Ismira escrita por Giu Sniper


Capítulo 6
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Bom, gente, espero que gostem desse capítulo, quanto mais escrevo, mais tenho que escrever.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/318766/chapter/6

Hodric. Por que estava tão estranho? Por que viera ali se não tinha nada para dizer? Quem ele era?

Tinha o rosto mergulhado no travesseiro desde que seu pai deixara seu quarto. Pensava e fim, nada mais. Partiria com Tauron assim que o ovo eclodisse, quanto tempo levaria ninguém sabia. A princípio Ismira havia torcido para que o ovo se demorasse, não queria se despedir dos seus pais tão logo, mas agora... Agora já não se importava mais, queria sair logo dali, quando mais longe de Hodric ela estivesse melhor. Ele... Ele... Hodric. Sempre confiara nele e então... Chega! De que importava o passado? Uma coisa era fato, Hodric não se importava mais, então por que ela deveria fazê-lo?

Tirou a cabeça do travesseiro e sentou-se. No criado mudo, ao lado de sua cama, onde antes havia um castiçal e um livro, agora estava o negro ovo de dragão, pegou-o nas mãos, estava quente, mas não a ponto de queima-la como da primeira vez, mas algo não mudou, o anel, este havia voltado a brilhar e vibrar em seu dedo. Por que? Pelo mesmo motivo que tudo de uns dias para cá era feito de porquês.

Pela primeira vez Ismira parou para contemplar toda a beleza que havia naquele ovo e imaginar o dragão que nasceria para ela. Nunca antes havia parado para pensar o quão maravilhoso seria um dragão, o pouco de sua aparência que conhecia restringia-se a algumas escamas do focinho de Saphira, que por vezes via no espelho da sala enquanto falava com seu tio, e só aquilo já era tão majestoso... Pegou-se pensando que nome poderia dar ao dragão, talvez se soubesse alguma coisa na língua antiga... Quem sabe pudesse encontrar algo na biblioteca da sua casa depois do almoço. Logo após a guerra, Roran, seu pai, dedicou-se a aprender a arte das letras, gostara tanto que criara uma enorme biblioteca no segundo andar da casa, Ismira sempre achara de tudo por lá, nada impedia que houvesse algo sobre dragões ou a língua antiga.

Quanto ao anel, talvez pudesse questionar sua mãe sobre ele. Por que ele reagia daquela maneira sempre que ela encostava no ovo ou quando Ho...? Não, não havia “ou”, não havia Hodric. O anel só reagia quando tocava o ovo de dragão, sempre fora assim.

Ismira sentou-se a mesa junto a sua mãe enquanto esperava seu pai e Tauron para o almoço. Sobre a mesa, alojados nas panelas tinham grãos e salada, afinal, naquela casa não se comia carne quando haviam elfos hospedados. Ismira decidiu então iniciar o interrogatório:

— Mãe, eu tenho uma pergunta.

— Então faça-a — ela repondeu com um tom de curiosidade

— Quando... Quando você colocou o anel, pela primeira vez, o que você sentiu?

— O anel... Que anel? A aliança que eu e seu pais usamos?

— Não, mãe, o anel de ônix.

— Anel de ônix? — ela falou vagarosa e pausadamente

— É mãe, o anel... — Ismira parou de repente, ela não se lembrava do anel? Como? Ela mesma o havia lhe dado, era uma jóia de família. — Nâo, não há anel nenhum, esqueça, devo ter sonhado com ele. — O rosto da sua mãe assumiu uma expressão desconfiada, mas ela acabou concordando

— Bom, então está bem. — ela deu uma leve risada. — Mas alguma pergunta?

— Não... — fez uma pausa — Quer dizer, sim. Mãe, você tinha alguma jóia de família?

— Ah, sim, tinha, uma correntinha de prata, tão linda, leve e tênue, você quase não percebia que a estava usando. Mas receio que tenha sido levada por saqueadores quando tivemos de deixar Carvahall, infelizmente. Mas por quê da pergunta?

— Nada, apenas curiosidade. — pereceu a Ismira que sua mãe hesitaria e a encheria de perguntas, mas ela não o fez, consentiu e calou-se, Roran e Tauron haviam chegado para o almoço, a salada estava deliciosa.

Ismira encontrava-se sentada em sua cama, tinha um dicionário da língua antiga de páginas amareladas que achara na biblioteca pousado sobre as pernas e o ovo negro logo a frente, não podia esquecer um pequeno volume sobre dragões que descançava sobre o criado-mudo.

— Um nome, u nome... — ela dizia enquanto examinava a capa, verde e dourara, do enorme livro — É meio difícil escolher um nome, não? Nem lhe vi ainda!

Quando abriu o dicionário uma nuvem de poeira fê-la espirrar, era de certo um volume bem antigo.

— Adurna, água. Aiedail, a estrela da manhã. Audr, em cima. — leu — Como eu vou achar algum nome aqui? Presumo que você não gostaria de se chamar água, não? — Ismira voltou a fechar o enorme volume e pousou-o sobre a cama, trocando-o pelo outro. — Dragões e seus cavaleiros — leu o título, o livro tinha capa dura, rubra e de título prateado, com aproximadamente quatrocentas páginas amareladas pelo tempo, assim como a maiorida dos volumes da biblioteca. — A história dos dragões e dos caveleiros começa há muito tempo, quando um jovem elfo mata um dragão, dando início a uma guerra... — ela lia em voz alta, tanto para ela quanto para o ovo. Era sem dúvidas uma história impressionante.

