Kingdom Hearts: The Pure Heart Of A Star escrita por Dryka Paradise


Capítulo 10
Chapter 9: Station of awakening - Empty heart?... No way!


Notas iniciais do capítulo

Perdão a demora, galera... Ficar sem net é um apocalipse e por isso posso demorar á postar os demais capítulos, infelizmente sem dia determinado.

Neste capítulo teremos mais uma peça do mistério da fic e a apresentação de novos personagens, alguns fazendo parte de uma outra história que talvez em breve seja postada no Nyah. Espero que goste de mais uma parte da saga de Riku e Mickey no "Realm of Darkness".^^



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Hikari voava á toda velocidade em direção a figura negra que parecia simplesmente assistir o confronto dos "Nobodies", até perceber a sua aproximação. A pessoa gesticula de uma maneira estranha com a mão direita e então aparece um cubo colorido com símbolos estranhos em cada quadrado flutuando acima de sua palma, o objeto era semelhante ao brinquedo conhecido como cubo mágico. Em seguida, começou a mexer nele e quando completou uma sequência de cores, fazendo os símbolos brilharem por um segundo, uma parede feita de terra e pedras se ergueu apartir do solo bloqueando a passagem da garota. Ela voa para o alto na intenção de ultrapassá-la por cima, mas a parede se estendeu impedindo-a de seguir em frente, novamente mudou de rumo e acontece a mesma coisa, fez isso uma terceira vez e a história se repete. Sendo assim, não importava para qual direção Hikari fosse, a parede sempre iria bloqueá-la.

"Que espécie de magia será essa? Domínio da terra? "Telekineses"? Controle de espíritos terrestres? Não... É algo diferente, nunca senti essa força antes", pensou consigo mesma ainda tentando se aproximar da desconhecido. "Se eu não consigo chegar perto de você, então minhas flechas faram isso por mim", ela pega uma flecha de sua aljava e se prepara para atirá-la. "Minha "Wings of Peace" é uma arma especial. Não importa aonde o meu alvo esteja, eu sempre irei atingí-lo se é isso o que meu coração deseja. E estou querendo muito que você seja atingido", a flecha recebe a energia da garota e então é disparada.

O raio de luz perfurou a parede sem problema algum e continuou em linha reta sem alterar um milímetro de sua trajetória. A pessoa encapuzada mexeu mais uma vez no cubo e fez outra parede surgir para se proteger do ataque, mas a flecha a perfura da mesma maneira que tinha feito com a anterior. Ela repete o movimento e o resultado foi idêntico, assim se viu obrigada a fugir, mas continuava mexendo no objeto fazendo outras paredes surgirem pelo caminho e todas eram ultrapassadas com facilidade até que foi atingida no braço. O ataque pegou de raspão, pois havia se esquivado no último instante por puro instinto de sobrevivência, porém o ferimento ardia muito por causa da luz e logo sentiu dormência.

– Quem é você? - perguntou Hikari, se aproximando em sua forma de estrela. Agora que chegou perto percebeu pelo contorno do corpo que era uma garota ou então uma mulher baixa. - Por favor, me responda. Quem é você? - ela volta á ser aquela garota morena de olhos escarlates ao tocar os pés no chão, mas ainda não obteve nenhuma resposta. - Você tem o mesmo cheiro que o Palm ezalava, então isso significa que são da mesma espécie de monstro. Só quero saber o por quê matou ele, qual a razão de tudo aquilo? - então a pessoa soltou uma risada suave e maníaca, o timbre era inconfundível. Sejam quais forem as suas intenções, no fundo sabia que seria perseguida e encurralada rapidamente.

– Você é tranquila e poderosa... Exatamente como a obscura mestra tinha me dito.

– Obscura mestra? Essa não... Não não pode ser, é impossível! Ela sobreviveu?!

– Não tenho autorização para falar nada, mas... - e faz o cubo mágico reaparecer, desta vez em sua mão esquerda. - ...tenho ordens de eliminar qualquer um que venha intervir nos seus planos. - imediatamente, Hikari convoca o seu arco e depois assumi a sua posição de batalha. - Inicialmente a minha missão era apenas eliminar aquele "Inconscious" estúpido, ele já estava dando muita dor de cabeça á ela e assim passou a ser um obstáculo, porém o senhor Manse é muito sábio e ele me aconselhou para estar preparada no caso de alguém acatar as dores pela morte daquele imprestável. É por este motivo que é o conselheiro, o velho sempre consegue imaginar os passos que nossos inimigos vão dar e assim sempre ficamos um passo á frente deles. - e ri de novo. - Mas chega de conversa, já falei demais com você... Vamos brincar "Hikari Seraph, the scarlet star"! - então a sua aura negra é exposta e o odor repugnante rapidamente se espalha pelo ar, deixando a garota um pouco tonta.

Rapidamente mexe em seu cubo e faz todas as rochas ao redor delas flutuarem até acima de suas cabeças, depois se partiram em vários pedaços, mudou uma linha da sequência de cores e as rochas viraram lanças de pedra ponte-agudas, além de todas estarem apontadas diretamente para a morena. Em seguida as armas avançam, mas com segundos de diferença entre uma e outra, assim obrigando Hikari a se defender usando a magia "Protect" quando não conseguia se esquivar, ás vezes encontrava uma brecha para disparar suas flechas que acabavam sendo bloqueadas pela inimiga com a mesma magia defensiva. No instante em que todas as lanças iriam avançar de uma só vez, uma lufada poderosa fez a desconhecida ser arremessada para trás que aterrizou sem maiores danos á alguns mêtros de distância, mas o seu poder fora cancelado.

– Valefor! Eu mandei para cuidar deles! - disse ao ver a "Summon" sobrevoando ela.

– Perdão, senhorita Seraph. Fomos nós que insistimos. - manifestou-se Mickey, a cabeça aparecendo acima da garra esquerda da ave. - Ficamos preocupados com você quando eu e Riku sentimos a força da escuridão, então praticamente atormentamos a pobre Valefor para vir ajudá-la e pelo visto aparecemos numa boa hora. - ele olha para as lanças de pedra que estavam largadas ao redor da morena, depois encarou a adversária dela que já estava se recompondo. - Ela é perigosa, eu sinto isso. Vou ajudar. - e convoca a "Kingdom Key D".

– Hahahaha... Maravilha! Assim posso usar todo o meu poder para eliminar vocês de uma só vez! - o cubo agora flutuava entre as mãos da encapuzada e começara a se abrir até ficar igual á uma placa em forma de cruz, os símbolos pareciam se interligar uns aos outros, mas estavam todos embaralhados e havia apenas quatro espaços vazios obviamente para se poder movimentar as peças. - Pena que só vão resistir por um segundo... Ninguém jamais sobreviveu mais do que isso quando uso todo o potencial do "Zentrix Cube". - mas quando tocou o dedo no primeiro símbolo fazendo-o brilhar, um vortéx de escuridão surgiu detrás de si e uma segunda figura encapuzada saiu de dentro dele. - O que faz aqui, Rimae?

– Myue. As ordens dadas á você foram bem claras: eliminar o "Inconscious" Palm e retornar imediatamente, lutas somente para o caso de haver intervenções nos planos.

– Mas, isto não é uma intervenção? - perguntou apontando para Hikari e seus amigos.

– Não. Isso é um mero imprevisto que deve ser ignorado e você quando esta entediada se aproveita da situação para "brincar" com o primeiro que aparecer. Mais tarde somos nós a limpar sua bagunça e sabe como dá trabalho deixar tudo como estava antes. - a primeira encapuzada, Myue, cruzou os braços e bateu o pé no chão como uma criança emburrada. Depois, a segunda se curvou parecendo pedir desculpas. - Confrontos como este não vão acontecer novamente... Não desta forma. - um arrepio horrível percorreu a espinha do rei e do garoto simultâneamente, ambos tiveram um mal presentimento. - Até um dia... - disse ao agarrar o braço da outra e puxá-la para dentro do vortéx que desaparece em seguida.

– Que raios foi isso, afinal de contas? - questionou Riku.

– Nada... Nada com o que você deva se preocupar... - respondeu Hikari, séria. Ela passa reto pelo garoto sem olhar para ele e isso o incomodou, mais pelo comportamento estranho dela do que emocionalmente. - Vamos Valefor! Temos que ir para "Waiting City". - logo subira nas costas da "Summon" e se surpreendeu quando o garoto sentou atrás de si.

– Prefiro ficar próximo de você porque é visível de que não esta bem. Seja o que for que aquela garota lhe disse, te deixou muito abalada á ponto de mentir e além disso... esta cansada por ter participado de muitas lutas seguidas. - foi tudo o que ele falou antes da ave sair voando rumo a cidade e fazendo a garota abrir um leve sorriso.

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– Olhem! São eles! - Lenne foi a primeira a notar Mickey e Riku nas costas de Valefor que havia pousado graciosamente dentro dos limites de "Waiting City". Ela correu na direção deles acompanhada por Shuyin e Barret, o último explodindo de alegria ao ver Filo e logo a envolvendo num forte abraço de urso antes mesmo de descer com a ajuda do garoto.

– Filo, minha pequena! Você esta bem graças ao céus!

– Barret. Você vai quebrar os meus ossos desse jeito...

– Oh! Perdão querida, perdão. - ele soltou a menina, que cambaleou um pouco atordoada.

– Vocês dois trouxeram a Filo de volta para nós. Muito obrigada. - disse a cantora.

– Foi um prazer. Não sabe como algo assim me faz bem.

O rei recebeu as parabenizações e elogios do trio primeiro, depois foi a vez de Riku que ficara encabulado com tanta atenção, ainda mais após tomar uma boa atitude, e hesitante quando o loiro lhe perguntou da espada que havia lhe dado ao notar que a arma não estava com ele. Mas de repente o silêncio pairou sobre todos quando Hikari desceu e se tornou o centro dos olhares de Barret. Os dois trocaram um "oi" contido e ficaram se encarando.

– Huh... Barret. É a garota, não é? - perguntou Shuyin em sussurros.

– É sim. - respondeu o homem no mesmo tom, relembrando do incidente. - Fazia um tempo que não nos víamos. O seu cabelo cresceu um pouco desde... aquela época... Hikari.

– E você... me parece bem apesar do que aconteceu. Continua com o jeito estabanado e expontâneo de sempre. - foi quando ela notou o braço mecânico, abrindo um sorriso de contentamento. - Pelo visto conseguiu encontrar uma forma de compensar a sua perda.

– Ah, isso! Eu e Nooj encontramos um excelente construtor de auto-mails em "Midnight Plaza Town" e ele fez essas belezinhas para nós por um bom preço. Tivemos que esperar mêses para que ficassem prontas e mais alguns para nos acostumarmos.

– Eh?! Nooj também tem um destes? - Barret assentiu. - As coisas foram se reencaixando aos poucos depois do incidente... - murmurrou ela, sentindo um alívio difícil de descrever.

Nesse momento, todos ouviram alguém reclamar sobre os comentários de muitas pessoas terem visto um pássaro colorido e gigante sobrevoar a cidade, terminando por visualizar o grupo próximo da cerca de cristais. Todos olharam para trás somente para ver a expressão de aborrecimento do Nooj, que andava com a ajuda de sua bengala e ainda assim mancava de vez em quando. Ele dá uma bronca neles, dizendo que era perigoso ficar totalmente expostos aos "Nobodies" que podiam aparecer á qualquer momento e atacar, mas quando Lenne saiu do lugar onde estava e acabar por revelar a garota, a raiva cresceu dentro de si.

– O quê você esta fazendo aqui?! - esbravejou, furioso. - Eu devia ter desconfiado quando fiquei sabendo que a Filo desapareceu, se alguma coisa ruim acontece você esta no meio. Qual foi a tragédia que provocou desta vez? - e começou a se aproximar da morena, furioso como nunca ninguém o tinha visto antes. - Quantas vidas vai estragar des-

– Não fale assim com ela, seu velho rabugento! - Riku se colocou na frente de Hikari numa posição protetora. - Já estou sabendo dessa história. Palm, a "Door of Light", o ataque dos "Heartless" e "Nobodies"... Tudo! E ela não tem culpa do que aconteceu. Álias tem muita coisa que precisa ser esclarecida e você vai ouvir palavra por palavra, querendo ou não! Saiba que passamos o inferno naquelas montanhas, estivemos muito perto da morte lá e o pior de tudo é como essa busca terminou, a menina então deve estar precisando de todo o carinho e atenção de vocês para se recuperar do que viveu agora á pouco. Essa deverá ser a sua preocupação e não algo que aconteceu á muito tempo!

Nooj estava pasmo, não esperava uma reação dessas de alguém e ainda de um moleque desconhecido, mas ficara pensando sobre tudo o que ele disse. Então o garoto olhou para a morena e lhe pediu para dispensar Valefor sem dar maiores explicações, ela atendeu o seu pedido e o coração da "Summon" retorna para dentro do seu, depois foi pega no colo.

– Sua majestade. Vou para a "gummiship" descansar um pouco e levarei ela comigo, essa estrela idiota e imprudente precisa de um momento de paz depois de tudo. Resolvo todas as minhas questões quando acordar e até lá... bem... acho que sabe o que faz, certo? - o camundongo assentiu, compreensivo. - Com licença á todos. - e partiu com Hikari. Ela tenta falar alguma coisa, mas fechou a boca quando ele praticamente a mandou ficar em silêncio.

Riku atravessou "Waiting City" inteira carregando a garota e nisso ignorava completamente os olhares curiosos que eram lançados em sua direção o caminho todo. Quando alcançou a nave, chutou a porta para abrí-la e entra em seguida, andou até o comôdo que parecia ser a sala, deixou ela no sofá delicadamente e se jogou no outro cobrindo os olhos com o anti-braço direito. Logo, soltou um profundo suspiro de exaustão.

– Você esta estressado, né?

– Muuuuiiiito... Nunca senti tanto estresse em toda a minha vida...

– Bem que eu percebi. Faltou pouco para que você voasse no pescoço do Nooj e os dois terminarem brigando feio na frente de todo mundo.

– Não suportei quando o vi te culpando por uma coisa que não era prevista. Você não fez nada de errado, apenas quiz ajudar todo mundo e infelizmente não foi possível. Ele precisa entender isso ou nunca vai se libertar dessa dor e seguir em frente, sempre ficara preso ao passado e lamentando a morte do amigo que no fim se sacrificou por eles. A Filo que é criança entendeu e o Barret... Poxa! Ele falou com você de boa, meio acanhado, mas falou.

– Isso foi um bom sinal. Fico feliz que eles estejam bem. - houve um momento de silêncio, até Hikari decidir deixar o recinto para que Riku podesse descansar. - Vou... huh... deixá-lo dormindo. Eu... - e se levanta do sofá. - ...vou procurar alguma coisa para fazer.

– Por que me evitou? - a pergunta fez a garota ficar paralizada no lugar, estática e temerosa. - Desdo instante em que Palm voltou a forma humana até aquele momento horrível, você não falou uma palavra sequer comigo e muito menos olhava para mim. Por quê? - ela não disse nada. Ele, apesar de imaginar qual seria a resposta, queria ouví-la de qualquer jeito. - Eu notei o seu olhar triste quando viu a "Soul Eater"...

– Então é assim que se chama a espada... É um nome macabro como a aparência dela.

– Quer saber! - o garoto se ajeitou no sofá para ficar deitado de lado. - Vai fazer aquilo que pretendia até eu atrapalhá-la. Me deixe sozinho. - e ocultou o rosto com uma das mãos, mas ainda sentia a presença da morena no recinto. - Vai! Me deixa sozinho! Vai!

Então ouviu passos rápidos se distanciando, obviamente ela correu para ficar longe dele, e uma profunda decepção tomou conta de seu coração. Ele ouviu a risada de Ansem vinda de algum lugar dentro da sua mente e desta vez não ficara irritado, sabia que aquilo é apenas uma confirmação de tudo o que tentou alertá-lo desdo começo e ainda assim, porém, tinha esperanças de que pelo menos "ela" entendesse. Mas o que falou para ele sobre o nome da sua arma, mostrava que até mesmo o coração de uma estrela é incapaz de gostar de alguém como ele, alguém que se envolveu com a escuridão e talvez no seu ponto de vista não tem intenção nenhuma de se redimir... O que era completamente o contrário.

"...Hikari...", pensou no sorriso meigo dela e em seu jeito angelical de ser. "Achei que iria entender...", e de repente adormeceu, vencido pelo cansaço físico e emocional.

***

Riku estava sozinho numa praia diante do mar parcialmente calmo, mas a água estava tão sem vida que o amedrontou tanto á ponto de recuar alguns passos para trás e foi nesse momento que ele notou duas coisas: a primeira é que só havia escuridão ao seu redor e a segunda é que era uma criança por volta de 3 ou 4 anos de idade. Ele sai correndo, correu e correu sem parar, mas não alcançava lugar nenhum. Gritou pelos nomes das pessoas que mais amava, mas nenhuma delas lhe respondeu de volta. Sentiu seus olhos lagrimejarem, mas não permitiu que as lágrimas caíssem porque seu orgulho era maior que a vontade de chorar e assim continuou correndo até cair de cara no chão ao escorregar em algo liso.

– Mas o que é isso? - perguntou ao se reerguer e ver o quê estava abaixo de si.

Era um vitral gigantesco e poderia ser a coisa mais bonita que já tenha visto na vida se não tivesse apenas os contornos, não havia nenhum conteúdo dentro dos círculos que pareciam ser os principais e também nenhuma cor além do cinza. Riku teve a impressão de já ter visto algo assim antes e se esforçou para lembrar, mas nada vinha em sua cabeça. Então ouviu uma risada e ao olhar para trás viu um homem de aparência sombria de braços cruzados.

– Ansem... - disse com desdém em sua voz.

– Incrível. Você conseguiu chegar até aqui, Riku. Pena que foi tarde demais.

– Aqui? Onde é aqui? Para onde você me levou?

– Eu não fiz nada, você mesmo se trouxe para onde inconscientemente queria estar para ter uma certeza. - respondeu o "Heartless" começando a flutuar. - Este lugar... é onde todos aqueles que foram escolhidos pela "Keyblade" vão quando querem meditar em busca de respostas. Seu nome é "Station of Awakening", mas nos termos comuns, o coração.

– Quer dizer que... isto tudo é meu coração? - o outro assentiu. - Mas... Não tem nada aqui. Só tem escuridão e... mais escuridão. Não tem cor, imagens... nada.

– Isso porque você escolheu jogar tudo fora. - Riku recuou um passo, nisso Ansem abrira um sorriso malicioso. - Para que alguém possa abrir o seu coração para a escuridão é necessário abandonar tudo o que esta dentro dele. E naquele dia em "Destiny Islands" foi exatamente isso o que você fez. - o menino recuou mais um passo.– As coisas que guardava aqui, todos os seus sentimentos mais profundos e secretos, foram jogados fora como se fossem lixo.

– Não... - outro passo para trás.

– Nada que havia aqui era importante para você.

– Não... - mais outro passo para trás.

– O que existia aqui só te atrapalhava para se libertar.

– Não... - dois passos para trás.

– E agora tudo o que possui é escuridão e a mim. É só disso de que precisa, moleque.

– Não! - gritou antes de tropeçar nos próprios pés. O "Heartless" rapidamente se aproximou dele e pousou a mão direita no alto de sua cabeça num gesto estranhamente carinhoso. Depois começou a fazer carícias.– Eu... Eu ainda devo ter alguma coisa... Qualquer coisa de bom e puro no meu coração depois daquilo... Não acredito que joguei tudo fora...

– Isso! Continue negando mesmo vendo com os seus próprios olhos. Sabe qual foi a razão que o fez vir até aqui? A espada "Soul Eater". - Riku o fitou, aflito. - Exato. Aquela arma é uma pequena manifestação da escuridão que recide em seu coração, ela representa a sua vontade de lutar e aniquilar qualquer coisa que o atrapalhe. Você achou errado ter aberto uma brecha para a escuridão voltar ao seu controle, mas no seu inconsciente era isso o que queria fazer desdo começo e só precisou de um motivo para retomar aquilo que desejava.

– Você me garantiu que era a única coisa capaz de salvar a Hikari!

– Tive que distorcer as palavras para fazê-lo realizar o seu próprio desejo. O incidente não muda o fato de você sempre querer o poder da escuridão desde que a experimentou pela primeira vez. Ela é sua força, sua arma, sua proteção, seu meio de ir e vir para onde quiser. É tudo do que precisa. - o menino apertou as mãos em punhos com tanta força que sentiu seus dedos ficarem dormentes.– Eu sou a sua única companhia, Riku. Sora, Kairi, Mickey, Hikari... Você não precisa de nenhum deles, afinal de contas eles não são nada para você.

De repente, todas as lembranças dessas quatro pessoas inundaram os pensamentos de Riku e aquilo deixou o "Heartless" muito irritado. Ele se levanta, anda alguns passos para frente, se virou, cruzou os braços e encarou a criança que continuava absorta em seus devaneios.

– Já que gosta tanto de lembranças... Acho que essas também devem serem relembradas, não acha? - e num estalar de dedos tudo ao redor diluiu, assim ganhando cores e formas. O menino logo percebeu a mudança e no instante que se levantou, se viu como o garoto de 15 anos que era agora, mas a roupa é aquela de quando foi possuído por Ansem e uma espada em forma de chave sem a "Keychain" estava em sua mão direita.– Vamos começar por esta. O momento em que o grande herói Sora se sacrifica pela princesa de "Radiant Garden".

O olhar de Riku focou no garoto de cabelos castanhos exageradamente espetados mais a frente, reconhecendo ser o seu melhor amigo Sora. Ele pega a arma, que fora jogada para si, e prestou a atenção no que Ansem lhe dizia usando a sua voz. Depois, ouviu ele mandar Donald e Goffy, o mago e o capitão da guarda real respectivamente, para cuidarem de Kairi quando ela acordar e então crava a espada no próprio peito fazendo um coração sair, em seguida desaparece como fraguimentos de luz. O garoto teve vontade de gritar com toda a força que seus pulmões permitiam, mas seu corpo não o obedecia mais e culpava Ansem pelo o que aconteceu: seu amigo de toda a vida acabara de morrer diante de seus olhos e não pôde fazer nada para impedir; Pior que isso, ele foi o gatilho para aquilo acontecer.

Mas, quando achava que não havia mais nada de ruim para ocorrer, o "Heartless" assumiu totalmente o controle de seu corpo, fazendo-o perder a sua aparência, e ainda teve a idéia de eliminar Kairi já que ela junto com as outras seis princesas abriram a passagem para o "Kingdom Hearts", portanto, não precisava mais dela para nada. O pato e o cachorro se postaram na frente da garota para protegé-la, mas Riku sabia que os dois não seriam paréos contra Ansem e Kairi teria o mesmo fim que Sora. Ele conseguira reunir forças para paralizar o inimigo tempo o suficiente para os três fugirem e ainda avisá-los do perigo dos "Heartless" se aproximando daquele local. Depois uma dor agonizante o domínio e tudo ficou escuro.

– Vamos para a próxima! Que tal no primeiro mundo em que você visitou após começar a trabalhar para a Maleficent? Se não me engano o nome era "Wonderland" e sua realidade é um tanto quanto... peculiar. - o desespero logo mostrou os seus sinais no garoto e isso o fez sorrir ainda mais.– Que tal vermos o momento em que você raptou a princesa Alice?

Novamente tudo diluiu e a paisagem de "Wonderland" apareceu, então os acontecimentos começaram apartir do momento em que encontrou Alice presa numa gaiola dourada e ela inocentemente lhe pedir ajuda. Quando achava que teria um momento de paz, recomeça a tortura e mais lembranças foram mostradas. Para cada atitude errada que Riku tomou, uma dor agonizante o atingia e após algum tempo vivenciando a sua jornada, ele não sabia mais o que era sentir alívio ou paz. Mas, Ansem não estava satisfeito e iniciou uma nova horda de tortura fazendo-o suplicar para ele parar com aquilo porque não aguentava mais.

– Ainda acredita que existe alguma coisa em seu coração depois de tudo? - o garoto não respondeu, estava exausto demais até para poder falar.– Patético... - disse com desdém em sua voz. Ele se aproximou de Riku que permanecia largado no meio do vitral encarando a escuridão, havia lágrimas em seus olhos.– Não adianta se agarrar a uma esperança que não existe, moleque. O seu coração esta vázio e só. Aceite isso de uma vez por todas.

– Não... - enfim o garoto encontrou forças para falar.– Tem uma coisa sim... Uma coisa que até eu mesmo não sabia que tinha. - Ansem ergueu uma sombrancelha. - Eu... Ainda tenho algo em meu coração... Algo que estava escondido até de mim mesmo e não sei o por quê disso ter acontecido, mas será isto que vai afastá-lo por um bom tempo... - e sorriu.

O "Heartless" não gostou nada daquilo. Aquele sorriso era de felicidade e por quê ele estaria sorrindo após ter sofrido sua tortura? Será que havia enlouquecido? Não... Era algo que não conseguia descobrir e estava odiando isso porque como residia no coração do Riku, sabia de tudo o que acontecia com ele antes mesmo do garoto estar ciente disso, mas desta vez não tinha conhecimento nenhum e isso o irritava. Quando olhou para cima, na direção onde o outro tanto olhava, entendeu tudo. Uma estrela... Uma única estrela brilhava lá encima.

– Não pode ser... Impossível!

– Hikari... - sussurrou Riku e abrira ainda mais o sorriso.

– Seus sentimentos por ela são fortes demais... Eles construíram um caminho para que a luz dela chegasse até aqui. - e bufou, contendo um riso.– Parece que eu falhei desta vez, mas não pense que ficou livre de mim, moleque. Eu vou voltar e já sabe que farei de tudo para tragá-lo na escuridão e sinto que você mesmo dará a brecha para isso acontecer muito em breve... hehehehehe...

Então o vitral começou a brilhar mais e mais até ser envolvido pela luz completamente. Riku foi tomado pela sensação de profundo alívio e tranquilidade, ele sentiu seus olhos fecharem para aproveitar melhor o momento que durou sabe-se lá por quanto tempo e quando os abriu, se viu na praia de sua ilha favorita em "Destiny Islands". O sol estava radiante como sempre, o céu azul e límpído, o mar levemente agitado, a areia branca absorvendo o calor constante do dia até o frio refrescante da noite chegar, a natureza tropical com suas cores vivas e formas intocável... Tudo estava do jeito que se lembrava com todo carinho... Mas, algo na bela paisagem chamou a sua atenção e também o deixando muito surpreso.

Uma criança procurava algo próximo dos arbustos entre a caverna e o conjunto de árvores de "Paopu Fuit", ela ria com uma alegria contagiante enquanto fazia sua busca e parecia estar se divertindo com isso. Riku a reconheceu; Era ele mesmo quando tinha 3 ou 4 anos de idade, mas a cena que via não lhe é nada familiar ou assim acreditava. O garoto continuou observando para saber até onde aquela possível lembrança iria e arregalou os olhos quando a criança encontrou o que tanto procurava após ver um brilho branco entre a folhagem.

– Te achei! - exclamou ao afastar as grandes folhas e revelar uma garota de cabelos negros agaichada com o rosto coberto pelas mãos. Ela se levanta e sai de seu esconderijo.

– Como conseguiu me encontrar sendo que este é o melhor lugar para se esconder?

– Hihihi... Fica muito fácil te achar com você brilhando. Esta feliz, Hikari?

– Claro que estou, Riku. Me sinto muito feliz quando estou perto de você. - o menino corou ao ouvir aquilo e o sorriso meigo dela o fazia ficar ainda mais vermelho.– Você esta bem?

– S-Sim! E-Estou bem, Hikari... É só que... - ele engoliu em seco.– Também fico muito feliz quando estou perto de você, até parece que meu coração vai explodir de tanta alegria que sinto. - agora foi a vez dela de ficar corada.– Hahaha... Você 'tá vermelha como um tomate!

– Riku! É culpa sua de eu estar assim, sabia?! - exclamou a morena, encabulada.

– Não fique com raiva de mim. Eu te acho ainda mais linda quando esta desse jeito.

O comentário fez Hikari corar violentamente e esconder parte do seu rosto com a franja na intenção de ocultar o nervosismo que sentia. Depois, ela olha para o céu e de repente ficou com uma expressão triste, o menino notou a sua mudança de humor e ficara preocupado com a amiga que simplesmente sorrira quando o fitou, mas logo murchou o seu sorriso e então se agaichou para estar na mesma altura dele.

– Queria ficar mais tempo, mas preciso ir.

– Mas já?! Ultimamente você anda ficando menos tempo comigo...

– É que esta acontecendo algumas... coisas ruins... no mundo onde vivo e preciso dar total atenção á elas quando ocorrerem. De uns dias para cá, o tempo entre os acontecimentos estranhamente ficou menor e eu não posso ignorá-los, pessoas podem correr perigo se eu não estiver lá para ajudá-las. - explicou a garota e Riku pareceu entendé-la, lhe dizendo que estava tudo bem.– Você é um amigo muito especial. Eu volto amanhã, certeza.

– Ah! Antes de você ir quero te dar um presente. - o menino revira os bolsos da bermuda e tira um pequeno embrulho branco.– Pegue! É seu, Hikari. - ela pega o embrulho e logo o abre, vendo um pequeno medalhão em forma de "Paopu Fuit" com um fundo falso.– Você pode guardar o seu maior tesouro dentro dele, assim sempre ficará perto do seu coração.

– Obrigada, Riku... - simplesmente disse ao abraçá-lo e depois pendurou o medalhão em seu pescoço.– Até amanhã, meu amigo especial. - e faz um carinho na ponte do nariz de Riku com o dedo indicador antes de brilhar intensamente para ir embora.

Então tudo se iluminou enquanto o garoto sentia aquela sensação de alívio e paz de antes, mas quando a luz se dissipou estava novamente no "Station of Awakening" e desta vez havia algo de diferente em seu vitral. Ele olha com atenção e viu a imagem de "Destiny Islands" ao fundo do círculo principal parcialmente visível, a cor cinza das bordas foi substituída pela cor azul quase roxo e um dos círculos menores estava o rosto de uma garota.

***

Riku abre os olhos devagar, notando assim uma forte luz branca muito próxima de si e ao se acostumar com a claridade, vê Hikari brilhando e segurando a sua mão direita entre as suas sob o seu peito. Ela estava de olhos fechados e parecia estar focada numa reza. Ele tentou falar, mas não conseguiu por estar estranhamente fraco demais e então dediciu chamar a atenção dela fazendo algum movimento, pelo menos isso ele conseguiu fazer.

– Riku! - exclamou a garota ao percebê-lo acordado, imediatamente diminuindo sua luz por notar que estava incomodando os olhos dele. - Graças aos céus você acordou... Você enfim acordou... - ela pareceu ficar aliviada com esse fato e começou a chorar de felicidade.

– O... O que... houve?... - as palavras finalmente chegaram a boca do garoto.

– Não faça nenhum esforço, por favor. Você passou por um apuro horrível nos últimos dias...

– Últimos dias! - exclamou o garoto, se levantando bruscamente da cama aonde estava e sentir fortes tonturas que o obrigaram a voltar se deitar. Foi quando notou que havia duas coisas encima do criado-mudo ao seu lado: uma vacilha com água e uma toalha umida. - O que aconteceu comigo?... Eu me lembro de... ter dormido no sofá da "gummiship" depois de gritar com você... e então... - ela pareceu hesitar. - Me conte o que aconteceu enquanto estava dormindo... Por favor, preciso saber... E-Eu fiquei doente?

– Você... - se interrompeu, sacudindo a cabeça para reformular as palavras. - Eu sai como tinha me pedido e fui resolver alguns assuntos particulares, mas quando voltei junto com o Mickey e o Barret que iria vistoriar a "gummiship" para saber como estava a estrutura dela, o encontramos... - pausa de novo. - ...o encontramos sendo consumido pela escuridão.

Riku ficou cabisbaixo, pensativo.

– Você sofria muito, gritava de dor e se contorcia. Nós tentamos chegar perto para ajudar, mas a escuridão estava forte demais e acabou nos repelindo. Eu tive que expôr a minha luz para nos aproximarmos de você sem correr perigo, mas então um tipo de espectro saiu do seu peito e veio para cima da gente. O Mickey convocou a sua "Keyblade" e me ordenou para cuidar de você enquanto ele lutava contra o quê aquilo fosse, o Barret tinha decidido ajudá-lo. - continuou ela. - Eu... E-Eu fiquei desesperada quando você parou de respirar... Senti como se tudo desmorronasse ao meu redor, a vida de repente não fez mais sentido algum para mim... Então... gritei para você acordar. Gritei o seu nome o mais alto possível para que você pudesse me ouvir, até te xinguei de idiota inclusive,... e depois disso... - ela corou levemente. - O meu coração... encontrou o seu, Riku... Acho que essa é a melhor e também a única explicação que posso lhe dar. - finalizou, corando ainda mais.

O garoto ficou estático, não sabia o que falar ou pensar. Só teve uma certeza: de novo ela lhe salvou quando estava diante da morte, de novo teve forças para lutar contra a escuridão que quase o possuiu novamente e tudo graças a presença dela. A luz de Hikari Seraph...

– Por quanto tempo fiquei apagado?

– Quase duas semanas. - respondeu a morena. - Nesse meio tempo, apesar de aparentar estar melhor, ainda continuava envolto de escuridão e o Mickey preferiu tratá-lo num lugar mais discreto para não chamar a atenção das pessoas. Então, o trouxemos para cá.

– Onde nós estamos? - ele olhou em volta, vendo que era uma casa aconchegante.

– Na casa de Lenne e Shuyin. Eles se ofereceram para ajudar depois que souberam de tudo.

– Como foi... esse tratamento?

– Não sei lhe explicar com clareza, o Mickey ficou a maior parte do tempo com você e na maioria das vezes em que o víamos ele estava com a "Keyblade" nas mãos. Eu fiquei com a parte de preparar poções curativas ou prestar atenção na sua febre que estava em níveres alarmantes e tive a ajuda da Lenne nesse meio tempo. Shuyin ás vezes entrava e armado com uma espada inclusive, mas prometeu ao Mickey que não contaria nada do que viu aqui dentro. Quando eles saiam, eu podia entrar e ficava cuidando de você, enquanto isso o Barret vistoriava a "gummiship" de vocês não tendo um bom relatório no final. - Riku se ajeitou na cama e Hikari o ajudou a ficar confortável. - Ele disse que a nave já estava muito prejudicada e ficou ainda mais quando houve aquela luta contra o espectro. Parece que o sistema de navegação, algumas partes da estrutura e também um dos computadores centrais tiveram danos que vão ser difíceis de reparar. Prometeu que iria usar as melhores peças que ele e Nooj possuem na loja de acessórios deles, mas mesmo assim a "gummiship" não vai ficar aquelas coisas e garantiu que não irá aguentar viagens longas por muito tempo.

– Em resumo: vamos precisar de um bom mecânico para deixá-la novinha em folha.

– Foi o que Barret recomendou quando nos contou tudo e indicou alguém em "Midnight Plaza Town". O seu nome é Gadget Hackwrench e é a melhor mecânica que já se ouviu falar.

– A melhor?! É uma mulher?! - a garota deu de ombros. - Ótimo... Mais um mundo para ser visitado... - resmungou, desapontado. - Pelo menos não vou embora de mãos abanando. Aprendi bastante enquanto estive aqui e conheci novos amigos. - e fitou a morena, abrindo um meio sorriso. - Em especial você...

Houve um momento de silêncio e ele pareceu durar mais do que aparentava. Se passaram apenas alguns minutos, mas para aquelas duas pessoas, foram horas ou até dias.

– Por que você não falou comigo depois do incidente com o Palm terminar?

– Sabia que mais cedo ou mais tarde você iria retomar este assunto... Você é muito teimoso.

– Apenas me responda! Não vou sossegar até ouvir da sua boca o que eu já sei.

– Se sabe então por quê insiste?

– Porque vai ficar menos doloroso saber que você não gosta mais de mim!

Hikari ficara estática, mas depois começou a rir descontroladamente.

– Qual a graça, hein?!

– Hahaha... Não acredito que você ficou preocupado com isso...hahaha... Foi muito fofo da sua parte pensar dessa forma, sabia? - o garoto ficou encabulado diante de tal argumento, mas ainda assim irritado com a reação dela e exigia explicações. - Eu não falei com você naquela hora porque tentava entender uma coisa e precisava de algum tempo para organizar as informações. Pode convocar a "Soul Eater", por favor? - apesar de estranhar o pedido dela, ele o atendeu. Se concentrou e a espada surgiu em sua mão direita segundos depois de estendê-la. - Como eu pensei. O cheiro é diferente...

– Cheiro? - disse ao encará-la, sem entender nada.

– A escuridão que forma esta espada tem um cheiro diferente da escuridão que domina o "Realm of Darkness" e dá vida aos monstros nos quais lutamos contra. O cheiro dela não é repugnante, não me faz querer ficar longe e também não transmite hostilidade... Fiquei pensando seriamente nisso enquanto você estava desacordado e cheguei numa conclusão.

– E qual seria?... - incentivou Riku, curioso.

– Que a escuridão da "Soul Eater" se provêm do seu coração, Riku, e não daquela que quer dominar tudo. Você deve ter aprendido que todos nós temos luz e escuridão dentro de nós, certo? - ele assentiu, em confirmação. - Pois então. De alguma maneira você conseguiu fazer a sua escuridão se materializar e usá-la da melhor forma possível. O que significa que a escuridão é o seu real poder, mas uma benéfica que pode ajudar as pessoas.

– Se é isso o que você concluiu... Acredito em você. - Riku fez a espada se dissipar. - É um alívio saber que você não deixou de gostar de mim. No sentido de sermos amigos, claro! - rapidamente acrescentou, ficando um pouco vermelho. Ela sorri e ele também.

Nesse momento, a porta é aberta e Lenne adentrou no quarto trazendo uma bandeja com lanche para Hikari e fica muito feliz em ver que Riku estava acordado. Apartir daí, o quarto foi praticamente invadido por todos os amigos da dupla de hora em hora, menos Nooj que ainda estranhava um pouco a presença da garota de olhos escarlate por perto. Durante as inúmeras conversas em que o garoto foi obrigado á fazer parte, já que infelizmente era o principal assunto na maioria delas e para inclusive recebeu um cascudo de Shuyin quando soube da espada, ficou sabendo da conversa quase discussão entre Hikari e Nooj com uma abençoada intervenção da pequena Filo. No fim, os dois meio que se entenderam.

– O engraçado foi o que a Filo me disse: no final dessa confusão toda que eu mesma criei é que tudo começou comigo indo atrás de você. - disse Hikari, horas mais tarde, ao se referir á busca da menina pela estrela cadente que tinha visto cair nas montanhas. - Conheço Nooj o suficiente para saber que ele vai demorar um bom tempo para voltar a confiar em mim de novo, pelo menos ele prometeu que vai tentar e a Filo e garantiu que vai ajudar.

– Aquela menina é demais. Nem parece uma criança.

– É... Lembra bastante o Palm. Ele era assim antes do incidente e voltara á ser depois de... Antes dele... - então os olhos da garota começaram a marejar e não conseguindo contér suas lágrimas, chorou. - Perdão... Mas, dói muito. Foi difícil superar da primeira vez e agora... - disse entre soluços e escondendo o rosto com ambas as mãos. - Meu amigo... Vi meu amigo morrer de novo... e o pior é que... não pude fazer nada por ele outra vez...

– Não diga isso. Você fez muito por ele como por exemplo: o impediu de ser consumido pela escuridão. - a morena o fitou. - Se você tivesse desistido dele, o Palm ainda seria aquele monstro e sabe-se lá o que teria feito. Mas você acreditou que ainda havia uma forma de trazê-lo de volta ao normal, teve esperança, e lutou até que conseguiu o que queria. Se ele... veio á morrer... pelo menos não foi como uma "coisa" nascida da escuridão, partiu sendo ele mesmo e é isto o que importa.

– Você tem razão. - disse Hikari, enxugando as lágrimas. - O coração do Palm esta seguro no "Kingdom Hearts" e um dia nós dois vamos nos reencontrar algum dia.

Silêncio. Ambos pensavam e refletiam muito sobre várias coisas, entre elas os apuros que passaram em um único dia apartir do instante em que se viram pela primeira vez, mas na verdade isto era só um pretexto para encontrar qualquer assunto em que pudessem ficar entretidos. Afinal de contas, fazia quase duas semanas que os dois não se falavam e muito menos se viam por causa de um ataque inesperado da escuridão e queriam aproveitar mais algum tempo juntos. Contudo, quando Hikari olhou para o relógio, se levantou.

– Você já vai embora? Pensei que ficaria mais um pouco comigo. - disse Riku com um sorriso suspeito no rosto e conseguindo provocar uma reação nervosa em Hikari.

– E-Eu queria... Mas tenho algo importante para fazer. - quando ele tentou questionar, ela foi logo impedindo-o de falar. - É uma coisa que andou me atormentado nos últimos dias e preciso investigar para ter certeza. Eu só espero que não seja o que estou suspeitando, mas se for... - fez uma pausa. - ...possivelmente teremos problemas. - completou, séria.

– Vai... Eu queria ir com você, mas a minha situação não me permite fazer isso. - ela então se despede e promete que estará de volta antes mesmo dele perceber, mas antes que saísse do quarto... - Só mais uma pergunta e será a última: quem foi que me trocou? - o garoto apenas vestia uma simples camiseta branca e calça moletom cinza. Logo, lançou um olhar pervertido na direção da garota e abriu novamente aquele sorriso suspeito.

– Foi o Mickey! - respondeu a morena e rapidamente saiu, batendo a porta.

– Hehehe... Acho que estou começando a pegar o gosto em deixá-la sem graça. - então, a lembrança que visualizou enquanto estava no "Station of Awakening" veio á tona. Aquela imagem lhe trazia algumas dúvidas, a principal era o fato dela não ter envelhecido quase nada, mas todas podem ser esclarecidas com a morena no momento certo e teria que ser cuidado porque ela já teve a prova de que ele não se lembra dela. - Hmph! Realmente... - e fechou os olhos, sorrindo, Ignorando suas dúvidas e se deixando ser preenchido pelos sentimentos guardados dentro do seu coração. - ...você fica ainda mais linda quando esta desse jeito. - depois se ajeitou na cama e adormeceu meia hora mais tarde.

Um sonho, outra das lembranças esquecidas de sua infância, o entreteu em sua hora de descanso. Ele correu até Hikari, foi envolvido pelo abraço cálido dela, sentiu o perfume dos seus cabelos negros e sedosos, depois começaram a brincar na beira da praia onde o mar azul entrava em contato com a areia branca e jogavam água salgado um no outro com as mãos ou os pés. Ambos rindo com tanta vontade como se houvesse apenas eles dois no mundo e várias vezes olhava a garota, sempre nos momentos em que ela estava distraída com alguma coisa, seu coração acelerava nos batimentos cardíacos nesses breves segundos de contemplamento e um sorriso, diferente dos outros, se formava em seus lábios.

Riku estava novamente no "Station of Awakening" e o lugar continuava do mesmo jeito que viu da última vez, porém agora havia algo á mais no vitral: o círculo que continha o rosto de alguém estava totalmente visível. Ele se aproximou, agaichou-se e acariciou a imagem de Hikari com a ponta de seus dedos. E sorriu...

Seu coração não estava vázio, afinal de contas.

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Hikari sobrevoava "Shadow Peaks" com a ajuda da Valefor enquanto procurava um certo local pela região montanhosa, tendo alguma dificuldade para localizá-la. Quando enfim o encontra, ordenou para a "Summon" descer e logo depois dispensou a criatura assim que tocou os pés no chão. Ela observa atentamente ao redor, vendo que o cenário da batalha que tivera contra a pessoa encapuzada chamada Myue, havia sofrido algumas alterações, mas as lanças de pedra continuavam lá e aparentavam estar intocáveis.

– Elas se esqueceram ou deixaram esse detalhe de propósito? - se perguntou, segurando o queixo, e relembrando o que a outra pessoa encapuzada chamada Rimae tinha dito sobre "limpar" a bagunça da primeira quando tinha seus transtornos. "Se foi de propósito... Qual o objetivo? Chamar a minha atenção?", então relembra de outro detalhe que fez um arrepio horrível percorrer a sua espinha. "É impossível que alguém sobreviva á um ataque daqueles. O coração não resiste aquilo, resiste?", de repente sentiu um aroma meio adocicado meio picante no ar. - Estou sentindo o seu cheiro. Pode aparecer, por favor.

– Impressionante. Somente a "Scarlet Star" saberia aonde estava. - disse uma mulher ruiva de olhos vermelhos sem brilho surgindo no que parecia ser uma fenda dimensional. Suas roupas eram uma mistura perfeita com o estilo europeu e oriental, deixando-a com um visual único e exótico. - Parece preocupada. O que houve?

– Você já deve estar sabendo, afinal de contas você consegue ver e ouvir tudo em qualquer lugar do "Realm of Darkness" com suas dobras dimensionais ou olhos fantasmas quando quer, principalmente se eu for o centro do assunto que despertou o seu interesse.

– A "Obscura mestra"... O seu passado voltou, minha cara amiguinha. Se ela sobreviveu esta ciente das tragédias que vão acontecer daqui por diante e uma delas já ocorreu pelo o que eu percebo em seu olhar, mas... presumo que esteja enfraquecida porque parte do poder dela está selado no lugar onde não pode alcançar por ser banhado pela força oposta á sua e a única maneira de chegar até ele é te eliminando. - disse a mulher, cruzando os braços.

– E você se diverte com isso, não é mesmo Gardênya?

– Não me chame por este nome ridículo, Seraph! Já te falei mais de mil vezes que deixei de ser essa pessoa á muito tempo! Agora sou Ayumi, a "Senhora dos Limites", aquela com a capacidade de ver e ouvir tudo em ambos os reinados tendo o poder das fronteiras ao seu dispôr. Relembrar "ela" é uma ofensa para mim! - retorquiu virando o rosto, zangada. Três ou quatro minutos depois, retomou a sua compostura elegante. - Enfim... - ela cria uma dobra dimensional simplesmente para se apoiar, entrelaça os dedos e repousa o queixo neles. - Mudando o foco da nossa conversa muito agradável, mas ainda no mesmo assunto: o passado que nos condena... Aquele garoto de cabelos prateados que acompanha é muito bonito e tem aquele charme que toda pessoa arrogante possui. Mas pela descrição, ele se parece com aquele menininho que você conheceu á... deixe-me calcular... doze anos atrás naquele mundo que é um simples conjunto de ilhas, certo?

– É o mesmo... - Ayumi ficara surpresa. - Riku cresceu bastante desde aquela época e ficou ainda mais lindo, apesar que já era uma criança com uma beleza fora do normal. Ele não se lembra de mim, óbvio que não, porque foi algo que eu quiz que acontecesse depois daquela tragédia. Mesmo assim... fiquei com esperança de que as memórias voltassem quado ele me visse e pelo visto isso não ocorreu, ele não faz idéia de quem eu seja.

– Você não pode impedir que o "Forgotten" surta seus efeitos quando é convocado, Hikari. Se todo mundo que tivesse tido contato com pessoas como você seria um desastre muito pior que a vitória da escuridão sob a luz, sua gente tem que se mantér oculta acima de tudo e sabe muito bem o motivo disso. Ainda mais você que é...

– Da mesma forma que você não gosta de ser chamada pelo seu nome antigo, eu também não gosto de ser referida com este título que para mim não passa de uma grande dor de cabeça. Não pedi para nascer naquela família,... e muito menos ser o que sou. - interrompeu a morena, sendo o mais educada possível enquanto encarava os olhos escarlates e sem brilho da amiga. - Então, por favor lhe peço para não concluir esta frase. - a mulher deu de ombros, mas ela a conhecia o suficiente para saber que este era o jeito dela de concordar com os seus pedidos sem dar muito o braço á torcer. - Obrigada.

– A sua pureza até hoje me surpreende. A raiva que senti é muito amena e sua frieza não amedronta ninguém, seu coração real e literalmente desconhece o mau.

– Mas, eu estou furiosa com você por ter tocado em um assunto tão delicado.

– Fúria é um sentimento sem controle e hostil. Frieza é uma atitude sem emoção perante alguma situação. Você não tem nada disso, Hikari. No máximo sente uma raiva passageira e então tudo ao seu redor fica de um jeito como se nada tivesse acontecido, chega á ser um pouco irritante, mas é surpreendente a facilidade que o clima muda com a sua presença.

– Assim me faz ter a impressão de que sou algum tipo de aberração...

– Você é pura ao pé da letra, apenas isso e nada mais.

Então o silêncio envolveu as duas num clima inquietante e este momento durou até Hikari quebrá-lo com uma pergunta poucos minutos depois dela e a ruiva pararem de falar.

– Você veio por algum motivo e não foi para conversar comigo. O que tem para me falar?

– Eu vim avisá-la de que você e aqueles dois que acompanha estão sendo vigiados bem de perto, na verdade... o garoto é que esta sendo vigiado. - respondeu Ayumi. - Há um tipo de câmera em forma de olho que fica seguindo-o tempo inteiro e para que não seja notado se torna invisível. Ainda não sei quem possui esta tecnologia aqui no "Realm of Darkness", mas deve ser alguém muito perigoso e quer alguma coisa daquele garoto á ponto de vigiá-lo constantemente ou quer o próprio para algum propósito nada agradável. - tal informação deixou a garota preocupada. - Sei que ele esta agora em "Waiting City" se recuperando de um ataque da escuridão que sofreu dias atrás, então significa que a câmera esta lá também e óbvio que transmitiu cada detalhe do ocorrido desdo primeiro instante sem que ninguém percebesse, inclusive a pessoa já deve saber de você e dos amigos de ambos.

– Todos correrão perigo se esse for o caso... O jeito é destruir esta câmera e investigar, mas como vou achar uma coisa que não tem cheiro e ainda fica invisível á olhos nus?

– Fácil: usando o magnetismo para rastreá-la. - disse a mulher, simplesmente. - Câmeras são objetos eletrônicos e objetos eletrônicos funcionam com eletricidade, eletricidade gera magnetismo e o seu elemento mágico é o trovão. Faça as contas, minha cara amiguinha.

– É mesmo... Obrigada pela dica.

– Tem mais uma coisa. Nos últimos mêses um novo tipo de monstro apareceu no "Realm of Darkness" e ele é totalmente incontrolável, além de poderoso. Diferente dos "Heartless", "Nobodies" e "Unverseds", este parece não ter uma linha de racíocinio concreta e ataque qualquer coisa, inclusive a própria espécie para ter o que quer. Andei os observando para descobrir que tipo de habilidades possuem e descobri que eles conseguem dominar os demais monstros e parece se alimentar das lembranças felizes das pessoas. Não faço idéia o quê eles são, mas de uma coisa eu tenho certeza: não são do tipo "Pure Blood" porque notei um emblema em alguma parte de seus corpos, o que indica que esses monstros estão sendo fabricados ao invés de nascerem naturalmente e procriam com uma rapidez absurda.

– "Inconcious"... - sussurrou Hikari, ao relembrar como Myue se referiu á Palm.

– Pelo visto tem uma das peças do quebra-cabeça que são essas coisas, mas vou deixar este mistério ser resolvido por você porque eu tenho algo importante para fazer, portanto, até. Ah! E tenha muito cuidado quando for se deparar com um deles.

– Huh?! Você acabou de disser que tem alguma coisa de importante para fazer?! Deve ser algo que realmente vale a pena para fazê-la mudar os seus hábitos... Você passa a maior parte do tempo observando tudo no reinado da escuridão ou dormindo quando não esta exercendo a sua função de guia.

– Não recebi uma missão de guiar um "The Lost One" como você, porém ultimamente estou ajudando uma garota tonta que encontrou um livro amaldiçoado e teve a alma absorvida por ele. Seu nome é Caelica Seallum e ela acabou sendo forçada á participar de um jogo orquestrado por um mago necromante chamado Faustus para ter a alma de volta. O pior é que, querendo ou não, terá de trabalhar em equipe com o Azoth dos Selos, Anima, para sobreviver aos combates contra outras pessoas desafortunadas igual á ela. - contou a ruiva, parcialmente oculta na fenda. - Hikari... Sei dos seus sentimentos por aquele tal de Riku e já percebi que eles são fortes, mas lembre-se: pessoas como nós não podem se envolver com ninguém. Eu, você e Viesse somos guias e como guias existimos somente para mostrar o caminho de volta á luz aos pobres corações que se perderam na escuridão. Devemos seguir as ordens "Dela" que sentira uma compaixão incondicional por nós, os causadores de todo o sofrimento aos habitantes do "Realm of Light", sem questionar. Fomos nós três os culpados, o gatilho para tudo isso estar acontecendo, e guiar acima de tudo é a única forma de pagar pelo nosso erro. Não se esqueça disso. - depois vai embora após a fenda se fechar e sumir.

A garota olha para trás e não vê mais ninguém. Estava completamente sozinha na região montanhosa de "Waiting City" e ficara triste com os argumentos da amiga.

– ...Gardênya...

–0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-

Este é o "Wing of Peace", a arma de Hikari Seraph.


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Notas finais do capítulo

Yeah! E este foi o penúltimo capítulo da primeira visita ao mundo de "Waiting City"! O próximo será o final e também o prólogo para o mundo seguinte que será da Disney, o mesmo já foi visto diversas vezes na série original de KH e é um dos mundos Disney principais. Também iremos conhecer mais alguns vilões e será citado outro personagem de KH que fará parte do grupo, acho que não preciso falar quem é, né?

Pois bem, vamos as curiosidades:

A personagem AyumiGardênya é a protagonista de uma série minha chamada Broken Spirits (que talvez venha postar aqui depois de terminar essa fic, apesar que já estou fazendo outras duas de KH...) e ela aparece apenas em 3 das 5 histórias (BS 1 como protagonista, 3 e 4 como codjuvante). Caelica Seallum é também da mesma série e protagonisa a história de BS 3, basicamente o que foi dito sobre ela é a história em si, mas ainda vou pensar se Caelica vai aparecer ou não na trama (depende dos leitores).
Myue e Rimae são personagens que pensei de última hora, queria vilões que fizesse parte de algo maior e mais profundo do que o problema com Hojo, mas que atrapalhesse Riku e seus amigos de progredirem na busca pela "Door of Light". Já planejava isso, mas tinha dificuldade para incluir na história até fazer uma pesquisa por imagens de KH feito por fãs da série para me inspirar e acabei encontrando aquilo que queria. Depois posto as imagens, ok!^^

É isso ae! Até a próxima!!!



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