- Eae, dá pra conversar agora ou nem isso?

~Lily on~

Ele arqueou uma sobrancelha e abriu passagem pra mim.

- Entra. – Entrei e sentei na cama. – Vou só escovar os dentes. – Assenti. Ele não demorou, voltou logo depois. Ele olhou pra mim como se me esperasse dizer alguma coisa.

- Eu nunca ia fazer aquilo com você. – Ele não falou nada. – Não dá pra conversar sendo que só eu falo.

- Eu não desconfiei de você.

- Ah não? Você me perguntou se eu ia pra casa dele. Perguntou aquilo pra que? Por achar que eu ia jogar War junto com o Andrew?

- Eu falei sem pensar. – Ele suspirou. – Desculpa? Sério.

- Poxa, Derek. Que você tem ciúmes, eu até acho bonitinho. Mas desconfiar de mim foi demais, não acha, não?

- É... Acho. – Ele disse de cabeça baixa. – Eu agi sem pensar. Desculpa? – Ele disse olhando pra mim e sentando do meu lado.

- Não vai mais fazer isso? – Perguntei choramingando. To falando tudo choramingando hoje. Damn.

- Não. – Ele pegou na minha mão. – Desculpa? – Sorri de canto.

- Desculpo. – Ele sorriu e me deu um selinho.

(...)

- Quer fazer o que hoje? Eu ainda quero ir na Camden Town. – Derek me disse. Eu tava quase dormindo abraçada com ele e com a cabeça encostada no peito dele. Ele tava fazendo carinho nas minhas costas e nos meus cabelos.

- Daqui a pouco a gente vai. To com preguiça agora. – Falei e me agarrei mais a ele. – Que horas são?

- 14h00.

- A gente tem muito tempo pra andar por lá.

- É, mas daqui a pouco vai ficar tarde. – Me sentei na cama.

- Quero chocolate.

- Do nada? – Assenti. – Quando a gente descer, eu compro tá?

- Tá.

- Eu vou tomar banho então. Vamos lá mesmo?

- Vou ver com eles. – Disse entrando no banheiro. Derek entrou no banho e eu arrumei meu cabelo. – Vou lá ver se eles vão ok? Fica pronto em 20 minutos.

- Tá. – Ele respondeu e eu fui até o quarto do meu pai. Bati na porta e ele abriu.

- Oi filha.

- Oi pai. – Disse e dei um beijo na bochecha dele. – Quer fazer o que hoje?

- Qualquer coisa, na verdade. – Ele disse e riu fraco.

- Eu e o Derek vamos tipo numa rua misturada de galeria que tem um monte de gente esquisita, mas é legal. Quer ir?

- Pensei que vocês tinham brigado.

- Ér... Mas a gente já se resolveu.  – Disse e dei um sorriso de canto. – Você vai?

- Só se eu não for ficar de vela. – Rimos fraco.

- Não, o Ryan vai também. – Ele assentiu. – Vou chamar ele.

- Ok. Vou me arrumar. – Assenti.

- Se arruma em vinte minutos? – Ele assentiu de novo e entrei na porta ao lado.

- Não sabe bater, garota?

- Nos dois casos, sei. – Ele tacou uma almofada em mim.

- Sua nojenta. – Dei de ombros.

- Tá pronto já?

- Pronto pra que?

- Vamos sair daqui 20 minutos.

- Só vou trocar de blusa.

- Tem falado com a Katy esses dias?

- Aham. Mas não muito. Ela tá na casa de uma tia dela. – Fiz careta.

- Tadinha. – Disse e ele riu de lembrando de algo.

- Ela disse que só tem criança e velho lá. “Sou a única jovem e bela daqui”. – Ele disse a ultima frase numa tentativa falha de imitar a voz dela. Ri fraco.

- Nem se acha a rainha do Nilo. – Ele riu fraco. Deitei na cama de barriga pra baixo.

- Tá fazendo o que?

- Descansando.

- De novo? Quantas vezes por dia você tá descansando? – Dei de ombros e ele deitou de lado em cima de mim, formando tipo um X com os nossos corpos.

- Ai, garoto. Você é pesado, sabia?

- Só um pouco mais que você. – Empurrei ele, que caiu da cama. – Olha a violência.

- Eu to gorda?

- Eu não disse isso. E machucou, sabia?

- Você disse que eu to quase do seu peso. – Disse choramingando. Ai Deus... To na TPM. Ele revirou os olhos.

- Foi uma brincadeira. – Fiz bico. - Para de ser fresca. E tira esse bico da cara. – A porta abriu e o Derek entrou.

- Vocês tão bem?

- Sim.

- Não. Eu não to. – Disse ainda choramingando. Eles arquearam uma sobrancelha.

- Por que não? – Derek me perguntou e o Ryan revirou os olhos.

- Eu to gorda.

- Ah cala a boca. – Ryan disse tacando uma almofada em mim. Fiz bico de novo.

- Amor, você não tá gorda. Tá gostosa. É diferente. – Ryan olhou pra ele.

- Ela é minha irmã!

- E daí? É minha namorada. – Dei de ombros.

- O pai vai demorar? – Ryan me perguntou.

- Não sei. Ele já deve tá quase pronto.

- Cheguei já. – Ele disse brotando na porta. Levantei, ajeitei meu cabelo e fomos.

(...)

- Olha, aquele lojinha parece ser legal. – Falei e Derek revirou os olhos enquanto o Ryan bufou. Meu pai só olhou pro céu como se pedisse uma ajuda divina. – Que foi?

- Já é a decima loja que você quer entrar e certeza que não vai levar nada de novo. – Ryan disse.

- Vou sim. E eu to procurando algo pra Megan e pra Katy, sabia? E pro Drew também, se não ele dá ataque de ciúmes. – Dá ultima vez, ele começou a fazer drama dizendo que eu não gostava mais dele e que eu era uma “cabrita egoísta”. Devo isso a Megan, aquela linda, que só me chama assim.

- Se você não comprar nada, a gente vai pra outro lugar. – Meu pai disse e eu assenti revirando os olhos. Entramos na loja e fui até a parte dos objetos.

- Olha que meigo. – Disse pro Derek. Era uma bailarina com a roupinha branca.

- Pra Megan?

- É. Achei a cara dela, apesar de ser meigo demais. – Ele riu fraco.

- Também achei a cara dela.

- Então, vou levar. – Disse entregando pra ele segurar. – Tenho que achar algo pra Katy. – Disse pensativa.

- Acho mais fácil ver nas partes das blusas. – Ryan disse e eu concordei.

- E pro Drew na parte dos CD’s e DVD’s? – Ele assentiu. Fomos até a parte das roupas ver uma blusa pra Katy. Fiquei lá olhando e vendo algo com “a cara da Katy”. – Acho que não vai ter nada aqui. Mas tem uma na próxima quadra que talvez tenha.

- Como não tem nada? Aqui tem praticamente tudo! – Meu pai disse.

- Exatamente. Tem “praticamente” tudo. Vamos levar só a bailarina.

- E onde tem uma loja de CD’s? – Derek me perguntou.

- Na próxima quadra também. – Pagamos o presente pra Megan e saímos da loja. Meu pai e o Ryan iam na frente e eu e o Derek atrás abraçados.

- Derek, já viu lugar pra morar?

- Na Califórnia?

- É? Onde mais? – Disse e ri fraco, fazendo ele rir comigo.

- Eu vou no próximo final de semana ver o apartamento com a minha mãe. Ela tá me ajudando a ver isso.

- Ah... To louca pra ver como vai ser.

- Vai pra lá quando?

- Não sei. Meu pai disse que vai ter uma audiência pra decidir minha guarda definitiva. Nem sei pra que isso. Ano que vem já faço 18 e me torno maior de idade. – Disse revirando os olhos.

- Quando vai ser essa audiência?

- Daqui a quase dois meses, que é quando completa seis meses que eu to aqui.

- Vou te ter de perto de novo. – Ele disse sorrindo e me abraçando. Sorri junto. Dois meses. Isso é quase nada pra quem já aguentou o dobro disso aqui.