- Esse tá bom? – Perguntei pra Charlie já estressada. Tinham se passado uma semana e meia. Hoje é terça. Sexta é a audiência de tarde, e de noite é o baile. Tava numa loja com ela escolhendo um vestido pra eu usar.

- Prefiro o azul. – Bufei.

- Foda-se essa merda! Vou pelada! – Ela riu.

- Já disse. Vai com o azul. E olha o estresse! A gravida e cansada aqui sou eu. – Ri fraco entrando no provador de novo pra me trocar. Saí logo depois e fomos em direção ao caixa. Paguei e fomos comer.

- Quer lanche ou comida mesmo? – Perguntei.

- Lanche. Eu to necessitando de um X-Burger. – Ri fraco indo em direção ao Mc com ela. Chegou a nossa vez e eu fiz o pedido.

- Mais alguma coisa? – O carinha perguntou e eu fiz que não com a cabeça. – Tem certeza? – Ele disse sorrindo tentando me seduzir. Arqueei uma sobrancelha.

- Não, obrigada. Charlie, acho que segunda já vejo o Derek. – Me fiz de desentendida e, quando falei a ultima frase, o sorriso dele desmanchou.

- Tá mais ansiosa pra isso ou pra sexta? – Ela me perguntou enquanto eu pegava a bandeja com os lanches

- Pra sexta, eu acho. Quero morar com o meu pai né? – Disse e coloquei a bandeja na mesa, me sentando. Charlie segurou no meu braço e se contraiu. – Que foi?

- Eu não sei. – Ela disse com dificuldade e vi um liquido sair dela. Com tanto lugar pra bolsa estourar, tinha que ser no shopping?

- Alguém ajuda aqui? – Berrei e um guri surgiu do meu lado.

- Ela tá bem?

- A bolsa estourou. Me ajuda a levar ela pro carro? – Ele assentiu pegando a Charlie no colo e eu peguei a sacola e os lanches. Eu ainda tava com fome, ué. A gente foi praticamente correndo pro meu carro. – Obrigada, moço.

- Nada... – Entrei no carro e fui correndo pro hospital.

- Lá eu pego seu celular e ligo pro teu primo tá? – Ela assentiu. – Como é o nome dele mesmo?

- Taylor. – Assenti. Chegamos no hospital rapidamente e dois enfermeiros já chegaram com a cadeira de rodas pra levar ela pra sala de cirurgia.

- Charlie, eu vou dar entrada e preciso pegar sua mala e a da Julie lá em casa. Quando o Taylor chegar eu vou ok? – Ela assentiu e me mandaram pra sala de espera.

(...)

Já se passaram uma hora e meia e nada do Taylor chegar. Liguei acho que meia hora depois pro Andrew e ele conseguiu ser mais rápido que esse menino. Charlie vai ter problema com ele. Isso é certeza.

- Andrew, eu vou ter que pegar a roupa da Julie e a dela.

- Pode ir, Lily. Eu fico aqui esperando por noticias.

- Qualquer coisa me liga. – Ele assentiu e eu saí.

(...)

Entrei em casa parecendo uma louca e fui correndo pro meu quarto berrando pela Margo.

- Aconteceu algo, Lily? – Ela disse aparecendo no meu quarto.

- A Charlie vai ter a neném! Eu preciso de ajuda pra arrumar uma mala pra ela e outra pra Julie.

- Arruma pra garota que eu arrumo pra neném. – Assenti. Peguei uma mala minha e coloquei tudo o que eu achei que ela ia precisar. Toalha de banho, roupão, sabonete, creme corporal, pijama, uma roupa normal... Enfim, acho que eu to levando mais do que precisa, mas foda-se.

- Já arrumou, Margo?

- Já sim. Ela tá em trabalho de parto já né?

- Tá sim. Eu to tão nervosa!

- Vai dar tudo certo.

- Vai sim, Margo. Agora deixa eu ir, que to com pressa. – Ela assentiu e eu saí com as duas malinhas.

(...)

Cheguei no hospital e tinha um menino do lado do Andrew roendo as unhas de nervoso. Reconheci os pais da Charlie e uma mulher parecida com o pai dela. Ela devia ser a mãe do Taylor.

- Ér... Voltei. – Disse e eles olharam pra mim.

- Lily! Há quanto tempo! – A mãe da Charlie disse e veio me abraçar. Sorri.

- Oi, senhora e senhor Stevens. – Acenei pro outro casal, que devem ser os pais do Taylor e me sentei do lado dele. Pro garoto tá nervoso desse jeito, só pode ser ele.

- Você é o Taylor, certo? – Perguntei pra ele, que assentiu. – Há quanto tempo ela tá lá, Andrew?

- Duas horas e meia, falando desde a hora que você me deu que ela entrou na sala.

- Acha que ela tá demorando?

- A mulher aqui é você, não eu.

- É, mas eu nunca fiquei gravida, ameba. – Ele deu de ombros.

(...)

Já fazem 4 horas que ela tá dentro da sala de cirurgia. Pelo amor de Deus, demora tanto assim?

- Senhora Stevens, demora tanto assim?

- Sim, querida. – Bufei. Lightning do The Wanted começou a tocar e eu quase dei um pulo da cadeira. Todos os olhares se viraram pra mim. Lógico, era um hospital. Tava um mega silencio.

*Ligação on*

- Alo? – Disse e me levantei indo pro corredor.

- Amor? Vai entrar hoje no Skype? Quero ver teu vestido. – Óbvio que era o Derek.

- Oi! Então, to no hospital.

- Pra que?! O que aconteceu? Você tá bem? Responde logo!

- Calma! A Charlie tá tendo a Julie.

- Ah... Há quanto tempo ela tá lá dentro?

- Quatro horas. Mas a mãe dela disse que é normal.

- Vocês tavam em casa?

- Não. A gente tinha ido comer depois de comprar o meu vestido.

- Que cor é?

- Azul.

- Você fica bem de azul.

- Você diz isso com qualquer roupa que eu uso, independente da cor.

- Pelo menos não to mentindo. Acho isso mesmo. – Sorri. – Quando você vem?

- Não sei direito, mas acho que segunda.

- Espero que não demore esses 5 dias.

- Somos dois. Não se esquece de entrar no Skype pra me mostrar o vestido quando você chegar em casa.

- Ok. Mas nem sei que horas vou sair daqui.

- Qualquer coisa me manda mensagem. Eu vou ter que desligar, Lily. Ligação interurbana é foda. – Rimos fraco.

- É, eu sei. Tudo bem. Te amo.

- Também te amo.

*Ligação off*