Saint Seiya: A Rosa Infernal escrita por Nyahnah


Capítulo 8
A Decisão de Megaera


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo demorado.
Eu gostaria muito que vocês que leem comentassem. Quero saber a opinião de vocês sobre esse capítulo. =3
Divirtam-se!



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“A vida é uma dádiva e é disso que eu mais gosto em toda essa história. Talvez não só disso, mas tudo o que se passou fez parte da minha existência e isso eu não troco por nada.”


Vienna abriu os olhos e percebeu que estava num quarto muito escuro. Ela olhou para a janela e viu o céu noturno, então se levantou lentamente, ao seu limite, pois seu corpo doía por inteiro. Demorou um pouco até se acostumar com a escuridão e, quando se sentou na cama, avistou as peças de sua armadura espalhadas pelo chão.

“Isso pode ser problemático.” Pensou ela enquanto se colocava de pé. Logo no primeiro passo quase tropeçou no corpo adormecido de Regulus que jazia no chão, ao lado da cama.

“Ainda está aqui?” Ela ajeitou o cobertor que a enrolava e caminhou lentamente se certificando de que estava bem equilibrada. Cair naquele momento seria doloroso.

Quando chegou à porta do quarto, Vienna concentrou o cosmo e a armadura brilhou escarlate. As peças se uniram, montando uma forma humanoide em posição graciosa. Faltavam as espadas, então ela se dirigiu para fora da casa de Sagitário.

O céu noturno parecia um manto negro com as estrelas bordadas cuidadosamente e a lua cheia, em seu ponto máximo, brilhava intensamente. Vienna fitou cada canto que seus olhos alcançavam e sorriu. Ela se lembrou de quando chegou ao Santuário, curiosa pelo cosmo de Atena. Era uma noite parecida com esta.

Vienna, segurando o cobertor com uma das mãos e a outra voltada para o horizonte, chamou as quatro espadas que vieram imediatamente.

— Muito bem. – Sussurrou. Mas logo seu corpo foi tomado por uma dor torturante e ela precisou usar as espadas como apoio para não cair.

“Fui muito descuidada! Não conseguirei suprimir essas dores por muito tempo.” Vienna gemia baixinho com a dor que sentia em seu interior. Dos cortes que Tisífone fizera os piores eram os internos, em sua alma divina. Perto deles, as feridas em seu corpo não eram nada.

— Ao menos acertei as duas. – Comentou com um sorriso de satisfação ao pensar em como as irmãs deviam estar se sentindo agora.

Que céu bonito, de repente a vida pareceu fazer sentido. Ela se lembrou de quando estava na biblioteca do escriba e de como desejava conhecer a humanidade. Toda a sua curiosidade a levara àquele momento magnífico.

— Meu tempo está acabando... – Comentou dirigindo-se para a casa de Sagitário sendo seguida por suas armas. Quando finalmente chegou ao quarto, ela apontou para a armadura e as espadas se posicionaram em seus lugares.

Vienna sorriu. Sua armadura era realmente bonita, mas quase invisível em meio à escuridão. Então caminhou cuidadosamente para que não tropeçasse novamente em Regulus, mas, para seu infortúnio, o jovem se mexeu no momento em que ela estava apoiada em apenas uma das pernas. Ela caiu na cama com um grito abafado, acordando o alarmado cavaleiro de Leão.

— Vienna! – Ele se levantou assustado e acabou puxando o cobertor para si em meio à confusão.

— Ai!

Como estava frio agora que não tinha mais o cobertor! Instintivamente Vienna se encolheu na cama e se virou de costas para Regulus, tentando esconder o seu corpo nu.

Demorou até que os olhos de Regulus se acostumassem com a escuridão. Parte do quarto era iluminada pela luz da lua e ele pôde ver a situação em que se metera.

Quando seus olhos encontraram Vienna ele sentiu o coração bater mais rápido e seu rosto fervia violentamente.

— Seu cobertor... – Sussurrou ele envergonhado entregando a peça para amiga.

