Capitulo oito

‘‘Você pode fugir, se esconder, você pode partir, mas não pode escapar das suas memórias. Não pode se esconder do que sente, nem do que é’’

Os dias foram se passando lentamente, cada dia uma coisa nova, mas ao mesmo tempo tão monótona. Para mim era tudo tão sem vida, tão sem cor, sem forma, mas eu continuava lá, sorrindo como se vivesse num conto de fadas e minha vida fosse perfeita. Sorria como se eu fosse a menina mais feliz do mundo, quem me dera ter uma vida assim!

Dei uma risada irônica.

Pelo menos não sofreria tanto como sofro hoje. Não tem fim. A toda a hora, a todo o segundo, a todo o dia, a cada batida do meu coração, não acaba nunca, é uma dor constante!Eu sei, é muito clichê... mas tudo o que disse é verdade, pareço uma depressiva, eu sei, mas quem disse que já não sou? Já se passou tanto tempo e eu ainda não superei, nada mudou, a dor ainda faz parte de mim.

Deve estar se perguntando o que eu ainda não esqueci, o que me fez mudar tão drasticamente assim, de ultima hora? Sinceramente, eu não sei de mais nada... Só ainda não consegui admitir que tudo aquilo aconteceu diante dos meus olhos e eu não pude fazer absolutamente nada para mudar isso. Dói pensar que tudo aquilo é culpa minha e que eu poderia ter feito alguma coisa, qualquer coisa, mas eu, como a fraca que sou, não fiz e por isso, pela minha fraqueza, perdi tudo.

Sei que deveria contar aos meus amigos, mas como? Como posso contar alguma coisa a eles se sei que vai prejudica-los, sei dos meus motivos e razões, sei dos meus contras e porquês, e sei que se eu contar posso coloca-los em risco, mas do que já estão! Eu só... Não sei se irei aguentar perder mais alguém, a dor já é grande demais assim deste jeito. Não, prefiro seguir sozinha e amargurada do que perder todos a quem mais prezo, definitivamente não!

‘‘ Por que tudo dá errado pra mim? O único jeito é seguir em frente, um dia de cada vez, cada passo em direção a luz no fim do túnel, talvez..’’ Sorri amarguradamente e olhei para o meu braço direito, diretamente para o meu pulso coberto pela munhequeira preta.

Suspirei e olhei para o teto do quarto em que dividia com a Gina, pensativa. Meu coração se apertou, e, pela primeira vez, eu o escutei em vez do meu cérebro. Abri meus olhos, vi tudo o que não queria ver, e essa com toda certeza foi uma das melhores escolhas que já fiz até agora. Eu nunca dei ouvidos ao meu coração, me arrependo disso agora, sempre achei uma bobagem. Sempre fui muito mais amiga da razão do que a emoção, quase nunca fazendo nada contra as regras, só quando era preciso para ajudar alguém, sempre altruísta, pensando nos outros em vez de si mesmo, sempre a voz da razão, a sabe tudo de Hogwarts.

E então eu percebi... Percebi que não aguentava mais! Só então eu soube que não aguentava mais viver em uma mentira, descobri que já estava em meu limite final, sim final. Precisava desabafar, mas com quem?

Senti aquela sensação diferente, nova pra mim, em partes, voltar ao meu peito então eu soube ,finalmente, o que ela significava. Agonia. Sim, agonia.

Senti um arrepio na nuca e eu soube... Soube que não aguentava mais fingir que estava bem quando, obviamente, eu não estava. Não aguentava mais abrir sorrisos forçados ou ate mesmo falsos para que as pessoas acreditassem que eu realmente era feliz, as vezes eles eram tão falsamente realísticos que até eu mesma acreditava que eram verdadeiros, mas eu sabia, bem lá no fundo, que no final era tudo uma perfeita e linda mentira, a mais perfeita mentira. Não aguentava mais fingir força sendo que eu não tinha mais forças nem para me levantar toda a manhã e inventar alguma desculpa para meus amigos sobre os meus olhos inchados e vermelhos ou sobre a minha aparência decadente!

Eu estava, ou melhor, estou cansada disso, sempre a mesma rotina todo o santo dia, pois mesmo eu fazendo de tudo para escondê-la, até mesmo usar maquiagem, coisa que eu sempre odiei, não dá certo, as olheiras mesmo com um quilo de base e pó compacto me entregavam.

‘‘Tudo falso! Mesmo quando eu pensava que era verdadeiro, era falso. Que tipo de pessoa eu sou afinal?’’ Olhei para a Gina que dormia calmamente e suspirei, me sentindo extremamente culpada por tudo que disse a ela, tudo mentira.

