...Cinco dias depois...

Riku estava deitado no chão relaxando um pouco após uma sessão de treino com Shuyin. O rapaz, após ter a certeza de que ele estava 100% recuperado e pronto para outra, decidiu convidá-lo para treinar consigo próximo dos limites de "Waiting City" e sorrira quando a propósta foi aceita. Ele ignorou as advertências ditas por Mickey, mas ouviu os pedidos de cuidado da Hikari e prometeu á ela que não iria exagerar. O garoto teve dificuldades para acompanhar os movimentos do amigo que por sinal é muito agil, também ficou admirado com o seu estilo bruto e improvisado, fazendo-o lembrar imediatamente de Sora que seguia o mesmo padrão de luta dele. Ao ter uma pausa para um merecido descanso, escolheu o melhor lugar para relaxar enquanto o outro iria ver Lenne, acabando por adormecer.

Acordou meia hora depois e o sonho agradável que tiverá com uma certa garota de olhos vermelhos o fez abrir um meio sorriso, provavelmente era outra das lembranças esquecidas de sua infância que insistia voltar. Ele andava tendo sonhos bons ou simplesmente dormia sem ser atormentado por Ansem, que nos últimos dias não fez absolutamente nada para tentá-lo á se entregar a escuridão chegando ás vezes acreditar que tinha se livrado dele, mas continuava sentindo a presença do "Heartless" em seu coração e ele voltará algum dia para provocá-lo como havia lhe prometido. Olhou para o céu, ainda estranhando o fato de não existir nenhuma estrela brilhando lá encima para enfeitá-lo e apenas haver um círculo negro contornado por uma luz prateada, a lua em sua face nova, e apesar de saber que as horas passavam normalmente, era continuamente noite em "Waiting City". Bochechou e quando retornava á deitar, o rosto de Hikari entrou em seu campo de visão, assustando-o.

– Wow! - exclamou ao se levantar de súbito. Ela riu da cena. - Não me assuste desse jeito!

– Perdão... Eu estava te procurando e o Shuyin me disse que você estava aqui.

– É algo importante ou coisa parecida?

– Sim e não... Mas, também queria a sua companhia.

– Ah... Fique á vontade.... - a garota se sentou ao lado dele e ambos ficaram em silêncio, fitando a lua nova. - Então... O que tem para falar? É sobre a nave? - ela negou, apesar de comentar que os reparos estavam indo bem na medida do possível segundo Barret. - É sobre a sua investigação? - desta vez o assentimento dela foi positivo, mas acanhado.

– O que tenho para dizer não é nada agradável, Riku. - então, a morena começou a revirar sua bolsa de cinto e como não encontrou o que queria, afundou ainda mais o braço quase se enfiando dentro dele. O garoto ficou surpreso com a profundade de algo tão pequeno e também curioso para saber que tipo de encantamento foi usado da bolsa.

– Qual é a dessa bolsinha? Como é possível ser tão funda?

– Ah! Isto é uma "Dimension Bag", uma bolsa mágica cujo o interior é o espaço e podesse guardar uma infinidade de coisas aqui dentro, qualquer coisa indenpendente do que seja porque ela se estica até conseguir a largura que deseja para guardar algo. Foi um presente de aniversário que recebi de uma amiga com humor perculiar e veio bem á calhar, posso carregar tudo o que eu quiser sem esforço algum. O problema é encontrar o que precisa depois, isso se não acabar caindo dentro dele sem querer. - respondeu ela, fazendo-o se perguntar quantas vezes tinha caído ali dentro e como fez para sair. - Enfim... Lembra do artefato que aquela garota encapuzada usou contra mim? Pois então. Apesar de aparentar inofensivo, aquilo é uma arma muito, mas muito poderosa e perigosa. Existe uma lenda sobre ele em Galatéya, o mundo onde eu nasci, e acho que tenho um... Achei! - exclamou ao enfim encontrar o objeto de sua busca. Logo ela abriu o livro, folheou as páginas e para numa que mostrava o desenho de um cubo mágico com símbolos em cada quadrado. - A lenda do "Zentrix Cube" é um conto que a maioria das estrelas evita de tocar porque quase resultou em nossa destruição no passado e para que tal história caísse no esquecimento, uma das famílias reais decretou queimar todos os exemplares do livro que o continha e já pode imaginar a bagunça que houve. Por sorte consegui preservar este, sentindo que iria precisar dele algum dia e esse dia finalmente chegou.

Hikari chegou mais perto de Riku, apoiando o livro no colo de ambos para que seguissem juntos a leitura. Mas, ela decidira fazer um resumo do que estava escrito e apontaria com o dedo a parte que lia para ele poder acompanhá-la sem se perder.

[Há um velho e antigo conto de fadas sobre um mundo quebrado em pedaços, devorado pela escuridão. Mesmo quando o céu se partiu e seus fraguimentos cairam em mundos vizinhos, um desses pedaços foi encontrado por um sábio, que tinha a possibilidade de usar o seu poder como uma fonte para restaurar vários locais destruídos pela guerra que se alastrava. Mas para que pudesse manter tal poder em seu absoluto controle, assim não trazendo riscos á ninguém, este sábio trouxe placas mágicas para concentrar essa força e criou símbolos que, quando colocados numa sequência, podia dar a incrível habilidade de modelar elementos da natureza como desejar. O artefato então recebera um nome, cujo a escolha não poderia ser mais perfeita: "Zentrix Cube". Zentrix é como fora nomeado pelos mais sábios o fator que manifesta o fenômeno das forças da natureza sob mãos mortais, o coração do poder mágico existente dentro de cada ser, e Cube devido ao formato. Mas muitos começaram a cobiçar tal artefato com o passar do tempo, e o sábio se viu obrigado á lacrá-lo em algum lugar do universo para que não fosse mal utilizado por um coração ganancioso... ou então malígno. Diz a lenda que existe uma sequência capaz de fazer o usuário tocar no céu e ver o que há por detrás dele, porém essa parte talvez seja uma mera especulação porque não existem mais histórias sobre o artefato depois do que o sábio fez para proteger á todos do perigo que sua própria criação representava. Apenas... o temor de alguém o encontrá-lo e não saber controlar tal poder, acabando por dissimar além do esperado].

– Você acha que o cubo que aquela esquisita usou é o "Zentrix Cube"?

– Não acho, eu tenho certeza. A aparência do artefato é a mesma deste livro, a forma que foi usado entre outros detalhes também confirmam, e eu voltei ao local da batalha depois que você acordou. Adivinha? Tudo estava do jeito que era antes da tal de Myue mexer no cubo, até parece que nada ocorreu naquele lugar. Magia alguma teria poder o suficiente para fazer isso mesmo que a pessoa seja do mais alto nível, verifiquei para saber se não era alguma ilusão o que via e após averiguar as redondezas... Conclui que tudo era real.

– E algo me diz que você tem uma noção do que esta acontecendo ao nosso redor, acertei? - questionou o garoto, fitando-a desconfiado. - Fique tranquila... Quando quiser contar, apenas conte. Não vou forçá-la á fazer o que não quer e também um dia desses a situação vai obrigá-la a falar por si só mais cedo ou mais tarde.

– Você fala de um jeito como se eu fosse a vilã da história ao esconder coisas dos outros.

– Longe disso! Você 'tá mais para uma princesa rebelde, mas ainda assim continua com a delicadeza de uma donzela doce e meiga que sempre precisa de salvamento. Em resumo: é uma fracote que dá trabalho em cuidar e necessita estar sendo protegida o tempo todo.

– Saiba que faço isso para proteger todos vocês! Grosso, estúpido e teimoso!

– Devia entender que não pode salvar á todos! Estrela idiota e imprudente!

Imediatamente os dois se encararam com raiva e segundos depois a garota começou a rir, seguida por ele e logo ambos estavam rindo descontroladamente. Nesse instante, Mickey aparece com uma carta nas mãos e apesar de não entender o que estava acontecendo, ficou contente por vê-los estavam se dando bem. Ele se aproxima e chama a atenção de ambos para lhes dizer um assunto importante, mas também inesperado.

– Meus caros amigos... Acabamos de receber um convite para nos reunirmos com o prefeito da cidade em um jantar amanhã. Parece que ele ficara sabendo do caso da pequena Filo de alguma maneira e quer nos dar a honra de parabenizar nossos feitos pessoalmente.

– Essa cidade tem um prefeito?

– Tem sim. Você não sabia disso? - Riku negou, assentindo. - Então como você acha que tudo por aqui é tão organizado apesar da aparência precária? Mundos como este geralmente se tem um líder para mantér a ordem, o progresso e a harmônia dos seus habitantes.

– Que seja... Se existe alguém com essa autoridade por aqui deveria ter feito alguma coisa em relação aos suprimentos. Vocês viram como estão os mercados de "Waiting City", não há quase nenhum alimento para ser vendido neles, e se continuar desse jeito logo todas as pessoas morrerão de fome ou estarão muito fracas para quando acontecer algo grave como um ataque em massa dos "Nobodies". A impressão que tenho é que esse prefeito não dá a miníma para os outros. - - argumentou o garoto, de braços cruzados.

– Riku! - a morena lhe chamou a atenção, mas foi ignorada completamente por ele.

– Nós só teremos certeza da contuda de sua liderança enquanto estivermos apreciando a refeição, já que estaremos diante dele e não terá como mentir ou omitir diante de nossos argumentos. Até lá... Espero que os dois se comportem e não resolvam brigar, gosto muito de vê-los se dando bem como agora á pouco. - Riku e Hikari se entreolharam. - Oh gosh! Eu acabei de me lembrar que tinha prometido a sehorita Lenne em ajudá-la com o almoço de hoje! Ela pretende ensaiar uma nova música para um futuro show mais tarde e isso tomará muito do seu tempo. Bem... Vou indo, meus jovens. - mas antes de se afastar, ele contou que a carta chegou em suas mãos atráves da cantora que foi barrada quase na entrada de sua casa por um mensageiro do prefeito e reconhecera a letra sendo de sua amiga Hilda.

– Mais essa agora... Não sei como vou sobreviver á um jantar formal... - reclamou o garoto.

– Não temos como escapar. Fomos convidados e seria muita falta de educação deixar de comparecer ao jantar, ainda mais com o Mickey animado desse jeito e desapontá-lo é a última coisa que quero. - disse a garota. - Engraçado... Até parece que ele esta ansioso por este encontro como se fosse de seu costume participar de algo assim.

– Não é pra menos, afinal ele é o rei de "Disney Town" e soberano do "Realm of Light".

De repente, a morena ficara estática com a revelação. Encarou o camundongo que apenas abriu um sorriso acanhado e piscou várias vezes, incrédula com a informação.

– QUEEEEEEEE?! V-Você que é tão gentil, amável, corajoso ecompreensível é o grande líder do reinado da luz?! - Riku e Mickey fizeram sinal de silêncio. - M-Mil perdões pela minha ignorância, vossa majestade! E-Eu não sabia da importância que sua presença significava e o tempo todo te tratava como uma pessoa comum. Novamente lhe peço mil perdões. - e faz uma reverência, nervosa. - Prometo que irei me comportar daqui pela frente.

– Senhorita Seraph... Não. Hikari... Não precisa mudar o tratamento que recebo de você desdo começo, isso sim iria me desapontar. Apesar da minha posição, sou como qualquer outra pessoa e quero ser tratado como tal. - disse o rei. - Nós somos amigos, certo? - ela assentiu, confirmando. - E pelo o que eu sei, amigos se tratam sem formalidades ou regras de etiqueta, pois coisas como essas não são necessárias e quero que continue assim entre nós. Você aceita? - e estendeu a mão para a amiga que a aperta. - Ótimo! É desse tipo de atitude de que eu gosto e... mantenha segredo da minha identidade, por favor.

– Pode deixar, vos... Quero disser, Mickey.

Após essa breve situação embaraçosa ser resolvida, o camundongo pôde ir embora. Nisso Hikari, aproveitando a brecha que Shuyin deixou anteriormente, fez um convite um tanto inusitado á Riku: o chamou para treinar. Ele estranhou, mas no fundo queria ver de perto as habilidades da garota em combate já que na batalha que tiveram dias atrás não teve como prestar atenção e ainda estava precisando práticar mais algum tempo com a "Soul Eater" para se reacostumar a manuseá-la. Ela ficou feliz por ouví-lo aceitar a sua propósta e logo em seguida se posicionou enquanto convocava o seu arco "Wings of Peace", ele saltou para trás tomando alguns mêtros de distância e convocando a sua espada.

– Ok! Quando eu dizer três começamos, entendeu?

– Sim! - ambos assumem as suas posições de batalha simultâneamente. "A única coisa que eu prestei a atenção foi que ela usa mágias elétricas. Preciso ter cuidado", pensou o garoto consigo mesmo. - Eu juro que vou pegar leve com você por ser uma garota frágil e delicada.

– Muito cavaleiro da sua parte, mas não precisa fazer isso. Quero que dê o seu melhor contra mim. - disse ela, abrindo um sorriso sapeca. - 'Tá legal! Três! - e com um movimento de seu braço livre, quatro esferas elétricas aparecerem ao seu redor e trovões em espirais foram disparados apartir delas. Riku se esquivou por puro instinto, caindo e se arrastando pelo chão. - Incrível! Você conseguiu escapar do meu ataque surpresa usando o "Lightning Bolt", meus parabéns! Já tem um ponto positivo no meu conceito.

– Grrr... Sua idiota e imprudente! Você falou que iriamos começar quando contasse até três!

– Nananinanão... Eu tinha dito: "quando eu dizer três começamos" e não" quando eu contar até três começamos". - repetiu ela com um dos olhos fechados e balançando o dedo. - Você tem que prestar a atenção em cada gesto ou palavra que o inimigo fizer porque poderá ser uma dica de possíveis armadilhas que ele criar, como esta que o rodeia agora.

– O quê? - de repente, uma neblina escura o envolveu e sons de trovões foram ouvidos até ser atingido por inúmeras deles. Quando a neblina se dissipou, estava caído e saia faíscas por todo o seu corpo como vestígios do ataque que recebeu. - Essa... doeu muito...

– Caramba! Amenizei o máximo possível a força do "Thunderclouds Storm" e mesmo assim te causou muitos danos. Acho melhor conjurar as magias da série "Thunder"... e talvez o "Eletric" para aumentar o pouco a dificuldade do treino. Se eu usar as minhas próprias, vou acabar matando-o ao invés de ajudá-lo á ficar mais forte.

– Nada disso, continue assim. - Riku se levanta e reassumi a posição de batalha, ofegava e sentia dormência no pé direito, mas ainda queria treinar com ela. - Você me pediu para eu dar o melhor de mim e nunca conseguirei isso se não estiver sob pressão, portanto,... Não pegue leve comigo! Lance os ataques e magias que preferir... Me faça desmaiar até! - a morena sorriu e levanta o braço, avisando que vai conjurar relâmpagos de grande poder e ainda disparar uma sequência de flechas, desafiando-o a escapar desse ataque como fez antes. Ele ficara feliz com o estimulo. "Ela fica um pouco diferente quando esta lutando. Fora dele é tão doce e amável... Já a admiro por causa da sua pureza, mas se torna alguém perigoso em um combate e pelo visto é do tipo que gosta de pregar peças no adversário", um sorriso brotou nos lábios do garoto. "Você não pará de me surpreender, Hikari".

– Muito bem... "Thundaga"! - pronunciou ela e então vários relâmpagos caem sobre Riku, depois pega três flechas da aljava disparando-as na sequência e repeti isso por mais cinco vezes. Ele consegue se esquivar ou se proteger de algumas das investidas, mas é atingido pelo restante. - Bom, muito bom. Foi atingido, mas ainda assim se saiu bem. Agora quero ver se consegue sobreviver á essa leva de ataques e desta vez terá que lidar com alguém. - então ela pousa a mão livre no peito, retira um coração de cristal e conjura o "Heartfelt" Fenrir. - Ele estava ansioso para participar... - o lobo late. - Já viu como são as habilidades dele, pelo menos algumas. Acha que terá energia para lidar com nós dois?

– Você fez as coisas ficarem mais interessantes... Farei um esforço á mais.

Em seguida, o "Summon" avança sob as ordens da garota que logo conjurou a magia própria "Lightning Bolt" para atrapalhar a esquiva de Riku. Mas conforme o treino prosseguia, ela tinha certeza de que o garoto é muito forte em todos os aspectos e precisava trabalhar isso logo, tomando a decisão de sempre ajudá-lo em aprimorar as suas habilidades mais pelos seus sentimentos por ele do que seguindo a sua função de guia. Contudo, sendo criativa, hábil em magias elétricas e ataque á longa distância, era praticamente inalcançável. No final, acabou sendo mais um desafio de "até quanto você aguenta" do que um treinamento levado a sério, porque ambos estavam se divertindo com as provocações de um do outro.

Entretanto, quando Fenrir soltou um leve latido fazendo Riku se distrair por um segundo, Hikari corre em sua direção e o golpeia. Ele cai de costas no chão e ela o imobiliza usando o próprio corpo, prepara o arco e aponta uma flecha diretamente par os olhos dele.

– Regra nº 1: não se distraía por motivo algum enquanto entiver em batalha. E regra nº 2: jamais baixe a guarda se não quer sentir o gosto da derrota, ainda mais pelas mãos de uma princesa rebelde que continua sendo frágil e delicada. - foi quando notou o olhar dele e logo se afasta, totalmente encabulada. - "Curaga". - conjurou a magia enquanto tentava esconder o rosto com a franja, mas não adiantou muito, ainda sentia o olhar dele sobre si.

– Obrigado. Precisava disso. - assim que os ferimentos foram curados, eles se levantaram e percebem o quanto estavam sujos dos pés a cabeça. - Melhor nos lavarmos ou a Lenne vai matar a gente por sujar a casa dela. Não faz idéia o quanto aquela mulher é horrível quando esta zangada, acho que enfrentar "Heartless" e "Nobodies" é menos perigoso.

– Eu sei como a Lenne é quando esta zangada... - então a morena lhe conta de um pequeno acontecimento nos dias em que o garoto estava inconsciente. Ela havia retornado de uma vistoria com Barret e suas roupas estavam imundas de oléo porque ele havia mexido no motor da "gummiship" que espirou uma quantidade grande de algo preto nos dois. Quando entrou na casa da amiga, deixou pegadas pelo carpete e a cantora lhe deu uma bronca tão hororrosa que ficou com medo dela. - Se existe outra coisa que Lenne mais preza do que o equipamento do show, é a sua casa. Ela a quer impecável. E brilhando até mais do que eu.

– Hahahaha! Teve sorte em não ser obrigada á limpar o que sujou porque segundo o Shuyin, ela já fez até o Nooj bancar o faxineiro e tem certeza de que estes é um dos motivos de não vir visitá-los com frequência. - comentou o garoto, fazendo-a rir. Em seguida, ela deu um passo á adiante. - Espere um minuto! - a voz dele soou como uma ordem, a garota paralizou no lugar e por alguma razão se mantinha de costas. - Tenho que agradecê-la por tudo. Você ficou preocupada comigo e também quero pedir desculpas pelo meu comportamento rude.

– Que isso, Riku. Eu apenas... - então foi pega de surpresa quando Riku a fez girar para ficar de frente para ele e depois envolvê-la num forte abraço, ela corou e mais ainda quando o seu rosto afundou no peito dele.

– Obrigado... Se tivesse atendido ao meu pedido naquela hora, não sei como esta história terminaria, não sei aonde "eu" estaria nesse momento. A sua luz não iria... me dar forças para lutar contra a escuridão. Saiba que você cuida de mim sem precisar fazer nada, só de sentir a sua presença é o suficiente para me deixar revigorado e... feliz. Agora consigo ver isso, esta tudo claro para mim. - então começou a afagar os cabelos negros dela e sentir o seu perfume que era exatamente o mesmo de sua infância, contudo não era apenas isso. Aquele sentimento também é o mesmo e agora via o quanto ele é... intenso. - Desculpas pelo tratamento horrível no começo. Acho que... dias atrás... o meu orgulho ferido entre outras coisas acumuladas dentro de mim me fizeram ser agressivo com você, uma pessoa que não teve nada do que aconteceu, mas ainda bem que foi paciente comigo e como fico aliviado por isso. - ela ri suave. - Falando sério... Alguém já lhe disse que você é um anjo?

– Não. Ninguém nunca disse algo assim para mim... Quero disser, só a Filo naquele dia.

– Pois então... - Riku beija a bochecha direita de Hikari. - Saiba que é isso o que você é para mim... Hikari. - ela sorri feliz por enfim ouví-lo disser o seu nome. Depois ele afrouxa um pouco o abraço e segura o queixo dela com a mão direita, obrigando-a a olhar diretamente para os seus olhos verdes, tal gesto a faz corar bastante. - Hehehe... Você fica bonitinha quando cora, sabia? "Isso me atrai tanto...", acrescentou em pensamento enquanto a fitava com carinho e o coração disparando nos batimentos cardíacos. - Você é linda... e fica ainda mais quando cora. Eu descobri durante esses últimos dias que eu meio que... gosto disso... - seu rosto se aproximou tanto do dela que suas respirações acabaram se misturando e beija a sua testa antes de libertá-la do abraço. - Pronto! Agora pode ir.

– Posso... mesmo?... - perguntou Hikari, encabulada.

– Quer ficar presa no meu abraço? Ou então você esteja querendo que eu... faça algo mais... intenso? - ele segurou o rosto dela entre suas mãos, fitou os lábios da garota por alguns instantes e percebendo que ela não fazia nada, resolveu chegar mais perto. - Me pergunto se... é tão doce quanto a sua personalidade... - sussurrou, sedutor. De repente, a morena se afasta tão vermelha quanto um pimentão e escondendo a boca com as mãos, depois saiu em disparada em direção a casa. - Aiai... O que o meu coração esta pedindo vai me trazer alguns problemas, mas valera a pena porque... é tão bom sentir este sentimento... Só queria saber qual é. - contudo, quando andou dois passos á frente, sentiu pisar em algo. - O que é...

Seus olhos se arregalaram de espanto ao ver o objeto: um medalhão em forma de "Paopu Fruit". Imediatamente a lembraça em que ele dava aquilo de presente para a Hikari lhe veio á mente e uma outra surgiu logo em seguida, fazendo-o sentir uma pontada de dor.

***

– O que você decidiu guardar dentro do medalhão que te dei, Hikari? - perguntou o pequeno Riku, brincando com os peixinhos de uma poça de água do mar entre as pedras.

– Ainda não me decidi... Tem que ser algo de extrema importância para mim, essencial na verdade, e que precisa sempre estar perto do meu coração. - respondeu Hikari, sentada numa pedra próximo ao menino e observando-o em sua brincadeira particular.

– E existe algo mais importante do que eu? - ela levemente corou, espantada com o que ele disse. – Eu sabia! Não tem outra coisa mais importante do que eu.

– Como pode um menininho tão pequeno ser tão convencido?

– Simples. Porque ele gosta de uma garota estrela muito bonita e ela gosta dele do mesmo jeito. - a morena corou ainda mais. – Eu já sei o que você pode guardar. - então com um movimento rápido, ele arranca uma mecha de seu cabelo e o amarra com um fio de folha da árvore de "Paopu Fruit". – Pegue!

– Não... esta sentindo dor? - perguntou Hikari ao pegar a mecha de cabelo.

– Um pouquinho, mas vai passar logo. O importante é que agora você tem o seu tesouro.

– Muito obrigada, Riku. Vou guardar isso para sempre bem perto do meu coração.

– Ih é mesmo... Cabelo não dura para sempre. Que droga!

– Hehehe... Não se preocupe. Conheço alguém no meu mundo que tem poderes mágicos e talvez conheça algum feitiço que faz esta mecha de cabelo durar para sempre. A grande Edéa além de feiticeira é sábia, ela vai me ajudar se eu lhe pedir de coração aberto.

– Que legal! Assim eu posso estar com você aonde estiver.

Os dois sorrirem um para o outro e voltar a brincar pela praia de uma das ilhas de "Destiny Islands", desta vez a brincadeira escolhida foi pega-pega e Riku teria que correr atrás de Hikari que diminuia a sua velocidade de propósito para ele ser capaz de alcançá-la.

***

Assim que a lembrança terminou, o garoto ficou ansioso para abrir o medalhão e ver o que tinha dentro dele, mas também estava com medo de que sua suspeita estivesse errada e acabar por invadir a privacidade de Hikari por culpa disso. Ele tentou ignorar, guardando a jóia em um dos bolsos da calça para entregá-lo á ela depois, mas então sentiu algo, pegou o objeto e ficou encarado-o. Era o cristal capaz de repelir "Nobodies" que havia encontrado na caverna de Palm e pensou em dá-lo para a garota por ser de coloração branca, além de ter a forma de uma estrela. Diante de tal "sinal" ou coisa parecida, ele resolveu enfrentar os seus temores e abriu o medalhão, vendo uma mecha de cabelo prateado amarrado numa linha verde que reconheceu ser um fio de folha da árvore de "Paopu Fruit".

– É você... É você mesmo... - murmurrou, em choque. O rosto parcialmente escondido pela franja. - Por que?... Por que eu ousei me esquecer de você?...

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Riku, Hikari e Mickey estavam diante de um grande portão aguardando-o se abrir conforme uma pessoa, provavelmente um empregado, disse ao atendê-los pela caixa de som. A casa do prefeito não chegava á ter uma estrutura luxuosa, mas era a maior de todas na cidade e ainda ficava próximo da praça principal pouca coisa depois da biblioteca central. Quando enfim o portão foi aberto eles poderam entrar e caminharam por um quintal com poucas plantas até adentrarem na casa, onde foram recebidos por um mordomo de traços meio caninos que se apresentara como Wolfgard e disse ficar encarregado de guiá-los até a sala de estar, mas logo os avisou para não se assustarem com a aparência do prefeito. Ninguém entendeu nada até verem o próprio que cumprimenta cada um e os convida para sentar no sofá educadamente, Riku tentou falar, mas preferiu permanecer quieto porque não queria parecer rude e ainda passar vergonha principalmente na frente da Hikari.

– Sejam bem-vindos á minha humilde casa. É uma honra receber heróis tão corajosos, não é todo dia que alguém entra no território dos "Nobodies" e volta para "Waiting City".

– Obrigado por suas palavras, senhor, eu acho. - disse Hikari, educada.

– Eu me chamo Cid Fabool. É um prazer conhecê-los.

– Cid?! Você tem o mesmo nome de um grande amigo meu. - disse o rei, se referindo á Cid Highwing, um mecânino de "gummiships" e dono da loja de acessórios em "Traverse Town" com temperamento um tanto... complicado de lidar já que uma hora era explosivo, outra hora era a pessoa mais compreensível e emotiva que existe. - Prazer em conhecê-lo. O meu nome é Mickey Mouse. Estes são Riku e...

– Hikari Seraph. - interrompeu a garota, de súbito. - Consegue disser o meu nome, senhor Cid? - o garoto e o rei estranharam a sua pergunta. Por que ela iria querer saber se alguém conseguia disser o seu nome? "Vamos ver se ele tem ou não um boa índole", pensou ela.

– Hikari Seraph... É um lindo nome, senhorita. E vocês três podem me chamar somente de Cid, gosto de ser tratado como qualquer outra pessoa em "Waiting City" sem formalidades. - a morena sorriu, satisfeita. Nesse momento, uma empregada apareceu e anunciou que o jantar estava na mesa. - Sei que vão gostar da refeição que foi preparada especialmente para este encontro. A pessoa que cuidou de cada prato é uma verdadeira mestra na arte da culinária, até o momento não há ninguém que tenha deixado de elogiar o sabor.

– Sem querer ofender nem nada, mas o senhor parece uma mistura de lesma com sapo.

– Riku! - advertiram a garota e o camundongo simultâneamente.

– Eu sabia que um de vocês falaria algo sobre a minha atual aparência, mas essa história eu prefiro contar após o jantar. Em horas como esta é melhor tocar em assuntos agradáveis para melhor digerirmos a comida, não acham? - todos concordaram. - Setsuna! Por favor, venha-me ajudar! - uma empregada com uniforme diferente das outras apareceu com uma alfomada nas mãos. - Esta é a empregada chefe Yin Setsuna. É ela que cuida praticamente de tudo aqui enquanto estou fora e também defende o lugar de possíveis intrusos.

– Estou honrada em conhecê-los. - Yin Setsuna tinha cabelos negros lisos e na altura do queixo, olhos da mesma cor e puxados, usava ocúlos e de rosto inexpressivo. Seu uniforme tinha os detalhes padrões de uma serviçal européia, inclusive o arquinho de babados enfeitando a sua cabeça, mas as mangas e os sapatos que usava eram em estilo oriental, atrás da cintura havia um grande laço e algo que parecia ser uma bainha para guardar uma espada. - Senhor Fabool. Lady Hilda já o esta aguardando na sala de refeições juntamente com os heróis de "Waiting City". - disse ao se agaichar na altura do sofá e o prefeito se sentar na almofada, depois cuidadosamete se levanta. - Me acompanhem, por favor.

Em seguida, o trio se dirigiu a sala de refeições sendo guiados pela silenciosa empregada chefe e alguém já se encontrava sentado em seu lugar á mesa. Era uma mulher que, apesar de possuir os sinais do tempo em seu rosto gentil, tinha uma aparência jovial e sorriu para eles quando os viu entrando no comôdo. Ela se apresentara como Hilda Fabool, a esposa do prefeito, e lhes pediu educadamente para que escolhessem a cadeira de sua preferência após serem feitas as apresentações de prachê. A posição de cada um ficou assim: Cid no assento principal, ao seu lado esquerdo estava Hilda e do direito Mickey, seguido por Riku e Hikari diante dele. Setsuna e Wolfgar permaneceram de prontidão na entrada da sala como verdadeiros guarda-costas, detalhe que pareceu estranho aos olhos do trio que preferiu não comentar nada sobre o assunto.

– Podem nos servir, por favor! - ordenou o prefeito e olhando para os convidados. - Espero que vocês apreciem a comida. - logo, quatro empregados surgiram da cozinha e serviram á todos uma sopa cremosa de cor levemente amarela. - O prato de entrada é um creme de batatas e cebolas silvestres temperado com salsa e pimenta. Bom apetite. - então, todos se preparam para comer, mas o rei junto da mulher notaram como a garota agia e tal detalhe não passou despercebido por ele. - Perdão a minha curiosidade, senhorita Seraph,... mas por acaso é alguém da realeza? Eu reparei na maneira como se preparou para apreciar o jantar. - a morena sorriu e respondeu um simples não antes de tomar a primeira colherada da sopa, elogiando o sabor da mesma. - Pelo visto é uma pessoa cheia de mistérios.

"Eu que o diga", pensou o garoto enquanto encarava a pessoa diante de si.

Apesar desse momento um pouco estranho, o começo do jantar prosseguiu normalmente até a hora de ser servido o prato principal. Logo, Cid sentiu o olhar de advertência vindo de Riku, Mickey e Hikari simultâneamente que se recusavam a comer o prato que lhes fora servido.

– Sei muito bem o que vocês devem estar pensando. Como pode o prefeito estar servindo carne aos seus convidados se na cidade inteira não há um pedaço sequer? Isso é simples de responder... Eu decidi reservar esta última peça para uma ocasião especial já que os demais alimentos foram para a mesa dos cidadãos e eles entenderam quando lhe disse isso numa audiência pública. - o trio ficou surpreso. - Sim, meus caros amigos. Á dias "Waiting City" esta sobrevivendo com a comida que lhes ofereci de bom grado que estava armazenada em minha dispensa, mas como poderam ver pelos mercados quase não se tem o suficiente para todos. Logo, estaremos numa tão situação delicada que colocara a vida dos cidadãos em risco e não conseguia encontrar uma solução até saber de vocês. É por isso que eu os convidei para virem a minha casa, queria lhes pedir socorro, que nos ajudem á viver por mais algum tempo.

– Meu marido... Sempre fez o impossível por "Waiting City". Aqui é o nosso lar até que chegue o dia de todos voltarem para o "Realm of Light" e retomarem suas vidas, mas desde que ele foi amaldiçoado, muitas coisas ruins andaram acontecendo. - disse Hilda.

– Eh?! O senhor Fabool esta amaldiçoado? - espantou-se a garota.

– Um dia... Quando o senhor Fabool estava se preparando para ir á "Midnight Plaza Town" verificar pessoalmente o novo envio de suprimentos para "Waiting City", alguém apareceu de repente aqui em nossa casa. - manifestou-se Setsuna, relembrando do ocorrido. - Era uma bruxa que, apesar de ser bonita, havia crueldade em seu olhar e voz. Me lembro claramente que tinha falado de estar incomodada com a presença de um indivíduo bondoso no "Realm of Darkness" e queria lhe dar uma lição. Eu e Wolfgard... - ela olhou para o mordomo ao seu lado. - ...lutamos para defendê-lo achando que ela iria ferí-lo ou pior, mas acabamos sendo derrotados com muita facilidade por sua magia negra. Depois usara algum tipo de maldição que fez o senhor Fabool ficar como esta agora e então foi embora rindo dizendo que coisas ruins virão a acontecer com todos em "Waiting City".

– Lady Hilda não estava em casa nesse dia. A senhora tinha ido fazer uma visita a sua grande amiga, a cantora Lenne e... - nesse instante, a garota o interrompeu por enfim assimilar as coisas na maior inocência do universo. Entendeu que a Hilda, autora da carta que descrevia o convite para o jantar, com a Hilda, amiga de Lenne, eram a mesma pessoa. Depois pedirá desculpas ao Wolfgard, encolhida na cadeira totalmente sem graça. - Continuando do ponto onde fui interrompido... e quando retornou ficamos envergonhados pela nossa falha ao lhe contar o que havia acontecido. Tentei encontrar a bruxa para fazê-la retirar a maldição com a ajuda de Setsuna, mas não tivemos sucesso. Desde então, vivemos assim.

– E qual é o nome dessa bruxa? - perguntou Riku, achando que seria Maleficent.

– Ela se apresentou como Mizrabel. - respondeu a empregada chefe.

– O QUÊ?! - exclamou o camundongo, se levantando de sua cadeira subitamente.

– Conhece ela, Mickey?

– Sim, Hikari... Ela raptuou a Minnie para absorver o seu coração e voltar a ser jovem na época em que começamos a ficar juntos, pouco antes de me tornar... você sabe. Eu consegui perseguí-la e fui parar em sua morada, o "Castle of Illusions", um lugar medonho no qual não sabia que existia em "Disney Town". Depois de vencer os seus desafios, coletar as sete "Rainbow Gens" ao derrotar os "Master of Illusions" e invadir a torre principal onde ela estava com a minha amada, consegui vencê-la usando o poder das jóias e então fugi com Minnie. Me lembro que o castelo desmorronou logo após sairmos e desde então nunca mais ouvi falar dela. - contou ele. - Eu não acredito que essa bruxa horrorosa esta aqui no "Realm of Darkness" e causando problemas á pessoas de bem.

– Você venceu alguém tão poderoso sozinho?! Incrível! Eu e Wolfgard não conseguimos durar nem mesmo dois minutos ou mais contra ela. O senhor deve ser um grande guerreiro. Me daria á honra de confrontá-lo um dia desses? - disse Setsuna, o camundongo ficara surpreso com tal pedido. - Perdoe-me. Mas estou sempre á procura de grandes desafios que possam aprimorar as minhas habilidades, é da natureza daqueles que decidem seguir o caminho da espada. Se fosse um dia visitar o meu mundo natal, "Land of Dragoons", saberia do que estou me referindo. Lá os espadachins são o nosso maior orgulho por ser a principal força de combate e defesa, mas infelizmente mulheres são proibidas de entrar nos campos de batalha, porém eu ignorei essas regras e fiz o que meu coração estava pedindo.

– Mas, é muita coincidência... Nós já estamos pretendendo ir a "Midnight Plaza Town" para encontrar um bom mecânico que possa reparar a nossa "gummiship" em 100% e então descobrimos que este mesmo mundo é que fornece os alimentos de que precisam para sobreviver, mas parece que pararam com isso de repente e sem dar explicação alguma á vocês. Para completar existe uma velha inimiga do re... quero dizer... do meu amigo aqui que esta causando transtornos e algo me diz que vamos nos deparar com ela. - disse Riku, seguindo uma linha de racíocinio, enquanto segurava o queixo. - Já entendi tudo. Vocês querem que a gente não apenas verifique o motivo dos suprimentos terem parado de vir, como também quebrar a maldição do Cid para ele voltar ao normal. Acertei, né? - todos confirmaram, assentindo.

O garoto, então, se levantou do seu lugar e andou para fora da sala de refeições.

– Você não quer ajudá-los, Riku? - perguntou a garota, apreensiva.

– Hmph! Muito pelo contrário, minha bela Hikari... Eu pensei em aproveitar todo o tempo em que estamos aguardando os reparos que Barret e Nooj estão fazendo na nave para treinar, quero estar bem preparado para lutar contra essa tal bruxa e o que for que esteja intervindo nos suprimentos virem para este mundo. - respondeu, mantendo-se de costas para todos. A garota corou levemente quando ouviu a palavra "bela" antes de seu nome e Mickey gostou muito disso. - Ah! Desculpe-me, Cid, mas já estou satisfeito. Pode oferecer o meu prato para os seus empregados, acho que eles merecem apreciar a comida que deve estar saborosa quanto a sopa. Já vou indo e enquanto á você... - ele olha para a morena. - Quero que treine comigo igual á ontem e não economize suas energias contra mim.

– Pode deixar! Se quiser eu posso invocar a Valefor para participar do treino desta vez, você precisa melhorar suas esquivas e ataques aéreos, mas vou logo avisando que ela vai pegar pesado contigo. - disse Hikari, sorridente. - Cid e Hilda. Eu também estou satisfeita e... - ela pega o prato com a carne assada e vai até Setsuna. - Pode comer! Você esta com cara de que não anda se alimentando direito e acho que isto aqui pode compensar, uma samurai jamais deve estar fraca se quiser continuar protegendo os seus senhores. Pegue, é pra você.

A outra arregalou os olhos, pasma com a atitude dela. Sorriu e pegou o prato.

– Nunca esquecerei de seu gesto bondoso, senhorita. - disse se curvando em agradecimento, depois olhando para o mordomo... - Wolfgard. Me acompanhe na refeição? Não quero jantar sozinha. - ele sorriu, demonstrando que aceitava o pedido dela.

– Não precisa dividir, Setsuna. Eu me sinto satisfeito e ofereço o meu prato para o Wolfgard, assim vocês dois podem jantar mais tranquilos. - disse o rei, se levantando. - Obrigado pelo convite, Cid. Saiba que eu gostei muito da sua hospitalidade e de todos que moram aqui, espero que faça mais convites como este no futuro. - então se aproxima de Riku.

– Vocês três serão sempre bem-vindos. Fiquem á vontade de nos visitar quando quiserem. - disse Hilda. - E Hikari... Espero que o problema que a esta aflingindo seja resolvido em breve. - a garota não entendeu. - Eu notei uma pontada de tristeza no seu olhar desdo primeiro instante que á vi. Você tentou esconder, mas eu consigo perceber esses detalhes.

– A senhora é muito observadora... e sim, tem algo que esta me incomoda. Eu perdi uma coisa que me é muito importante e tenho esperança de encontrá-lo. Esse objeto... ganhei de presente de uma pessoa especial anos atrás e jurei á mim mesma que jamais o deixaria longe do meu coração, mas ontem treinei com o Riku e deve ter caido do meu pescoço. Só fui perceber isso antes de ir jantar e fiquei muito triste.

– Ah! Então foi por isso que você voltou aos limites de "Waiting City" horas mais tarde.

– Exato, Mickey. Procurei por toda parte, mas não o achei. Depois que voltarmos para a casa da Lenne e do Shuyin, pretendo voltar lá e procurar de novo até ficar cansada. Não quero ir embora sem o meu medalhão, dentro dele guardei o meu maior tesouro e é algo que pertencia á essa pessoa. Uma coisa muito delicada que com o tempo iria se desfazer, mas graças á magia que a feiticeira do meu mundo natal colocou irá durar para sempre. - o coração de Riku disparou nos batimentos nesse instante e aquela lembrança lhe veio á mente, deixando-o muito feliz. - Agradeço ao seu bom desejo, Lady Hilda. E também queria lhe dizer que a senhora é realmente uma mestra na arte da culinária, a comida estava uma delícia e tenho certeza que a sobremesa esteja divina.

– Hihihi... Vejo que eu não sou a única á ser muito observadora por aqui. É tão jovem e já possui este nível de observação ou será que... apenas por fora se pareça jovem, mas na verdade é tão antiga quanto este mundo? - o clima de repente ficara tenso, forçando todos á ficarem em silêncio enquanto ela e a morena se encaravam. - Perdoe-me.

– Tudo bem, Lady Hilda. Eu entendo que esta apenas averiguando o meu caráter, é normal que pessoas fiquem desconfiadas quando se deparam com algo fora da sua compreensão. Não me incomodo com essas coisas, apenas quero que essas mesmas pessoas tomem um pouco de cuidado porque ás vezes este método pode trazer alguns problemas, não que "eu" seja algum perigo para elas, mas é sempre bom ser cauteloso.

– Huh... Vamos, meus jovens! Temos muito o que fazer enquanto esperamos o dia da nossa partida chegar. - disse Mickey, querendo colocar um ponto final aquela conversa que já estava tomando um rumo muito estranho ao seu ver.

– Hahaha... Vocês seguirão o lema da cidade afinal de contas: dê tempo ao tempo e tudo irá acontecer como deseja. É por este motivo que recebeu o nome de "Waiting City". Todos que vivem aqui esperam por um milagre, mas enquanto isso seguimos nossas vidas como poder e fazendo o melhor uns pelos outros. - disse Cid. - Bem... Até a próxima visita.

– Até. - despediu-se o trio, em uníssono, e depois partiram.

No dia seguinte, enquanto Riku e Hikari se ocupavam em treinar nos limites da cidade, o camundongo decidiu visitar o prefeito e os dois tiveram uma conversa muito agradável até os assuntos sérios serem tratados. O primeiro revelou a origem dos cristais que protegem "Waiting City" e ainda fez ele observar com atenção um fraguimento que tinha trazido da sua aventura em "Shadow Peaks", o outro ficou pensativo por alguns minutos antes de lhe dizer: "A luz deles continua nos protegendo mesmo após terem partido..." e permanecer no mais absoluto silêncio, óbvio que se referia as pessoas que morreram durante os ataques dos "Nobodies" no passado. Depois, ambos tiravam algumas teorias sobre a atitude que a bruxa Mizrabel tomou e ao ver de Mickey ela pretende ganhar algo com isso, o problema é o quê seria e isto o preocupava bastante, mas somente saberá quais sãos os seus planos desta vez quando estiver frente á frente com a inimiga novamente.

Mais tarde, em algum momento da conversa, o rei contou á Cid tudo o que sabia sobre um novo tipo de monstro chamado "Inconscious" por um cientista louco de nome Hojo atráves de arquivos encontrados no seu laboratório abandonado em "Beginning of the World". Só agora interligando os fatos, o incidente de Palm com a maneira que a misteriosa Myue se referiu á ele, e assim teorias junto de dúvidas surgiram.

– Terei que tratar desse assunto com Riku e Hikari. Precisamos conversar seriamente sobre a possibilidade de haver inimigos específicos em "Realm of Darkness" para lidar e se for isso mesmo, pode acontecer com as poucas pessoas de corações bons e fortes que vivem nesse reinado o mesmo que aflige á todos em "Realm of Light".

– Faça isso, Mickey. São inconsidências demais para o meu gosto e acho que essa bruxa tem algo haver com esse mistério ou simplesmente esta no meio de tudo sem saber de nada.

– Não tenho tanta certeza... Mizrabel é do mesmo nape que uma outra bruxa inimiga minha e que também trouxe muitos problemas. O seu nome é Maleficent e no começo era ela a mente que orquestrava o plano que abriria o "Kingdom Hearts" de forma forçada usando a pureza existente nas sete princesas do coração, mas no fim foi revelado que era um "Special Heartless" chamado Ansem, the Seeker of Darkness", o verdadeiro responsável de toda a calamidade. - nesse instante, uma teoria lhe passou pela cabeça. - O único jeito é deixar o tempo revelar tudo, mas nada me impedi de fazer o impossível para descobrir a verdade. "Só espero que não seja como da última vez", acrescentou em pensamento.

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...Quatro dias depois...

Os reparos na "gummiship" finalmente terminaram e a mesma já estava pronta para partir á qualquer momento. Entretanto, Barret e Nooj avisaram Riku e Mickey de que poderão fazer no máximo três viagens com as peças novas instaladas, portanto, se eles realmente quiserem seguir com a jornada em busca da "Door of Light" como pretendem, precisam encontrar a tal Gadget Hackwrench em "Midnight Plaza Town" de qualquer jeito ou ficariam presos naquele mundo sabe-se lá por quanto tempo até a próxima oportunidade aparecer. Ambos garantiram que irão procurar por esta pessoa após cumprirem o pedido do prefeito da cidade, contudo, a possibilidade das coisas darem errado não foi pior do que o garoto ouvir Hikari lhe dizendo que irá acompanhá-los até o mistério dos suprimentos ser resolvido e depois iria seguir o seu caminho. Isso foi logo após se despedirem de todos os seus amigos e horas antes deles embarcarem na nave.

– Não quero que ela deixe de estar com a gente. - disse Riku, sentado no lugar do co-piloto para auxiliar o rei na navegação da "gummiship". - Só de pensar nisso o meu peito... fica apertado. Me desespero ao imaginar olhar para o lado e não vê-la mais ali, perto de mim.

– Porque não diz isso á ela? Talvez se você abrir o seu coração para a Hikari, a decisão dela pode mudar. Sempre acreditei que sentimentos verdadeiros são capazes de fazer milagres.

– Não sei... Ela disse aquilo com tanta convicção que... Sentimentos verdadeiros?!

– Fale de uma vez o que esta sentindo e veja os resultados dessa atitude. Sei que as coisas vão terminar bem se fizer isso. - o garoto reclamou, dizendo que jamais faria algo assim e ainda não soube lhe dar uma explicação. - Engraçado... Você teve coragem de abrir o seu coração para a escuridão sem pensar duas vezes e fazer uma besteira atrás da outra, mas não tem coragem para se abrí-lo para uma garota sensacional como a Hikari. Francamente, meu jovem... Ás vezes você é mais complicado do que parece. - Riku detestou o que ouviu e sai da sala de comando muito irritado. - Oh, gosh... Vai ser difícil fazê-lo perceber que se apaixonou pela Hikari no primeiro momento em que á viu e mais ainda admitir os seus sentimentos. - e suspirou. - Eu fui escolher uma criança muito complicada para cuidar...

Longe da cabine de controle, o garoto pensava nas coisas que o camundongo tinha lhe dito enquanto andava pelo corredor e por mais que ele estivesse certo, sentia medo da reação que Hikari terá quando fosse fazer o pedido para acompanhá-lo até o final da jornada pelo motivo de não querer ficar sem ela do seu lado.

"Aquela estrela idiota e imprudente pode entender tudo errado. Tem chance dela achar que não á quero longe de mim porque na verdade gosto dela", ele cora quando chegou nessa linha de racíocinio e sacudiu a cabeça para afastar o pensamento. Ele gostava sim da Hikari, mas como uma amiga muito querida igual a Kairi e também é uma parceira indispensável para a jornada no "Realm of Darkness" por saber de muitas coisas, inclusive já viu a "Door of Light", portanto, saberia reconhecê-la quando á ver de novo. Ele repetia isso em sua mente várias vezes, mas ainda assim, uma pequena parte de seu coração não estava convencido disso, levando em consideração o que tinha dito quando a viu desmaiada após o ataque do "Inconscious Tendrill". "Minhas lembranças da infância, aquelas em que eu não sabia que tinha...", e levou uma das mãos ao peito. "O sentimento que sinto por ela,... é o mesmo que sinto ao relembrar dos nossos momentos juntos de quando eu era criança. Céus! Que tipo de sentimento é esse que nos liga dessa forma? Qual é a importância dela em minha vida?"

– Riku? Algum problema? - a voz dela o tirou de seus devaneios e com isso percebeu que estava na sala da "gummiship" e a viu sentada no sofá com um livro nas mãos, olhando-o preocupada. Como ele não notara o quanto andou desde que saiu de perto do Mickey?

– Huh... Não há nada de errado, sério. Eu só... queria pensar um pouco.

– Tem algo que o esta incomodando?

– Sim e não... Quero disser, não sei ao certo...

– Quer conversar? Esse método é sempre o mais fácil para se encontrar a resposta do que tanto aflinge uma pessoa, sabia? - Riku ficou cabisbaixo. - Entendi. Você precisa mesmo de um tempo para si, afinal de contas aconteceu tanta coisa que deve estar sendo difícil para assimilar as informações. - ela fecha o livro e se levanta. - Acho que vou para o quarto que escolhi e continuar lendo mais sobre o "Zentrix Cube"...

– Espera! Tenho uma coisa para lhe entregar, ou melhor, duas. - ele revira os bolsos da calça e depois se aproxima da garota, a pedi para estender uma das mãos e coloca ali o cristal que encontrou na caverna de Palm. - Isso é para a sua proteção quando estiver sozinha lutando contra os "Nobodies". Eu... pensei em você assim que á vi... - ela cora levemente e ficou olhando a estrela branca deixada em sua palma. - A outra coisa é algo que perdeu. - então ele abre a mão e balança o medalhão em forma de "Paopu Fruit" na frende do rosto dela.

– Você encontrou! - exclamou a morena, muito feliz. - Onde o achou? Eu o procurei por toda parte.

– Na verdade... - o garoto começou a cochar a cabeça, sem graça. "Ela vai ficar zangada assim que eu contar...", pensou consigo mesmo. Respirou fundo e falou: - Eu o achei logo após você sair correndo nervosa por causa da minha... "brincadeirinha"... e por pouco não o quebrei também porque pisei nele, mas isso antes de achá-lo.

Houve um momento de silêncio. Riku ficou esperando uma reação explosiva dela, porém...

– Por que não me devolveu se o encontrou no mesmo dia em que eu o perdi? - perguntou ela na maior tranquilidade do universo. Ele ainda se impressionava com isso.

– Eu... estranhei que você tivesse algo do meu mundo natal e o verifiquei, assim descobri que ele abria e... acabei vendo o que você guarda dentro dele. - Hikari engoliu em seco, imaginando a pergunta á seguir. - A mecha de cabelo... pertence á pessoa mais importante da sua vida? - ela assentiu. - Encontraram-se de novo?

– Sim... Mas, ele não me reconhece...

– Por quê? Se fosse eu me lembraria de uma menina legal assim que á visse.

– Hihihi... Você esta muito curioso para o meu gosto. - e faz carinho na ponta do nariz dele com o dedo indicador, imediatamente aquela lembrança em que ela fazia isso lhe veio á tona. O mesmo gesto, o mesmo sorriso, o mesmo carinho... - Não se preocupe. Apesar da dor por saber que ele se esqueceu de mim, sabia que isso iria acontecer querendo ou não.

– ...Você acredita que essa pessoa possa se lembrar de você algum dia?...

– Isso é impossível. Já tive provas de que ele jamais vai se lembrar de mim.

– Apenas me responda. Existe alguma esperança das lembranças voltarem?

– Não sei disser... Algo assim nunca aconteceu. - o garoto levantou a sombrancelha. - Sinto muito, mas não posso te contar nada e não pense que é por falta de confiança, muito pelo contrário. Isso é referente á um dos segredos das estrelas.

– Tudo bem, Hikari. Eu lhe dei a minha palavra de que não irei forçá-la á fazer o que não quer, mas... - então ele começou a acariciar a bochecha direita dela. - ...pelo menos quero que acredite nessa possibilidade. Tenha esperança, é só o que eu lhe peço 'tá.

– Ok... Se é o que você quer, não pretendo decepcioná-lo. Apesar de saber que no fundo isso não levara em nada, eu vou fazer o que me pede.

– Huh, Hikari... Eu posso?... – Riku balança novamente o medalhão na frente dela.

– C-Claro... – disse Hikari, entendendo o que ele queria. Ela guarda o cristal na bolsa de cinto, fica de costas e segura o cabelo para expôr o seu pescoço. Com cuidado, o garoto colocou a jóia em seu devido lugar e ela suspira de alívio ao tocá-la, não resistindo em abrir sorriso. – Obrigada... - foi tudo o que disse antes de contemplá-lo e ele retribuia o seu olhar.

Nesse instante, Mickey aparece e ficou contente quando os viu se olhando "daquele jeito" outra vez. Logo, os dois percebem a sua presença e ficam encabulados com a situação.

– Antes que me perguntem, saibam que eu inseri as coordenadas de "Midnight Plaza Town" no sistema e depois coloquei a nave no piloto autómatico. Assim podemos fazer qualquer coisa enquanto á viagem procede como conversar sobre um assunto sério que pretendia tratar com vocês quando tivesse a oportunidade e acho que este é o momento.

– Huh... Sem querer abusar da boa vontade dos dois nem nada, mas estive pensando numa coisa. Como iremos resolver o mistério da interrupção dos suprimentos á "Waiting City", pensei em conseguir uma ajuda extra para o nosso grupo, talvez uma pessoa que conheço á muito tempo possa ser de grande utilidade na investigação. Eu estava indo encontrá-la até bater com a cabeça nesta nave e começar aquela confusão toda. - por alguma razão, Riku não gostou da felicidade que a garota demonstrou quando mencionou esse tal conhecido dela. Haveria alguém com quem dividir as suas atenções e isso o irritou bastante.

– Me parece uma boa idéia. Barret e Nooj falaram que a "gummiship" irá suportar até três viagens no máximo, nós podemos muito bem buscar essa ajuda e depois ir para "Midnight Plaza Town". - disse o rei, gostando da sugestão. - Aonde essa pessoa se encontra, Hikari?

– No mundo chamado "Underworld" e ele faz parte de um outro mundo no "Realm of Light", mas apesar de ter uma porta que interliga os dois infelizmente não podemos ter acesso á ele porque a barreira que separa os reinados nos impediria de fazer isso. Apenas pessoas muito, mas muito especiais é que podem atravessá-la e existe uma que aparece por lá de vez em quando para resolver um problema, além de também ser um conhecido meu.

– Esquisito... Esse nome me parece familiar, acho que já ouvi ele antes. - disse o garoto, pensativo. - Como se chama esse outro mundo que mencionou? O do "Realm of Light"?

– "Olympus Coliseum".

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Hojo estava em seu atual laboratório em algum lugar do "Realm of Darkness" andando de um lado para outro totalmente tomado pela fúria. Ele vigiava o garoto Riku através de uma camêra especial que estava escondida dentro da "gummiship" que ele e o amigo usaram para viajar desde que ele chegou em "Waiting City", mas então uma garota morena de olhos escarlate de alguma forma a descobriu e ainda destruiu o seu invento, impedindo-o de ver tudo o que acontecia com a sua cobaia. Próximo dele estava Genesis deitado no sofá lendo um livro e com isso ignorava os esperneios do cientista.

– Maldição! Como aquela intrometida soube da camêra?! Meu invento foi programado para se camuflar em qualquer ambiente sem exceções e assim se torna invisível para olhos nus, não há como ela perceber. Há não ser que... - uma teoria lhe passou pela mente. - ...que alguém tenha contado. Mas quem seria? Todos que sabiam estão aqui no laboratório... e até onde observei ninguém pareceu notar... Então quem foi o delator?

– Esqueça esse assunto... Já não tem os dados de que tanto precisava para dar o segundo passo de suas pesquisas? Pois então. Basta aguardar outra oportunidade para observar o garoto de novo. - disse o rapaz sem tirar os olhos das páginas do livro. - Este conto sobre Minerva, a Deusa da Sabedoria e da Percepção, é realmente facinante... Devia lê-lo, doutor, assim aprenderia algo sobre a estratégia de observar o inimigo sem ser notado ou estar preparado para possíveis imprevistos. - e soltou uma risada, mas parou quando Hojo deu um tapa no livro retirando-o de suas mãos. - Se esta furioso desconte a sua raiva na pessoa certa, queria ver como vai punir aquela garota que começou a andar com o Riku e o Mickey.

– E vou fazer isso quando a encontrar pessoalmente, irei triturar aquela intrometida até não sobrar nada! E pare de ler essas histórias sobre Minerva ou que quer que seja essa porcaria, livros desse nape não merecem atenção alguma. Tudo descrito em suas páginas são meras invenções, lorotas, mentiras, boatos, alucinações entre outros adjetivos. A verdade esta na ciência e qualquer coisa relacionada á ela, isso sim que merece ser o foco de atenções.

– E lá vamos nós de novo. - resmungou Genesis, aborrecido.

– A ciência é a única e real verdade do universo. Sabe por que? Porque ela comprova tudo, mostra o correto, amplifica o conhecimento... Sim, sim! O conhecimento é tudo de que as pessoas precisam, a mente é uma ferramenta que precisa ser trabalhada e estudada com profundade pela razão dela ser o maior mistério que existe. A mente nunca para de criar, nunca descansa até mesmo quando estamos dormindo, ela encontra caminhos que não são percebidos pelos nossos sentidos e sempre nos coloca diante da verdade dos fatos!

– E é por este motivo que quer encontrar a mente perfeita para o "ser perfeito"?

– Exato, meu caro Genesis! O "ser perfeito" é livre dessas distrações que toda pessoa tem naturalmente, o seu racíocinio esta focado apenas numa coisa só: a verdade. Foi isso o que Manse me contou quando me falou dessa magnifíca e gloriosa criatura pela primeira vez e desde então, eu o ajudo a criá-la. Segundo ele, apenas falta uma coisa: a mente.

– Bom saber que esta se esforçando para concluir o nosso projeto, Hojo. - disse um homem de idade entrando na sala. Ele tinha olhos amarelos assustadores, pele morena e um pouco enrrugada, tinha barbicha cumprida e um longo cabelo branco preso num rabo-de-cavalo baixo, andava encurvado e com a ajuda de uma bengala de madeira retorcida. - Saiba que será muito bem recompensado quando conseguir o que falta para o "ser perfeito" nascer.

– Oh, Manse! Não o vi entrar em meu humilde local de trabalho. Estava me deixando levar pela incrível linha de racíocinio que minha espetacular mente criou sobre a ciência. - Manse suspirou profundamente. - Enfim... A que devo a honra de sua visita?

– Apenas tive vontade de ver como esta indo o projeto. Algum progresso?

– Sim! Acredito que finalmente encontrei a mente perfeita para que possamos criar o "ser perfeito". Ela esta no interior da cabeça de um garoto que acabara de chegar no "Realm of Darkness" e anda em companhia de um rato com cara de bobo. Estava o observando com a ajuda de uma camêra especial, mas houve... huh... um pequeno contratempo no qual será resolvido em breve. Pelo menos consegui muitos dados sobre ele graças as circustâncias porque, inicialmente, pensei em enviar o Genesis e forçá-lo á enfrentar um novo teste e no fim não foi preciso. - respondeu Hojo, animado. - Veja, Manse! Irei lhe mostrar.

Ele se aproximou de um computador e digitou o código que abria os arquivos da pesquisa, arrastou o cursor até uma pasta específica e duas telas surgiram no monitor. Uma continha os dados que havia salvado sobre a cobaia nº 507 e a outra era um visor de vídeo, ele clicou neste e logo começou a mostrar as últimas imagens que foram capturadas pela camêra. O velho ficou espantado e chegou mais perto para olhar melhor o que estava vendo.

– Hojo. Sabe o nome destes indivíduos? - perguntou, mas o fundo sabia quem eram.

– O rato se chama Mickey Mouse e o garoto se chama Riku.

Manse empalideceu com a resposta e saiu da sala sem falar nada, deixando Genesis com o seu livro que recuperara sem ninguém notar e ignorando as questões de Hojo sobre o que lhe aconteceu. Ele andou rápido para ficar o mais longe possível do comôdo e se certificou de que não seria ouvido pelo cientista ou pelo seu fiel servo quando alcançou o lado de fora da torre que fora transformada num laboratório anos atrás, então chamara por dois nomes com extrema urgência. De repente, um vortéx negro apareceu diante de si e duas pessoas encapuzadas surgiram dele, uma delas logo retirou o seu capuz, revelando ser uma garota com aparência infantil de cabelos ruivos com pontas loiras presos em marias-chiquinhas, pele rosada e olhos castanhos avermelhados. Ela abre um sorriso alegre quando viu Manse.

– Senhor Manse! É bom revê-lo!

– Olá, Myue. Espero que tenha cumprido a sua missão.

– Sim, esta completa e encerrada. Mas,... tive um imprevisto.

– E qual seria esse "imprevisto" que mencionou? - enfatizou ele, desconfiado, e como não recebeu uma resposta de volta.... - Diga-me, Rimae. O que foi que aconteceu desta vez? E espero que não seja desagradável. - disse ao encarar a outra encapuzada.

– Ela lutou contra Hikari Seraph, senhor. Parece que o "Inconscious" chamado Palm foi um grande amigo dela no passado e a estrela ficara com raiva ao presenciar a sua eliminação. - respondeu Rimae também retirando o capuz, revelando ser uma mulher de cabelo lílas e ondulado na altura dos ombros, pele clara e olhos verdes. - Myue estava entediada e como sempre resolveu "brincar" com o inimigo, mas por pouco não comprometeu o grande plano da "Obscura mestra" ao dizer coisas demais e eu fui obrigada a intervir, tirando-a de lá.

O homem lançou um olhar de fúria em direção a Myue que estremeceu de medo.

– Perdão, senhor Manse. Perdão, de verdade. Eu... b-bem... AHHHHHHHH! - de repente, ela sentiu uma forte dor de cabeça que chegava a enlouquecer quando os olhos amarelos de Manse brilharam intensamente. A outra não fez nada, apenas assistia a tortura da parceira em silêncio e friamente. - ...Prometo... que não vou... fazer de novo... - disse quando a dor sumiu, mas não conseguia encontrar forças para se levantar.

– Promessas e promessas... é só isso que você sabe fazer, Myue, mas não as cumpre. Você não consegue se segurar, é impulsiva, por isso que recomendei que Rimae sempre ficasse por perto para detê-la. De todos do "Exiled Order", ela é a única que teria paciência para cuidar de você e vigiar os seus passos. Até hoje me pergunto o por quê do "Zentrix Cube" ter escolhido alguém tão destranbelhado para ser o seu mestre.

– Deve ser porque a mente dela funciona como um quebra-cabeça. As peças estão lá, mas será preciso entender o significado de cada uma para saber como a Myue pensa e age. Eu consigo entender algumas por ter ficado tanto tempo cuidando dela, já outras confesso que são um verdadeiro mistério, talvez seja isso. - argumentou a mulher.

– Hmmm... Acho que tem razão, Rimae. Vocês duas e os outros são "Specials Inconscious", literalmente a personificação das mentes de seus personas quando se decidi abandonar o coração e o corpo para evoluir. - disse Manse. - Mas, não as chamei por causa disso. Quero saber de uma coisa e acho que as duas tem a resposta que eu procuro.

– Então pergunte, senhor. O que precisa saber?

– Me digam... Havia um garoto de cabelos prateados e um rato acompanhando essa tal de Hikari? - as duas se entreolharam e depois contaram que antes de irem embora, viram sim os dois indivíduos que mencionou se aproximando da Hikari para salvá-la. - Eles vieram numa ave gigante... Valefor, "The Empress of Winds"... Aquela garota é uma "Summoner" também. Eu deveria ter suspeitado... - murmurrou, pensativo. - Myue. Rimae. Quero que as duas retornem para "Wasteland" e fiquem aguardando novas ordens. Fui claro?

– Sim senhor, senhor Manse! - então ambas foram embora usando o vortéx negro, mas não antes de esconder os seus rostos com o capuz.

Estando sozinho, Manse ficou pensando nas coincidências dos fatos, mas no fundo temendo que fosse algum golpe do destino Riku e Hikari terem se encontrado justamente naquele lugar depois de tanto tempo. Ele sabia, atráves da ligação com o "Heartless" do seu persona até ser interrompida, que o garoto tinha se entregado á escuridão ao atender o pedido dele de abrir o coração para as trevas, assim terminando perdendo o seu corpo, e a garota se tornado algo que não conseguia descobrir o quê era depois do incidente em Galatéya, história que foi contada pela própria "Obscura mestra" quando a encontrou debilitada após a batalha violenta que tiverá contra a estrela. Não pode ser verdade... Nada de bom saira desse encontro e óbvio que pode prejudicar tudo o que ele andou fazendo em nome "dela".

– Preocupado, Manse? É tão raro vê-lo assim...

O homem arregalou os olhos ao ouvir aquela voz e quando olhou para o lado direito, viu uma sombra vermelha se formando próximo a rocha onde Rimae estava sentada minutos atrás. Ele se curvou em respeito a sua presença e se postou como faz um servo fiel ao estar diante de seu mestre, a silhueta de alguém se deixou expôr parcialmente, apenas os seus olhos vermelhos podiam ser vistos com clareza devido ao brilho intenso que emanavam.

– "Obscura mestra"... É uma honra ser visitado por vossa excelência. Eu...

– Já estou sabendo de tudo. Ouvi sua conversa com Myue e Rimae desdo ínicio. Gostei do castigo que derá a aquela criança impulsiva, apesar de saber que ela trará problemas em breve, mas detestei ao saber que Hikari esta envolvida. Aquela estrela maldita... Ela ainda continua se intrometendo no meu caminho e ousando se opôr á mim novamente, o pior é que agora esta mais forte com os "Heartfelts" ao seu dispôr, e também temos o soberano do "Realm of Light" perto deles. Isso é um detalhe que eu não esperava que acontecesse.

– E o que faremos? A luz do coração dela encontrou a escuridão do coração dele novamente e sabemos muito bem que quando duas pessoas pertencentes a forças opostas, mas que formam uma conexão forte entre si, podem acabar... - então se calou quando a sombra fez um sinal de silêncio. - Precisamos afastar um do outro o quanto antes, fazer alguma coisa que os separe definitivamente. Também temos que dar um jeito em Mickey, ele será um obstáculo enquanto orquestramos as armadilhas que afetará o coração de Riku e Hikari.

– Eu sei disso muito bem, mas no momento vamos ver até onde os dois vão juntos e depois começaremos a intervir no relacionamento deles se notarmos que as coisas estão fugindo ao nosso controle. Nesse meio tempo, Hojo irá atormentá-los por querer a mente do garoto para as suas experiências e confesso que sem estar ciente do plano, acabou acertando no ponto onde eu queria. Riku ainda é necessário para a escuridão e não posso correr o risco de perdê-lo, mas espero que o "Heartless Ansem" que agora habita dentro do seu coração consiga nos auxiliar pelo menos um pouco. - falou a "Obscura mestra", séria. - Preciso de sua mente forte para voltar á existir em minha plena forma e assim recuperar todo o meu poder que Hikari arrancou de mim. Até lá terei que aguardar, querendo ou não.

– Mas fique tranquila, sinto perfeitamente que o seu tempo como um mero espectro de si mesma esta terminando. Muito em breve... Todos que vivem suas vidinhas miseráveis no "Realm of Light" irão sentir mais uma vez o grandioso poder de vossa excelência e então aniquilaremos a tirânia da luz para sempre! - disse Manse, maldade pura no olhar.

A sombra pareceu ficar satisfeita com o seu argumento.

– Fique de olho em Hojo e Genesis, por alguma razão não confio naqueles dois. Me reporte tudo o que descobrir sobre as suas pesquisas e a criação de mais "Inconscious", preciso ter os melhores tipos sob meu poder para um futuro confronto. - o homem assentiu. - Também retorne para "Wasteland" e descanse um pouco, á qualquer momento você podera agir e estando exausto não me servirá de nada. Enquanto isso, vou ver como andam as coisas no outro reinado, fiquei sabendo atráves de nosso informante que Xemnas encontrou um novo "Nobody" e por alguma razão ele se parece muito com aquele moleque xereta chamado Ventus, apesar dele ter nascido de um garoto estranho chamado Sora. - Manse aparentou ficar surpreso com essa informação, mas dediciu permanecer calado para não ser punido pela curiosidade fora de hora. - Até breve, meu caro conselheiro.

– Até breve, minha grande mestra.

...Escuridão...

A força que sempre confronta a luz e na qual ninguém sabe daonde veio. Sua origem é desconhecida e se tornou o principal motivo dos temores das pessoas em pouco tempo.

...Luz...

A força que protege á todos e que ameniza ou afasta todo o sofrimento que aflinge os corações das pessoas. Traz paz, harmônia, felicidade... Tudo que o que é de bom.

A eterna guerra entre essas forças teve início mais uma vez e dois corações fortes, porém inocentes das intenções de ambos os lados, se encontram no meio do fogo cruzado.

...Riku... ...Hikari...

Tenham muito cuidado.

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