Acordei com um barulho insuportável. Não paravam de tocar a campainha de casa. Bufei me levantando. Mas que porra. Desci e fui em direção a porta. Abri e achei que eu estava sonhando. Só Deus sabe a quantos Santos agradeci em menos de um minuto.

- Como você veio?

- De carro. Estava lotado o próximo voo depois do seu. E eu queria vim o mais rápido possível. Quando eu cheguei aqui, você não tava e seu pai me chutou daqui. Quase literalmente, mas foi com a mão. – Reparei no olho roxo do Derek. Fui até a escada e olhei pra cima. Só eu estava acordada. Me virei pra voltar pra porta, mas ele já havia entrado e fechado.

- Eu não quero falar com você. Você pode até ficar aí embaixo. Eu vou dormir.

- Só me escuta. Por favor? Se você realmente não quiser saber nada de mim depois disso, eu vou embora e não te incomodo mais. Mas, só me escuta?

- Melhor a gente ir lá pra fora pra não acordar ninguém. – Saímos pela porta da cozinha e fomos pro quintal da casa. Sentei-me no banco que tinha ali e ele sentou do meu lado. Os dois olhando pra frente. Não queria olhar pra cara dele. Era capaz de eu vomitar de novo.

- Não vou falar nenhuma mentira aqui, ok? – Dei de ombros e ele suspirou. – Eu nunca pensei em trair você. Eu realmente tava indo pra lá pra ver apartamentos. Até que conheci a Amanda. Ela é corretora. E era ela quem tava me mostrando. Até que fomos comer alguma coisa. Sabe, como amigos. Que nem você ia com o Andrew. Quando estávamos indo embora, ela me beijou. E eu tava sem ver você a muito tempo. Eu tava sentindo falta de tudo que referisse a você. Inclusive beijos e abraços. E bom, quando ela me beijou na primeira vez, eu imaginei você no lugar dela. E foi assim todas às vezes. Até quando você viu.

- É, mas eu já tinha voltado pra cá.

- Eu sei. Mas eu ainda sentia sua falta, mesmo com as duas semanas que passamos aqui juntos. E eu sei que você não queria que eu fosse pra lá. Nem eu queria ir. Mas eu precisava arrumar um emprego. – Ele suspirou. – Eu não sabia mais como levar isso adiante. Eu ia parar com isso. Juro que ia. Mas você viu... Eu sei. Eu sou um idiota por não conseguir ficar sem trair pelo menos uma namorada que eu tenha. Me perdoa? Por favor? Só mais uma chance? – Finalmente olhei pra ele.

- Eu não sei se vou conseguir olhar pra você de novo e não lembrar disso.

- Só pensa nas coisas boas que a gente já passou junto. Isso não conta?

- Um pouco.

- Então!

- Eu tenho que te contar uma coisa.

- Pode falar.

- Eu não tava indo lá só pra passar o dia com você e depois virmos juntos pra cá amanhã de manhã. – Suspirei. – Eu to gravida.

- Como? – Ele perguntou rindo fraco.

- Eu to gravida. Não como a Ellen e o pai que ela nem deve saber quem é. Eu tenho certeza que é seu porque não pode ser de outra pessoa. – Ele em beijou e sorria entre o beijo. Eu retribuí no começo, mas depois o afastei. – Isso não elimina tudo que aconteceu. Só pra deixar claro aqui.

- Sim, eu sei... Mas eu não quero que meu filho cresça sem pai. – Ouvi um barulho como se alguém tivesse se engasgando e realmente alguém estava. Era na cozinha. E estávamos do lado da porta. Fomos até lá. Era o Ryan.

- Ai meu Deus! Acho que meu irmão vai morrer! – Ele não parava de tossir. – Será que não é melhor levar ele no hospital?

- Pra minha segurança, sim. Mas acho que daqui a pouco ele volta ao normal. – Derek disse e olhei feio pra ele.

- Eu to bem. – Ryan disse depois de um tempo.

- Sabia que é feio escutar atrás da porta? – Perguntei pra ele.

- Eu não tava escutando. Eu vim beber água. Eu só ouvi a ultima parte. – Ele olhou pro Derek e foi pra cima dele. Isso vai dar merda. Eu nunca tinha visto o Ryan daquele jeito e até me assustei. Eu tentava tirar o Ryan de cima do Derek, mas lógico que ele é bem mais forte do que eu e não adiantou nada. Eu já via os olhos do Derek rolando pra cima e vi que ele já estava tonto.

- Pelo amor de Deus, Ryan! Você vai matar ele! – Ele fingiu que não me escutou e continuou batendo no Derek. Peguei a primeira coisa que vi na frente e taquei nele. Era um copo. Ele parou e olhou pra mim. – Sério, por favor, para.

- Você não deveria tá defendendo ele.

- Eu não to defendendo ninguém. Eu só to pensando no bem da criança. Eu não quero que ele nasça sem pai. – Ele levantou.

- Vem, vamos dormir. A gente conversa amanhã.

- A gente não pode ele aqui na cozinha desacordado. – Disse apontando pro Derek.

- Podemos sim. Vem. – Suspirei e subimos as escadas. Entrei no meu quarto e ele entrou depois. Deitamos na minha cama. – Você ia me contar? – Ele disse me abraçando por trás.

- Você ia saber de qualquer jeito.

- Mas eu to perguntando se eu saberia com você falando diretamente pra mim.

- Sim. Só não sabia quando.

- Alguém sabe?

- A Charlie, o Andrew e a... Katy.

- What?! – Ele se sentou.

- Eu que pedi pra não contar. Exatamente por isso. Eu queria contar pra você. – Disse olhando pra ele.

- Mais alguma coisa que eu não saiba?

- Não. – Me deitei e ele fez o mesmo.

(...)

Acordei com uma gritaria na cozinha. Ryan não estava mais do meu lado. Mas não era a voz dele. Levantei da cama e fui até o começo da escada.

- Seu filho que é um problemático! Ele me deixou aqui embaixo desacordado! E se eu tivesse morrendo?! – Era o Derek fazendo drama.

- Eu devia é colocar você a pontapés daqui de novo! – Era o meu pai. Suspirei. – Eu não te quero mais procurando a Lily!

- Isso é uma coisa que eu tenho que resolver com ela! Não com o senhor e muito menos com o Ryan!

- E você acha que ela vai querer falar com você?!

- A gente tava tendo uma conversa civilizada até o seu filho aparecer! – Ouvi meu pai rir irônico. – Eu to pensando em pedir pra Lily morar comigo.

- Você ficou louco, só pode!

- Bom, eu vou embora. Eu sei que a Lily vai querer conversar com o senhor depois. Mais tarde eu ligo pra ela.

- Eu já disse que não quero mais você procurando a minha filha! – Derek não respondeu. Depois só ouvi a porta da sala bater. Voltei pro quarto pra me arrumar pra descer. E me preparando pra falar com o meu pai.