Não aguento mais essas mentiras! Não aguento mais inventar mentiras para meus amigos sobre qualquer coisa relacionada a minha vida, coisas a que eu não posso responder, e o pior disso tudo é que eles acreditam, confiam em mim.

Eu desmereço essa confiança, sei disso, mas não consigo me separar deles, disso eu tenho certeza pois eles, apesar de tudo, são a minha segunda família. Eu daria a minha vida por eles e eles sabem disso, pois sei que eles também dariam a deles por mim.

Meu coração mesmo triste e despedaçado ainda continuava lá, sempre me avisando que faltava alguma coisa na minha vida, mais precisamente alguém, só que eu nunca o escutei, bom, até agora.

Agora eu vejo com clareza, ele estava sempre lá, mesmo eu não vendo, gritando, esperneando, pedindo por atenção para apenas me dizer ‘‘ Você precisa de alguém’’. Para apenas me avisar que eu precisava de alguém novo, que entrasse na minha vida e quebrasse todas as minhas barreiras. Percebi que aquele outro sentimento a qual nunca tinha reconhecido antes, era nada mais, nada menos do que a falta, e o mais esquisito de tudo isso, é que era de alguém que eu nem conheço ainda, mas sei que será de grande importância na minha vida. Um novo amigo a quem eu possa confiar os meus segredos sem que ele se prejudique ou se machuque, não aguentaria machucar mais ninguém, e que me console quando eu estiver a beira de um abismo. Um novo pilar. Sim, um novo pilar. Mas, a pergunta que vale um milhão e meio de galeões de ouro é, quem? Quem será essa pessoa tão especial pra mim, e será que eu posso confiar tanto assim nela? Ela não iria me magoar ou me machucar? São tantas duvidas, será que isso iria dar certo?

Sinceramente, eu não sei mas o que pensar, foram muitas revelações por hoje. Suspirei, e com todas aquelas duvidas rodeando a minha cabeça, acabei adormecendo.

***

A cada dia que se passava meu coração se apertava e a dor aumentava, alguma coisa faltava, mas o que, ou melhor, quem? Eu não sabia mais no que pensar, toda vez que aparecia essa maldita pergunta na minha cabeça me vinha a imagem dele. Cedrico. Não sabia mais o que pensar, o que fazer, estava desesperada! Uma única duvida martelava em minha cabeça.

‘‘Será o Cedrico a pessoa escolhida? Será ele o escolhido para concertar meu coração, me ajudar a superar tudo isso?’’ Martelava está mesma pergunta na minha cabeça, mas então me vinha a imagem dele, mais uma vez, na minha cabeça: Os olhos castanhos extremamente sedutores, a sua boca vermelha e carnuda perfeitamente desenhada, o seu sorriso magnifico com aquela sua imensidão de branco que quase sempre me derretia, o seu corpo escultural que me dava (a maioria das vezes mas não sempre, afinal sou uma moça de princípios... Perai, a quem eu estou querendo enganar em?) água na boca, o seu cabelo castanho meio acobreado que dá apenas mais um charme em seu magnifico rosto.

Suspirei. Ele não saia da minha cabeça.

‘‘ Por que ele não sai de meus pensamentos? Ai, sai daqui coisa ruim, eu não te quero mais, vai embora daqui! Aqui é propriedade privada sabia? Eu gosto do Rony e não de você. Sai’’ pensava extremamente irritada comigo mesma por pensar nele a toda hora, afinal de quem eu gosto? A verdade era que nem eu mais sabia disso.

Tudo está tão confuso, mais até do que antes, meu coração está tão dividido. Tudo está tão louco, tão mudado, é muita pressão pra mim.

De repente, num ataque de loucura, me levanto da cama e olho a minha volta. Estava escuro, com certeza deve ser meia noite a essa hora, olho na direção da outra cama no outro lado do quarto e vejo a Gina dormindo igual a uma pedra. Suspirei aliviada.

‘‘Não aguento mais ficar nesse quarto com todas essas duvidas martelando na minha cabeça, preciso de ar fresco, preciso desabafar! Não fará mal algum perambular um pouco por ai, não é?’’ penso agoniada, sufocada, louca para sair logo desse quarto.

Pego o meu violão de dentro da minha bolsa com o feitiço indetectável de extensão e já ia saindo do quarto quando ouço alguém sussurrar coisas como ‘‘ Harry, amor, fique aqui comigo’’ ou ‘‘ Assim amor, continua’’. Dei uma risadinha maliciosa e olhei para ela rapidamente que a essa hora já estava toda suada e ofegante, revirando-se pela cama toda.

