Ismira escrita por Giu Sniper


Capítulo 7
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente minhas desculpas pela demora, vou fazer de tudo para que isso não aconteça novamente, ok?
Esse é um capítulo em POV Ismira, não ficou dos melhores mas acho que o final compensa. Vejam o que acham.



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Uma única mochila com algumas poucas roupas e provisões, o cabelo preso em um rabo de cavalo e vestindo malhas de montar. O dia amanheceu nublado, com ar de despedida, a brisa fria batia em sua testa, congelando as imagens daquele dia para que ela nunca se esquecesse de casa.

Sundavar vinha logo atrás, caminhando e cambaleando, seus olhos negros brilhavam a luz do Sol, como que por ser sombra, a luz lhe completasse.

A despedida mostrou-se muito mais difícil do que pensava, em Carvahall tinha tudo, tudo que conhecia estava lá, tudo! E se já não bastasse sair do seu ninho, também partia do continente. Seu destino? Uma ilha. Repleta de dragões e gente das mais distintas raças unidas por um único elo, seus dragões. A saudade chegou antecipada, como se ela já não estivesse ali há tempos, mas, diferente do que imaginara, nenhuma lágrima corria por seu rosto, como se estivesse recusando-se a partir.

— Adeus, minha filha, vamos sentir saudades. — disse-lhe sua mãe em meio a lágrimas e abraços

— Não, mãe, não há adeus, eu vou voltar. Eu prometo.

— Claro que sim, tenho certeza de que você voltará.

Depois foi a vez de seu pai despedir-se. Ele segurou suas mãos nas dele e lhe disse:

— Ismira, lembre-se: nada nunca acontece do jeito que a gente planeja, mas pode terminar do jeito que a gente quis, basta se dedicar àquilo. Li uma coisa uma vez em um livro sobre a língua antiga que quero que leve consigo. Seria mais ou menos assim: Atra guliä, on ilian tauthr ono un atra ono waíse sköliro fra rauthr. — as palavras a fizeram sorrir, certa vez Hodric lhe dissera o que significavam.

— Que a sorte e a felicidade sigam-no e que você seja protegido contra o infortúnio. — ela respondeu

— Exatamente! — ele lhe retribuiu o sorriso.

O último abraço, o da verdadeira despedida, foi o mais difícil de suportar, ainda assim, nenhuma lágrima lhe descia rosto abaixo. Chamou Sundavar e então partiu.

Já estavam viajando há uma boa quantidade de horas quando pararam para comer. Os planos de Tauron eram seguir de Carvahall até Therinsford, onde reabasteceriam os mantimentos, e continuar seguindo para sul; voltariam a parar em Yazuac ou Daret para novamente tomarem posse de mais provisões. Depois, continuariam seguindo para sul, até chegassem por fim ao Lago Leona, onde se instalara o acampamento dos novos cavaleiros e, se fosse o caso, esperariam pelos restantes. Após todos os cavaleiros estarem reunidos seguiriam para Teirm, de onde, enfim, sairia o barco para a ilha. Tinha, sem dúvidas, uma grande viagem pela frente.

— Tauron, você já foi lá? — perguntou enquanto se servia de pão e queijo

— Lá... Onde?

— Ora, na ilha, para onde mais seria?

— Ah, não, nunca estive lá, infelizmente, mas ouvi dizer que é um lugar maravilhoso.

— Acho que eu vou acabar descobrindo, então. — Ismira se permitiu uma pequena pausa — Quanto tempo vai durar a viagem?

— Qual viagem? Aquela até o Lago Leona ou aquela até a ilha?

— Eu estava pensando na primeira opção, mas agradeceria se me desse ambas as respostas.

— Bem, eu diria que a viagem a cavalo vá durar mais uma semana. Dentro de duas semanas provavelmente estará vendo seu tio, isto se o mar estiver ao seu favor.

— Pensava que essa ilha era mais próxima.

— Até poderia ser — Tauron fez uma longa pausa até terminar —, mas nada é tão fácil.

Uma viagem à cavalo não é coisa fácil de se suportar, só quem o fez sabe o quão desconfortável é. Ismira e Tauron enfrentaram chuva apenas nos dois primeiros dias, os seguintes foram secos e de muito calor. Por vezes a poeira subia com a batida ritmada dos cascos dos cavalos no solo, fazendo-a espirrar, esses foram os piores dias, a chuva ao menos não lhe exauria.