— O que você tem na cabeça? – Perguntou aos sussurros enquanto pegava o cobertor, enrolando-se novamente.

— Você está sendo injusta! – Sussurrou Regulus emburrado.

— Eu!? – Vienna arfava com a acusação. Sentia seu rosto quente e nem percebeu que a bandagem abaixo de sua costela se tingira de vermelho.

— Sim! – Ele encontrou o lampião no criado-mudo e o acendeu. Uma fraca luz tomou conta do quarto. Agora ele conseguia ver tudo perfeitamente.

Alguns fios do cabelo de Vienna estavam colados em seu rosto por causa do suor. Ela parecia bastante irritada e arfava. Estaria nervosa?

Ela também pôde ver o estado em que se encontrava Regulus. A armadura de Leão estava montada, em um canto do quarto e ele vestia apenas a calça e uma camisa aberta.

— E o que significa esse seu rosto vermelho? – Riu ela.

— Eu que pergunto. – Rebateu com um sorriso irritado.

— Ora! Você me derruba na cama, arranca o meu cobertor e quer que eu não reclame? – Retrucou.

— Vienna seja razoável! – Ele cruzou os braços. – O mais importante: você está bem?

— Estou! Não está vendo? – Nesse momento ela levou a mão até a barriga e uma expressão de dor se desenhou em sua face. Ela se esquecera da discussão e afastou o cobertor, revelando a mancha de sangue abaixo da costela.

— Deite-se! – Ele a deitou na cama bruscamente e rasgou as bandagens, chegando a machuca-la.

— Ai! Quanta delicadeza! – Retrucou Vienna.

— Você não devia ter saído da cama! – Ele limpava a ferida com um pano molhado.

— Eu estaria bem se você não tivesse me derrubado! – Acusou-o emburrada.

Regulus a olhou. O que acontecera? Por que estava tão implicante? Vienna não era assim! Ela era doce e carinhosa. Já estava na hora de uma boa explicação.

— Quem é você? – Perguntou ele tratando da ferida com um coquetel de ervas.

— Hã? Ai! Isso arde! – Reclamou. – O que quer dizer? Eu sou eu, ora.

Regulus a enfaixou, lavou as mãos no balde e voltou, sentando-se ao lado dela na cama.

— Eu quero saber o que aconteceu. Você está estranha desde hoje cedo. – Vienna jamais o vira tão sério. Ele a encarava nos olhos e, pelo que ela conhecia, Regulus não a deixaria dormir sem uma boa resposta.

— Acontece que esta é a minha verdadeira face. – Comentou ela olhando para o teto de pedra. – A Vienna que você conheceu não tinha memórias, não tinha uma vida anterior e sequer sabia quem era.

— Mas... Como? Você é a Vienna, ou não? – Perguntou contrariado.

— Sou! Que parte da história você não entendeu? Eu também sou Megaera, a deusa erínia da vingança! – Ela se exaltara. Demorou um pouco até se acalmar.

— Isso tudo é muito confuso. – Ele fechou os olhos tentando entender o punhado de informações que fora obrigado a engolir nas últimas horas.

— Olha... – Ela se levantou cuidadosamente e se sentou ao lado dele. – Eu encarnei. Só queria conhecer a humanidade e jamais imaginei que passaria por isso.

— E por que você veio para o Santuário? – Ele se virou para olhar nos olhos dela.

— Por curiosidade. – Ela riu. – Se eu não tivesse sentido o cosmo de Atena jamais teria vindo aqui.

Regulus se calou. Estava processando a informação e o seu silêncio foi quebrado por Vienna.

— Agora que você me conhece vai se afastar de mim, não é? – Disse ela virando o rosto para esconder o rubor repentino que tomou conta de suas maçãs.

Ele virou o rosto dela e a olhou nos olhos, afastando os fios de cabelo que estavam pregados em sua face.

De repente Vienna parecia tão atraente. Regulus já não ouvia sequer uma palavra do que ela falava. Sua atenção voltara-se para forma com a qual seus olhos piscavam, em como seu nariz torcia quando ela dizia algo que não a agradava e em como seus lábios se mexiam. Ele desceu o olhar até os ombros da deusa e então pensou:

“Por que não?”

— Perdeu alguma coisa aí!? – Perguntou ela irritada com a fitada que levara nos ombros.

— Não... Nada. – As mãos de Regulus passaram sorrateiras por detrás do pescoço dela. Ele pôde sentir a cicatriz que ela tinha na nuca e então puxou o rosto de Vienna para perto do seu.

— O que você pensa que tá fazendo? – Ela o empurrava e conseguia mantê-lo afastado, numa distância de segurança.

Regulus olhou para a mão dela que estava sobre seu peito desnudo e então a encarou com uma expressão no mínimo selvagem. Então, com uma das mãos, ele segurou ambas as de Vienna, rendendo-a.

— Não me olhe assim! – Ordenou a deusa. Se não estivesse tão ferida ela já teria dado uma boa lição nele.

Então o abusado Regulus encostou seus lábios nos de Vienna e a beijou apesar da recusa da deusa. Ela tentava se afastar, mas ele não a soltava por nada e apertava suas mãos a ponto de machuca-la.

Não demorou muito até Vienna sentir seu corpo inteiro tremer. Então fechou os olhos e desistiu de lutar contra o que estava sentindo. Sua pele estava toda arrepiada e ela sentia uma onda de calor em seu interior. Ela estava cada vez mais ofegante e parecia buscar ar com o beijo de Regulus.

O jovem cavaleiro, por sua vez, sentia seu coração bater descompassado e a beijava desesperadamente. Enfim toda a tensão que sentia se dissipava, ele queria mais e mais ter Vienna em seus braços. Isso era algo que ele desejara por tanto tempo e não podia deixar de aproveitar cada segundo daquele momento.

Regulus soltou as mãos de Vienna e sentiu os braços dela envolverem o seu pescoço, abraçando-o. Em seguida ele desceu as mãos pelas costas da deusa, fazendo com que o cobertor que a envolvia caísse. Eles cessaram o beijo e se abraçaram apaixonadamente.

Era a primeira vez que Vienna se sentia tão querida. Ela se esquecera de tudo o que a afligia e sabia que nos braços de Regulus estava protegida. Ele a beijou na bochecha e acariciou sua nuca, então a deitou cuidadosamente na cama, curvando-se para olhar o seu rosto de perto.

Vienna, com as mãos na nuca do leonino, o puxou para mais um beijo apaixonado. Ele, por sua vez, sorriu e atendeu à intimação da deusa. Quando seus lábios se tocaram novamente, ela sentiu uma dor descomunal abaixo da costela e acabou mordendo o rapaz. Em seguida o empurrou para fora da cama e se cobriu desesperadamente.

— Você! – Ela arfava.

Regulus a observou por algum tempo, então passou a língua onde ela mordera e sentiu o gosto do sangue. Vienna tomou ar e continuou:

— O que pensa que estava fazendo!? – Perguntou contrariada. Graças à dor que sentia, ela voltou à realidade.

— Eu... – Não havia explicação nem mesmo o que dizer. Ele apenas fez o que achou que deveria. Já estava cansado! Há tanto tempo queria se confessar para ela, abraça-la e beija-la.

— Responda Regulus! – Vienna realmente esperava uma resposta.

— O que eu fiz de errado? – Perguntou enquanto pressionava os dedos contra o lábio.

— Ora, você...! – Ela buscava as palavras certas. Então, sem saber o que dizer se deitou na cama de costas para ele.

— Você é muito difícil de entender. – Ainda sentado no chão, ele se debruçou sobre o colchão. Sua voz soava infantil.

Vienna cerrou os olhos e cobriu a cabeça com o cobertor, como se aquele fosse o seu refúgio. Ela sabia o quanto ele estava chateado e relutava muito em dizer sequer uma palavra, então sussurrou:

— Estou com sono.

— De novo essa desculpa! – Exclamou aos sussurros. Ele se deitou novamente no chão.

Vienna não disse mais nada. A dor abaixo da costela a consumia. Conversar com Regulus naquela situação seria desgastante.

— Sentimentos são engraçados... – Sussurrou em tom inaudível e fitou a janela. Ela não percebeu quando seus pensamentos chegaram ao rapaz que dormia no chão, ao seu lado. Seus olhos se fecharam lentamente e ela adormeceu em mais um sono tranquilo.


— Você é muito egoísta. – Comentou a voz de Tisífone.

Vienna abriu os olhos e, ao contrário do que desejara para seus sonhos, estava de frente com as irmãs no Submundo. Diferente do usual, ela não vestia a armadura, estava apenas enrolada no cobertor e flutuava com suas asas escarlates.

— Irmãs? – Seus olhos percorreram as duas deusas que também não vestiam as armaduras. Elas estavam terrivelmente feridas.

— Queremos alerta-la. – Disse Alecto.

— Megaera, o que está fazendo não pode ser certo. – Disse Tisífone se aproximando. Suas asas brancas pareciam tão angelicais. – Entendemos a sua curiosidade com a raça humana, mas se relacionar com um humano já é demais.

— Vocês não... – Megaera tentou se defender, mas fora interrompida por Alecto.

— Entendemos? – Indagou. Suas asas eram escuras e tão profundas quanto o céu noturno. – Pode até ser. Quanto tempo você ainda tem?

Megaera nada disse. Ela olhou para baixo e avistou a colina do Yomotsu, a entrada para o mundo dos mortos.

— Foi o que imaginamos. – Disse Alecto se aproximando. Ela pousou as mãos nos ombros da irmã caçula.

— Por favor, pare o que está fazendo. – Pediu Tisífone.

— Faça isso por você e poupe-se do pior.

Megaera encarou as irmãs. Como podiam pedir aquilo para ela? Priva-la de outro prazer humano: o amor. Já não bastava tentar arrasta-la para o Submundo, agora queriam que ela deixasse de lado todos os seus sentimentos. Ela berrou e, no momento seguinte, estava de volta à cama onde dormia.

— Vienna, você está bem? – Perguntou Regulus alarmado.

Ela o ignorou e olhou para a janela. Era mais um dia ensolarado.

— Elas não me deixam em paz. – Retrucou para si mesma.

— O que? Quem? – Perguntou ele.

Vienna olhou para a face de Regulus. Como ele podia se preocupar com ela dessa forma? A ponto de dormir ao seu lado, mesmo que no chão. Ela fechou os olhos e pressionou os dedos contra as órbitas, pensando se as irmãs tinham razão. Então, os abriu novamente e disse secamente:

— Não é da sua conta.

Regulus pareceu chocado com a frieza dela, mas ignorou o que ela disse e sorriu.

— Outro pesadelo? – Se sentou na cama e pousou a mão sobre a cabeça dela.

Como ele podia ser tão gentil? Vienna se esforçava, mas não entendia. E nesse momento Sísifo entrou no quarto. Seus olhos pareciam severos, mas logo ele mudou a expressão. Aproximou-se do casal e disse:

— Vienna, tem alguém aqui que quer vê-la. – Ele sorriu.

Albafica entrou no quarto carregando algumas peças de roupa em seus braços. Pela expressão, Vienna percebeu que ele não dormiu bem na noite passada.

— Sísifo me contou o que aconteceu. Eu trouxe algumas peças de roupa para você. – Disse ele cuidadoso como se estivesse pisando em casca de ovo. Ele se aproximou e colocou as roupas no colo dela, então sorriu. – Que alívio ver você tão bem!

Vienna olhou para as roupas em seu colo e se lembrou das palavras das irmãs em seu sonho. Seus olhos se encheram de lágrimas e, ainda de cabeça baixa e tentando não soar frágil, ela disse:

— Preciso ficar sozinha.

Os três cavaleiros trocaram olhares e assentiram com a cabeça. Eles saíram do quarto deixando a deusa para trás.

Ela jogou o cobertor no chão e passou uma das mãos sobre as bandagens que a envolviam. Então vestiu um vestido branco que Albafica trouxera.

— Por que se preocupam comigo? Eles sabem que quando morrerem sofrerão da minha ira no inferno! – Ela estava muito contrariada com toda a atenção que recebia.

Vienna olhou para sua armadura trincada, estalou os dedos e ela desapareceu. Em seguida seus olhos se fixaram na armadura de Leão e em sua mente ela repassava o beijo que Regulus lhe dera. Ela sorriu e abraçou o próprio corpo.

— Por que dói tanto? – Ela sentia como se seu coração fosse explodir a qualquer momento e as terríveis lágrimas de dor rolaram de seus olhos.

“Por que não consigo segurar?” Vienna chorava baixinho e tentava inutilmente conter as lágrimas.

“Sou tão egoísta assim?” Ela sentiu uma pontada abaixo da costela.

“Eu só queria saber como era ser humano.” Agora ela negava com a cabeça.

— Talvez eu devesse ir embora... – Ela se aproximou da armadura de Leão e se sentou no chão, desolada.

— Meu tio me pediu... – Nesse momento Regulus entrou no quarto, mas se chocou ao ver Vienna chorando próxima a sua armadura. Ele correu e, ajoelhando-se, passou as mãos no rosto dela.

— Me deixa só! – Balbuciou entre soluços.

— Não! – Ele a abraçou. – Não quero!

Vienna se sentia em paz nos braços de seu amado Regulus. Por algum tempo ela pensou se corresponderia, mas decidiu que não poderia. Ela enterrou a cabeça no peito do jovem cavaleiro e, em seguida, o empurrou bruscamente.

— Me deixa!

— O que aconteceu? – Perguntou sem entender.

— Não é dá sua conta! – Ela se levantou, secando as lágrimas com as costas das mãos.

— Pare de ser tão difícil! – Ele também se levantou e se aproximou, agarrando-a pelos braços.

— Você não entenderia! – Ela se desvencilhou, se dirigindo para fora do quarto e eventualmente para fora da casa de Sagitário, sendo seguida por Regulus.

— Vienna volte aqui! – Ele ordenava.

— O que está acontecendo? – Perguntou Sísifo sem entender. Ele estava próximo à entrada da casa.

Vienna caminhava de cabeça baixa e em passos apressados. Ela não percebeu que Albafica estava a sua frente e topou com ele.

— O que aconteceu Vienna? – Perguntou preocupado, segurando-a pelos ombros. Eles estavam parados na entrada da casa.

— ME DEIXA! – Berrou. Ele podia ver que o rosto dela estava lavado em lágrimas.

— Ainda está com raiva do que aconteceu? – Perguntou preocupado.

Sísifo e Regulus observavam-na e o único som que podia ser escutado no recinto era o choro baixo de Vienna. Confusa por tudo o que estava sentindo e pelas palavras das irmãs, ela sentiu outra pontada abaixo da costela. O choro cessou e uma atmosfera doentia tomou conta do local.

“Então é isso... Não tenho mesmo outra opção.” Pensou ela.

— Vienna o que significa isso? – Perguntou Albafica sem entender.

— Não...! – Sussurrou Regulus.

Ela lançou seu olhar demoníaco para Albafica e seu corpo foi tomado por uma aura sombria que deu um choque no pisciano. Ele foi projetado contra uma coluna e caiu de cabeça no chão.

— Vienna não faça isso! – Exclamou Regulus que corria para impedir que ela fizesse qualquer coisa, mas já era tarde demais. As quatro asas brotaram das costas dela, repelindo-o contra a parede.

— Afastem-se ou morram. – Anunciou ela. Seu cosmo queimava cada vez mais violento.

— Acalme-se Vienna! – Sísifo empunhou o arco e a flecha de Sagitário.

A atenção dela se voltou para ele.

— Por que está fazendo isso? – Ele apontou a flecha para o peito dela.

— Hoho... – Ela riu sombriamente. – Cuidado, esse brinquedinho pode ser perigoso! – Ela deslizou e pousou a mão na face de Sísifo que foi projetado para fora da casa de Sagitário, na direção da casa de Capricórnio.

— Vienna... Pare... – Albafica se levantava com dificuldade.

— Você deve se manter quieto! – Ela deslizou até ele e tocou em seu peito. O corpo do cavaleiro foi empurrado contra o chão que afundou.

— O que aconteceu com você? – Perguntou Regulus ainda caído no chão. Ele estava encostado na parede e tinha um sangramento leve no supercílio.

— Você quer mesmo saber? – Ela deslizou para fora da casa de Sagitário. Regulus se levantou e a seguiu.

O dia estava bonito, por que ela simplesmente não o aproveitava como uma pessoa normal? Era o que Regulus pensava quando seus olhos encontraram o céu azul.

— O que aconteceu Vienna? – Perguntou impaciente.

— Seria melhor se eu nunca tivesse vindo para cá. – Disse ela secamente. O vento fez seus cabelos e vestido esvoaçarem delicadamente.

— Por quê?

— Todos esses anos foram perda de tempo. – Sua voz soava cortante.

— Como pode dizer isso!? – Perguntou irritado. Ele sentiu uma pontada no coração, como se ela o perfurasse com mil agulhas. Seu estômago parecia se congelar por dentro e Regulus tinha a impressão de que engoliu um caroço de manga.

— Porque é a verdade. – Ela se virou e revelou um doce sorriso.

— Você sabe que isso é mentira! – Ele não notou quando e como ela se aproximou dele.

— Vingança é uma forma de chamar. – Sussurrou em tom inaudível ao ouvido de Regulus. Seus rostos estavam quase colados e Vienna segurava o rosto do leonino com as mãos. Ela ria baixinho, mascarando o que realmente sentia como se esperasse a mesma reação do cavaleiro.

Mas Regulus percebeu como ela estava triste.

— Adeus Regulus.

Ela afastou a franja do leonino e deu-lhe um beijo na testa. Uma forte explosão aconteceu na frente da casa de Sagitário e, quando a poeira se dissipou, podia-se ver Vienna voando para longe. Regulus estava caído no chão e com ferimentos espalhados pelo corpo, mas ele parecia não sentir dor e a observava até que sumiu de sua vista.

— Adeus Vienna. – Sussurrou enquanto levava uma das mãos à testa, onde ela o beijara. Ele parecia se conformar com o que acabara de acontecer, apesar das lágrimas que rolavam de seus olhos azuis. Jamais quisera que sua amada fosse embora, não daquela forma.


Longe do Santuário Vienna caminhava penosamente. As asas em suas costas haviam deixado um rastro de penas vermelhas e sua pele estava mais pálida do que de costume. Seu vestido branco estava tingido de sangue.

Enfim chegou à margem do oceano, no topo de uma colina de pedra.

— Elas conseguiram o que queriam.

Vienna gemeu de dor e algumas gotas de sangue escorreram por seu corpo. Ela caiu de joelhos no chão rochoso e precisou usar o apoio de ambas as mãos.

— Maldição! – Retrucou em meio aos gemidos. – Morrer é muito doloroso!

Ela rolou no chão e se deitou com a face voltada para o céu.

— É um dia realmente bonito. – Ela sorriu enquanto admirava as nuvens se movimentarem lentamente por aquela imensidão azul como os olhos daquele que conquistou seu coração.

Por longos minutos Vienna permaneceu deitada sentindo a brisa marítima acariciar gentilmente o seu corpo moribundo. Ela tentou não pensar em nada e por mais que aquele momento fosse doloroso, ela não queria se decepcionar.

Sua visão embaçou e ela já não conseguia manter os olhos abertos. Seus batimentos diminuíam lentamente e seu corpo estava cada vez mais fraco. Um sorriso se desenhou em seus lábios e sua consciência deixou aquele corpo que ela tanto gostava.


Grécia, século XVIII. Dia 13 de Junho, 10 horas e 05 minutos da manhã. Dia da Morte de Vienna.


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