As horas foram passando sem que Ismira percebesse, normalmente isso acontecia quando ela se prendia em algum bom livro, a noite já caía quando um barulho a fez interromper a leitura; olhou por cima das páginas do livro em busca do causador do som, que era algo como um crack ou um tum-dum. Voltou para sua leitura, mas logo foi novamente interrompida pelo mesmo som, e novamente não soube de onde viera, de modo que retornou a leitura para logo depois ser interrompida por uma sucessão contínua do mesmo som. Ismira fechou o livro no mesmo momento em que o ovo de dragão rolara para o chão, fabricando um baque surdo quando batera em seu encontro. A garota levantou-se rapidamente, achara que derrubara o ovo, e já ia pedindo desculpas quando se deu conta do que estava acontecendo.

O ovo girava e rolava sobre o chão como se estivesse em uma luta interior, o livro não dizia como era exatamente quando os dragões eclodiam seus ovos, mas naquele momento ela estava para descobrir. Sentia o anel vibrar em seu dedo, mas não chegou a vê-lo para saber se brilhava, não desgrudava os olhos do epsódio que estava presenciando. Em um momento o ovo bateu-se de encontro com o pé de sua cama com tamanha força que fez com que o dicionário se derrubasse, causando um estrondo e levantado uma enorme nuvem de poeira, e então o ele se sossegou, a casca havia rachado. Estava se abrindo. Quebrou-se. Ismira o viu sair de dentro do ovo, era tão pequeno e tinha uma aparência indefesa, difícil de acreditar que se veria em um dragão; tinha escamas negras cobrindo-lhe o corpo, tão negras quanto seus olhos e sua língua, a qual ele punha para fora da boca no objetivo de reconhecer o ar à sua volta.

A garota aproximava-se cautelosamente, um passo de cada vez, maravilhada com a beleza do filhote, olhava-o nos olhos, assim como ele também o fazia. Um aproximava-se do outro, quase que inconsientemente, até que ficaram próximos o suficiente para que Ismira erguesse sua mão direita para toca-lo, nesse momento sentiu a magia dele penetrar seu corpo, subindo por seu braço acima, sentia parte da energia concentrar-se na palma da sua mão, onde uma onda enérgica, por vezes fria e por vezes quente formava uma marca. Era uma marca negra, havia lido no livro sobre ela, a Gedwëy Ignasia, em bora nele não houvesse uma única parte em que ela fora descrita, sabia que era ela. A marca brilhava, um brilho negro e matálico.

A cavaleira e seu pequeno dragão sentiam sua ligação tornando-se cada vez mais sólida enquanto a pele de um se encontrava em contato com as escamas do outro, uma sensação única e mágica. De repente um barulho fez com que o contato visual se interrompesse, o som era como um estalo que ia e vinha saída do ovo, agora rachado, que permanecia ao lado do pé da cama, o filhote de dragão tomou posição de ataque, como se soubesse exatamente o que os esperava, talvez o soubesse. O que aconteceu a seguir pareceu a Ismira um sonho, de dentro do ovo saiu um outro dragão, de escamas azul-petróleo, bem menor do que o dragão negro. Em algum momento, Ismira não sabia exatamente qual, os dois dragões se atracaram no chão do quarto, nesse momento o tamanho não se mostrou uma vantagem para o dragão negro, já que o outro acabou por ser mais rápido. Mesmo querendo chamar por ajuda, era como se as cordas vocais de Ismira simplesmente decidissem que não era um bom momento para falar. Ela nunca havia ouvido falar antes que seria possível dois dragões saírem de um mesmo ovo, mas aquilo era fato, e naquele momento os dois dragões lutavam em sua frente, faziam barulho ao se encontrarem com os movéis, quase que derrubando-os. E ela incrivelmente não fizera nada para defender seu precioso dragão negro, seu parceiro de mente e alma, isso até que o outro dragão, o menor atacasse o pescoço do seu companheiro fazendo o sangue jorrar, rubro. Ismira avançou até os dois para tentar apartar os dentes do dragão azul do percoço do negro, mas quando tentou fazê-lo o primeiro dragão mordeu-a profundamente na mão esquerda, arrancando-lhe um grito de dor, ao menos ele já não estava tentando matar o seu dragão. Nesse momento percebeu que os olhos do dragão negro brilhavam de raiva, e aproveitando-se do momento de distração do outro, atacou para matar, havia sangue espalhado pelo chão e algumas gotas machavam as páginas do dicionário, o qual havia se aberto.

— Sundavar, — leu — sombra.

Apenas nesse momento Ismira percebeu seu pais e Tauron parados na porta do quarto com expressões estupefatas no rosto. Eles haviam visto o suficiente.

Já era a manhã do dia seguinte, os pássaros cantavam em sua janela e os raios de sol da manhã davam ao quarto um banho dourado de luz. Ismira tinha a mão esquerda enfaixada, Tauron havia se oferecido para curá-la com magia, mas ela se recusara, preferia manter as cicatrizes, assim podia lembrar-se sempre daquele dia com bastante clareza. Alguns dias se queria esquecer, mas aquele era um que precisava ser lembrado, mas agradeceu ao elfo por ter cuidado do ferimento do seu dragão. Sundavar descansava, negro, na outra ponta da cama, ele merecia o cochilo.

O anel, Ismira pensava que era uma joia de família, a própria mãe havia lhe contado isso, mas a mesma o havia negado depois, como se nunca houvesse posto os olhos nele. O que teria acontecido? Mais um mistério que tinha para descobrir.

Havia conversado com seu pai: por conta do acontecimento incomum do nascimento de Sundavar, na noite anterior, sua partida com Tauron havia sido adiada para o dia seguinte. Logo estaria na ilha dos Cavaleiros, aprendendo com o tio.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Pois é, espero que tenham gostado. Fiquem à vontade para dar as sua críticas.
Espero que gostem. Espero seus reviews.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ismira" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.