“Não vai mesmo falar comigo?”

Mandei pro Derek. Não é possível que ele fique sem falar comigo!

Esperei por uma hora e ele não respondeu. Se ele tá tentando me irritar, acabou de conseguir. Se ele não quer falar comigo, ótimo. Foda-se também.

Não, mentira. Foda-se nada. Ele precisa falar comigo!

*Ligação on*

- Oi Lily. – Liguei pro Drew. Ryan é meu irmão, ele nao ia tá lá.

- Oi Drew. O Derek tá aí?

- Só um segundo. – Segundo que se tornou quase um minuto.

- Eu...

- Tá tentando me irritar?

- Você tá tentando me irritar!

- Só porque eu deixei você ir numa festa e acho que tenho o direito de ir também?

- Você sabe que o problema é ele.

- O problema é você não confiar em mim. Isso sim.

- Eu confio em você.

- To vendo. Vi aquele dia que a gente ia jantar também.

- Isso tá ficando ridículo.

- Concordo contigo. Esse teu ciúmes tá me irritando faz tempo!

- Olha quem fala. Eu nem podia chegar perto da minha prima.

- É, mas ela tentou algo com você. Diferente do Andrew. – Ele ficou quieto. – Vai desligar na minha cara de novo?

- Não vou fazer isso.

- Ah, obrigada pela consideração.

- Desliga esse telefone e desce aqui! – Minha mãe berrou pra mim do lado de fora do meu quarto.

- Eu vou ter que desligar. Depois a gente termina o assunto.

- Só me diz se você vai ou não com ele.

- Vou. – Disse e desliguei.

*Ligação off*

- Eu vou ter que arrancar o telefone da sua mão?

- Eu já desliguei! – Abri a porta. – Que é?

- Vem jantar. – Bufei fechando a porta e descendo logo em seguida.

(...)

- Ele sabe que a gente vai junto no baile? – Andrew me perguntou na aula de sociologia.

- Sabe.

- E como vocês tão?

- Normal. – Ele olhou pra mim. – Tá, não estamos normal. A gente discutiu.

- Tão se falando?

- Não sei. – Ele não perguntou mais nada e eu também não falei nada.

- Acho melhor você arrumar outra pessoa pra ir. – Ele disse depois de um tempo e eu me irritei.

- Como arrumar outra pessoa? Eu só conheço você! E se eu fizer isso, é uma prova de que ele não confia em mim!

- Ele confia em você. O Derek não confia em mim. Você sabe disso. – Respirei fundo e não respondi. Tá foda... Tá muito foda.

(...)

- Dá pra conversar direito hoje ou alguém vai interromper a gente? – Suspirei fundo me ajeitando na cadeira. A arrogância do Derek tá me deixando extremamente irritada e pode dar merda.

- Era a minha mãe aquela hora. Ela nem tá em casa agora.

- Eu sei que você acha que eu to desconfiando de você, mas eu não confio é nele.

- Ele me assegurou que não vai tentar nada. Eu não seria idiota o bastante pra ir numa festa acompanha pelo Andrew se não tivesse certeza absoluta de que ele não faria nada.

- É...

- Acredita em mim agora? – Ele não falou nada. – Tá difícil hein!

- É que ele tá perto de você e eu to tão longe... – Ri fraco.

- Em menos de um mês eu to aí. – Ele suspirou.

- E como andam as coisas por aí?

- As mesma de sempre. Minha mãe só vai deixar a Charlie aqui até a neném nascer. Ela quase teve um troço quando viu que ela ia ficar aqui. – Revirei os olhos.

- Comportamento típico da sua mãe.

- Eu sei... E a Hanna ainda fica botando lenha na fogueira. Minha mãe acha que eu vou engravidar só por causa da Charlie. – Disse a ultima frase rindo.

- Mas eu nem to aí!

- Foi o que eu disse pra ela. Ela tá muito estranha essa semana.

- O que mais ela disse?

- Algo sobre a mãe do Ryan. Não sei direito.

- Não sabia que a sua mãe conhecia a mãe dele.

- Nem eu. Isso é estranho.

- Imagino. Mudando de assunto, sabe o dia da nova audiência?

- Daqui a exatamente duas semanas.

- Tá nervosa?

- Um pouco. Não muito. Acho tão desnecessário isso.

- Somos dois. Já viu o vestido pro baile?

- Não. Não sei que cor ir.

- Não vai muito bonita! – Ri.

- Mas também não vou uma mendiga né. Ah, e digo o mesmo pra você!

- O meu é só um terno!

- E daí? Você fica perfeito de terno. E olha lá o sapato que vai usar!

- Você também! – Assenti. – Posso passar o perfume que você me deu no Natal?

- Não. Passa o que a Candice te deu que o cheiro do meu é melhor.

- Depois o neurótico sou eu.

- Eu vou passar o meu perfume menos cheiroso. Então, você vai fazer o mesmo. – Ele riu fraco.

- Te amo, Lily.

- Também te amo, Derek.

(...)

- Para de palhaçada, Charlie. É só um brinquedinho. – Ela pegou da minha mão.

- É bonitinho.

- É perfeito! – Apertei um botão. Começou a tocar uma musiquinha infantil e eu comecei a balançar meu corpo de um lado pro outro parecendo uma criança de 5 anos.

- Anda se drogando, Lily? – Ela perguntou.

- Cala a boca. É divertido. – Peguei um bichinho de pelúcia. Era um coelho segurando um potinho com cenouras dentro. Me lembrei de quando o Derek veio me buscar no Natal e me deu um buque de cenouras. – Eu quero!

- Pra ti ou pra Julie? – Ela me perguntou rindo.

- Pra mim. – Disse fazendo um biquinho. – Me lembra o Derek.

- Acha que ele parece um coelho? – Ri.

- Não. É que no Natal passado eu vim pra cá e ele veio me buscar. E ele sabe que eu não gosto de flores. Então, ele me deu um buque de cenouras. – Ela riu.

- E você fez o que?

- Deixei na cozinha com a Margo. Não sei o que ela fez.

- Não tenho a mínima ideia do que ele vai te dar quando você voltar. – Ri fraco.

- Eu muito menos. – Disse abraçando o coelho de pelúcia e indo em direção ao caixa.