‘‘O que será que ela deve estar sonhando? hum...’’ Pensei ironicamente, mesmo já sabendo a resposta. As imagens que a minha imaginação fértil produziu se passaram pela minha cabeça como flashs e não me agradaram nada, nada, nada.

‘‘Eca! Eu falei ironicamente, não queria ver essas cenas de ataque ao pudor não, não se pode mas ser irônica nesse mundo poluído? Mais que droga!’’ Pensei em repreensão a mim mesma, estava extremamente enojada comigo mesma por esses pensamentos insanos, e assim sai daquele quarto.

Andava por aquela casa extremamente silenciosa em plena as meia noite e meia da madrugada, mas não me importava nem um pouco com isso com isso. Andava bastante cautelosa, com medo de ser pega a essa hora da noite fora da cama, perambulando pela casa. Nunca se sabe não é?

Mas, sinceramente? Eu já estava estranhando aquela casa, não estou acostumada a ver ela assim, tão silenciosa. Afinal como se pode ter sossego aqui com os gêmeos Wesley’s para fazer a festa, ou como eles mesmos dizem ‘‘Trazer alegria a está casa extremamente deprimida, afinal o que vocês fariam sem os gêmeos mais bonitos dessa família? pois eu respondo, nada’’’.Dei uma risadinha baixa ao lembrar da fala familiar dos gêmeos, eles são umas figuras!

Sai de dentro da casa pela porta dos fundos e fui para baixo daquela grande macieira que estava no fundo do quintal dos Wesley’s. Lá ninguém poderia me escutar. Sorri.

Cheguei a árvore, e me sentei de baixo dela. Fechei os olhos e deixei aquelas sensações horríveis me levarem. Me escorei na árvore, sentindo aquela brisa fria fazer uma especie de carinho em meu rosto e bagunçar meus cabelos.

Abri meus olhos e a primeira coisa que vi foi aquele céu estrelado. Sorri mais uma vez. O clima era perfeito para eu cantar aquela musica e expressar meus sentimentos, essa era com toda a certeza a minha musica, a minha hora.

Vocês devem estar se perguntando: Ela sabe cantar? Sim, eu sei cantar, mas nunca contei a ninguém. Esse é mais um dos meus segredos e prefiro que continue em segredo por muito tempo. Não gosto de chamar atenção, e esse dom apenas iria chamar mais atenção indesejada para mim. No final das contas, pra que eu iria querer chamar tanta atenção assim pra mim, se eu estou mais é querendo sumir da face da terra? É meio ilógico isso.

Peguei meu violão e comecei a dedilha-lo, começando a cantar com aquela voz doce, envolvente e sofrida que eu tanto conhecia. Claro, ela era minha.

Olhando o mundo, do outro lado da estrada

Você odeia o modo como sua vida se tornou

Ele está parando na estrada e você não faz nenhum som

Porque você sempre aprendeu a segurar as coisas que quer falar

Você sempre vai ter medo

Cantava tentando me livrar de todo esse sofrimento que havia dentro de mim e contar para o alguém, mesmo que seja o vento, a minha situação atual o tornando o meu confidente, o tornando o meu único apoio e o meu único porto seguro.

Não me importava que fosse um ser inanimado, não aguentava mais viver assim! preciso de alguém para me apoiar, me escutar, mesmo que seja por alguns segundos, e se tornar meu pilar, mesmo que seja a musica ou o vento, qualquer coisa serve. Afinal quem se importa? Dei de ombros e continuei a cantar...

Existe apenas ódio

Existe apenas lágrimas

Existe apenas dor

Não existe amor aqui

Então, o que você irá fazer?

Existe apenas mentiras

Existe apenas medos

Existe apenas dor

Não existe amor aqui

Neste momento começou a cair uma chuva grossa com trovoadas. Não me importei, estava ligada com a musica fisicamente e mentalmente pra isso, a chuva estava acabando por levar meus medos e inseguranças, me deixando mais livre para expressar meus sentimentos.

Eu, pela primeira vez em muito tempo, me sentia livre, sentia que podia ser a eu de antes por pelo menos alguns segundos ou até mesmo horas, não me importo com o tempo agora, por que não? Soltei meu violão debaixo da árvore e entrei naquela chuva espessa de pé e cabeça.

Fiquei girando lá, como uma criança que acabou de ganhar um doce, sorrindo como uma boba. Senti aquela grama por baixo de meus pés e aquelas gotas de água em meu rosto, caindo por todo meu corpo e apagando o meu fogo, minha queimação no braço direito.

Sorri. Há quanto tempo não me sentia assim, livre e sem problemas, como uma criança, sem preocupações. Continuei a cantar...

Abatido como um espelho estraçalhado em pedaços

Você aprendeu o modo mais difícil de fechar a boca e sorrir

Se estas paredes pudessem falar, elas teriam muito a dizer

Porque toda vez que você luta, as cicatrizes vão se curar

Mas elas nunca irão desaparecer

Existe apenas ódio

Existe apenas lágrimas

Existe apenas dor

Não existe amor aqui

Então, o que você irá fazer?

Existe apenas mentiras

Existe apenas medos

Existe apenas dor

Não existe amor aqui

Então, o que você irá fazer?

Você está caindo

Você está gritando

Você está preso no mesmo pesadelo

Ele está mentindo

Você está chorando

Não há mais nada para salvar

Feche a porta porque este é o fim

Leve-me embora daqui

(chute a porta)

Existe apenas ódio

Existe apenas lágrimas

Existe apenas dor

Não existe amor aqui

Então, o que você irá fazer?

Existe apenas mentiras

Existe apenas medos

Existe apenas dor

Não existe amor aqui

Diga-me, o que você irá fazer?

Existe apenas ódio

Existe apenas lágrimas

Existe apenas dor

Não existe amor aqui

Deitei me naquela grama molhada pela chuva, que a esta hora já havia cessado, e olhei para o céu com aquela imensidão de estrelas. Estava imersa em meus pensamentos, mas minha atenção foi direcionada para aquela estrela. Atlas. A nossa estrela.

Suspirei e sorri, um sorriso triste e cheio de saudades, mas sincero e verdadeiro.

Me deitei naquela grama macia no quintal dos Wesley’s, debaixo da grande macieira que tinha lá e me pus a pensar em tudo aquilo que estava preso, a muito tempo, na minha garganta.

Desde a copa mundial minha vida virou de cabeça pra baixo. Foi lá que eu conheci aquele que bagunçou mais ainda a minha vida de uma forma que nem eu, a dona, consegui concerta-la. Cedrico. Tudo ficou mais confuso do que antes, não sabia mais o que pensar e nem o que fazer! Estou muito dividida, a questão é, ser ou não ser? Rony ou Cedrico. Os dois me completam de formas totalmente diferentes, sinto que um dos dois é a pessoa a qual meu coração procura, mas quem? Esta é a pergunta.

Os dois mexeram comigo de formas diferentes, quebraram toda aquela fortaleza que eu tinha construído a minha volta, cada um a sua maneira. Suspirei.

Eu não consegui não me apaixonar por cada um, por cada jeito diferente, por cada toque que eles me proporcionavam, por cada frase que foi dita a mim, por cada sorriso que foi dirigido a mim, simplesmente não consegui! Abaixei a cabeça.

Não consegui não gostar do jeito meigo e protetor do Cedrico. Não consegui não gostar pelo jeito desleixado e avoado do Rony. Não consegui não gostar dos olhos castanhos parecidos com âmbar do Cedrico, os mesmos que me fazem tremer as pernas e esquecer o mundo a minha volta. É somente ele e eu, mais nada e nem ninguém. Não conseguir não gostar dos olhos azuis como o mar de Rony, os mesmos que me transmitem tanta paz e segurança, me trazem calma nos momentos mais difíceis e que me trouxeram tanta força para não fazer qualquer loucura, só pela lembrança daqueles olhos. Não consegui não gostar de cada olhar de Cedrico lançado a mim que me faziam, e ainda fazem, sentir como se fosse a única e a mais linda mulher do mundo, apenas aos seus olhos. Não consegui não gostar de cada toque seu, pele sobre pele, me fazendo sentir quente e fria ao mesmo tempo, nunca tinha sentido essa sensação, nem com o Rony. Não consegui não gostar por cada carinho dado a mim pelo Rony que me fizeram estremecer e me arrepiar por inteira, apenas com o seu toque.

‘‘ Será que eu estou apaixonada pelos dois ao mesmo tempo? E se estou, por que tem que ser, todos os dois, proibidos? Essa é a pergunta. Por que eu não posso voltar ao passado aonde era tudo tão simples e fácil! Somente eu, Harry e Rony lutando contra o mundo, sem amor duplicado, ou não, sem sofrimento constante, sem segredos, sem fingimento’’ Suspirei triste e já ia deixando escapar uma lagrima quando ouvi uma voz ao longe...

– Mione, o que está fazendo aqui á essa hora da noite?