Ismira já estava muito cansada quando ela e Tauron finalmente avistaram o acampamento. Sundavar dormia, tranquilo, preso à cela naquela tarde ensolarada. Ismira podia ver as tendas do acampamento ao longe, não havia muita gente.

— Se formos mais rápido dá pra chegar lá em uma hora. O que você acha? — Tauron perguntou-lhe

— Pode ser uma boa ideia. — concordou, pondo o cavalo a galope.

Chegou ao acampamento um pouco antes do elfo. O chacoalhar do cavalo havia despertado Sundavar de seu sono. Ismira desmontou do cavalo e retirou o dragão da sela com um pouco de dificuldades, ele havia crescido bastante estava ficando cada vez mais pesado, e o pôs no chão; ele se esticou e seguiu à procura de água. Ismira o seguiu logo depois de dar as rédeas do cavalo à Tauron.

O vento batia fresco pela primeira vez desde que chuva cessara. Sentou-se na beirada do rio na companhia de Sundavar. O Lago Leona era muito maior do que ela imaginava que fosse. Estavam acampados na margem leste do lago, e se semicerrasse os olhos era possível ver Dras-Leona bem ao longe. Ismira provou um pouco da água doce do rio, era límpida e fresca. Sundavar, que já havia matado sua sede recostou a cabeça em seu joelho e encarou-a com um par de olhos de ônix. Aqueles olhos: tão profundos e penetrantes... Podia-se se afogar naqueles olhos.

— Ah, Sundavar — suspirou enquanto acariciava a cabeça do dragão —, por que as coisas nunca acontecem do jeito que a gente quer? — devaneava. Na sua mente, várias imagens: o anel, o ovo, Hodric... O que? Hodric? Quem? Havia prometido a si mesma que não voltaria a pensar naquele palerma idiota, afinal ele nem ao menos existia. Ismira levantou-se de sobressalto, precisava parar de pensar e arrumar algo para fazer.

Ismira achou trabalho na improvisada cozinha do acampamento. Uma mulher baixa e de pele negra cozinhava para todoso, de forma que era evidente que precisasse de ajuda. Ismira ofereceu-se para picar a carne e foi muito bem recebida. O cheiro sangrento que emanava daquele pedaço de boi era super bem vindo, Ismira não via carne desde que Sundavar parou de necessitar que ela e Tauron lhe dessem alimento, e havia mais tempo ainda desde a última vez em que a comera.

Todos os dragões que estavam no acampamento já saíam para caçar, de forma que em um dado momento sentiu-se a falta deles, o mesmo momento em que as barrigas de todos já pediam comida.

O fato de haverem apenas três cavaleiros no acampamento não significava que haviam poucas pessoas. Um elfo embaixador acompanhava cada um dos cavaleiros de dragão, mais a mulher que ajudara na cozinha e alguns camponeses que aproveitaram a companhia para migrar. Todos haviam se sentado em volta da fogueira para jantar assim que a noite caiu, havia carne e também comida vegetariana para os elfos, ninguém disse uma única palavra, até que por fim se retiraram ao fim da refeição.

Ismira não conseguia dormir, tinha o sono inquieto; por isso, estava lendo. Havia colocado o livro “Dragões e seus Cavaleiros” na mochila antes de sair de casa, não o havia aberto desde que Sundavar eclodira para ela e a marcara com a Gedwëy Ignasia, negra, na palma da mão. Com uma vela na mão e sob a luz do luar devorava o que restava do livro, estava tão concentrada que nem reparara quando Sundavar havia chegado e se enrolara ao seu lado para dormir. Ela ia lendo folha a folha, capítulo a capítulo até o momento em que, no meio de uma frase, o livro acabou. Cem páginas de puro branco amarelado, sem nada escrito. Cem páginas de puro desentendimento e mistério. Cem páginas de... Espere, o livro não tinha todas essas páginas em branco, uma página, uma única página no meio de todo aquele desespero silencioso, uma página com anotações à lápis...


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler o capítulo, eu sei que houveram outros bem melhores mas foi o que eu consegui escrever dessa vez.
Espero os reviews.



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