Alvo Potter E A Pedra Do Segundo Irmão escrita por Amanda Rocha


Capítulo 22
A vida continua


Notas iniciais do capítulo

Aqui está, o último capítulo. Não chorem, não se escabelem, a terceira temporada será postada hoje mesmo, então... Leiam e espero que gostem!



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A primeira coisa que Alvo teve consciência foi de que não havia enlouquecido, pois lembrava-se muita bem de quem era. Levou as mãos à cabeça e notou que não havia nenhuma faixa, o que significava que não fora tão grave. Baixou os olhos para o criado-mudo: Havia várias cartas, uns sapos de chocolate, um pequeno frasco com um líquido roxo e uma tampa de vaso sanitário.

-Uma tampa de vaso? –disse ele em voz alta.

-Alvo! –exclamou Tiago, num misto de sorriso e bocejo. –Foi presente de tio Jorge e Fred. Disseram que era tradição de família.

Alvo sorriu e apanhou o frasco.

-Eu não tocaria nisso se fosse você. –alertou Tiago, dando outro bocejo. –Lilí quem fez. É uma poção para você ficar melhor.

Alvo imediatamente largou o frasco. Tinha experiência com as poções da irmã o suficiente para saber que não era seguro colocar aquilo a um metro de distância da boca. Ele olhou ao redor, estava na enfermaria, como achou que estivesse.

-Você está com uma cara horrível. –disse, reparando melhor nas olheiras do irmão. O corte em sua testa havia sumido.  

-É, bom, eu não consegui dormir muito bem. Mas pelo menos não estou... Eh, você sabe... –os dois se encararam e Alvo entendeu no mesmo instante que “você sabe” significava “chorando, como no ano passado”.

-Eu não estou aqui há uma semana, estou? –perguntou ele, meio inseguro.

-Não, não. –respondeu Tiago rindo. –Apenas há algumas horas. Bom, eu vou saindo. Mamãe não pôde vir, mas disse que me deixaria de castigo para o resto da vida se eu não mandasse uma carta no instante em que você acordasse.

E saiu. Alvo olhou à volta. Estava escuro lá fora, ainda era madrugada. Ele deu um enorme sorriso ao lembrar do que aconteceu. Ele enfrentou Bob Rondres mais uma vez e saiu vivo. Mas como? Dessa vez não fora o amor, fora? Ele não dera a vida por seu irmão ou por outra pessoa...

-Pensando na noite passada? –perguntou o diretor, fechando a porta.

-Neville! Professor... Eu... Não vi o senhor entrar. –respondeu o garoto. –Meu pai está bem? Tio Rony...

-Ah, eles estão muito bem. Me pediram para vir aqui substituí-los, espero que não se importe.  –respondeu o diretor, sorrindo. –Se saiu muito bem ontem.

-Eu não fiz nada. –murmurou ele, corando.

-Fez, sim. –respondeu Neville.

Alvo e ele se encararam.

-O que aconteceu? –perguntou Alvo.

-Bom, acho que você já sabe que tínhamos um traidor no nosso meio, não é? Com o Clodeck ajudando, imagino que não deve ter sido muito difícil para o Rondres entrar, ainda mais com Poção Polissuco. Acho que todos estavam muito ocupados com o Rondres para notar o menininho estranho que veio da França. Ele foi realmente esperto... Quem iria reparar num garoto estranho quando Bob Rondres estava à solta?

“Ontem... Ontem, logo após o jogo, Clodeck apareceu apavorado na câmara dos Aurores. Disse que Rondres havia entrado no castelo e estuporado o Ellêck, que estava montando guarda nos portões. Acontece que o Ellêck realmente estava estuporado, o desgraçado cuidou disso. Nós tivemos que tirar todos os alunos do estádio imediatamente, Harry e os outros ficaram no Salão Principal, até que notaram três alunos faltando. Clodeck se ofereceu para ir procurar vocês e... Bem, você sabe o resto.”

