~Derek on~

Lily dormiu aqui ontem de noite. Acordei ela com selinhos. Depois disso me veio algo na cabeça. “Achei que iria ter uma surpresa pra ele quando ele chegasse.” Foi o que a Hanna disse ontem no jantar. Eu sei que ela odeia a Lily, mas ela não diria algo que eu não soubesse. Só que o jeito que a Lily ficou, quase desesperada, foi estranho demais. E, pra mim, isso tinha alguma coisa a ver com o tal Andrew.

- Amor? – Ela me chamou. Ela tinha perguntado o que a gente iria fazer agora.

- Oi? Ah, por enquanto nada. – Ela insistiu, mas não falei nada. Depois do jantar eu vejo isso com ela. Deitei no peito dela e tava quase dormindo de novo quando o Ryan invade meu quarto.

Depois dessa cena um tanto quanto constrangedora, fomos tomar café da manhã. Lily teve que enrolar o pai dela, claro. Ficamos conversando sobre qual lugar iriamos. Sugeri a Chinatown daqui. Até que a Lily sugeriu que levássemos alguém.

– Quem? – Ela pigarreou.

– Andrew.

– Tá falando com ele depois daquilo, Lily? – Perguntei irritado. Po, ela tá falando com ele de novo e nem me diz nada? Que bacana... Ela deu de ombros e o Ryan mudou de assunto. Depois disso não falei mais nada. Ela sabe muito bem que não gosto dele e que ele gosta demais dela pro meu gosto. Não confio nele e ela também sabe disso. Aí depois de meses sem nos ver, ela sugere que ele vá com a gente no passeio. Legal isso, bacana...

O senhor Montes foi pagar e o Ryan foi comprar sei lá o que. Ficamos eu e ela na porta do restaurante. Não tava afim de conversar. Percebia o olhar dela em mim, mas tava concentrado demais olhando pro teto pra olhar de volta pra ela.

– Dá pra pelo menos olhar pra mim? – Bufei e olhei pra ela.

– Quer que eu diga o que?

– Dá pra parar com isso?

– Ia me contar quando que vocês tão se falando?

– Mas eu te contei. Na verdade eu ia contar depois que saíssemos da London Eye. Era isso que você tava pensando hoje de manhã?

– Se for o que a Hanna queria falar, era. Quando voltaram a se falar?

– No dia que você me contou que ia vim.

– Hm... Já saíram juntos? – Essa pergunta praticamente escapou da minha boca.

– Oi?

– Eu perguntei se vocês já saíram juntos.

– Já. Almoçamos juntos outro dia. Como amigos, óbvio. Vai começar aquela história de novo? – Ryan e o senhor Montes tavam se aproximando e eu não respondi.

(...)

O resto do dia não tocamos mais no assunto. Estávamos nos falando, mas ainda tava estranho o clima entre a gente. Ainda iriamos na London Eye. Agora a gente tava na fila pra entrar quando ouço uma voz.

- Mas olha quem eu encontro aqui! – Hanna disse numa felicidade totalmente falsa e se aproximando de nós. Pude ouvir um “damn” vindo da Lily.

- Oi Hanna. – Disse.

- Fizeram o que hoje a tarde? Andrew foi com vocês? – Ela perguntou ainda animada. Arqueei uma sobrancelha.

- Não. – Lily respondeu seca.

- Te vi almoçando com ele esses dias.

- É. Eu sei. – Lily disse seca de novo.

- Vocês tavam estranhos. – Lily revirou os olhos.

- Estranhos em que? A gente tava normal.

- É... Estranhos em que, Hanna? – Perguntei com uma sobrancelha arqueada. Ela coçou a cabeça e deu um risinho em deboche. Virei as costas e comecei a andar de volta pro hotel, que era ali perto.

- Derek. Espera. – Lily berrava atrás de mim e eu continuava andando. Ouvi passos de alguém correndo e ela segurou no meu braço. – Não vai acreditar nela né?

- E se eu for acreditar? Você nem me disse que tavam se falando. – Tirei a mão dela do meu braço e continuei meu caminho. Entrei no hotel sem ouvir a voz dela. Entrei no elevador, ela segurou a porta e entrou também.

- Eu não faria isso com você. – Não respondi e ela preferiu não falar nada. Chegou no meu andar e entrei no meu quarto, fechando a porta. Ela abriu a porta de novo. Me virei pra ela.

– Eu não to acreditando, Lily. Sério mesmo. – Disse uns 2 minutos depois.

– Mas eu não fiz nada. – A mesma desculpa de sempre.

– Engraçado, você nunca faz nada né? Acho incrível isso.

– Se eu tivesse feito alguma coisa, você acha que eu seria burra o suficiente pra contar pra você que voltei a falar com ele?

– E se contasse? – A gente tava berrando já. Ela começou a pegar as coisas dela que tavam pelo quarto. – Tá indo onde? – Ela parou e olhou pra mim.

– Acha que eu tenho cara de idiota? Você tá desconfiando de mim, falando que eu te traí com ele. Como acha que eu fico? Lógico que vou voltar pra casa.

– Você tá é fugindo do assunto.

– Não to fugindo de porra nenhuma. Só vou pra minha casa.

– Vai pra tua casa mesmo ou pra dele? – Ela me deu um tapão na cara. Ah, merda. Só quando recebi o tapa me toquei no que tinha falado. Ela tava saindo pela porta. – Não, perae, Lily. – Fui atrás dela. Ela já tava apertando freneticamente o botão chamando o elevador. – Eu falei sem pensar. Juro. A gente pode conversar...

– Conversar? Você ficou louco, só pode! – O elevador abriu e ela entrou. Segurei a porta. – Se você me seguir até o saguão, eu juro que mato você! – Ela disse alto e pude ver um casal olhando pra mim no corredor. Soltei a porta e ela foi embora. Merda. Mil vezes merda.

(...)

- Ainda não to acreditando que você desconfiou dela. – Ryan disse pela decima vez.

- Eu não desconfiei totalmente dela. Eu só... Eu não confio nele. E a Lily nem me disse que eles tavam se falando. Se fosse a Katy, você também não acharia estranho?

- Tá, eu acharia. Mas... – Arqueei uma sobrancelha. – Foi feio dessa vez? – Ele perguntou da briga.

- Ela me deu um tapa na cara. O que você acha? – Perguntei fazendo uma cara óbvia. – Eu tenho ciúmes pra caralho dela.

- Percebe-se. Mas ela tá puta ainda. Deixa pra conversar com ela amanhã, quando ela tiver mais calma.

- Esperar pela Lily calma é uma coisa irônica, Ryan. – Ela nunca ficava calma.

- Eu sei. Mas... Só espera ela ficar “normal” ok? – Ri fraco.

Voltei pro meu quarto pouco tempo depois. Iria ser melhor mesmo eu esperar a Lily se acalmar. Apesar que quem devia ficar bravo era eu. Mas, se eu tentasse falar com ela agora, a gente ia acabar brigando de novo. Espero que eu não tenha que ir embora daqui brigado com ela, mas sei que nem ela quer isso. Então, amanhã tudo vai se resolver. Pelo menos assim eu espero.

(...)

Alguém bateu na porta me acordando. Não me movi. Bateram de novo e eu levantei. Quando abri, era a Lily.

- Eae, dá pra conversar agora ou nem isso?