Voltei da sala de espera. Um médico entrou logo depois de mim.

- Parentes de Charllote Stevens? – Os pais dela se levantaram e ele sorriu. – É uma menina. – Jura? Mas sorri também. Taylor quase teve um troço. Quase não. Ele teve um troço. O menino tombou pro lado e desmaiou. Mas que belo pai pra Julie a Charlie foi arrumar hein!

O médico chamou um enfermeiro e levaram ele pra algum lugar lá.

- Quando vamos poder ver ela e a criança, doutor? – A mãe da Charlie perguntou.

- A criança já tá no berçário. Poderão ver a mãe logo depois. Mas ela tá se recuperando ainda. – Ela assentiu e fomos todos nós pro berçário. Lógico que não poderíamos entrar lá. Ficamos do lado de fora do vidro. – É a primeira à esquerda. – O médico disse de novo. Aw! Ela é a coisa mais fofa!

- Ela é a coisa mais linda! Olha que coisa mais bochechuda! – Disse pro Andrew e ele riu.

- Acho que ela vai ficar parecida com a Charlie.

- Tomara. – Murmurei. – Pelo menos a Julie não tem “cara de joelho” como a maioria dos recém-nascidos. – Os pais da Charlie e a mãe do Taylor olharam pra mim com uma sobrancelha arqueada. Dei de ombros.

(...)

- Ela é tão linda! – Charlie disse dando de mamá pra Julie. – E cadê o Taylor que ainda não veio?

- Ele desmaiou quando o médico disse que ela tinha nascido. Daqui a pouco ele deve tá aqui. – Andrew disse e ela bufou.

- To começando a achar que ele é a mãe e eu o pai. – Ri fraco. A porta abriu e ele entrou.

- Cadê ela? – Revirei os olhos.

- No colo da Charlie, talvez? – Disse e ele deu de ombros indo em direção a ela.

- Ela é linda! – Ele disse e beijou a testa da Charlie, que sorriu. – Charlie? Eu posso levar minhas coisas pra sua casa quando?

- Você que sabe... Mas quando eu sair do hospital já vou precisar de você lá. – Ele assentiu.

- Acha melhor eu levar as suas coisas pra lá hoje? – Perguntei pra ela.

- É melhor.

- Então, vamos deixar vocês dois sozinhos. Eu ajudo a Lily a levar as coisas de volta. – Andrew disse e ela assentiu.

- Já voltamos! Tchau, coisa fofa. – Disse e dei um beijo na cabecinha da Julie.

(...)

- Acho que pegamos tudo né? Os brinquedos da Julie já tão lá embaixo junto com as roupas dela e a da Charlie.

- Só falta a cama. Leva o colchão que eu levo a cama, ok? – Andrew disse e eu assenti. Peguei o colchão e comecei a descer as escadas.

- Sua amiga não vai mais ficar aqui, Lily?

- Não, Marcus. To levando as coisas de volta pra casa dela.

- E como ela tá?

- Bem. Ela teve a neném hoje. As duas estão bem. – Ele me ajudou a descer o resto da escada com o colchão e me ajudou a colocar no carro também.

- Tá ansiosa pra sexta? – Sorri fraco.

- Lógico. Você acha que quem ganha, Marcus?

- Seu pai. Você não se dá bem com a sua mãe e qualquer pessoa que olhe pra você sabe que você não queria tá aqui. Sua mãe tá bem estressada esses últimos dias.

- Por causa da ultima audiência?

- Sim. – Voltamos pra dentro pra levar as outras coisas.

- Marcus, por que você casou com ela? – Ele me olhou estranho. – Digo, você é legal e tals... Você merecia alguém melhor, sabia? – Ele riu fraco.

- Apesar de tudo, eu amo sua mãe. – Dei de ombros. Nem em mil anos eu ia entender a escolha dele. E nem a antiga. Porque a Hanna não é flor que se cheire. E certeza que ela não puxou o pai.

(...)

- Finalmente acabamos. – Disse me jogando na cama e o Andrew fez o mesmo.

- Não sabia que ela tinha levado tanta coisa assim.

- Era pra ela ficar mais uns dias lá em casa. – Disse olhando pra ele, que me olhou de volta.

- É, eu sei. – Ficamos em silencio por um tempo olhando pro teto.

- Você acha que vai dar certo eles morarem juntos?

- Apesar de o Taylor parecer, ou ser, um completo idiota, acho que sim. Pelo menos ele se preocupa com as duas.

- Charlie me disse ontem que gosta mesmo dele. O problema é se ele sente o mesmo.

- Isso só eles morando juntos pra saber. – Assenti ainda olhando pro teto.

- Vamos voltar? – Ele fez que sim com a cabeça e voltamos pro hospital.

(...)

Cheguei em casa na hora da janta. Tomei um banho mega rápido, jantei e fui pro computador falar com o Derek.

- Oi! – Disse depois que chamei ele.

- Oi amor! E a Julie como tá?

- Tá bem. O tempo todo que fiquei lá, ela tava dormindo. – Ele riu fraco.

- Puxou a tia que nem de sangue é.

- Hey! – Ele riu.

- Mas e o vestido? Cadê? – Levantei e peguei de cima da minha cama. Peguei ele e coloquei de frente pra mim.

- Dá pra você ver ele?

- Aham. Mas eu quero ver você vestida nele.

- Vai dar mó trabalho, Derek. – Ele deu de ombros e eu fui pro banheiro me trocar. Sorte que o fecho era na lateral, se não, eu não ia conseguir fechar. – O que achou?

- Você tá linda. – Corei de leve.

- Obrigada. A Charlie amou, mas eu acho que fiquei gorda. – Disse me analisando no espelho que dava pra ver meu corpo inteiro.

- Ficou nada.

- Minha bunda ficou grande.

- E isso não é bom? Vocês mulheres são estranhas. Vivem querendo uma bunda maior. E quando ganham, falam que tão gordas. – Olhei pra ele (ou pra tela do computador).

- Seria bom se eu não parecesse o Free Willy. – Ele riu.

- Se eu te falei que você tá linda, é porque você tá.

- Hm. Vou tirar. – Ele deu de ombros e eu entrei no banheiro de novo.

(...)

Acordei com o meu celular “dando cria” e o primeiro pensamento que eu tive é que hoje é sexta. Tudo bem que todas as sextas eu penso isso, mas hoje é diferente. Hoje eu vou ter a certeza que vou voltar a morar com o meu pai. Sorri com isso. Minha mãe tá desde de quarta lá pra isso.

E também tem o baile. Sempre gostei dos bailes da escola. Não sei por que. Sempre achei divertido. Meu celular começou a tocar. Quem em sã consciência liga pra alguém as 10h00 da manhã? É, não vou ter aula, mas tenho unha e cabelo pra fazer no salão.

*Ligação on*

- Alo?

- Pensei que já estaria acordada mesmo.

- Ah, oi Charlie. Acabei de acordar, na verdade.

- Tu vai pro salão agora né?

- Vou sim.

- Posso dar uma passada aí depois?

- Pode. Eu passo pra te buscar. A Julie vem?

- Ela não pode sair ainda porque é muito pequena, mas o Taylor cuida dela. – Dei de ombros mesmo sabendo que ela não ia ver.

- Tudo bem. Depois te ligo.

- Tá.

*Ligação off*

Meu segundo pensamento antes de levantar é que eu espero que a Charlie esteja certa e que o Andrew não tente nada comigo.