

–A partir de agora eu ouvirei tudo o que ele tem para dizer. –Eu disse rindo. Adella retribuiu o riso e se virou pegando peixes em cima da pedra.

Fiquei ali, parada, olhando para Adella, aparentava doze anos e estava me dando conselhos, e, acredite ou não, eram verdadeiros. Sua vida ainda estava começando e ela já havia passado por tanto sofrimento, pensei logo em sua família, não preciso nem explicar o porquê. Tão jovem e já se virava, fazia peixe, caçava animais, lutava com pessoas perigosas, e eu, em minha cidade, Ghurlios, recebendo amor, carinho, atenção, mordomias. Me sentia mal por não ter agradecido até aquele dia por tudo o que eu já havia passado.

Adella pegou duas pedras, as bateu e esfregou com força por algumas vezes e uma faísca caiu sobre a fogueira que já estava com madeiras prontas para receber o fogo, logo depois da faísca, a chama se estabilizou na “área de tostar os peixes”.

Sebastian voltou ofegante, respirando incansavelmente, igualmente a Wrath, que limpava o suor de sua nuca.

–O que aconteceu com vocês dois? –Perguntei assustada.

–A vadia controladora de mentes,... –Wrath suspirou. –Ela corre mais rápido que eu imaginava.

Sebastian assentiu com a cabeça. E ele, Sebastian, estava literalmente um cão molhado, que logo se transformou em humano.

–Ela nunca mais irá querer voltar aqui novamente... –Sebastian disse ofegante.

–Por que? –Adella perguntou.

–Além de ferirmos bastante ela, tenho quase certeza de que a matamos. –Sebastian respondeu.

–Eu tenho certeza. A matamos. –Wrath finalizou frio e com os olhos negros, sem ressentimento.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostou? Comente (: