- Você acha que minha mãe e a mãe do Ryan se conheciam? – Perguntei pro Andrew. A gente tava na aula conversando disfarçadamente pro professor não ver. Eu to com a pulga atrás da orelha desde de ontem!

- Pode ser que sim. O que ela disse sobre seu pai mesmo?

- Que ele não é tão santo quanto eu penso. – Ele olhou pra mim.

- E se teu pai traía a mãe do Ryan? – Olhei pra ele de volta.

- No caso, seria a minha mãe, então? – Ele deu de ombros. – Mas não faz sentido ela ser revoltada assim. A mãe do Ryan morreu já.

- Sei lá, Lily. Tua mãe é estranha. – Ri fraco.

- Eu sei.

(...)

- Hey, olha lá. – Andrew disse apontando pro lado esquerdo. Estávamos comendo doce numa doceria perto de casa. Olhei pra onde ele disse e não acreditei. Era a Charlie. Brotou a garota. Ressurgiu das cinzas. Meu queixo caiu. Ela tava de barriga.

- Por isso ela sumiu então? – Ele deu de ombros. – Tu sabia? – Perguntei ainda olhando pra lá.

- Não. Faz meses que não vejo ela. – Acho que olhei tanto, que ela acabou olhando de volta. Ela começou a vim na nossa direção.

- Quem é vivo sempre aparece né. – Andrew disse e ela sorriu fraco.

- Senta aí, Charlie. – Disse e ela fez isso. – Então... Como vão as coisas? – Ela olhou pra barriga.

- Melhores do que eu esperava, confesso.

- Mas... Quem é o pai? – Ela olhou pra mim e Andrew me chutou debaixo da mesa.

- Um primo meu. – Quase botei o chocolate quente pra fora. Eu sabia que a Charlie era louca, doida, que não batia bem da cabeça, mas não pensava que fosse tanto.

- E... E ele? – Andrew perguntou.

- Assumiu. Lógico. Minha tia mataria o garoto se ele não fizesse isso.

- E seus pais? – Perguntei.

- Tão putos comigo ainda. Eu saí de casa. Por isso sumi. Eu tava com mais alguns problemas com a minha mãe e logo depois descobri que to gravida. To com dinheiro contado, literalmente.

- Tá morando onde?

- No Harlesden. – Meu queixo caiu de novo. Era um bairro de imigrantes, sabem? De pessoas pobres e tals...

- E como é lá?

- Não é tão ruim quanto eu pensei que fosse. As pessoas são mais solidarias e bem humildes. Me sinto bem lá. Apesar que o Taylor, o meu primo, tá quase arrancando os cabelos por eu morar lá.

- Então, porque ele não te leva pra morar com ele? – Perguntei irritada. Ela deu de ombros. – Se fosse comigo, eu tava invadindo o quarto dele já. – Ela riu fraco.

- Menino ou menina? – Andrew perguntou animado.

- Menina.

- Awwwwwwwww. – Disse. Amo nenéns. Ela sorriu alisando a barriga.

- Mas mudando de assunto, vocês tão... Juntos? – Andrew corou e eu não sabia onde enfiar minha cara.

- Não. Eu ainda to com o Derek.

- Ah é! Vocês tão namorando, então? – Assenti. – E tu, Andrew, vai arrumar uma namorada quando? – Ele riu fraco dando de ombros.

- Lembrei agora de quando a gente fez uma campanha pra arranjar uma namorada pro Matt. – Disse e rimos.

- A gente podia fazer a mesma coisa com o Andrew. – Gargalhei.

- Andrew não precisa ser ajudado. Ele não namora porque não quer. – Ok. Isso é mentira. Mas foda-se.

- A gente podia sair hoje né.

- Aham. E você podia dormir lá em casa também.

- Por mim tudo bem... Mas vamos pra onde hoje?

- Por mim, qualquer lugar. – Andrew disse. Olhei pra ela, que fez o mesmo. Sorrimos e ele arqueou a sobrancelha.

- Shopping! – Dissemos juntas.

- Não! Eu me enganei! Qualquer coisa menos isso!

- Cala a boca. – Disse e rimos.

(...)

- Eu não aguento mais andar. – Andrew disse e Charlie revirou os olhos.

- Não é você que tá com um bebê na barriga! Então, para de reclamar!

- Charlie, já tem o enxoval?

- Uma parte só.

- Então, vamos comprar o resto!

- Lily, não quero você gastando dinheiro comigo.

- Quem disse que sou eu? Meu padrasto me deu um cartão de crédito sem limites. O dinheiro vai ser dele. E ele mesmo disse pra eu usar o quanto eu quisesse. – Disse arrastando os dois pra uma loja de nenéns.

(...)

Eu e a Charlie entramos em casa. Já passava da hora da janta, então tava tudo silencioso. Subimos as escadas e ela foi tomar banho. Liguei o notebook e entrei no Skype. Derek logo me chamou pra uma chamada em vídeo.

- Demorou hein. Onde tu tava?

- Eu encontrei a Charlie hoje de tarde.

- Aquela sua amiga que tinha sumido?

- É... Acabamos de chegar do shopping.

- Ela tá aí contigo?

- Aham. Tá tomando banho. Ela me falou porque sumiu.

- E por que foi?

- Ela tá gravida. – Ele arqueou uma sobrancelha.

- Que bom que a gente sabe o que é camisinha.

- Derek! – Ele riu fraco. – E como foi seu dia hoje?

- Bem. Chamei a Ruth pro baile.

- E ela?

- Aceitou. Ela ia falar não, mas eu praticamente implorei. É meu ultimo ano!

- Por que ela ia falar não? Quem não iria no baile com você?! – Ele sorriu.

- Todo mundo sabe que eu namoro, Lily.

- Ela não queria problemas comigo, então? – Ele assentiu. – Que meiga. Mas ela aceitou né?

- Sim. Ah, a Megan tava esperando você entrar hoje de tarde. Ela até me ligou pra saber onde tu tava.

- É grave?

- Ela me disse que sim. Mas, acredite, não é. Ela tá em duvida sobre qual vestido escolher pro baile. - Ele disse e revirou os olhos.

- Lógico que é grave! Ela tem que saber um que cabe  nela direito, que não deixa ela parecendo vadia marcando tudo, que combine com a roupa do Drew, que...

- Ok, já entendi! – Ele disse rindo e me interrompendo. A porta do banheiro abriu.

- Ai meu Deus! – Charlie berrou e eu olhei pra ela.

- Que foi? – Perguntei vendo ela no banheiro ainda.

- Eu to de pijama.

- E daí?

- Você tá falando com teu namorado no Skype. Não quero que ele me veja de pijama. – Ri.

- Cala a boca e vem logo. – Ela sentou do meu lado. – Derek, Charlie, Charlie, Derek.

- Oi. – Ela disse sorrindo e ele respondeu.

- Tá de quantos meses? - Ele perguntou.

- Quase 8.

- É uma menina! Já escolheu o nome? - Perguntei.

- Eu não sei qual nome escolher.

- Vamos escolher um nome então... – Disse e fiquei pensando.

- Katherine é bonitinho. – Derek disse.

- Não... Já tive muito problema com uma Katherine.

- Nossa, nem me fale. Aquela menina é o demo.

- Julie? – Derek sugeriu outro.

- Aw. É lindinho. – Charlie disse e eu sorri.

- Vai ser esse então?

- Aham. É meigo. – Ela disse toda fofa e rimos fraco. Ficamos conversando por horas, mas ele teve que ir dormir e nós também.