“Mas Clodeck não voltou com vocês, então seu pai e o Rony foram procura-los. Nós sabíamos que vocês estiveram frequentando o sétimo andar ultimamente, pelo menos para isso o Clodeck serviu, então tínhamos uma pista. Eu fui o mais rápido que pude e encontrei vocês na Sala Precisa. Quando cheguei, Rondres o soltou e você desmaiou. Mas ele se defendeu de todos os feitiços que jogamos e acabou sumindo com um Feitiço Desilusório, com todo o rebuliço, esquecemos de reativar a proteção do castelo. Os Aurores o procuram por toda a parte, mas... Nada... Seu pai e Rony foram imediatamente procura-lo, Kingsley botou um esquadrão inteiro para essa missão.”

Alvo ficou olhando o diretor enquanto pensava. Então ele conseguira. Fugira outra vez. O que colocava o garoto em perigo, pois quando voltasse, iria querer mata-lo, não iria desistir disso.

-Pelo menos ele não conseguiu me matar... –comentou, Alvo, recostando-se no travesseiro.

-Ele não quis mata-lo. –disse Neville sério, sacudindo a cabeça. –Já está começando a gostar do sofrimento alheio, o Rondres... Fez aquilo apenas para ver o seu pai sofrer. Aparentemente ele não sabia que a dor era tão horrível a ponto de fazer você desmaiar.

Alvo concordou, lembrando-se da sensação excruciante que sentiu ao toque da pele do bruxo. E então ele lembrou do que Rondres dissera antes de tentar matar Tiago.

- Ele disse que sentia muito por ter que matar meu irmão. – Alvo contou ao diretor, que o olhou como se ele fosse muito bobo por acreditar naquilo, então ele logo acrescentou: - Acho que ele disse a verdade. Quer dizer... Ele estava sério, e não tinha aquele... Aquele brilho maníaco nos olhos... Acho que falava sério.

O diretor o fitou por um tempo e depois encolheu os ombros.

- Talvez... – respondeu, apenas.

-Ele achou que eu fosse uma Horcrux. –disse, e Neville fez uma ligeira careta. –Meu pai sentia a cicatriz doer quando Voldemort estava por perto, porque era uma Horcrux. Eu... Eu também sou?

O diretor coçou a cabeça e pensou antes de responder.

-Alvo, eu... Eu não sou a melhor pessoa para te responder isso, mas... Acho que a cicatriz só doeu porque reconheceu seu criador. Sabe, andei pensando e acho que não é tão improvável que isso aconteça, o corte em sua testa não é um corte comum, Al, é um corte feito por um feitiço poderoso, que reagiu de maneira dolorosa quando reconheceu o bruxo que a fez. Escute aqui, você não é uma Horcrux. Seu pai achou que você fosse perguntar isso, então mandou dizer que ninguém melhor que ele para afirmar de que você é uma criança tão comum quanto seus irmãos.

Alvo sorriu.

-Rondres ficou com medo quando me perguntou isso. E eu não respondi... –ele achou melhor contar a Neville.

-É, ele deve ficar com medo mesmo. –riu Neville. –Se você fosse uma Horcrux, ele não poderia te matar, não é? Assim, estaria matando ele próprio. Foi bom você não ter contado que não é, será uma arma que podemos usar contra ele. 

O garoto sentiu-se melhor.

-Ele estava atrás da Pedra da Ressurreição. –disse ele, repentinamente.

-É, o Fred contou. –respondeu Neville. –E acho que ele nunca mais roubará nada do pai por um bom tempo...

-Mas ele achou que poderia trazer de volta Voldemort. –objetou Alvo, sentando-se.

-Acho que isso mostra que ele se atrapalhou no meio da busca pelo poder. Ficou muito obcecado pela relíquia e acabou ignorando o fim da história dos três irmãos, não é?

Alvo recostou-se novamente. Será que Rondres ousaria voltar tão perto dele outra vez? Será que teria ajuda? Afinal, ele devia ter seguidores, com certeza. E será que dessa vez - uma pedra invisível caiu em seu estômago –ele escaparia?

-Acha que ele vai voltar? –perguntou, meio inseguro se queria ouvir a resposta.

-Talvez. –respondeu Neville. –Sabemos que ele não vai desistir tão fácil.

Aquilo foi horrível. Foi como se soubesse da Profecia pela primeira vez. Bob Rondres já escapou de Azkaban, por que dessa vez isso o deteria? E quando finalmente se encontrassem, Alvo ainda não estaria preparado. Ia ser morto como um idiota que nem ao menos tentou, por medo. Não adiantava ser filho de Harry Potter, Rondres queria que ele morresse e, Alvo tinha de admitir, ele era um bruxo poderoso. Que chances teria um garotinho de doze anos que até um ano tinha medo do irmão contra o Novo Lord das Trevas, que era um bruxo que matava por diversão desde os quinze anos?

-Ei, Alvo, -disse Neville, parecia que havia lido seus pensamentos –só porque ele vai voltar, não significa que você tenha de mata-lo. Só porque uma velha charlatã faz uma Profecia, não quer dizer que você tem que cumpri-la.

-Quero matar ele! –disse o garoto, imediatamente. –Ele quase matou meu irmão e a mim. Quero dizer, ele tem de pagar pelas coisas erradas que fez. Só... Só não tenho coragem... Não agora... Não tenho medo de ter que cumprir a Profecia, quero ser como pai, só... Só que tenho medo de não estar pronto até chegar a hora...

-Você vai estar. –respondeu Neville.

-Sou um medroso! –exclamou ele, lutando para conter as lágrimas. –Mas agora, eu tenho de mata-lo! Me diga como vou fazer isso! Por que eu? Eu nunca fiz nada de corajoso, sempre fui o garotinho chorão, por que tem de ser eu a mata-lo? Vou morrer se lutar com ele! Tive sorte ano passado... Eu só queria ser um grande bruxo como papai, tio Rony, você... 

-Engraçado você dizer isso. Porque, quando eu tinha sua idade, eu apanhava de garotos como o Malfoy. Era o menino trapalhão que sempre se dava mal... Devo a seu pai e a Rony se tive coragem para mudar. E a menos que você seja adotado, daqui uns anos você será o aluno de que mais terei orgulho, por ter derrotado Bob Rondres e cumprido a Profecia.

Alvo sorriu. Neville o deixou e ele deitou-se na cama apenas com seus pensamentos por companhia. Sempre que pensava na Profecia, sentia como se o mundo perdesse toda a alegria e a esperança, era como se ele estivesse indo para uma caminhada rumo à morte, onde não teria escolha ou porquê lutar, mas, por alguma razão, dessa vez ele sentia que a Profecia não era uma coisa ruim. Seria como uma pedra que lhe tocaram, mas que ele usaria para passar por cima de um buraco, como uma ponte, uma ponte que o levaria a ser um grande bruxo, como seu pai, Neville, tio Rony, Dumbledore e Snape. E, com este pensamento feliz, ele virou para o lado e pela primeira vez em muitos dias, não teve um pesadelo.

Na manhã seguinte mesmo ele foi dispensado da enfermaria, e correu para encontrar os amigos. Encontrou o irmão junto com Teddy no Saguão de Entrada.

-... Qual é, Teddy, você pode ficar! –insistia ele.

-Não posso dar aula se não consigo impor respeito aos alunos. Eles riem de mim por causa da metamorfomagia, Tiago! –retorquiu Teddy.

-Ah, e só por isso você não pode dar aulas agora? Você é normal só tem um... Um probleminha...

Teddy riu.

-Você é igual o seu pai que... Al! –ele abraçou o primo. –Que bom te ver, cara! Tudo beleza? Pronto para outra, espero?

-Então somos dois. –murmurou ele.

-Ah, que isso, irmão! –disse Tiago, passando o braço por cima do seu ombro. –Você pode ser chato ás vezes, um pouco medroso, meio enjoado demais e até mesmo um pouco molenga e...

- Tudo bem, eu já entendi. – Alvo o interrompeu.

- Espera, ainda faltou o dedo-duro, chorão, péssimo apanhador, azarado...

- Acabou? – perguntou o irmão, impaciente.

- Sim. – respondeu Tiago. – Embora devo ter esquecido umas coisinhas... Enfim, o que eu queria dizer é que ainda assim é meu irmão. O sangue maroto que corre em minhas veias corre nas suas, o que faz de você quase tão legal quanto eu.

Alvo deu um sorriso, mas ficou sério novamente.

-Você foi muito mais corajoso que eu. –murmurou ele. –Acho que o papai se orgulha mais de você agora. Sabe, você sempre foi mais parecido com ele do que eu.

-Eu sei. –gabou-se Tiago, mas imediatamente viu que não havia dito a coisa certa, pois logo acrescentou: -Ah, que isso, Al! Você que é O Escolhido! O filhinho perfeitinho...

-É, por que sou um medroso e faço tudo que me mandam fazer! –retorquiu ele, de repente as palavras que haviam desaparecido na noite passada, apareceram agora. -Veja você! É o mais popular da escola! Todos te respeitam!

-Te respeitariam se você não tivesse medo o tempo todo! Até o Fred é... –mas ele parou de repente. –Desculpe...

-Não! –respondeu Alvo irritado. -Você tem razão! Eu sou mesmo um medroso!

-A gente não vai brigar de novo, vai? –perguntou Tiago, impaciente. –Olha, já brigamos a vida toda e, por mais que eu ache divertido, quero que sejamos amigos, certo? Às vezes eu gosto de andar com um medroso feito você...

Alvo já ia abrir a boca para se defender quando viu que o irmão estava sorrindo.

-Só me prometa uma coisa. –disse Tiago. –Me chame quando for acabar com o Rondres.

-Prometo! –respondeu Alvo, aliviado, e enrolou seu mindinho no do irmão.

-E... Al... A vida continua! –disse o irmão. –Não pense que essa será a única aventura que vai viver, enquanto for meu irmão, estará preso a uma vida de riscos!

Fora exatamente como no ano anterior. Bastou ele pôr o pé no Salão Principal para que os alunos explodissem em perguntas e exclamações como “E como ele era?”, “Você é mesmo O Escolhido!” e “É verdade que ele tentou matar você?”. Era realmente incômodo responder a essas perguntas, ainda mais quando o pessoal da Sonserina ficava dizendo que ele estava adorando aquela fama, mas, por sorte, ele tinha um irmão como Tiago. O garoto, além de realmente gostar da fama, ainda o defendia, pois conquistara novamente o respeito e o medo dos alunos que havia perdido após o envelope que Joshua lhe mandara. É claro que Tiago ficara um pouco mais exibido com isso, e voltou a chamar Alvo de chato (“Ah, eu já estava com saudades disso”, dizia ele) e omitir para os alunos novos que eram irmãos, mas Alvo tinha que concordar que ainda assim era divertido.

Hagrid não parou de chorar quando Alvo foi visita-lo (“Ah, veja só você! Igualzinho seu pai! Exatamente como ele... Sempre se escapa...”), mas – mesmo com Canino babando seus joelhos enquanto recostava a cabeça em seu colo – Alvo se sentiu mais animado ao ver o amigo.

Tudo estava tudo perfeitamente normal, e, com o passar das semanas, as pessoas já iam parando de perguntar coisas sobre Bob Rondres para Al, porque o Profeta Diário publicara um artigo completo sobre o bruxo.

Na véspera do fim das férias de Páscoa, os alunos do segundo ano receberam a difícil tarefa de decidirem quais outras duas matérias eles iriam fazer a partir do terceiro ano. Rosa estava muitíssimo nervosa quanto a isso, Tiago dava conselhos a Alvo e ela.

-Sinceramente, tem matérias que só faço porque sou obrigado. –contou ele a Rosa, Alvo e Carlos. –Quero ser um Auror, então peguei as inúteis matérias de Adivinhação e de Runas Antigas. Porque, sinceramente, eu posso fazer sucesso de qualquer jeito! Sou um ótimo duelista, o melhor jogador de quadribol da Grifinória...

-Eu sei! Eu sei! –Rosa o interrompeu, andando de um lado para o outro. –Mas nosso futuro depende disso! Passei as férias inteiras pensando no que escolher, e Adivinhação com certeza não, mamãe disse que não vale a pena. Runas Antigas é fantástico, claro, como Aritmância, acho que ficarei com essas, mas ainda assim é tão difícil, sabe, e se escolhermos a matéria errada?

Tiago revirou os olhos e levantou-se.

-Meus conselhos não são bem-vindos por aqui. –Alvo ouviu-o dizer antes de ir sentar-se com Matt e Daniella.

 O garoto resolveu seguir o que o irmão disse, e acabou ficando com Adivinhação e Runas Antigas, mesmo achando as duas matérias inúteis, afinal, ele não iria derrotar Bob Rondres adivinhando o que ele ia fazer ou lendo escrituras antigas.

No fim de abril, Luna dera luz à dos meninos gêmeos chamados Lysander e Lorcan, que Tiago quase levara uma detenção por tentar visitar a casa dos Longbottom com a lareira da Sala Comunal da Grifinória. Neville acabou descobrindo e, no fim, acabou convencendo Luna de que o garoto daria um bom padrinho, embora Alvo continuasse desconfiando que o irmão implorara isso ao diretor.

As provas finais não foram, afinal, tão difíceis assim, graças às revisões de Rosa. Os garotos passaram duas semanas inteiras lendo e relendo os livros de História da Magia, decorando os ingredientes das poções, as mexidas no sentido anti-horário, os Feitiços certos, as propriedades das plantas, mas, tudo valeu a pena, pois estavam todos com a consciência limpa quando chegaram as férias de junho antes de saberem as notas.

Aliás, as férias de junho foram um verdadeiro presente. Tiago tentara dar um mergulho no lago da lula gigante, mas Chollobull viu no exato instante em que ele ia saltar e tirou dez pontos da Grifinória, mas o garoto acabou derrubando Scorpius acidentalmente no lago, o que já valera a alegria de todos, pois foi só gargalhadas quando viram o garoto correndo com medo da lula.

O único que não estava tão feliz com as férias era Pedro Lepos, que ainda estava emburrado com a perda do Campeonato e, mesmo que alguns sonserinos se atrevessem a rir de Tiago pelas costas, o garoto não parava de repetir que era tudo culpa do horrível capitão que eles tinham. Mas a perda do jogo tivera um lado bom, pelo menos, Tiago agora havia deixado Amy de lado (“Nada pode me atrapalhar nessa minha jornada rumo ao sucesso como um grande apanhador”, ele disse).

Apesar de que muitos estivessem um pouco apavorados com o fato de que Bob Rondres estivesse à solta novamente – o que Alvo achava muito ridículo, pois ele já estava à solta há quase um ano -, Neville estava muito feliz.

-É por que sabe que seus filhos estarão seguros com um padrinho como eu. –comentava Tiago em voz alta. –Ah, eu não falei? Sim, eu serei padrinho dos filhos do diretor Neville Longbottom...

-Coitados... –riu Joshua, que ia passando.

-Por quê? –perguntou Tiago. –O padrinho sou eu, não você...

E a mesa da Grifinória riu, mesmo que Alvo não achasse isso muito engraçado, mas, afinal, eles só queriam rir dos sonserinos já que não podiam mais ganhar deles pelo Campeonato das Casas.

-E então... Mais um ano se passou. –disse Neville, se levantando. –Podemos dizer que este foi tão cheio de surpresas quanto no ano passado, não? O quadribol... As aulas... Enfim, espero que todos tenham aproveitado o máximo, mesmo com as detenções. –seu olhar recaiu, Alvo notou, sobre Tiago e Fred. –Mas agora vamos ao que interessa.

-Eu não disse? –comentou Tiago. –Ele está tão feliz que nem vai fazer um discurso de meia hora, o que um bom padrinho não faz com as pessoas...

-... Em quarto lugar, Lufa-lufa com duzentos e quatro pontos. –a mesa da Lufa-lufa aplaudiu, a da Grifinória também, afinal, já tinham perdido mesmo, o que adiantava? –Em terceiro lugar, Grifinória com duzentos e vinte e seis pontos.

Foi uma zoeira total. Os grifinórios berravam e comemoravam como se tivessem ficado em primeiro, o que acontece é que eles não esperavam chegar a cem pontos, duzentos e vinte e seis era mais que o suficiente.

-Eu disse que não havia perdido trezentos pontos naquela noite! –disse Tiago para Alice.

-Pois devia, você é muito travesso e faz coisas erradas. –Alvo deu uma boa gargalhada, esse era o bom de ter Alice como amiga, ela não tinha medo de dizer a verdade para os outros.

-Do que você está rindo, Ranhoso? –retrucou Tiago emburrado.

-... E em segundo lugar –fez-se total silêncio no Salão Principal –Sonserina com trezentos e quarenta e oito pontos. Corvinal ganha a Taça das Casas!

O salão irrompeu em palmas no mesmo instante em que surgiu uma linda decoração azul e bronze com corvos nas faixas. A mesa da Sonserina não pareceu nada feliz com o resultado, e nem aplaudiu.

-Aqueles nojentos... –disse Carlos. –Não se contentam com nada além do primeiro lugar, não é?

Alvo assentiu, mas mesmo assim foi divertido ver a cara de Joshua, Dominique e os irmãos Jofrey. Scorpius, leal aos amigos, também não estava com nenhum sorriso no rosto.

Aquela noite foi realmente muito boa. Eles sentaram nas poltronas em frente à lareira e Alvo lembrou-se com clareza dos momentos desse ano, ou melhor, dos incríveis fatos históricos que aconteceram em seu segundo ano em Hogwarts. Ele voltou às boas com o irmão, embora achasse que Tiago achava mais divertido quando brigavam; ele viveu aventuras com os Marotos; pagou detenções com os Marotos; quase foi expulso com os marotos; mas, apesar disso, ele riu, brincou e se divertiu com os Marotos; participou de um plano em que jurou que seria a última coisa que faria em Hogwarts; redobrou seu ódio por Scorpius e pelo seu pai; viu seus avós e seu tio Fred pela primeira vez e, mesmo que nunca mais fosse vê-los novamente, já valeu a pena, afinal, aqueles que amamos nunca nos deixam realmente; perdeu o Campeonato de Quadribol; viu  Bob Rondres e descobriu que o próprio poderia tê-lo matado várias vezes antes, como Lotho; teve, mais uma vez, a oportunidade de lutar contra o bruxo e outra vez saiu vivo, mesmo que jurasse que seria seu fim;

Um sorriso se alojou em seu rosto enquanto ele olhava pela janela a magnífica vista que a torre da Grifinória lhes privilegiava das propriedades de Hogwarts, porém seus pensamentos estavam longe, muito além do Salgueiro Lutador ou da cabana de Hagrid... Ele se lembraria daquelas coisas nitidamente, mesmo depois de adulto.

Mas essas coisas todas, afinal, serviram para alguma coisa, ele sentia que realmente estava ficando mais corajoso, e – ele sorriu ao pensar nisso – quem sabe isso não ajudaria a derrotar Bob Rondres?

E, mesmo com todas essas coisas, Alvo sentia-se feliz por saber que a Pedra do segundo irmão Peverell estava bem longe das mãos de Rondres, pois o garoto odiaria pensar na ideia de ter que combater dois Lordes das Trevas, mesmo que a Pedra não pudesse realmente trazer as pessoas de volta...

Mas, como dissera Tiago, a vida continua, e simplesmente não havia motivos para que ele ficasse com medo do que estava por vir. Como um dia disse-lhe seu pai, o que tiver que ser será, e ele faria o máximo para que quando a hora chegasse, estivesse pronto.


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Notas finais do capítulo

Gostaram???? Última chance pra vocês recomendarem, hein... Aqui a terceira temporada: http://fanfiction.com.br/historia/368067/Alvo_Potter_E_O_Mensageiro_De_Borath