(Lia) – O que você está fazendo aqui?

(Valentina) – Saudades, Lia?

(Lia) – Como foi que você me achou aqui?

(Valentina) – Ah, isso é fácil! Eu te segui! Usted no vai me convidar a entrar? Que falta de educacion nina!

(Lia) – Por favor, vai embora!

(Valentina) – No! Yo no voy ahora! / Não, eu não vou agora!

(Valentina empurra Lia e entra na casa mesmo sem a permissão dela)

(Lia) – Você está louca? Sai da minha casa agora ou eu vou gritar!

(Valentina) – Como usted és ingênua Lia... eu estou te vigiando há dias e sei que usted está sozinha aqui...

(Lia) – Eu não estou sozinha!

(Valentina) – Es verdad! No máximo recebes a visitinha de uno amigo ou seria amante? Rápida usted, enquanto Dinho está en la cama del hospital, usted esta aqui se divertiendo.

(Lia) – Chega, ninguém vai poder me acusar de não ter tentado ser civilizada com você!

(Valentina) – Como assim?

(Lia não se segura e dá vários tapas em Valentina)

(Lia) – Como assim? Você vai ver! Este tapa é por ter entrado na minha vida e na do Dinho! Este, é por ter o seduzido naquela maldita viagem! Este aqui, é por aquele beijo que você deu nele enquanto eu ainda namorava o Dinho! Este aqui, é pelo tiro que você deu no Dinho. Esse outro, é por ter me ameaçado naquele farol. Este, é por me afrontar dentro da minha própria casa e este aqui, é por me desrespeitar falando mentiras. Você está louca! Vai embora DA MINHA CASA!

(Valentina) – Usted pagara mucho caro por isso!

(Lia) – Eu realmente não queria chegar a extremos como esse, eu sou totalmente contra violência, mas você não só me provocou, como procurou por isso também!

(Lia tentava se acalmar novamente)

(Valentina) - ...

(Lia) – Agora que você já teve o que merecia vá embora!

(Valentina) – Yo no creo que usted sejas tao burra.... No percebestes o que yo vi a fazer aqui?

(Ela retira uma arma de dentro de sua bolsa e aponta para Lia)

(Enquanto isso na casa de Bruno...)

(Fatinha) – Fala Bruno! É tão difícil o que você tem para falar que precisa enrolar tanto?

(Bruno) – Sim! Muito difícil, você não imagina o tanto!

(Fatinha) – Então, respira fundo e diz... solta o verbo gato!

(Bruno) – Eu tenho uma ideia melhor!

(Fatinha) – Tem?

(Bruno) – Eu tenho três pedidos para te fazer, e eu vou fazendo elas no decorrer do almoço, pode ser?

(Fatinha) – Tá, pode sim! Agora vamos comer, porque eu estou morrendo de fome e daqui a pouco tenho que voltar para o hostel, mas antes, ainda quero ir visitar o Dinho no hospital.

(Eles comem e conversam civilizadamente)

(Bruno) – Por falar no garoto, como ele está?

(Fatinha) – Está bem! O Dinho só não está melhor porque não tem a Lia do lado dele, mas eu já estou resolvendo isso!

(Bruno) – A Jú me contou que a Lia viajou para a serra sem avisar ninguém!

(Fatinha) – Pois é, a marrentinha foi! Mas quando ela voltar vai ser tudo diferente!

(Bruno) – E você não acha que tinha que organizar a sua vida amorosa antes de querer resolver a dos outros?

(Fatinha) – Não Bruno! Eu não tenho que arrumar nada! Porque eu não tenho vida amorosa! Eu não tenho amor! Você lembra, disso? Foi você mesmo que me disse!

(Bruno) – Claro que lembro... e aproveito que entramos nesse assunto para te fazer a primeira pergunta!

(Fatinha) – Finalmente! Eu achei que você fosse me enrolar a tarde toda aqui e não fosse falar nada! Pode perguntar!

(Bruno) – Fatinha, você me perdoa?

(Fatinha) – O QUE?

(Enquanto isso na serra...)

(Valentina) – Usted achou que iria me desafiar e ficar por isso mesmo? ACHOU?

(Apesar de ver a arma, Lia não demonstra medo e a enfrenta)

(Lia) – Quer saber Valentina! Cansei! Se quiser atirar, atira... mas atira logo e acaba de vez com essa palhaçada!

(Valentina) – Corajosa você! Yo no esperava menos de usted!

(Lia) – Só que não pense que se você me matar o Dinho vai ficar contigo, porque isso ele não vai! Me matando você só vai conseguir ter o ódio dele para sempre! Porque é a mim que ele ama!

(Valentina) – CALADA!

(Lia) – A verdade dói, né?

(Valentina) – Cala a sua boca! O Dinho me ama e é você que está atrapalhando tudo! Sem você em nossos caminhos ele será só meu! Só meu!

(Lia) – Vai sonhando, vai...

Ei, espera aí? Cadê o seu sotaque?

(Valentina) – Sotaque? Que sotaque?

(Lia) – Não se faça de desentendida! Você falou...

(Valentina) – Ah, chega de fingir! Você não vai sair viva daqui para contar isso a ninguém mesmo!

(Lia) – Você não é argentina!

(Valentina) – Bravo! Parabéns! Descobriu o meu segredinho, pena que não vai ter tempo para contar para ninguém!

(Lia) – A Fatinha que tinha razão... nem argentina de verdade você é... não passa de uma argentina paraguaia, falsificada e desclassificada!

(Valentina) – Ainda bem que você descobriu... não aguentava mais fingir esse sotaque ridículo...

(Lia) – Então você é brasileira?

(Valentina) – Sim!

(Lia) – Porque você fingiu ser argentina?

(Valentina) – Sempre gostei de viver novas aventuras... aqui no Rio sou argentina, em Salvador sou espanhola, e por aí vai....

(Lia) – Você troca de nome igual troca de nacionalidade?

(Valentina) – No, no corazón.....mio nombre es Valentina Muñoz! A única coisa que eu faço é tirar as pessoas que me atrapalham do meu caminho... mas mudar de nome? Não... isso não...

(Lia puxa assunto com Valentina tentando distraí-la, e quando percebe que a “argentina” está totalmente distraída contando vantagem de suas variadas nacionalidades, Lia avança sobre ela e derruba a arma no chão )

(Na casa de Bruno...)

(Bruno) – É isso mesmo que você escutou. Eu estou te pedindo perdão por todas as vezes que eu te machuquei, que eu te magoei, que eu te usei, que eu te fiz chorar, que eu me aproveitei dos seus sentimentos para conseguir o que eu queria, que eu te humilhei, desprezei, ignorei, ... é, acho melhor eu resumir isso aqui, porque infelizmente essa lista é enorme, então eu vou ser direto, você me perdoa por tudo, TUDO, o que eu te fiz?

(Fatinha fica sem palavras e se emociona com a atitude de Bruno)

(Fatinha) – Isso é mesmo sério, Bruno? Você está me pedindo perdão por todo mal que já me fez?

(Bruno) – Sim , Fatinha! É verdade! E saiba que meu pedido é de coração e eu espero que a sua resposta também seja.

(Fatinha) – Bruno, não é tão fácil eu te perdoar... você vem, me magoa, aí depois pede perdão, eu te perdoo e você faz tudo novamente ou até pior...

(Bruno) – Se eu estou te pedindo perdão, é porque eu me arrependi de tudo o que eu fiz e porque não tenho a pretensão de repetir os mesmos erros! E então você me perdoa?

(Fatinha) – Tá, tudo bem! Eu te perdoo, mas por favor, nunca mais faça aquilo! Machuca de mais sabe?

(Bruno) – Pode deixar, nunca mais vou fazer isso... infelizmente eu aprendi tarde de mais que machuca e muito...

(Ele fica triste)

(Fatinha) – Não se preocupe, não! Antes tarde do que nunca!

(Ela pisca para ele)

(Bruno abre um grande sorriso)

(Fatinha) – Bruno, agora me responde uma coisa?

(Bruno) – O que?

(Fatinha) – Foi você que preparou tudo isso? O macarrão? Os molhos? Tudo?

(Bruno) – Foi! Porque, não gostou? Não ficou bom?

(Fatinha) – Não, pelo contrário! Está uma delícia! Mas eu estou falando do macarrão, não se anima não viu?

(Ela dá uma risada sapeca)

(Bruno) – Ai, Fatinha! Só você!

(Fatinha) – Eu não sabia que você cozinhava tão bem!

(Bruno) – Eu moro sozinho com a Jú, alguma coisa eu tinha que fazer, não poderia deixar minha irmã cuidar de tudo sozinha, né?

(Fatinha) – Me surpreendeu Bruno! Confesso, que agora você me surpreendeu!

(Bruno) – Como eu te surpreendi se você nem me conhece direito Fatinha?

(Fatinha) – Conheço! E muito bem! Só que o seu lado que você me mostrou foi o

de machista, arrogante, estúpido e cafajeste!

(Bruno) – Uau, quantos “elogios”...

(Ele brinca enquanto faz várias caretas engraçadas)

(Fatinha) – Mas hoje você me mostrou um outro Bruno, um Bruno que eu não conhecia, um Bruno calmo, paciente, cavalheiro, educado, humilde,...

(Bruno) – Então posso ficar tranquilo! As minhas qualidades superaram os meus defeitos!

(atinha) – Hum, convencido!

(Bruno) – Mas foi você mesma que disse isso tudo!

(Fatinha) – Tudo bem! Eu disse, mas não fique se achando por isso, não!

(Bruno) – ok, ok, ok, Fatinha... vamos voltar a comer!

(Enquanto eles almoçam, Bruno a observa disfarçadamente com um lindo sorriso no rosto)

(Na serra...)

(Valentina) – Olha só o que você fez garota!

(Lia aproveita que a arma caiu no chão e a chuta para longe)

(Lia) – O que foi? Machucou a mãozinha da bebê?

(Valentina) – Está pensando que pode contra mim?

(Lia) – Eu não estou pensando, eu POSSO!

(Valentina) – Sabe Lia... em outras circunstâncias poderíamos até ser amigas... você é corajosa, esperta, não nego que até inteligente, seu único erro foi se envolver com o meu Dinho... e por causa disso você pagará muito caro....e não pense que eu esqueci dos tapas que você me deu...eles estão doendo ainda....

(Lia) – Ah, é assim então? Então vem lutar comigo de mulher para mulher e vamos ver quem leva a melhor!

(Lia observa Valentina e ao perceber que ela vai tentar pegar a arma de novo, Lia sai correndo em direção da mesma. Lia é mais rápida, alcançando assim o objeto e indo em direção a cozinha)

(Valentina) – Me devolve a minha arma!

(Lia) – Só eu fosse louca!

(Valentina) – Eu diria que você é bastante louca de me enfrentar assim, desse jeito!

(Lia joga a arma dentro de um balde cheio de água com sabão)

(Valentina) – Eu vou acabar com você!

(Lia) – Pois venha! Eu não tenho medo!

(Lia chama Valentina com as mãos)

(Valentina) - Poderíamos resolver isso aqui de um jeito mais prático, mas se você quer sofrer...

(Valentina avança sobre Lia e as duas caem no chão. Entre variados tipos de gritos, puxões de cabelo e diversas tentativas de golpes mal sucedidos de Valentina, Lia sobe novamente em cima dela, a segura pelos cabelos, olha bem fundo em seus olhos e se levanta, enquanto a outra permanece deitada e estática no chão da cozinha)

(Lia) – Não vale a pena! Pode ir! Eu não vou sujar as minhas mãos com você!

FORA DA MINHA CASA! Você já teve uma amostra do que eu sou capaz... então faz um favor para mim, para você e toda a humanidade D-E-S-A-P-A-R-E-Ç-A!

(Valentina) ...

(Lia) – Está surda? Levanta do chão da minha cozinha e vai embora!

(Valentina se levanta completamente humilhada)

(Valentina) – Eu vou! Mas não pense que isso vai acabar assim!

(Lia) – Eu não penso! Eu tenho certeza! Sabe que no fundo eu tenho dó de você?

(Valentina) – Dó? Dó de mim?

(Lia) – Muita dó, por sinal. Deve ser muito triste amar uma pessoa e não ser correspondida, né? Amar, não! Ser obcecada, porque isso que você diz que sente pelo Dinho não é amor, pode ser qualquer coisa menos amor... porque quem ama de verdade, não faz essas coisas que você faz...

(Valentina) - ...

(Lia) – Você pode fazer o que você quiser, mas o Dinho nunca vai te olhar! Ele te despreza, tem nojo de você e principalmente está arrependido da besteira que ele fez!

(Valentina que até então permanecia calada só ouvindo o desabafo de Lia, resolve dar a sua cartada final)

(Valentina) – Ele pode até está arrependido, mas que ele aproveitou muito bem aquela viagem... ah, isso ele aproveitou! É fácil dizer que despreza e sente nojo depois que usa e abusa, não é? Conhece aquele ditado: Cuspir no prato que comeu? Agora, tire as suas próprias conclusões!

(Lia fica destruída com essas últimas frases de Valentina, mas não deixa ela perceber isso)

(Valentina estava virando-se para sair da cozinha e Lia a chama)

(Lia) – Espera! Você não está esquecendo nada, não?

(Valentina) – O que?

(Lia enfia a mão no fundo do balde e pega a arma e entrega para Valentina)

(Lia) – Isso aqui eu acho que eu seu! Pega isso e suma da minha vida!

(Valentina) – Eu vou! Nem eu e nem você ganhamos essa batalha, ainda teremos o nosso embate final. Nós temos contas caríssimas a acertar! E você vai me pagar por tudo o que me fez e me falou!

Só não esqueça do que eu te disse: “É muito fácil cuspir no prato que comeu!” Hasta, luego muchacha!

(Valentina sai da casa de Lia. Só depois que verifica que a porta está devidamente trancada, é que Lia se permite chorar. Ela não quis admitir na frente dela, mas infelizmente ela sabia que aquilo tudo era verdade)

(Depois de algumas lágrimas, Lia dirige-se a cozinha, arruma toda a bagunça que ficou por ali e vai para seu quarto. Ela andava pelos cômodos da casa triste e abatida)

(Na casa de Bruno...)

(Fatinha) – Já estamos quase terminando de comer e você não fez nem a segunda pergunta ainda!

(Bruno) – A segunda pergunta, lá vai:

(Ele pega nas mãos de Fatinha e encara seus olhos)

Fatinha depois que a gente teve esse rolo, você se envolveu com mais alguém?

(Fatinha) – E com que direito você me faz essa pergunta?

(Ela solta as mãos dele bruscamente)

(Bruno) – Você tem razão, eu não tenho direito nenhum, eu apenas estou te fazendo uma simples pergunta, e espero uma simples resposta... um “sim” ou um “não”

(Fatinha) – Se você não sabe a resposta desta sua pergunta ridícula, eu não tenho mais nada para fazer aqui!

(Ela se levanta e ele a puxa delicadamente pelo braço a fazendo sentar-se de novo)

(Bruno) – Isso quer dizer? Não?

(Fatinha) – O que você acha?

(Bruno) – Se a sua resposta é mesmo essa, agora eu criei coragem para fazer a minha terceira e última pergunta!

(Fatinha) – Ah, finalmente!

(Bruno levanta e para em frente à cadeira onde Fatinha está sentada. De repente ele segura uma de suas mãos e se ajoelha em seguida )

(Bruno) – Maria de Fátima dos Prazeres, a senhorita aceita tornar-se oficialmente a minha namorada?

(Fatinha que estava sentada tomando um pouco do suco de laranja se engasga com a pergunta de Bruno. Ele levanta rapidamente para ajudá-la)

(Valentina encontra-se alguns metros da casa de Lia. Possessa e raivosa ela planeja algo rápido antes que seja tarde de mais)

(Valentina) – Você não passa de hoje, muchacha!