Saint Seiya: A Rosa Infernal escrita por Nyahnah


Capítulo 6
Mentiras


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo demorado, sorry. Estava planejando cuidadosamente os próximos capítulos para ter segurança ao postar esse. XD
Have fun o/!



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“A verdade pode ser dolorosa por isso os humanos mentem e criam a bela ilusão de que tudo pode dar certo. O que eles não entendem, é que a mentira um dia será ceifada pela terrível verdade.”


Era tarde da noite quando Vienna voava em direção ao salão do Grande Mestre. Quando chegou lá, ela pousou graciosamente no chão de rocha gelado e seguiu para dentro do templo escuro. Empurrou duas portas largas e pesadas até que avistou a sala onde Sage, o Grande Mestre, sempre aguardava os cavaleiros.


Ele não estava lá. Ninguém a esperava. E então ela seguiu calmamente, deslizando pela casa rumo aos aposentos de Atena.

Vienna materializou a Cobiça, uma espada negra de corte duplo com uma joia ao longo de sua lâmina e um crânio ao final da empunhadura vermelha. Ela a segurou firmemente e foi então que algumas almas flutuaram próximas à face de Vienna, iluminando-a.

— Ora, ora. O que temos aqui pirralha demônio? – Disse Manigold que manipulava as almas, ele vestia a armadura de Câncer.

Vienna se virou silenciosamente para Manigold e ele foi capaz de ver o rosto dela, pois não usava a máscara. Seus olhos, antes brilhantes, agora estavam opacos e profundos. Sua expressão era monótona, como se não estivesse viva. E em sua testa havia um pentagrama negro.

Ela ergueu a espada e cortou as almas que se tornaram vermelhas e desapareceram subitamente.

— Uma boa habilidade você tem ai! – Anunciou. – Mas não posso permitir que branda essa espada contra Atena! – Ele se preparou para atacar.

Vienna nada disse, já estava às costas de Manigold. Ela desferiu um ataque cortante com sua espada.

Manigold conseguiu desviar, mas não parecia ter gostado nem um pouco da velocidade da garota. O ar pareceu ter se cortado com o golpe de Vienna.

— Não vá me dizer que essas asinhas deixam ela vais veloz!? – Perguntou-se.

— Não mesmo. – Anunciou a voz de Sage. – Já se esqueceu de quem ela é, Manigold? – Ele estava à porta do aposento com seus trajes de costume.

— Tch! Olá velhote! Pelo visto o senhor não tem pijamas! – Provocou. – Não me esqueci. – Ele parou de pé ao lado do mestre.

Vienna voltou-se para ambos ainda inexpressiva e, empunhando a espada numa posição de ataque, voou na direção de Sage.

Manigold empurrou seu mestre do caminho e Vienna passou direto quase se chocando contra a parede, onde ela amorteceu a pancada com os pés e, com um impulso, virou-se para ambos.

Era tarde demais, no momento em que ela se virou Manigold a socou com tanta força que foi projetada para fora do templo. Vienna bateu a cabeça contra os degraus da escadaria e rolou quase até o caminho de rosas diabólicas.

“Malditos!” Uma voz ecoou distante.

Levou um tempo até Vienna recobrar a consciência e se levantar. Ela sentiu algo quente escorrendo por seu rosto e, quando passou a mão na testa, viu o sangue tão vermelho quando as asas que ela tinha nas costas.

— O que está acontecendo!? – Perguntou enquanto se levantava penosamente. – O que são essas asas!? E essa roupa? – Ela entrou desespero.

— Não se lembra menina demônio!? – Retrucou Manigold.

— Mestre Manigold? – Ela finalmente estava de pé e seus olhos percorreram toda a cena do crime. – Grande Mestre? De quem é essa espada?

Os olhares de Manigold e Sage se encontraram.

— É... Não vai ter jeito. – Manigold se aproximou de Vienna e a socou novamente com tanta força que a lançou contra uma rocha que se partiu em mil pedaços levantando uma densa poeira.

— Não acha que foi muito forte? – Perguntou Albafica que acabara de chegar. Ele parecia preocupado.

— Foi preciso. – Disse Sage seriamente.

— As almas estão fugindo. – Anunciou Manigold com um risinho, apenas ele e Sage as viam. – Parece que funcionou.

A espada que estava caída entre as rosas diabólicas voou até onde estava Vienna. Ela se levantou e seu olhar encontrou Sage.

— Por que vocês estão fazendo isso comigo? – Perguntou Vienna em agonia. Os três puderam sentir um cosmo terrível emanando dela.

— Você ainda não se lembra? – Perguntou Albafica preocupado.

— Do que!? O que eu preciso lembrar? – Chorou. – Mestre... Socorro... – Ela caminhou em passos vacilantes na direção de Albafica que apenas se afastou.

— Bem, nesse caso... – Manigold erguera o punho mais uma vez.

— Já basta! – Ordenou Sage imponente.

— Mas...!

— Garota, você não é Vienna. – Disse Sage. – Pode contar a ela Albafica.

Os olhos de Vienna vagaram entre os três, até que parou em seu mestre.

— Eu não sou Vienna? Então quem sou? – Lágrimas rolaram por seu rosto sujo de sangue e terra.

— Você é uma das três deusas que vivem à margem do Olimpo, as erínias. – Disse Albafica pesaroso. – Vou contar o que aconteceu no dia em que você chegou ao Santuário.


“Era uma fria noite de verão. Shion e Dohko avistaram um ser de quatro asas escarlates voando sobre as doze casas. Eles contaram, mais tarde, que o cosmo desse ser era imenso, maior até que o cosmo de Atena. Eu também senti isso. Mas não parecia que esse indivíduo causaria problemas. Apresentava muito mais curiosidade do que instinto assassino.


Então que eu a vi voando sobre o caminho das rosas diabólicas. Mas outro ser de cosmo imenso (não tanto quanto o seu) a aprisionou num campo de energia e, ao que pareceu, selou seus poderes e memória. Ele disse que você seria uma marionete.

Seu objetivo era assassinar Atena, algo que você quase cumpriu essa noite.

Eu a acudi e a trouxe para a casa de Peixes. Durante os dois dias que você dormiu, tivemos uma assembleia com o Grande Mestre. Lá decidimos quem seria mais adequado para cuidar de você.

Por fim, eu fui designado para te treinar. Se apresentasse qualquer risco para Atena, eu poderia destruir o seu corpo humano e sua alma retornaria para o seu corpo original. Manigold, claro, fez algumas pesquisas sobre você lá no Submundo e descobriu que você é a irmã caçula do trio Alecto, Megaera e Tisífone.”


— Vienna você surpreendeu a todos. Você foi uma menina de bom coração, determinada e se provou leal a Atena. Eu me apeguei a você e todos do Santuário gostaram de sua companhia. – Disse ele alegremente.


Vienna demorou a processar toda a informação que lhe fora dada. Todos mentiram para ela durante os anos de treinamento. Por que não disseram a verdade?

— Uma erínia?

Ninguém disse nada.

— Vocês mentiram para mim. Todos vocês! – Acusou ela irritada. – Podem ter me contado de quando cheguei aqui. Mas o que diabos eu vim fazer nesse Santuário!? Alguém sabe responder!? – Ela olhou para os três, estava irada. – Ninguém!? ÓTIMO!

— Vienna, escute... – Albafica começou.

— NÃO SE APROXIME! – O cosmo dela se elevou, estava cada vez mais imenso e violento. – Você não pode se aproximar de mim Albafica. Não quero que destrua a única coisa que tenho: esse corpo humano.

— Você não sabe do que está falando!

— Talvez não saiba mesmo... – Ela olhou nos olhos azuis de Albafica. – Nunca soube mesmo! – E dito isso Vienna pegou a espada e voou para longe das rosas diabólicas.

— VIENNA! VOLTE!! – Gritou Albafica, mas suas palavras não alcançaram a jovem erínia.


Fragmentos de memória tomavam forma na mente de Vienna enquanto ela voava sobre as doze casas do Santuário. Ela se lembrava do nome das quatro espadas que apareciam em seus sonhos: Cobiça, Ciúme, Traição e Rancor. Vienna foi capaz de associar tais nomes e o medo das almas, com pecados cometidos pela humanidade. Talvez ela julgasse ou castigasse as almas lá no Submundo? Ela continuava pensando em meio às lágrimas que banhavam seu rosto junto com o sangue, agora seco, que escorrera de sua testa.


Ela seguiu triste e sem saber o fazer ou a quem recorrer. Todos mentiram e isso doía muito. Vienna sentia que seu coração iria explodir a qualquer momento, como se o espaço que ocupava em seu peito não fosse suficiente. E foi então que ela foi agarrada por alguém que vestia uma armadura. Era quente e apertado o abraço, mas agora ela mal conseguia bater as asas e ambos caíam de cabeça no rumo de uma floresta.

— Regulus!? – Perguntou Vienna surpresa.

Ele não respondeu, apenas a apertou mais ainda.

— Você vai me sufocar! Me solta! – Vienna tentou empurra-lo, inutilmente.

— Amigos existem para cuidar uns dos outros! – Disse ele tristemente.

— Do que você está falando! – Ela tentou olhar nos olhos dele. – Todos mentiram! Você mentiu!

— EU NUNCA MENTI! – Regulus ergueu o tom de voz e os dois caíram entre as árvores, de encontro a um lago.

Vienna sentiu seu corpo se separar de Regulus e afundar lentamente na água gelada. Tudo o que ela via era a tímida luz da lua propagando pelo meio fluido do lago.

“Não tinha percebido como a noite estava bonita... Aqui debaixo tudo parece tão puro e brilhante. Talvez se eu fechasse os olhos...” Foi o que ela pensou, mas Regulus pegou sua mão e a puxou para fora da água.

“Ainda não é hora de afundar! Existe uma história e eu quero saber quando ela começou.” Quando emergiu, Vienna se segurou como pôde nas ombreiras da armadura de Regulus. Aquelas asas vermelhas, agora encharcadas, pesavam e ela não queria afundar novamente.

Vienna olhou para o lago e viu o brilho da joia da Cobiça se distanciar. E então, curiosa, ela chamou a espada com o cosmo.

Obediente, a Cobiça emergiu e flutuou ao lado de Vienna.

— Como você fez isso? – Ele tentava se manter à superfície enquanto a segurava pela cintura, como se fosse uma criança.

— Curiosidade. – Disse ela. Sua voz estava um pouco mais alegre.

— Asas legais as suas.

— Bem úteis. – Comentou. – Regulus...

— Hum?

— Eu não sou Vienna. Sou uma erínia do Submundo e acho que torturo as almas dos pecadores... – Disse ela olhando para a espada. Lágrimas rolaram de seus olhos verdes. – Mas não lembro meu nome. Nunca fui Vienna.

— Pois pra mim você sempre foi e sempre será Vienna. Minha grande amiga! – Disse ele com um sorriso alegre. Ele a ajeitou no colo e nadou para fora do lago.

Vienna olhou no rosto alegre de Regulus enquanto a carregava para fora da água fria. Ela se perguntava por que a armadura de ouro era tão morna como um dia ensolarado e o mais curioso: como não afundava? Ela se encolheu quando eles saíram da água gelada. Regulus a colocou sentada no chão e a cobriu com o manto da armadura.

— Obrigada. – Disse ela alegre se enrolando no manto. A espada continuava a flutuar ao lado dela. Regulus sorriu.

— O que você vai fazer agora? – Perguntou curioso.

— Não sei. Eu preciso pensar... A todo o momento me vem alguma memória, é muita informação para uma noite só. – Ela olhou para a espada flutuante e esta descansou na grama. – Regulus, você sente medo quando está perto de mim?

— E por que eu deveria? – Ele não entendeu. – Você é doce demais pra botar medo em alguém!

— As almas sentem medo. Os moradores do vilarejo sentem. Só queria saber se você também sentia! – Retrucou ela irritada.

— Medo não. Talvez outra coisa. – Regulus olhou para ela.

As asas de Vienna estavam baixas pelo peso da água. Seus cabelos negros delineavam perfeitamente o pescoço e o contorno do rosto sujo de terra e sangue dela. O manto no qual ela se enrolara estava molhado e evidenciava algumas curvas de seu corpo jovem e, em suas pernas, havia cortes e machucados recentes.

— O que você tá olhando? – Perguntou lançando um olhar repreensivo.

— Você está cheia de machucados. – Ele se aproximou para olhar a testa dela melhor. Afastou a franja e viu um corte partindo do topo da cabeça de Vienna.

— Ah... Isso? Manigold me acertou dois socos na cabeça. – Ela suspirou.

— Por que ele fez isso!? – Perguntou transtornado, agora se sentando a frente dela.

— Não sei. Quando percebi já estava rolando a escadaria do templo do Grande Mestre.

Regulus nada disse. Agora era ele quem não entendia nada. Enquanto se perguntava sobre os fatos, um cosmo imenso e divino tomou conta do lugar.

— Você foi uma péssima marionete, erínia. – Disse um homem com vestes e cabelo igualmente escuros. Em sua testa havia o pentagrama negro.

— Quem está aí!? – Regulus se levantou assumindo uma posição defensiva entre Vienna e o dono da voz.

Vienna apenas abaixou a cabeça.

— Ora, ora... Falhou em sua missão e agora tem um guarda-costas? – Disse o homem com um sorriso sádico.

— Missão? Marionete? – Regulus estava confuso. – Você o conhece? Do que esse homem tá falando!?

Como resposta, o cosmo de Vienna se elevou ainda mais que o do homem, tornando aquele ambiente doentio e escuro. Ela riu e se levantou calmamente, deixando o manto cair e abrindo bem as asas, fazendo com que a água evaporasse tamanha a pressão no ambiente. Agora as margens do lago estavam quase insuportáveis para qualquer ser vivo.

— Vienna? – Regulus sentia dificuldade em respirar. Ele voltou-se para ela e, pela primeira vez sentiu medo da amiga. Ela tinha o olhar vidrado no homem e seu cosmo estava cada vez mais violento.

— Agora eu me lembro de tudo, Thanatos. – Ela passou a mão na testa, colocando a franja para trás. – Regulus, afaste-se. Isso é um problema entre deuses. – Disse ela sorrindo.

— Se lembrou? E vai fazer o que?

— Julga-lo. Tortura-lo. É o que faço de melhor. – Ela avançou um passo e a Cobiça flutuou até sua mão.

— E acha que consegue? Nesse corpo tão humano...

— Esse corpo nunca foi um empecilho. – Ela continuou avançando.

— Não é a mim que você deve explicações, jovem erínia. – Ele riu.

O céu estrelado foi tomado por uma escuridão momentânea e o espaço se distorceu, abrindo as portas para uma nova dimensão: O caminho dos Deuses. Dentro dela estavam, imensas, as duas mulheres odiosas que sempre apareciam nas visões de Vienna.

— Quem são elas? – Perguntou Regulus receoso, juntado forças como podia.

— Minhas irmãs mais velhas, Alecto e Tisífone.

— Quanto tempo irmãzinha. – Disse Alecto que estava à esquerda. Ela tinha o cabelo preso em um coque e sua armadura era vermelha com os detalhes dourados.

— Pronta para o castigo Megaera? – Questionou Tisífone que estava à direita. Ela tinha os longos cabelos azuis e sua armadura era verde com os detalhes dourados.

— Megaera? – Regulus olhou nos olhos de Vienna.

— Sou eu. – Disse a voz calma de Vienna.


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