- Vai, Valentina. Entra logo dentro desse troço. – Eu disse contando mentalmente até dez pra não me irritar. Eu estava tentando colocar ela dentro da gaiolinha pra leva-la pra Califórnia. Meu pai vai comigo pra ver escola pra mim. Depois ele irá voltar. – São só algumas horas! – Berrei já irritada. Eu estava a mais de uma hora tentando colocar a bendita lá dentro.

- Acho melhor tentar fazer isso no carro. Já tá na hora. – Meu pai disse e eu concordei com a cabeça. Olhei pra ele, que ficou me fitando de volta. Eu to, praticamente, entrando no desconhecido indo pra lá. Mas nem ligo.

- Você tá feliz, não tá? – Ele me perguntou. Sorri.

- Eu to. – Mordi a parte de dentro da bochecha. – Como o senhor vai ficar, agora que eu e o Ryan vamos pra outro lugar?

- Eu vou ficar bem, filha. E eu e a Elena estamos progredindo.

- É o seu melhor modo de dizer que ela vai vim morar aqui? – Disse rindo.

- Não ri não, garota! - Ele disse segurando o riso. - Agora pega essa gaiola e esse bicho e coloca no carro enquanto eu pego as malas.

- O “bicho” tem nome. – Ele deu de ombros. Coloquei a gaiola na parte de trás do carro e entrei logo depois, segurando a Valentina no meu colo. Meu pai e o Ryan vieram logo depois.

(...)

- Quando chegar lá me liga. – Ryan disse pela milésima vez. Revirei os olhos.

- Você já disse isso.

- É pra ter a certeza que você não vai esquecer.

- Prometo que não vou.

- Você tem certeza que quer ir? – Suspirei. Fiz que sim com a cabeça.

- Eu sei que você não quer que eu vá. – Disse abraçada a ele.

- Não quero mesmo.

- Eu vou ficar bem. – Disse sorrindo e ele sorriu de volta.

- Se você precisar, você sabe que eu vou pra lá né? Dane-se o horário ou o dia.

- Eu sei. – Beijei a bochecha dele.

- Vamos, Lily? – Meu pai perguntou e eu assenti. Abracei o Ryan de novo e entrei pra embarcar.

(...)

A primeira coisa que eu reparei quando entrei no apartamento, era que o Derek tinha tirado o sofá. Ri fraco soltando a Valentina. Rodei o apartamento inteiro e não o achei. Dei de ombros. Meu pai e eu deixamos as minhas coisas no quarto. Depois, fui com o meu pai pra ele fazer minha matricula.

- Aqui parece ser legal. – Ele disse. Estávamos dentro da escola. Lógico que era maior que a de Lastdille.

- Parece. Será que o povo daqui também é?

- Devem ter todos os tipos de gente.

- Com certeza.

- Tá com fome?

- To.

- Hm... Lanche ou comida?

- Se for lanche, tem...

- ...tem que ter bacon. Eu sei. – Ele disse rindo e completando o que eu estava falando. Ri fraco.

(...)

- Achei que seu pai não ia querer entrar. – Derek me disse. Tínhamos acabado de chegar em casa depois de levar meu pai no aeroporto.

- E por que não?

- Eu.

- Meu pai não é assim, Derek. Ele pode tá puto contigo, mas ele não ia te ignorar como se você não existisse.

- É... Desculpa. – Sorri fraco. – Comprei coisas pra gente essa semana. – Ele disse me abraçando na cama, já que não tínhamos mais sofá, e eu fiz cara de confusa.

- Que coisas?

- Comprei um vestido pra você, mais uma roupinha de neném, comprei o teu amado bacon, chocolate... Ah! Marquei médico pra você já. Semana que vem.

- Não esquece que tem conta pra pagar, ok?

- Eu vendi o sofá. – Ele disse sério e vi que ele engoliu em seco.

- Eu vi... Mas que dia é o meu médico? – Resolvi mudar de assunto logo de uma vez. Não queria falar sobre aquilo de novo.

- Terça. Eu vou contigo. Já pedi folga no serviço.

- Eles te deram o dia inteiro de folga? – Ele fez que sim com a cabeça. – A gente podia sair.

- Já sei um lugar pra te levar. – Ele me selou.

- Onde?

- Praia. Jardim. Restaurante. Tenho essas três opções, mas acho que vamos pra praia.

- Nunca fui na praia. – Ele me olhou.

- Tá brincando?

- Te juro. Hm... tenho que comprar biquíni, então.

- E uma saída de praia. – Ele disse como se fosse uma necessidade.

- Acho que uma saia tá bom.

- Tá bom nada. Vai ficar só com uma saia e a parte de cima do biquíni por aí? – Ele disse irritado.

- Tá bom, ciumento.

- Não to com ciúmes.

- Ah, claro. Eu que to. – Disse rindo, fazendo ele rir comigo.

(...)

- Isso aqui é muito bom! – Disse tomando sorvete. A gente resolveu dar uma volta.

- E você tá toda suja. – Fiz uma careta. Percebi que algumas pessoas olhavam pra mim como se eu fosse estranha. Talvez eu realmente seja um pouco.

- Tá escorrendo. – Eu estava com a mão lambuzada já. Derek puxou a minha mão e tomou uma boa parte do sorvete. Olhei séria pra ele. – Você já tomou o seu!

- E daí? – Fiz careta de novo. – Acho que vou comprar outro pra mim.

- Saco sem fundo. – Murmurei e ele me deu a língua. Derek ficou me olhando e depois de um tempo senti minhas bochechas esquentarem.

- Acredita que eu te amo? – Ele perguntou e eu o olhei confusa.

- Claro que eu acredito.

- Tenho medo de você não acreditar mais em mim.

- Eu to aqui, não to?

- As coisas tão diferentes.

- É tudo recente ainda. Mas tudo vai voltar ao normal. – Ele sorriu de canto e eu o abracei, o beijando em seguida.