Ouvi aquela voz rouca e sedutora que eu tanto gostava e que tanto me fizeram ir as nuvens apenas com o seu som. Era ele, Ronald Wesley, correndo em minha direção... Olhei pra ele e pude ver um enorme sorriso se formar em seu rosto. O sorriso dele era tão lindo que podia fazer qualquer garota se derreter, inclusive eu. Mas não agora, por incrível que pareça eu não senti nada quando olhei pra ele, inclusive para aquele sorriso que eu tanto amava nele. Absolutamente nada.

‘‘ Perai, como assim gostava? Por que tá tudo no passado? Será que eu to virando louca.. Acho melhor eu ir a um psicologo bruxo logo, isso pode ser contaminoso! O cérebro maldito, queridinho da mamãe, eu gosto do Rony. O coisa feia, não se confunde não, não cai bem pra sua imagem viu... Você tem que ser inteligente e não burro, coisa idiota! Mudando as palavras da minha boca, ou melhor, do meu pensamento’’ Indaguei e briguei ao mesmo tempo comigo mesma, confusa.

Estava tão perdida em meus pensamentos que não vi ele chegar e se sentar ao meu lado. Ele sorriu para mim, não correspondi.

– Mione, aconteceu alguma coisa com você? Você esta pálida e pensativa, ainda por cima esta aqui fora, sozinha, acordada em plenas..– Ele olhou o relógio trouxa que eu tinha dado pra ele de aniversário – 2 horas da manhã. Aconteceu alguma coisa? Você sabe que pode me contar tudo o que quiser afinal somos... Amigos não é? – Ele falou preocupado, mas demorou para falar a palavra ‘‘Amigos’’ como se quisesse ser mais que isso para mim. Sorri com essa constatação. Será?

– Não Rony, não aconteceu nada não! Só estou aqui por que não consegui dormir, estava tendo pesadelos, então vim pra cá. Não sei por que mas esse lugar me acalma, me trás paz – Menti, na verdade eu não menti, só contei meias verdades, afinal eu estava mesmo tendo pesadelos e esse lugar realmente me acalma, me trás paz.

Veio uma rajada de vento em direção a macieira na qual estávamos, fazendo meus cabelos esvoaçarem mais ainda. Estremeci. Estava muito frio e eu estava muito molhada. Me abracei tentando fazer o frio passar, não devia ter entrado nessa chuva!

Olhei para baixo e vi as roupas que estava usando, a situação delas a essa hora estava deplorável. Corei. Elas estavam super coladas no meu corpo e a minha camiseta estava transparente no meu corpo fazendo o meu colo, minha barriga lisa e os meus seios entumescidos pelo frio, alem de todas as minhas curvas, até umas que eu nem sabia que tinha, aparecer. Maldito dia, maldita hora que eu resolvi não usar sutiãn!

O Rony assim que percebeu isso começou a ficar vermelho, só não sabia se era de vergonha, raiva ou... Desejo? será?

Olhei para seus olhos e vi que ele estava me analisando de cima a baixo. Seus olhos transmitiam luxuria, desejo e volúpia. Corei como um pimentão. Me abracei mais forte e cobri meus seios, que safado! Ficar olhando assim pra essa área fixamente como ele estava, que horror! Homens, vai entender...

Depois que eu tapei aquela área ele começou a percorreu meu corpo, parte por parte, com um olhar tão descarado que me deu até arrepios, ele bem que podia pelo menos tentar dar uma disfarçada não é? Que coisa, por que ele não podia ser, ao menos, discreto? Revirei os olhos em um ato de descredito pela atitude dele e corei mais uma vez, deixando o meu rosto em brasas.

Quando ele finalmente parou de me analisar e olhou novamente para o meu rosto vermelho, principalmente para meus lábios, seus olhos se arregalaram e ele mordeu os seus lábios, passando a língua por eles, como se estivessem ressecados. Eu nunca tinha visto ele fazer isso, isso é tão... sexy, pra não falar outra coisa pior. Mordi agora os meus lábios.

Ele começou a se aproximar de mim lentamente como um ferino prestes a pegar sua presa, seus olhos tinham uma ferocidade que eu nunca tinha visto antes, pelo menos não em seus olhos. Cedrico. Eu só tinha visto esse olhar uma vez, nos olhos do Cedrico. Fechei os olhos, tentando apagar ele da minha memoria. Essa não era a hora!

‘‘ De repente eu não tava mais de baixo daquela árvore com o Rony prestes a me beijar e sim num lugar totalmente diferente. Eu nunca tinha visto um lugar como esse, era como se eu tivesse sido teletranportada para cá. Parecia que estava em outra dimensão. Aonde será que eu estou? Comecei a analisar o local.

O lugar era obviamente um quarto, as paredes tinha um tom beje que dava mais classe e mistério ao lugar. Havia quadros por lá mas não me direcionei muito a eles, tinha um lustre de cristais no centro e mais abaixo dele havia um tapete felpudo, também beje. O quarto era um lugar fechado, não tinha janelas e nem qualquer coisa do tipo. No fundo do quarto tinha uma cama king Size enorme com um fundo preto atrás da mesma, o tipo era um tanto muito moderno, tinha duas duas camadas e um design único. Ao lado da cama tinha um abaju preto e uma escrivaninha, também preta, em cima da mesma tinha um único retrato com detalhes em dourados. Me aproximei do retrato com curiosidade, queria ver direito a foto a qual o retrato carregava, e vi com grande surpresa que quem estava na foto era eu sorrindo e correndo num campo de flores com alguém ao meu lado, segurando a minha mão... Perai, eu conheço essa pessoa. ‘‘Cabelos meio acobreados, olhos cor âmbar, boca carnuda’’. Cedrico?

Com a boca aberta em um grande ‘‘O’’ eu percebi que minhas suspeitas eram verdadeiras, aquele era o Cedrico, reconheceria esses olhos em qualquer lugar, mas como? Eu e ele nunca tiramos essa foto na vida, será que eu vim parar em alguma dimensão paralela? ou no... Futuro? Mas como... Não, isso é impossível, eu nunca me casaria com o Cedrico ou qualquer coisa desse tipo... Será que eu estou vendo algum tipo de ilusão?

– Claro que não queridinha, eu não conseguiria criar uma ilusão tão boa assim – Falou uma voz extremamente parecida com a minha, me virei em direção a voz e com grande surpresa, percebi que a figura era... Eu? A Hermione a minha frente era extremamente parecida comigo, mas ao mesmo tempo tão diferente de mim, tão não eu! Ela era sexy, ao contrario de mim, usava uma maquiagem bem forte que delineava bem os meus olhos e minha boca, que estava pintada de vermelho, e usava uma roupa extremamente provocante: Um vertido curto de cor dorada com detalhes dourados na parte de cima e um decote bem generoso valorizando o seu, ou melhor dizendo meu, colo. Na parte de baixo ele era solto, o tecido era de um dourado acetinado que valorizava a nossa pele morena, e terminava no meio da coxa, o look terminava com o Scarpin preto que ela usava, dando um ar mais misterioso e sexy ao mesmo tempo.

Como assim? Como ela consegue ser tão parecida comigo?

– Simples mon chéri, eu sou você – Respondeu ela, no seu sorriso mais cínico. Como assim, por acaso ela lê meus pensamentos agora? E como assim ela sou eu?

– Sim, eu leio os seus pensamentos – Falou ela revirando os olhos, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Arregalei os olhos. – Claro que eu leio, eu sou você. Sei tudo que você sabe. Vejo tudo que você vê. Sinto tudo o que você sente e ainda digo mais, a gente ta precisando de uma boa bebedeira, não aguento mais me sentir depre e ter vontade de chorar por sua causa, vai viver mulher, enfim... Deixa eu me apresentar, eu sou sua consciência, prazer – Falava ela como se fosse a coisa mais chata e monótona do mundo... O direção, vocês não me mandaram a consciência errada não? Elas deveriam ser certinhas e não... loucas, para não falar outra coisa, como essa ai na minha frente.

Será que o mundo pirou.. Só pode, agora só falta eu casar com o tio Voldy e ter vários filhinhos sem nariz. Revirei os olhos, irônica.

– Quem sabe, o mundo dá voltas sabia? Eu conheço um monte de gente que adoraria te ver com o tio Voldy, teve até uma época que eu fui fã de Volmione ou se preferir, como eu prefiro, Tomione – Falava ela como se 2+2=4, arregalei os olhos... Ela é louca, como assim meu? Socorro, mandem essa louca pro hospício! Ela continuou – Mas a louca da minha amiga me convenceu que o casal Dramione é melhor, sou fã fanática do casal Dramione, falando nisso você não acha o Draquinho lindo e maravilhoso não? – Perguntou ela com o sorriso e o olhar mais malicioso que eu já vi na minha vida. Por Merlin, me tirem daqui, ela não é uma pessoa normal, com toda certeza, ela é pirada, loucona. Por todas as cuecas do Bob Esponja do Merlin, tirem me daqui!

Será que ela fumou pó de orégano estragado hoje? Será que ela fuma maconha? O que ela comeu no café da manhã hoje? Merda por acaso? Prendam essa mulher imediatamente, levem ela pra longe de mim. Ela tinha o olhar até pior do que o Rony me mandou... Ah meu Merlin, o Rony! eu tenho que voltar pra lá, ele vai suspeitar que eu sumi.

– Ele não vai suspeitar de nada, você ainda esta lá, tudo o que está acontecendo aqui é apenas no teu cérebro – Ela falou como se fosse a coisa mais fácil do mundo. O tom de voz dela já tava me irritando, eu não pensei que fosse tão irritante assim – O tempo lá está parado, quando você sair desse quarto criado pela sua mente que eu especialmente adorei, manda meus agradecimentos pra ela, tá? você vai voltar exatamente para onde você parou! Falando nisso... Eu, quando aceitei esse trabalho só por causa do departamento de consciências, achei que seria extremamente entediante afinal você não faz nada de interessante, é praticamente uma santa, mas você esta me saindo melhor que a encomenda. Nossa, ficando com dois ao mesmo tempo, safadinha! Ainda por cima gatos e gostosos, não que o Ronald seja tudo isso, mas ele já dá pro gasto.– Ela deu de ombros – É assim que se faz garota, apoio totalmente, curta sua vida que a minha tá no que você aprontar, e eu estou vendo que eu vou ter que dar uma mãozinha nisso, mas não se preocupe! Sua vida vai ficar muito mais interessante comigo aqui – Ela deu mais um sorriso malicioso. Essa mulher só sabe ser maliciosa por acaso? Aff, não aguento mais escutar ela, isso já está me dando nos nervos. Não sabia que eu era tão irritante assim. Quero ir pra casa, não aguento mais ela!

– Como quiser – Falou ela dando de ombros e apenas estalou os dedos então tudo se apagou...’’

Abri meus olhos e vi que estava novamente de baixo da macieira. Sorri, não aguentava mais aquela louca!

Olhei pra frente e vi o Ronald bem perto de mim, prestes a me beijar, com um biquinho fofo nos lábios. Dei de ombros afinal eu sempre quis esse beijo, vamos ver se ele é tão bom no beijo como parece ser na aparência!

‘‘– Não parece não Hermione, mas como eu te disse: ele dá pro gasto. Bora ver se ele é bom no beijo pra ver se recompensa a aparência, mas você sabe não é? O meu coração já é ocupado pelo cara mais lindo e gostoso do mundo, o meu Draquinho – Falou ela num tom malicioso que eu já conheço muito bem, afinal ela só fala nesse tom, mas no final da frase deu um suspiro apaixonado, quando falou no ‘‘Draquinho’’ dela.’’ Ouvi a voz da coisa na minha cabeça.

‘‘– Coisa não em Mione, assim você me magoa! Logo eu que fui tão legal com você – Falava ela com uma voz tristonha, mas dava pra sentir diversão vindo dela. Cínica.’’

Sinceramente Merlin, como você, um cara tão centrado e conhecido por todos, foi me colocar com uma coisa dessas? Como você colocou na droga da minha cabeça um bicho desse? Eu não mereço ela. Não mesmo. Chata.

‘‘ Chata é você! Depois ainda fala de mim, que hipocrisia! ’’

Nessa conversa com a idiota da minha consciência, eu nem percebi que o Rony estava a centímetros do meu rosto. Neste exato momento eu senti lábios macios sobre os meus. O beijo era feroz, voluptuoso, cheio de desejo, parecia que ele nunca tinha beijado uma boca na vida e se já tinha, estava na seca a um bom tempo.

Por Merlin, ele beijava bem, oh se beijava! Ele segurou minha cintura com força, colando mais seu corpo no meu. Pude sentir seus músculos escondidos por baixo da camisa. Minha nossa senhora, santo quadribol! Nunca mais vou reclamar quando ele e o Harry estiverem jogando quadribol em vez de estarem estudando, se o Rony me der uma recompensa depois, é claro.

Senti um sorriso malicioso crescer em meu rosto. Eu devo ter andado demais com a minha consciência. Eu nunca fui assim, o que é que tá acontecendo comigo?

‘‘ – Isso, culpem a consciência! Esta vendo só? Eu só tento te ajudar e é isso que eu recebo. Magoei. Mentira, to adorando ter te poluído. To vendo que a minha presença aqui já esta fazendo diferença – Falou ela, feliz e maliciosa ao mesmo tempo, mas eu pude sentir um pouquinho de orgulho vindo dela’’

Ele era todo malhado, com a barriga cheia de gominhos e braços bem definidos que me apertavam cada vez mais. Sorri entre o beijo. Ele me puxou para o seu colo e nos deitou ficando em cima de mim, mas nunca parando o beijo. Fui de bom grado. As mãos dele adentraram minha blusa molhada percorrendo toda a minha barriga, indo em direção as minhas costas, e acariciando elas como se fossem feitas da seda mais macia de todo a reino. Estremeci com o toque. Seu outro braço segurava a minha cintura possessivamente, Estava tudo tão bom, eu me senti nas nuvens. Gemi baixinho em seu ouvido. Ele estremeceu.

Isso me trazia calor, oh se trazia! Isso era quente, muito quente...

Senti alguma coisa me cutucando nas minhas ‘‘áreas baixas’’. Abri os olhos que nem sabia que tinha fechado e olhei pra baixo. Arregalei os olhos. Pelo visto não era só eu que estava bem animada, o Ronald junior também estava, até demais pro meu gosto! A coisa estava grossa pro meu lado, mas o problema era: quem disse que eu me importava? Continuei a beija-lo como se o mundo estivesse acabando e esse fosse o nosso ultimo beijo. A mão dele saiu das minhas costas e foi em direção aos meus seios. Ele foi lá e apertou. Gemi ao mesmo tempo que ele, isso foi tão... bom.

Ar.

Neste momento eu não sabia mais nem que o ar existia, até ele chamar a atenção para si mesmo. Droga, tinha que parar agora? Por que as pessoas precisam de ar mesmo? Sabe nós, humanos, podíamos muito bem viver sem ele, eu não me importaria nada, nada com isso.

Nos separamos ofegantes um do outro, a sua mão ainda estava dentro da minha blusa. O fogo se foi, então eu, delicadamente, tirei a mão intrometida de lá e sorri, ainda ofegante.

‘‘– Ele está aprovado viu, até que ele tem pegada – Falava ela deliciada com o beijo, parecia que ela é a que estava na seca faz tempo. Dei uma risadinha.

– Parece que não é só o Rony que esta na seca faz tempo não é consciência? Será que o seu Draquinho não esta dando conta do recado, não?– Falei pra ela, com a voz cínica e zombadora igual a dela. Eu a vi corar...

Eu sei, eu sei, eu sou simplesmente demais! Eu fiz a consciência mais poluída do mundo corar que nem um pimentão, nem me achei agora. Sou demais, simplesmente demais.

– Sem graça, estou de mal com você agora, de verdade dessa vez, e só pra você saber, o meu Draquinho dá muita conta do recado. Nossa só de lembrar me dá arrepios. Ele tem um corpo que por Merlin, todo definido e aqueles olhos... Nossa, dá até calafrios só de lembrar ele olhando para mim, e na cama ,minha nossa senhora da éguinha pocotó, só de lembrar o corpo dele colado no meu, nós dois suados, ele entrando e saindo de mim..– Nessa hora a maldita consciência soltou um gemido bem alto que poderia muito bem ser escutado lá dentro da casa dos Wesleys se ela não vivesse dentro da minha cabeça, é claro. Bufei.

Traumatizei-me. Eu não queria ter escutado isso, eu não queria ter escutado isso, eu não queria ter escutado isso! Repetia a mim mesma.

Maldita foi a hora em que abri a minha boca e tentei ser cínica e zombadora! Cenas e mais cenas proibidas para menores de 25 anos se passaram pela minha cabeça, criadas pela minha, infeliz e filha de uma mãe guaribada, imaginação. Droga!’’

Balancei a cabeça tentando tirar aquelas imagens absurdas da minha cabeça. Eu não mereço ela, eu sempre tentei ser uma boa menina (ou quase sempre), porque Merlin fez isso comigo? Eu só posso estar pagando por todos os meus erros, só pode... Eu não mereço ela, não, eu simplesmente não mereço ela.

– Hermione você quer ser minha namorada? – Perguntou o Rony, ainda ofegante. Fiquei indecisa, mas eu tenho que aceitar, não é? afinal eu sempre fui apaixonada por ele, mas então por que alguma coisa me diz para dizer não?

‘‘ Não sou eu dessa vez Mione mas eu sei o que é... É o seu coração! Você pode ter gostado do Ronald antes, mas agora não. A coisa mudou, diga não. Responda não – Falou a minha consciência maluca. É claro que eu ainda gosto do Rony, você é que está tentando me confundir por causa da brincadeira com o seu ‘‘Draquinho’’. Besteira’’

– Eu... aceito – Falei ainda ofegante. É, esta comprovado! O Ronald Wesley tem pegada...

(N/A: bom aqui ta as fotos do quarto e da mione Sexy kkkk)

http://3.bp.blogspot.com/-oQm1bCG472M/T0UiYnaSIpI/AAAAAAAAO6Y/vknjQaGbBE4/s1600/quartos-Black+&+White7.jpg

ps: só tirem a janela ta?

a foto da mione: