Kingdom Hearts: The Pure Heart Of A Star escrita por Dryka Paradise


Capítulo 8
Chapter 7: The voice of heart


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores!!!
Faz algum tempo que eu não posto e os motivos são 2. O primeiro é que estava com bloqueio de criatividade e tive dificuldade para concluir este capítulo, o segundo é que estava acontecendo a atualização do site e não tinha como entrar em minha conta. Agora que tudo esta bem, posso continuar com as postagens.^^
Sei que o capítulo ficou longo, mas eu queria uma cena romântica entre Riku e Hikari, além de deixar mais uma parte do mistério da fic. Espero que gostem dela
Perdão pelos erros de costume, 'tá galera.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/318035/chapter/8

Mickey se aproximou de Riku quando Palm saiu da caverna levando Filo consigo para colher os ingredientes do tal remédio que mencionou, o garoto permanecia de braços cruzados na beira da cama e observando Hikari em silêncio desdo instante que a deixou ali. Ele olhou de esguelha para o rei que estava sério demais e parecia estar absorto em seus próprios pensamentos, pensou em perguntar se tinha algo para lhe disser sobre o homem, mas mudou de idéia rapidamente e ficou aguardando o outro falar primeiro. Vários minutos se passaram desde então e nenhum dos dois tinha pronunciado uma palavra sequer, até que...

– Não gosto do Palm. Ele me faz sentir algo... estranho...

– Então por que raios o seguimos até este lugar?! - questionou Riku elevando um pouco a sua voz, mas se conteve quando o outro fez sinal de silêncio. Depois olhou para a garota, vendo-a que ainda estava de olhos fechados. - Se ele é algum tipo de inimigo, o certo é ter recusado a sua oferta e ido embora logo em seguida. Agora se houver uma batalha aqui dentro a vantagem será dele porque: 1 - uma criança estara no meio do fogo cruzado e 2 - temos alguém em péssimas condições. Não vamos conseguir lutar e proteger as duas sem ao menos saber do que ele é capaz de fazer, será difícil conciliar tudo ao mesmo tempo.

– Estou ciente disso. Mas não se preocupe, meu jovem, tenho tudo planejado para sairmos todos ilesos dessa cilada em que eu nos colocamos. - disse o camundongo, confiante. - E também veja pelo lado bom, as minhas suspeitas foram confirmadas no fim das contas, a menina estava realmente num lugar longe de nossa vista e protegido dos "Nobodies". - o garoto ergueu uma sombrancelha. - Lembra quando a senhorita Seraph nos contou sobre o líder? Pois bem. Eu logo presumi que talvez tenha sido ele que capturou a Filo e a levado para algum lugar enquanto que, simultâneamente, ordenava os "Nobodies" atacar. Acho que quer usá-la para atrair alguma coisa e de vez em quando dava o ar de sua graça nas batalhas, mas agia de forma discreta e rápida para não ser notado. Também reparou nos cristais lá fora e no corredor? Eles são os mesmos que rodeiam "Waiting City". Acredito que no caso de perder o controle, pelo menos estara seguro do ataque em massa dos monstros.

– Acha que o líder... é o Palm? - Mickey assentiu, em confirmação. - Mas, ele não foi repelido ou se sentiu mal perto daqueles cristais. Isso quer dizer que não é um "Nobody". Então... Como consegue influenciar aquelas coisas sem ser um deles?

– Isso eu ainda não sei... Talvez seja um "Special Heartless" como o Ansem, the Seeker of Darkness, ou então algum monstro nativo daqui. Mas, de uma coisa tenho certeza: aquele homem é muito astuto, tanto que levou a Filo consigo para nos mostrar que tem a vida da probre menina em suas mãos e se fizermos alguma coisa será ela a sofrer as consequências de nossos atos, e também já sabe que estamos ainda mais desconfiados dele. Precisamos estar precavidos. Ele vai atacar e pode ser a qualquer momen-

– ...Hmm... ...Riku...

Hikari estava recuperando os sentidos aos poucos e seu chamado pegou ambos de surpresa, assim interrompendo a conversa. O garoto corou levemente ao ouvir que a primeira coisa dita por ela foi o seu nome e se perguntava qual tipo de pensamento passou pela mente dela para chamá-lo. Já o rei sorriu e isso lhe dava mais certeza sobre o tipo de ligação que havia se formado entre os dois, deixando-o feliz por saber que era forte e... pura.

– Oh! É óbvio que ela quer ficar apenas perto de você e minha presença vai atrapalhar os seus planos, portanto, irei verificar os cristais para saber que tipo de poder é esse capaz de repelir os "Nobodies". E não se preocupe comigo, vou estar próximo. - depois se afastou, ignorando todas as súplicas de Riku que não queria ficar á sós com a garota, mas o alvo de sua raiva já tinha saído de sua vista. "Você precisa desse tempo particular com ela, meu jovem. O sentimento que brotou em seu coração deve ser percebido o quanto antes, do contrário, a escuridão que ainda habita dentro de você irá vencer e consumí-lo mais uma vez", pensou consigo mesmo enquanto se dirigia a um conjunto de cristais.

O garoto suspirou, encabulado com a situação em que fora posto, e olhou para o vázio sem saber o que fazer. Engoliu em seco e depois respirou fundo para tomar um bom gole de coragem, verificou sob o ombro direito a pessoa que estava atrás de si e ficou um pouco alíviado por ver que ela ainda estava adormecida. Parece que foi um alarme falso afinal.

"Ufa! Salvo... Eu realmente não saberia como agir na frente dela se acordasse".

Contudo, como se uma força invisível o obrigasse a fazer aquilo, Riku não resistiu em fitar Hikari, e seu olhar se fixou no rosto delicado dela. Agora que prestava mais atenção, via como a garota era bonita e sentiu suas bochechas esquentarem levemente ao notar isso. Sacudiu a cabeça para afastar os pensamentos e a sensação calorosa provocada por aquele momento, mas não conseguiu, e seu coração havia disparado nos batimentos cardíacos mais uma vez.

"Droga... Não acreditava que existisse uma menina mais bonita que a Kairi, mas a Hikari conseguiu essa façanha. Espera um pouco! Em que estou pensando?!", brevemente o seu olhar perdeu o foco quando se reemprendeu, mas então pousou uma das mãos sobre o próprio peito e sentiu os batimentos rápidos daquela sua parte agora incontrolável. "Que tipo de sentimento é este que sinto por ela?! Nunca senti algo igual antes, mas... ele é tão... bom... Sem falar da impressão esquisita de que a conheço... Céus! O que acontece comigo afinal?", Riku estava completamente confuso com os próprios sentimentos e pensamentos em relação a garota. Tudo piorava quando relembra do fato de ter ariscado a vida por ela e mais ainda do instante em que seus rostos ficaram muito próximos.

Nada fazia mais sentido. Seu mundo virou de cabeça para baixo uma segunda vez e a culpa é exclusivamente dela. A pessoa que acabara de conhecer e já lhe impressionava tanto, que o fez sentir revigorado e um completo estúpido ao mesmo tempo logo no primeiros minutos após se encontrarem. Hikari Seraph... Um mistério que deseja desvendar a qualquer custo e que também lhe dava forças para lutar contra o tormento que Ansem lhe representava.

– Riku... O que esta fazendo? Carinho? - o garoto gelou ao notar que aquele par de olhos vermelhos o encarava confusos e depois descobriu o por quê. Uma de suas mãos estava pousada em seu rosto e o polegar posicionado precisamente na bochecha dela, dando a entender que fazia caricías antes. Ele não percebeu o gesto que havia feito e rapidamente removeu a mão, ficando extremamente constrangido. - Não tenha vergonha. Fazer carinho em alguém é sinal de cuidado e prezo pela vida dessa pessoa. Fico feliz com o seu gesto.

Aquele sorriso bondoso... Seu coração perdera o compasso dos batimentos cardiácos mais uma vez. Ela o fez sentir aquilo de novo, o sentimento bom que não conseguia descrever com clareza. Riku virou o rosto numa tentativa patética de fugir daquilo, encarar o vázio era melhor do que ver Hikari e sua expressão de felicidade por uma atitude insconciente dele.

– Onde nós estamos? - perguntou a garota, puxando assunto. - A última coisa de que me lembro é que um bando de "Nobodies" surgiu e nos atacou. Como sobrevivemos? - então o garoto lhe contou toda a história, desde seu desmaio até aquele presente momento, mas omitiu a parte de ter usado o próprio corpo para protegé-la porque achava descessário ela saber por não querer vê-la preocupada consigo. Já bastou para si a sua vontade de querer lutar estando quase insconciente. - Esse amigo que acabara de mencionar... Pode descrevê-lo, por favor? - pedido atendido, mas a expressão dela foi de espanto ao invés de animação. - Não. Não pode ser verdade... É impossível que seja ele...

– Você tem mesmo um amigo chamado Palm e que é caçador de "Nobodies"?

– Tenho. Quero disser... tinha. Eu nunca mais o vi depois de um incidente que não teve um final muito agradável para ninguém e... ele era um mero aspirante á caçador de "Nobodies" na época. - sua voz soou triste e lamentosa, aquela é a primeira vez que Riku a via assim. Óbvio que a lembrança fazia parte dos momentos ruins de sua vida. - Mas, a única forma de saber é eu vendo-o pessoalmente. Parece que terei de aguardar o retorno dele para ter a resposta.

Um silêncio inquietante se instalou na caverna, nenhum dos dois ousou falar porque não sabiam o que disser ao certo um para o outro. Ela encarava as mãos entrelaçadas, absorta em seus próprios pensamentos, e ele tentando organizar a sua mente confusa enquanto que ao mesmo tempo ficava ainda mais curioso sobre a sua história. Mas, precisara ter paciência e pelo visto muito cuidado com o tipo de pergunta que fizer a ela também porque agora sabia que existiam assuntos delicados e não quer tocar em um deles sem querer, deixando-a triste. A idéia de vê-la sem a sua alegria reconfortante e encantadora, mesmo que fosse por um breve instante, estranhamente o incomodou e logo decidira evitar isso.

– Não quer me perguntar alguma coisa? Qualquer coisa? - foi Hikari que quebrou o silêncio.

Riku tem milhões de perguntas para fazer e escolheu, porém, a mais adequada para aquele momento. É sobre um fato recente, mas que lhe despertou curiosidade, e precisava ter uma explicação antes que faça ou diga algo que possa parecer uma ofensa para ela. As demais perguntas deixaria para uma hora mais oportuna, isso se ela decidir continuar seguindo-o ou quando fosse reencontrá-la em alguma parte do "Realm of Darkness" no caso de optar por um caminho diferente do dele, o que era mais provável disso acontecer. Mas no fundo queria que aquela garota permacesse ao seu lado, tal desejo o pegou de surpresa.

– Quando você desmaiou, aquele seu lobo esquisito desapareceu. Por quê?

– Porque um "Heartfelt"... é incapaz de permanecer no reinado que fora convocado por si próprio, ele precisa da força de um outro coração para poder lutar ou fazer qualquer coisa de fora do "Realm of Void". Ele necessita ter uma... ponte digamos assim... que interligue ambos os reinados e lhe ofereça essa capacidade. - então ela pousou uma das mãos no peito e removeu um pequeno coração de cristal, havia um sorriso em seu rosto e um olhar cheio de ternura era direcionado ao belo objeto que flutuava sob a sua palma. - Este é o coração de Fenrir, the Wolf Guard, e estou lhe dissendo que estou bem.

– Como? Você não falou nada depois que retirou esse coração.

– Converso com os meus "Heartfelts" usando somente a voz do coração. - respondeu Hikari, simplesmente. - Me escute com atenção, Riku. O que vou lhe contar agora é uma história considerada sagrada para nós "Summoners", não pode ser contada para qualquer pessoa... Mas tenho plena confiança em você, apesar de eu ainda não ter a sua e compreendo os seus motivos. - ela suspirou profundamente, fechando os seus olhos. - Cada "Heartfelt" era um ser vivo antes, mas tiveram a coragem de sacrificarem suas vidas por algo de extrema importância tanto para eles quanto para o mundo no qual viviam. Mas graças a essa atitude nobre, as Deusas da harmônia e da morte reconheram suas virtudes, além da sua força de vontade em continuar lutando por aquilo que acreditam. Assim eles ganharam um lugar no "Realm of Void" para viverem ao lado delas até que fossem necessários mais uma vez, porém... existe uma regra explicíta a ser obedecida. Como restara apenas a essência de suas vidas, ou seja a alma, cada um assumira uma forma especifica e adequada as habilidades que possuem quando forem convocados. Então, as Deusas usaram os seus poderes divinos para resgatar os corações deles do coração em comum entre todos os mundos.

– O "Kingdom Hearts". - disse o garoto, relembrando da lenda que Maleficente lhe contou.

– Exatamente. Depois os transformou em cristais e lançou neles um encantando para que sua voz seja ouvida por um coração correspondente a causa. Dessa maneira, se cria uma ligação perfeita entre o reinado do vázio e o reinado onde essa pessoa esta no momento, um elo inquebrável que irá durar até que tudo seja solucionado.

– Uma ligação... entre os corações... - sussurrou ele, pensativo.

– Com o tempo, as pessoas com o poder de trazer as criaturas do "Realm of Void" sem o uso de algum artefato, passaram a ser chamadas simplesmente de "Summoners" e aqueles conhecidos como "Jewel Summoners", pessoas que conjuram criaturas usando uma jóia mágica geralmente pedras preciosas, ficaram obsoletos. Uma guerra aconteceu entre os dois lados durante uma das "Keyblade War" e foi quando apareceu alguém que possuia ambas as habilidades de conjurador. Essa pessoa as usou para dar fim ao conflito após trazer os "Heartfelts" mais poderosos que existem e apartir desse dia, passou a existir a crença do "High Summoner", o único coração forte o suficiente para suportar criaturas de extremo poder como o "Heartfelt Alexander, the Great Fortress" por exemplo, além de um outro detalhe que não me recordo qual era. - depois, fez o coração de Fenrir voltar para o seu próprio. - Graças a voz do coração, não preciso de palavras para disser ao Fenrir e os outros o que é preciso fazer na maioria das vezes, eles são capazes de acatar minhas ordens sem o uso da fala. O único problema de um "Summoner" é que para a ligação se mantér firme será preciso estar consciente e também focado na magia da conjuração o tempo todo, se perder os sentidos ela é desfeita e a criatura retorna para o "Realm of Void" automaticamente.

– Entendi. O Fenrir tinha perdido a ligação com o "Realm of Darkness" e teve que voltar, por isso ele uivou daquele jeito. Estava triste porque não podia mais te proteger como queria.

– Mas você me protegeu no lugar dele, e confesso que estou muito feliz com essa atiude corajosa vinda de sua parte. Só não gostei que para isso precisou colocar a sua vida em risco. - imediatamente Riku arregalou os olhos. Como ela poderia saber disso? - Como você estava focado em resistir aos ataques dos "Nobodies" o máximo que podia, nem percebeu que eu abria os olhos quando meus sentidos voltavam por um breve instante. Vi como sofria, mas teimava em continuar me protegendo usando o próprio corpo, e... - de repente ela corou, além de ficar batendo a ponta dos dedos indicadores um no outro parecendo nervosa com alguma coisa. - ...estava consciente quando nossos rostos se aproximaram.

Agora estava explicado o motivo do seu constrangimento. Hikari havia presenciado aquele momento e mal sabia ela que, simultâneamente, ele estava confrontando a voz de Ansem enquanto a protegia dos monstros. O garoto não conteve o nervosismo e também corou, ficando ainda mais vermelho quando recebeu um beijo na sua bochecha direita.

– Obrigada. Prometo que... Não... Eu juro que vou retribuir o cuidado que teve comigo. Irei protegê-lo exatamente da mesma maneira, não irei deixar que ninguém lhe machuque.

– Hmph! Não precisa. Detesto a idéia de alguém lutando por mim. - Riku virou o seu rosto para encarar o vazio, era a segunda vez que fazia isso em tão pouco tempo. - Esqueça o que acaba de me prometer. Prefiro que perca a sua energia lutando ao meu lado.

– Mesmo assim... Eu quero fazer isso por você e vou cumprir com a minha palavra, queira você querendo ou não. - e então sorriu. - Pelo menos você foi sincero comigo. Me falou o que estava pensando e sentindo ao invés de guardar tudo para si como faz a maioria das pessoas infelizmente, algo assim passaria como uma grosseiria ou desfeita aos outros, mas... eu sei que este é o seu jeito de ser e é por este motivo que eu não me importo com nada que fizer, de verdade. Estou ciente que você apenas esta... expressando... tudo aquilo que passa em sua mente e coração, só recomendo que tome um pouco de cuidado em certas situações porque nem sempre o final é aquele no qual imaginamos.

Riku ficou pasmo com o argumento de Hikari e os seus batimentos cardiácos perderam o compasso de repente. O ritmo havia alterado, ficando acelerado ao ponto de fazê-lo ter a impressão de que seu coração poderia pular para fora do peito a qualquer momento de tanto que o esmurrava. Ela o fez sentir aquilo... de novo. A sensação boa e inexplicável o domínio por completo, fazendo-o contemplar a garota no mais absoluto silêncio enquanto a mesma tentava esconder o rosto com a franja para escapar do olhar penetrante dele, mas depois passou a contemplá-lo também. E assim ficaram por longos minutos. Ambos não percebiam o tempo passar e muito menos a maneira como estavam se olhando.

– Isso é tão estranho... Sinto que eu a conheço de algum lugar...

– Talvez... Tenhamos nos conhecido numa outra vida...

O garoto se perguntou sobre o que ela quis lhe dizer com aquela resposta estranha. Será que se referia a algo como reencarnação? Impossível. Ele nunca acreditou nisso, sempre achou esse assunto uma grande bobagem e até debochava de todos que levavam fé em vidas passadas, inclusive os seus amigos. Se fosse possível viver mais de uma vez, muita gente reconheceria inúmeras coisas e lugares quando as visse; Ele teria reconhecido algo depois que saiu de "Destiny Islands" e começado a sua jornada sombria trabalhando para Maleficent, mas nada lhe tinha acontecido. Nenhum vislumbre de uma época diferente, nenhuma sensação de nostalgia ou saudade... Nada. Até agora.

– Você não entendeu ou não acreditou em minhas palavras, né? - Riku balançou a cabeça, como se estivesse lhe dissendo um "Sinto muito" silencioso. - Tudo bem... É até bom que você não tenha entendido ou acreditado no que acabei de falar. Isso significa que você é daqueles que leva fé no aqui e agora, descartando qualquer coisa que esteja fora da realidade.

– Então por que me disse aquilo se sabia como eu iria reagir?

– Não sei. Esperança talvez? Quem sabe... - respondeu Hikari, dando de ombros.

– Esperança?! De quê?! Nós dois realmente nos vimos antes? - ela não disse nada, apenas sorriu para ele. - Ok... Parece que esta é outra peça do mistério que compõe você, afinal. Mas se for mesmo verdade que já nos encontramos, eu irei me lembrar cedo ou tarde.

– Não acho isso possível, você também não se lembra daquele homem e da promessa que fez para ele. - sussurrou a garota enquanto encarava o vázio com um olhar tristonho, como ele estava muito perto conseguiu ouví-la perfeitamente e mais perguntas se formaram em sua mente. Tentou fazer uma delas, mas pensou melhor e resolveu deixar de lado por aquele não ser o momento certo para um interrogatório. Pelo menos, porém, tinha uma prova: eles já se conheciam, mas o problema era de onde. - A mente é uma coisa muito curiosa. Hora ela preserva as lembranças em seus minímos detalhes com tanta fixação que é quase impossível esquecé-las, mesmo que a gente tente isso. Mas em outras simplesmente as apaga, como se nada daquilo tivesse acontecido ou que tenha alguma importância para si. - então suspirou. - Queria ter essa facilidade... - disse mais para si mesma.

– Tem... algo te perturbando? - de repente, Hikari soltou uma risada suave e depois sorriu para ele. - Entendi. Você não vai falar. Prefere se esconder na sua máscara feliz.

– Isso não é uma máscara, Riku, estou apenas seguindo a voz do meu coração. E ele me diz para estar sempre de bem com a vida, além de enxergar o lado positivo das situações ruins em que me deparo pela frente. Também compreender tudo e ter compaixão com todos ao meu redor. Problemas?! Isso pode ser resolvido com calma assim que encontrar a solução, não vou ficar triste ou zangada enquanto isso, simplesmente deixo para uma ocasião mais oportuna, mas sem esquecer de sua urgência é claro ou ficar obssecada. O meu dilema é: permita que tudo ocorra no seu devido tempo e então o final será aquilo que espera.

Diante de tal argumento, Riku não sabia o que pensar ou falar. De primeira a achou bipolar por mudar de humor de repente, igual da última vez, mas depois de prestar mais atenção nela, notou que fora sincera o tempo todo e o seu racíocinio era simplesmente... diferente... de tudo aquilo que conhecia. Se existia algum tipo de problema que a esteja atormentando, a garota estava convicta de que irá solucioná-lo em breve e acredita no fim esperado, mas pelo visto resolveu deixar de lado por alguma razão misteriosa.

– Só que... - ela fechara os olhos, parecendo querer refletir sobre algo. - ...ás vezes esqueço que eu também sou uma pessoa igual a todo mundo e há momentos que anseio as coisas porque é algo que meu coração esta querendo, como agora por exemplo. Maaasss! Consigo me contér usando o meu alto-controle para não prejudicar ninguém com as minhas próprias vontades, então dedico o meu tempo naquilo que é realmente importante: ajudar.

Silêncio. Nenhuma palavra era dita para não atrapalhar aquele momento.

"Como eu queria ter essa visão das coisas... Vendo tudo do ponto de vista dela, parece que há sempre um caminho favorável, mesmo que isso ás vezes o obrigue a esquecer de si próprio para ajudar alguém", e mais uma vez ficou contemplando Hikari como a minutos atrás. "Voz do coração... Será que eu ainda tenho algo assim dentro de mim depois de tudo o que aconteceu?", de novo os olhos vermelhos da garota encontraram os seus olhos verdes e o mundo ao redor deles diluir. "O que você significa para mim? Que tipo de ligação nós dois temos?", se perguntou enquanto se esforçava para lembrar de qualquer coisa referente a garota e não conseguir nada. Ele tinha quase certeza de que a resposta estava em algum lugar da sua própria memória, mas estranhamente não tinha acesso a ela. "Minha mente... até parece... ela que foi...", de repente sentiu um latejo conforme vasculhava suas lembranças.

Vendo que Riku expressava dor, Hikari levou uma de suas mãos ao rosto dele e começou a acariciá-lo suavemente. Ele fechou os olhos e aos poucos melhorava sob o seu toque, depois a agradeceu com um olhar carinhoso, além de abrir um sorriso sincero. Aquilo a fez ficar tão feliz que não notou como o seu corpo começou a ser envolvido por uma luz branca e tênue, o fato surpreendeu o garoto até ele lembrar que estava diante de uma estrela.

Neste instante, Mickey retorna trazendo um pequeno cristal em mãos e dissendo que era possível ver minúsculos fragmentos de luz dançando no seu interior se observá-lo mais atentamente, até notar como os dois adolescentes se olhavam e ambos pareciam ter esquecido de todo o resto mais uma vez. Também ficara surpreso em ver Hikari brilhando, mas ele ficou tão contente com aquela cena que apenas sorriu sem dizer mais uma palavra sequer para não atrapalhá-los, pois achava muito bom o clima que envolvia aqueles jovens corações e desejava verdadeiramente que permanecessem juntos daqui por diante. Foi só nesse momento que Hikari percebeu como estava e rapidamente tratou de diminuir o seu brilho, antes disso para a infelicidade de Riku, havia recolhido sua mão. De repente, Filo apareceu com um ramo de plantas nas mãos e se alegrou tanto ao ver a garota acordada que fez uma barulheira danada, como toda criança faz para comemorar alguma coisa boa.

– Você se recuperou, que bom! - disse a menina ao se aproximar. - Oi. Meu nome é Filo.

– Muito prazer em conhecê-la. Me chamo Hikari Seraph. - se apresentou com um sorriso.

Filo chegou mais perto e ficou encantada com a beleza delicada da garota.

– Noooossaaaa! Você é muito bonita, até parece um anjo. - Hikari ficou encabulada com a comparação feita e mais ainda quando houve concordância da parte do garoto. Depois, fitou os olhos vermelhos dela. - Incrível... Nunca conheci ninguém com essa cor de olhos. Eles até parecem um par de rubis, sabia. Você deve ter muito orgulho deles! Eu teria porque os meus são de uma cor muito comum, gosto do tom amendôado, mas o seu é único.

– Bem... Eu... - começou ela, desviando o foco de suas atenções.

Riku notou a tristeza no olhar dela, logo percebendo que o assunto não lhe era agradável, e rapidamente fez o rumo da conversa mudar ao perguntar para a menina que plantas eram aquelas que carregava. Depois, piscou discretamente para a garota com um meio sorriso. Mas, quando Hikari achava que iria ficar tranquila, as coisas tenderam a piorar.

Todos ouviram alguém disser que havia voltado e então Palm adentra na caverna com algumas frutinhas roxas muito semelhantes com amoras nas mãos. Ele olha diretamente para a garota, que arregala os olhos de espanto ao vê-lo e ficar branca feito um papel, e disser que havia se passado muito tempo desde a última vez em que se viram além de querer saber o que andou fazendo. Nisso, Mickey notara o aspecto suspeito de seu sorriso e o tom sombrio em sua voz, álias tudo naquele homem era para se estranhar e a certeza de que representava um grande perigo só aumentou após ver a reação de Hikari. Ela, porém, não respondeu. Estava assustada demais para formular qualquer palavra e pronunciá-la depois, entretanto Riku não gostou nada de vê-la com medo e desconfiou ainda mais da boa vontade do caçador em ajudá-los.

– Pai, olha! Sua amiga acordou e ela parece muito bem. - disse Filo, inocentemente.

– Estou vendo, mas ela ainda precisa tomar o remédio só por garantia. - e gesticulou para a filha se aproximar. A menina atende ao chamado dele e lhe entrega o ramo que segurava, recebendo um carinho no alto de sua cabeça como agradecimento. - Vai demorar um pouco para o medicamento ficar pronto. Enquanto isso Hikari, se não quiser que as coisas piore tente... não fazer nada, ok. - recomendou. A garota logo agarrou uma das mãos da pessoa mais próxima a ela e a fitou apreensiva, rezando para que entenda o seu olhar.

O garoto percebeu que ela não estava com medo, e sim apavorada com a presença daquele homem. Então, usando gestos discretos com a mão livre e os olhos, ele perguntou se Palm era realmente um conhecido dela e a resposta foi um aceno positivo de cabeça seguido por um negativo, em seguida questionou o motivo de estar tão assustada e ela apenas apertou sua mão. Nisso, Palm preparou tudo e começou a infusão dos ingredientes colhidos, mas sempre pedia auxílio a Filo em intervalos de dez minutos ou menos, também lançava olhares estranhos para as três pessoas a mais na caverna sem a menina notar e parecia rir quando seus rostos se contorciam numa careta por causa do aroma repugnante exalado durante o cozimento. Então quase uma hora depois, ele foi até Hikari com uma xícara de chá feito da mistura.

– Beba até a última gota. - a garota hesitou e ele abriu um sorriso. - Se não beber este chá algo ruim vai acontecer. - um arrepio horrível percorreu a espinha dela instantâneamente. - Vamos Hikari. Você vai se sentir melhor daqui a alguns minutos.

Não tendo outra escolha a não ser obedecer as condições de Palm, Hikari estendeu uma das mãos para pegar a xícara. Mas antes mesmo de alcançá-la, uma pessoa interveio.

– Acho que vou beber um gole disso. Estou com uma dor terrível nas costas... deve ser por causa dos ataques que levei dos "Nobodies" para proteger essa idiota e imprudente deles. - disse Riku, pegando a xícara e encarar o liquído roxo. - Espero que o sabor seja melhor que o cheiro.

– Huh... Eu recomendo não fazer isso. O remédio é muito forte e ainda tem um efeito sonífero que faz quem o beber adormecer logo enquanto trata aquilo que o estiver incomodando.

– Como é bom saber disso, também preciso dormir um pouco. - disse o garoto afastado a xícara do homem que tentou pegá-la de volta. - Sabe Palm... Desde que cheguei aqui no "Realm of Darkness" só tirei um mero cochilo e estou muito exausto. Isto talvez me ajude a descansar pelo menos por algumas horas. - o outro pareceu não gostar da situação. - O que foi? É só um remédio... Não vai me fazer mal, certo? - e quando iria beber, o outro aproveitou o momento de distração dele e conseguiu pegar a xícara, mas rapidamente foi recuperada assim iniciando uma briga ridícula de quem ficaria com a bebida até escorregar das mãos de Riku e cair no chão.

– Viu só o que você fez, moleque intrometido! - esbravejou o caçador.

– Me desculpe. Você pode fazer um segundo remédio, não pode?

– Claro que posso, mas essas frutas são essenciais! Elas crescem e amadurecem a cada dez anos nessas montanhas e eu peguei as últimas que haviam! As próximas só daqui á uma década.

– Mas as plantas podem curar por serem medicinais, papai. Olha! Sobrou o suficiente para fazer outro remédio. - disse Filo, apontando para o montinho de plantas intocáveis. - Vamos logo começar a preparar o chá ou ela vai continuar sentindo dor e não quero isso.

A menina se aprontou para a limpar tudo e auxiliar na nova infusão, enquanto isso Palm lançou um olhar de fúria na direção do garoto que não se deixou abater pela intimidação dele. Quando o homem lhe virou as costas, Hikari rapidamente sussurrou algo em seu ouvido.

– Ele se parece com o meu amigo Palm. O cheiro que exala indica que é alguma... coisa. Eu não sei o que é, mas de uma coisa tenho certeza: não é um humano, "Heartless", "Nobody" ou "Unversed". Explico para você e o Mickey depois de cairmos fora desse lugar com a menina. Tenha cuidado, Riku, ele é muito perigoso. - e pela segunda vez beijou a sua bochecha como uma forma de agradecimento, antes de retornar para a posição anterior.

Ele fitou o caçador com raiva porque, seja o que estivesse naquela bebida, iria prejudicar a garota ou então faria pior e isso o deixou com vontade de eliminá-lo da maneira mais cruel possível, mas rapidamente afastou tal pensamento e focou suas ateções numa saída daquela situação. Olhou para Mickey e ele fez um sinal mostrando que estava atento a cada movimento do "inimigo", aquilo o alíviara um pouco, e depois para Filo, a inocente exposta ao perigo que estava além de sua imaginação por motivos ainda desconhecidos.

*=========================================================================*

O rei investigava mais afundo os cristais no corredor da caverna e tinha o auxílio de Riku, mas o garoto não parecia demonstrar nenhum interesse na tarefa que pode oferecer-lhes uma forte proteção contra os "Nobodies". Na verdade, ele estava absorto em seus próprios pensamentos e vai-e-vêm levava uma das mãos a bochecha onde recebera dois beijos de Hikari, ambos como forma de agradecimento pelas atitudes protetoras que teve para com ela. Se recordava perfeitamente do toque suave e delicado de seus lábios em sua pele, a sensação boa que sentira nesse breve espaço de tempo era inexplicação, além de tentar entender o tipo de sentimento que existe entre eles e outros fatores estranhos. Álias... Também não conseguia deixar de lembrar de outra coisa e tal lembrança o fez recordar do momento em que a carregava até aquele lugar. O calor que o corpo dela emana é fora do comum, estava acima da temperatura normal, isso talvez seja porque ela é uma estrela e estrelas são feitas de luz, que por sua vez é uma força bilhante e quente. Quente igual ao sol, a maior estrela que existe no universo... A Hikari seria um pequeno pedaço do sol, um pedaço em forma de gente que o atraía muito e lhe dava muito trabalho para cuidar.

– Você quer voltar lá e ver se Hikari esta bem ou simplesmente ficar do lado dela?

– Huh?! N-não acho isso necessário. Tenho certeza que ela esta segura e também... não quero atrapalhar o seu sono. Aquela estrela idiota e imprudente merece um descanso depois de tudo. - respondeu coçando a cabeça e desviando o olhar, o rosto corando.

Acontece que a garota acabara sendo vencida pelo cansaço e logo dormira profundamente, isso depois de muito tempo se recusando a descansar e também de tentar convencer os dois de que se sentia bem após beber o segundo remédio feito por Palm porque queriam certificar que ela não corria nenhum perigo de vida. Mas parece que a bebida de coloração esverdeada, talvez pela falta das frutinhas na mistura, era inofensiva. Contudo, o homem havia saído minutos antes deles virem para o corredor no intuito de buscar mais plantas medicinais, a desculpa que dera a todos foi que é para o caso de Hikari continuar sentindo dor e aproveitara a ocasião para também vigiar o local. Filo o acompanhou por vontade própria e estava animada em ir para uma nova aventura ao lado do pai e ajudá-lo na vigília, a menina ansiava em saber se não tinha algum "Nobody" pelas redondezas e prometeu a si mesma que desta vez irá lutar contra o monstro sem ter medo dele.

– Faz algum tempo que eles sairam, né? Estou começado a ficar preocupado com a Filo.

– Eu também, mas Palm não cometeria esse erro. Ele sabe muito bem que se algo acontecer a menina, nós iriamos atacá-lo sem hesitar e com tudo o que sabemos. A pobrezinha além de ser a sua refém, também é o melhor meio de mantér nós três sob seu controle. - disse o camundongo, pegando um segundo cristal que chamará a sua atenção e analisá-lo. - Tenha paciência, meu jovem, como eu tinha lhe dito: tenho um plano que salvará todos nós do perigo. Somente precisamos esperar a hora certa de agir e tomar as devidas precauções para quando soubermos o que nosso inimigo é capaz de fazer.

– Espero que seja um bom plano porque não quero ver a Hikari correndo risco outra vez.

Mickey pensou em reemprendê-lo com sermões ou simplemente jogar um cristal em sua cabeça, mas ficara feliz em ouví-lo disser o nome da garota pela primeira vez. Riku notou o seu enorme sorriso e ficou tão incomodado com aquilo que o questionou sendo um pouco agressivo, terminando com o rosto vermelho feito um tomate ao receber a resposta.

– E-Eu não gosto dela! N-Não do jeito que deve estar pensando!

– Mas não estou pensando em nada. Você que esta. - rebateu o rei, desentendido.

– 'Tá! Confesso que sinto alguma coisa muito... boa... quando fico perto dela e tenho a estranha impressão de que a conheço, mas isso não quer disser nada. Eu... estou tentando vê-la como uma amiga. A Hikari parece confiar muito em mim e tudo o que faço é tratá-la mal, mas depois quando esta em perigo sinto que devo protegê-la á qualquer custo como se... eu precisasse fazer isso. É algo que não consigo entender direito, até parece que tem uma... força... poderosa e invisível... que me faz ir até ela.

– Você já pensou na hipotése de que essa atitude maldosa não seja alguma influência do Ansem? - o garoto tinha pensado nisso, mas não sentia a presença do "Heartless" nestes momentos. O que significa que era ele a querer maltratar a Hikari, mas por quê disso? De repente, se sentiu tão constrangido que teve vontade de desaparecer. O rei notou a sua apreensão e logo tratou de pôr um ponto final naquele assunto. - Oh gosh... É certeza de que descobrira o motivo algum dia desses e riremos muito se for um daqueles bem bobos.

Riku abriu um meio sorriso e então decidiu se concentrar na análise dos cristais. Contudo, ele encontra um que tinha a forma de uma estrela poucos minutos depois e o pegou para olhá-lo mais de perto. A pedra tinha o tamanho de uma noz e a cor era branca ao invés de verde, azul ou lílas claro como as demais. O garoto riu suave da irônia dos fatos.

– Acho que vou dar este para a Hikari, concerteza aquela estrela idiota e imprudente vai precisar disso mais do que acredita. - disse, pensando na garota e no seu jeito angelical de ser. "Voz do coração... Queria tanto saber se eu ain-", de repente sentira um desespero crescer dentro de seu peito. "Mas o que es-", foi tudo o que falou antes de uma imagem horripilante penetrar em sua mente.

Ele viu Hikari berrando o seu nome enquanto caia na escuridão profunda. Aquilo o deixou em choque, tanto que correu na direção dela para fazer qualquer coisa que impedisse dela ser consumida pelas trevas, mas acaba tropeçando em algo que não conseguia ver por culpa daquele breu sem fim e assistiu a garota brilhar itensamente para depois se desfazer em milhares de fraguimentos de luz. Então tudo diluiu e ele sentiu alguém tocando em seus ombros. Precisou piscar várias vezes para estabelecer a visão, que estava muito embassada, para perceber que era o camundongo tentado trazê-lo de volta a realidade.

– Riku! O que deu em você para correr desse jeito? Foi por um triz que não acabou caindo encima de um cristal pontudo e se ferir gravemente ou pior. - ele ajudou o garoto a se levantar. - O que houve, meu jovem? Você me parece que viu algo assustador.

– E vi... - o olhar de Riku focou no cristal branco em forma de estrela. - ...Hikari... Ela corre perigo. - Mickey não entendeu nada. - A escuridão... A escuridão quer matar ela... Eu não vou deixar isso acontecer! - e saiu correndo, ignorando os gritos do amigo que estremeceu ao sentir um arrepio horrível percorrer sua espinha de repente.

*=========================================================================*

Hikari acorda sentindo-se muito bem. A dor em sua cabeça havia desaparecido e também notou que estava sozinha na caverna, mas quando sentiu um odor repugnante e pretendia se levantar, alguém agarrou o seu pescoço e a obrigou a ficar deitada. Era Palm.

– Espero que tenha aproveitado bem o seu sono tranquilo porque esta é a última vez que fará isso. - sibilou, pressionando-a contra o travesseiro. A garota tentou se libertar, mas foi rapidamente imobilizada e a boca tampada para não pedir por ajuda. - Você deve estar querendo saber o quê eu sou, certo? Lembro-me da sua habilidade de detectar seres da escuridão atráves do cheiro deles, mas comigo isso não vai funcionar porque não sou um "Heartless", "Nobody" ou "Unversed". Ah! Disso tenho certeza porque ainda posso sentir emoções tanto boas quanto ruins e pelo visto possuo um corpo que é só meu, além do mais os monstros parecem ter medo de mim e obedecem todas as minhas ordens para não serem destruídos. Infelizmente não tenho a resposta que procura e pouco me importa no quê me transformei, o importante é que estou próximo de conseguir o que eu quero e por irônia do destino vou concretizar a minha vingança mais cedo do que esperava!

Vestígios de escuridão começaram a aparecer por detrás do homem liberando um cheiro horrível, ao mesmo tempo em que ele revelava a sua verdadeira face pouco a pouco sem deixar a sua imagem humana desaparecer muito no breu que o envolvia. Seu aspecto era quase semelhante ao "Shadow", o mais comum dos "Heartless" do tipo "Pure Blood", mas os olhos brilhavam num verde intenso e tentáculos negros tomavam o lugar dos cabelos.

"Que cheiro será este? Não é nenhum que eu tenha sentido antes, é algo... novo. Ele parece se camuflar nos demais aromas até que seja revelado. Então é com isso que usava para se esconder", pensou Hikari. "...Palm... Não achava que era você mesmo. Que tipo de monstro você se tornou, meu amigo?", ela ficara triste por enfim compreender tudo o que acontecia.

– Pelo seu olhar entendeu tudo... Então sabe o que vai acontecer contigo agora, né?. - ele soltou um riso contido e seu olhar demonstrava pura loucura. - Já tenho parte daquilo que quero comigo, sinto que falta pouco para conseguir recuperar tudo o que perdi naquele dia e graças a você! Hikari Seraph! - novamente riu. - Vou fazer a mesma coisa que aqueles monstros fizeram comigo. Lembra?! Os "Heartless" e os "Nobodies" surgiram do nada, me agarram, depois disso me atacaram todos ao mesmo tempo igual aos animais mortos de fome quando vêem um pedaço de carne. Como pode ver por si própria eu não morri, muito menos me tornei um deles. Pelo contrário... Virei algo superior e que os faz tremer de medo, o poder que tenho é impressionante e irá me ajudar ter tudo o que é meu por direito. Além de eliminar você! - esbravejou, apertando ainda mais os pulsos da garota contra a cabeceira da cama. - Mas antes disso... - então ele engoliu em seco a sáliva. - Suas memórias... Elas me parecem tão apetitosas... Que tipo de conhecimento existe dentro da sua mente? Bom... Acho que vou devorar o suficiente para saciar minha fome e também aumentar o meu poder, depois disso me livro do que sobrar.

No instante em que a garota gemeu de medo quando o caçador abriu sua boca, uma lâmina vermelha fora posta embaixo do seu pescoço, impedindo-o de prosseguir. Ele olhou para o lado e viu Riku lançando-lhe um olhar ameaçador.

– Sabia que não devia confiar em você.

– Tsc! Veja quem chegou... O seu herói, estrelinha.

– Não sei como você entrou aqui sem passar pelo corredor, que é a única entrada e saída da caverna. Mas deixa-a em paz Palm, ou eu não respondo por mim.

– Mas que medo... Vai fazer o quê, moleque?

– Isso! - com maestria, o garoto manuseou a espada para atacar o pescoço do alvo apatir da posição que estava, porém o inimigo saltou para trás simultâneamente e assim evitou ser atingindo. - Você esta bem? Ele não chegou a fazer nada com você? - perguntou para Hikari sem olhar para ela, enquanto se colocava na sua frente e assumindo a posição de ataque.

– Eu estou bem e graças a você mais uma vez. Mas... como sabia que eu corria perigo?

– Eu vi você caindo na escuridão gritando o meu nome e depois se transformar em vários fraguimentos de luz. Fiquei desesperado. Igual quando vi os "Nobodies" se aproximando de você. Então simplesmente assimilei uma sensação com a outra... e aqui estou.

– "Impriting"... - murmurrou ela.

– Que romântico... Parece aqueles contos de fadas em que o cavaleiro vêm proteger a sua dama do terrível monstro que quer machucá-la ou possuí-la. Pena que esta história não terá um final feliz como ás dos livros porque eu vou providenciar isso.

– Escute, Palm. Não sei qual o seu problema com ela, mas não precisamos lutar. Podemos resolver esse ímpase numa conversa civilizada. Agora... Se quer mesmo continuar sendo uma ameaça a vida dela, não vou hesitar. Irei atacá-lo com todas as minhas forças.

Palm rira descontroladamente, inclinando a cabeça para trás.

– Ok, Riku... Quero ver como uma criança sem nenhum poder ou habilidades especias vai sobreviver numa batalha contra o meu novo eu e ah! Desta vez quero ter platéia!

E avançou envolvido em sombras que surgiram de repente ao seu redor e no instante que se moveu, saindo da caverna um segundo depois. Riku e Hikari haviam desaparecido.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Agora sim as coisas ficaram feias de vez
Palm enfim mostrou a sua verdadeira face e o pior é que Riku comprou briga com ele para proteger a Hikari. No próximo capítulo veremos como será essa batalha e possivelmente o fim da visita em "Waiting City". Ainda não sei se terei que dividir ou não (é provável que sim), só na hora de escrever é que eu verei o tamanho que ficou. Mas de uma coisa esta certa: esta chegando o final deste mundo e a ida para o segundo que é da Disney e já apareceu na saga de KH original.

Até a próxima!!!