- Não vale roubar, garotinhos. – Berrei quando vi o Taylor passando uma carta pro Andrew. Estávamos jogando Uno. Meninos contra meninas. Julie estava na casa dos pais do Taylor. A mãe dele quase implorou pra eles deixarem a menina lá quando soube que eles iriam sair.

- A gente não tá roubando. – Taylor disse rindo.

- E essa carta debaixo da coxa do Andrew? To de olho em vocês. – Disse com os olhos semicerrados. – Pode devolver a carta pro Taylor.

- Duvido que vocês não tenham uma carta escondida.

- Só por que ganhamos de vocês nas três ultimas e únicas rodadas? – Charlie disse. Andrew bufou, tirou a carta de baixo da perna e devolveu pro Taylor.

- AHÁ! – Disse.

- Não tem graça mais jogar isso. – Andrew disse emburrado.

- Aprende a perder. - Disse.

- Cara, tu é muito chata.

- Cala a boca. E vocês tão devendo 20 libras pra gente.

- Era trinta, Lily. – Charlie disse.

- Ah é, trinta libras. – Disse estendendo a mão. Taylor tirou as notas da carteira e deu pra Charlie. – Andrew?

- Tenho que pegar no meu quarto. Péra. – Dei de ombros recolhendo a mão. Logo depois ele voltou. – Toma. – Sorri.

- A gente podia ir no café que tem perto da antiga casa da Lily. Aquele que eu encontrei vocês.

- Então vamos. – Taylor disse se levantando.

(...)

- Já dormiu? – Andrew perguntou sussurrando no meu ouvido. Resolvemos dormir todo mundo na casa da Charlie. De manhã eu iria em casa pra pegar as minhas coisas. De tarde era o meu voo.

- Ainda não. To sem sono.

- Somos dois. – Fiquei olhando pro teto e vi que ele fez o mesmo no colchão ao lado do meu. – Acho que não vou pra loja amanhã.

- A loja dos seus pais? – Ele assentiu. – Por que?

- Quero te levar no aeroporto, ué. – Ri fraco.

- Meu voo é de tarde.

- Não estraga meu plano de ter uma desculpa pra não escravizado por um dia e pra acordar tarde. – Ele disse olhando pra mim e rimos.

- Sua mãe vai deixar você faltar?

- Ela disse que por isso eu podia. Você vai me ligar quando chegar né?

- Vou sim. – Ele ficou em silencio. Conclui que ele dormiu e tentei fazer o mesmo.

(...)

- Não vai esquecer de mim né? – Charlie perguntou pra mim choramingando no aeroporto.

- Lógico que não. Nem de você, e muito menos dessa coisa bochechuda. – Ela sorriu pra Julie, que estava no colo dela. Abracei as duas. – Eu não pretendo ficar lá a vida toda. E eu venho pra ver vocês, mesmo que eu tenha que ver minha mãe pra isso. – Ri fraco.

- Tchau, Lily. – Taylor disse me abraçando.

- Tchau, Taylor. – Encarei o Andrew e sorri fraco. Ele fez o mesmo e me abraçou depois. – Eu não vou sumir.

- Mesmo?

- Mesmo. – Ele levou a mão até a minha bochecha e ficou acariciando meu rosto. Engoli em seco como toda vez que ele chegava na “zona de perigo”. – Andrew, eu...

- Não precisa falar de novo. Alias, não sei por que você fica assim toda vez. Eu já te disse que não vou tentar nada. Eu respeito você e as suas vontades. – Abracei ele de novo.

- Se todas as pessoas fossem como você... – Vi ele sorrir torto. Chamaram meu voo pela ultima vez. Eu já to cansada de aeroporto.

- Até qualquer dia, Lily.

- Até qualquer dia, Andrew. – Dei um beijo na bochecha dele e fui embora acenando.

(...)

Olhei em volta procurando pelo menos o Derek. Se ele não tiver aqui pra me buscar, eu vou ficar muito puta da vida. Dei uns três passos pra frente pra ver se eles não estavam mais pra trás. Senti alguém me puxando pra trás e dei um berro.

- Senti sua falta. – Ele disse dando um beijo no meu pescoço e eu virei, me agarrando no pescoço dele.

- Você quase me matou do coração! – Derek riu fraco.

- Eu sei. – Ele disse sorrindo e me deu um selinho, que se transformou num beijo.

- Só veio você?

- Só. Seu pai tinha que ir não sei onde por causa do trabalho e o Ryan tá na Katy. – Fiz bico. – Não precisa ficar com essa cara. Eu to aqui. – Abracei ele.

- Eu to com fome.

- Novidade, Lily. – Mostrei a língua pra ele. – Deixei minhas coisas na sua casa.

- Vai dormir lá?

- Lógico. Comprei algo pra você.

- O que é? – Perguntei animada, enquanto ele levava minhas malas.

- Só vai ver quando chegar em casa. – Ele pegou minha mão e olhou o anel que ele me deu no meu dedo.

- Eu não tirei nem uma vez.

- Acho bom! – Ele disse fingindo ser autoritário e eu empurrei ele pro lado rindo fraco, assim como ele, que me abraçou pelo pescoço em seguida e me deu um selinho.

- Eu quero chegar em casa logo!

- Calma. – Ele disse rindo fraco. – Não esquece que são algumas horas até lá.

- Uma hora e meia.

- Eu sei.

- É muito tempo.

- Pra você que tá ansiosa pra chegar. Minha ansiedade já passou. Eu já te vi. – Sorri. Ele guardou minhas malas e entramos no carro. – Quer comer antes de ir pra casa?

- Não. Mudando de assunto, como foi o baile?

- Foi legal até. E o seu?

- Também. Apesar de eu ter estranhado que a Charlie não tava lá.

- Aqui foi que nem nos outros anos. Exceto pelo fato de eu ficar de vela do seu irmão e da Katy. – Ri fraco.

- E como se não bastasse de um casal só, teve o Drew e a Megan também né?

- Pois é. – Ele pegou na minha mão. – Você fez falta.

- Você também. – Ele beijou minha mão.

- E a guria lá que foi contigo?

- O que tem?

- Ué, ela foi com você.

- Ah... Na verdade só entramos juntos na festa. Ficamos fazendo companhia um pro outro pra não ver e nem ouvir os beijos dos casais do nosso lado. – Ri fraco.

(...)

Entrei em casa e senti uma almofada batendo na minha cabeça.

- Bela recepção. Quase que meu cérebro sai pelo ouvido! – Berrei e escutei risadas. Acendi a luz e vi todo mundo na sala. – Quem foi que atacou? – Perguntei rindo.

- Foi sem querer, Lily. – Drew disse se levantando. – Era pra atacar na Katy. – Ele me abraçou e dei um grito quando senti meus pés fora do chão.

- Sua vaca! Por que não me ligou nessa semana? Tá me trocando por acaso? Olha que eu arrebento você se tiver fazendo isso! – Katy disse e me abraçou quase me esmagando.

- Ai, garota. E que historia é essa de eu tá te trocando? Não fala merda, Katy.

- Ah! E eu amei a blusa! – Ela disse se referindo a que eu comprei pro Derek trazer pra ela quando ele, meu pai e o Ryan foram pra Londres.

- Achei a tua cara!

- E a bailarina é muito meiga! – Megan disse me tirando do abraço da Katy e me abraçando.

- Achei a tua cara também! E que belo irmão eu tenho. – Disse vendo ele sentado no sofá ainda.

- Para de drama. – Ele me agarrou, quase me esmagando também.

- Eu preciso respirar.

- Eu sei. – Ele disse ainda grudado em mim.

- Cadê o pai?

- Tá lá em cima. Daqui a pouco ele tá descendo. Tá tomando banho. Chegou agora a pouco.

- E cadê a comida?

- Aqui! – Katy disse vindo com uma bandeja da cozinha. Eu sei que sentiria saudade das pessoas de Londres, mas eu estava mais feliz do que nunca por estar de volta.