Meu Amanhecer escrita por Apenas Eu


Capítulo 9
Demons inside


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem a demora, esse capitulo é especial para o dia dos namorados. FELIZ DIA DOS NAMORADOSSSSS!
Desculpe os erros, ele ainda não foi concertado pela minha beta. Ela estava ocupada, e eu fiz esse capitulo para esse dia, e não podia deixar passar né? Depois ela o irá concerta-lo. Desculpem mesmo viu, e espero que gostem tanto quanto eu gostei de escreve-lo kkkk
boa leitura



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Quando os dias estão frios

 E as cartas estão dadas

  E os santos que vemos

    São todos feitos de ouro

   

   ‘‘Andava sem saber aonde ir. Estava perdida! A nevoa  cobria totalmente a minha visão. O meu coração palpitava de tanta emoção e a adrenalina corria entre as minhas veias. Estava escuro. Cambaleava entre as paredes daquele corredor estreito. O medo começava a tomar conta do meu ser.

   Enquanto andava, cambaleante, entre aqueles corredores sem fim aonde a cada passo ficava cada vez mais estreito e o ar rarefeito, ouvi um barulho se aproximando. Não liguei, estava muito concentrada em sair daqui, mas as esperanças estavam quase ao fim. Minha cabeça girava. Não sabia o que fazer. Tudo estava confuso. Onde eu estou?

   O clima era de pura tensão. Tudo ficou frio de repente. Senti uma respiração quente no meu pescoço. Estanquei. Virei lentamente para trás. O medo estava me tomando por completo. Grito... Estou perdida!!’’

   Acordei arfante. Que especie de sonho estranho é esse? Nunca tive um sonho assim. Estranho! O medo que estava sentindo neste sonho era tão real, mas parecia ser de um presente tão distante. Sentia-me como se estivesse vivenciado tudo aquilo, num passado esquecido. Mas como? Acho me lembraria se vivenciasse alguma coisa assim... Estranho! Acho que essa dor no meu braço está fazendo eu ter alucinações.  Cada vez a dor aumenta mais. É, quem sabe? Talvez...

***

   Andava ao lado dos meus amigos pela plataforma 9 ¾. Sorri. Que saudade da locomotiva vermelha e preta que estava a minha frente, e que saudade do lugar aonde esta mesma locomotiva vai me levar. Hogwarts, a minha Hogwarts.  A minha segunda casa. Olhei a locomotiva como boba e sorri mais uma vez. Senti uma mão quente segurar a minha naquele instante. Ela era diferente, mas já sabia de quem era só pelo toque. Rony.

   ‘‘ É, sorri mesmo amorzinho. Logo esta felicidade vai acabar! A tua vida está mais emocionante do que a novela das oito. Te lembra de quem vais encontrar mais cedo ou mais tarde? vou te dar uma dica. Cedrico. Cedrico. Cedrico. Lembrou? Viu como eu sou um amor... Não vai me agradecer? Mal educada! Falou a outra eu. Ela, a minha ‘‘amada’’ consciência, mas pode chama-la de vaca que agora vive na minha cabeça. Bufo, Impaciente. Acho que pisei na cruz e xinguei Voldemort e Merlin juntos, como amantes. Só pode!!

   Ela ri irônica e responde:

   – Eu ainda vou te atentar por um bom tempo... Me aguente queridinha! Eu também não queria estar aqui nessa tua cabeça oca e sem sal, mas foram as ordens. Fazer o que? Eu sou a empregada, não o patrão, infelizmente. Tenho que obedecer ordens. Pelo menos agora a tua vida está mais agitada, o tédio graças a Deus foi embora, e eu prometo que irá ficar cada vez mais e mais. Se for depender de mim... Ela falou com um sorriso malicioso evidente em sua voz. O que essa louca esta planejando? ’’

   – Hermione!!!! – Chamou alguém, me tirando da minha conversa interna com a minha consciência. Eu olhei para o Rony confusa. Do que ele estava falando mesmo? Ele me olhou irritado, mas não falou nada, apenas repetiu o que disse antes. Mais uma vez.

   – Mione, vamos. O trem já vai sair e ainda estamos aqui fora! O que você estava pensando nessa cabecinha linda, hum? Não estava escutando nada do que eu disse. – Falou ele me olhando com uma ponta de irritação e curiosidade. Eu apenas sorri, falso, é claro. Ele não iria entender se eu falasse: ‘‘Ah amor, eu estava falando com a minha consciência maluca que não gosta de você e torce para o Cedrico, que por sinal você odeia depois da copa mundial do quadribol. Não é maravilhoso?’’ Claro que não né? Menti:

   – Estava pensando no meu trabalho extra que a professora McGonagall passou para mim. Ele está bem trabalhoso, e, talvez, me ajude a ganhar o cargo de monitora chefe esse ano – Falei a ele. Não era uma mentira propriamente dita. Ela realmente me passou um trabalho extra para as ferias que me ajudariam a ganhar o cargo de monitora chefe este ano, mas não era sobre isso que eu estava pensando agora. Ele me olhou surpreso, não sabia que eu poderia virar monitora, mas logo depois vi um sorriso malicioso crescer em sua boca.

   – Sabia que os monitores tem um quarto exclusivo só para eles? Sabe, se você ganhar o cargo, o que eu não duvido muito, a gente podia terminar aquilo que nós começamos e não terminamos naquele dia da árvore... Que tal? – Sussurrou ele no meu ouvido, seu sorriso malicioso era evidente. Me arrepiei e corei até a raiz dos cabelos. Como ele ainda lembra disso?

   Abaixei a cabeça.

   ‘‘ – Deixa de ser tímida, fale que sim. Vamos ver aonde isso vai dar! O que você tem a perder? Nada... Diz que sim, vamos, diz logo.’’

   Sem que eu perceba, já estou falando ‘‘ é claro, por que não?’’. Droga! O que eu tenho na cabeça? Será que os zonzóbulos – eu acredito no que a Luna diz! Só porque nós não podemos ver não quer dizer que ele não exista, não é? –  estão confundindo a minha cabeça?

   Revirei os olhos, tamanha a bobagem que eu pensei agora. Ele sorriu mais ainda e saiu me puxando para dentro do trem. Nós achamos uma cabine confortável, quente, e o mais importante, vazia. Lá nos sentamos. Os gêmeos, George e Fred, que estavam conosco logo disseram:

   – Gente, nós vamos procurar a Mary. Até mais – Eles disseram em unisono. Sorri. Adoro a Mary! Ela é muito legal, parece verdadeira, e eu gosto disso. Ela é, apesar do pouco tempo que nos conhecemos e conversamos, uma boa amiga. O Harry fechou a cara quando ouviu o nome dela, Gina também. Sorri mais ainda. Todos sabem – pelo menos eu sei – que quando o ódio é tão grande e tão repentino assim como o deles é por que tem alguma coisa por trás disso tudo. Na minha concepção é um amor ardente, mas contido. Tomara que eles dois não demorem a perceber isso!

Quando seus sonhos fracassam

E aqueles que clamamos

São os piores de todos

E o sangue corre envelhecido

   – Esperem, eu vou com vocês! Quero falar com ela – Falei. Os gêmeos apenas assentiram e ficaram me esperando, parados e em pé, dentro da cabine. Dei um selinho no Rony e fui com eles. Gina me lançou um olhar de raiva incontida quando sai ao lado deles. Ah, ela que se dane! Eu não vou perder amizades boas por causa dela.

   Fui conversando com os gêmeos enquanto nós a procurávamos. Eles são muito engraçados! A tempos que não ria tanto quanto agora. Finalmente a achamos, depois de tanto rodar esse trem atrás dela, na cabine da sonserina colocando bombas fedorentas – sei por que daqui já dá para sentir o fedor terrível daquelas bombas – ao redor da mesma, que, por acaso, estava vazia. Rimos, os três juntos dela. Sempre a mesma. Abri a porta em um estrondo. Ela se assustou tanto que começou a balbuciar

   – Não-o foi culp-a minha Drac-co! O que aconteceu-u foi que os pirralhos do primeiro ano passaram por aqui... Isso! É, bom, eles colocaram essas coisas parecendo bombas aqui, mas eu como a priminha boa que eu sou, estou tirando isso daqui! Ta vendo só como... Ah, seus capetas! São vocês. Não me assustem assim! Droga, errei o temporizador da bomba... Corram! – Falou ela, incerta na primeira parte, mas segura na outra, e desesperada na ultima. Eu não estava entendendo nada. O que essa louca estava aprontando?

   Ela nos olhou desesperada e puxou a gente correndo para fora da cabine.

   BUM   

   Só ouvi este barulho atrás de nós e aquele fedor insuportável empesteou o local. Droga Mary!

   Eu estava brava com ela, mas assim que olhei para ela e os meninos comecei a rir. Nós estávamos todos sujos com a coloração marrom, quase preta, da bomba que impregnou nas nossas roupas e na nossa pele, alem do fedor que impregnou nas roupas. Mesmo não querendo admitir, as nossas caras estavam ilarias.

   – Vem, vamos. O pessoal das outras cabines já estão vindo olhar o que foi aquele estrondo e se isso parar no ouvido de Dumbledore estamos ferrados! Corram – Ela falou correndo e me puxando junto com ela. Os gêmeos ficaram parados, igual estatuas, no mesmo no lugar. Depois ouvi as suas vozes gritando

   – Ela é das nossas! – Eles gritaram tão alto que todas as cabines se abriram simultaneamente.  Olhares curiosos se direcionaram a eles e depois para a cabine que estava infestada de bomba fedorenta. Olhei para trás a tempo de ver eles gritarem ‘‘ops’’ e correrem, sendo fuzilados por olhares maldosos da sonserina. Ri alto, junto com a Mary. O riso foi tão alto que chamou a atenção das outras cabines. Com certeza se nos pegassem correndo que nem loucas, todas descabeladas e com o cheiro da bomba  fedorenta nos ligariam ao que aconteceu na cabine. Olhei para ela desesperada, e parece que ela pensou o mesmo que eu porque me olhou da mesma forma. Eu não posso ser pega nessa travessura, e, acho, que ela também não! Eu poderia perder o meu futuro cargo de monitora chefe por causa disso. Eu almejo esse cargo desde que entrei nesta escola. ‘‘Não! perder meu lindo cargo, não’’ penso, e, impulsionada pela adrenalina que estava correndo pelas minhas veias naquele momento, seguro a sua  mão e a puxo para a primeira cabine destrancada que encontro.

 Eu quero esconder a verdade

Eu quero abrigar você

Mas com a besta dentro

Não há onde possamos nos esconder

   Corremos tanto que minhas pernas já estavam doloridas; nem olhei pra quem estava dentro da cabine, apenas respirei fundo e me sentei, massageando logo em seguida os meus pés doloridos. Olhei para a Mary que ainda estava em pé olhando, quase hipnotizada, para alguma coisa atrás de mim. Olhei para a mesma direção que ela estava olhando e a minha boca se escancarou em um ‘‘o’’ perfeito. Droga! Eu estava conseguindo fugir dele até agora, mas parece que o destino sismou em nos reencontrarmos. Qual é Merlin? Por que tu gosta de tirar com a minha cara?

   Respirei fundo, me preparando psicologicamente para o que viria a seguir. A minha frente estava nada mais, nada menos do que Cedrico Diggory, o cara a qual eu estava fugindo a qualquer custo, sorrindo encantadoramente para mim. Como um cara pode ser tão sexy, sendo tão natural? Olhei para a Mary, e, pela cara dela, ela se fazia a mesma pergunta. Senti ciumes, não sei porquê, mas senti.‘‘ Sensação estranha! Se liga Hermione, ele não é seu. Você tem namorado esqueceu? O Rony, acorda!’’ Pensei, totalmente desorientada com todas aquelas sensações difusas que eu estava sentindo no momento. Posse, confusão, angustia, felicidade, e um uma outra coisa totalmente nova que eu nunca tinha sentido antes, não sei dizer o que, mas era forte, muito forte.

 ‘‘ Você sabe sim, mas não quer admitir para si mesma. Eu já te avisei e você não me escutou. Vou te avisar mais essa vez: você se ilude e se engana por medo de entrar numa coisa incerta e sofrer mais do que antes, mas não vê o mal que está na sua frente. Ele é o certo Mione, e é bom você perceber isso antes que ele parta pra outra e você fique chorando, triste e magoada, por ele. Depois não me chame de vidente, ok?’’ Ela apenas disse isso e sumiu. Será que dá para alguem me explicar o que a minha consciência disse? Até parece que eu gosto do Cedrico desse modo, posso até gostar, mas só como amigos. Eu gosto é do Rony! Isso sim. Senti ela revirar os olhos dentro da minha cabeça (que sensação esquisita!!) e depois sussurrar: ‘‘ Que idiota! E ainda consideram ela a mais inteligente de Hogwarts... Loucos!’’ . Revirei os olhos e deixei tudo o que ela falou, por que mesmo não querendo me balançou, para pensar depois. Comecei a prestar atenção no agora.

Não importa o que alimentamos

Ainda somos feitos de cobiça

Esse é o meu reinado vindo

Esse é o meu reinado vindo

   – A que devo a honra da ilustre presença das duas damas na minha humilde cabine, hum? E por que as duas damas estão descabeladas, suadas, e com cheiro horrível de lixo, carne podre e varias outras coisas que prefiro não comentar para não traumatizar as jovens damas para o resto da vida? – Perguntou ele, a mesma voz aveludada, com um sorriso brincalhão. Eu e a Mary nos entreolhamos, e com apenas um único balanço da minha varinha já estávamos perfeitamente recompostas. Cabelo e roupas perfeitamente normais, sem um único resquício de suor ou fedor de bomba fedorenta. Impecáveis. O olhei desafiadoramente, mas com uma pitada de medo em meu olhar.

   – Você não vai falar para ninguém que nós estivemos aqui, muito menos nestas condições, não é? – Perguntei a ele desafiadoramente, mas minha voz ainda demostrava o medo que eu sentia caso isso fosse parar nas mãos de alguem, principalmente de algum professor. Ele assumiu uma cara confusa, mas logo depois uma lampada, não literalmente, se acendeu em sua cabeça.

   – Foram vocês, não foram? Foram vocês que fizeram a cabine do Draco Malfoy ficar com aquele fedor horrível não é? – Nos entreolhamos assustadas. A minha expressão era de puro terror, se a McGonagall, ou até mesmo o Snape escutassem isso estaríamos ferradas; mesmo eu não tendo feito nada, iriam me culpar. Mary assumiu um rosto serio e indiferente, como se não se importasse com nada e nem ninguém. Ela, com esse jeito, me lembra tanto certo alguem, uma certa doninha que vive me perturbando por ai! Um momento...

‘‘– Não-o foi culp-a minha Drac-co! O que aconteceu-u foi que os pirralhos do primeiro ano passaram por aqui... Isso! É, bom, eles colocaram essas coisas parecendo bombas aqui, mas eu como a priminha boa que eu sou, estou tirando isso daqui!..’’

    – Espera um segundo, você é prima do Doninha?!  – Gritei, chocada. Eles me olharam como se eu tivesse dois chifres e estivem dançando hula-hula no salão principal. Será que eu gritei tão alto assim?

    – Sou sim, agora que você descobriu? Que legal, to pulando de alegria.  – Ela revirou os olhos, e continuou  –  Por que você gritou? Acho que todo mundo do trem já sabe a essa hora de quem eu sou parente, não que eu me importe com isso, é claro. Não sei se você sabe, mas a gente está tentando fugir da bronca que podemos levar se alguem descobrir que nós fizemos aquilo, então será que faria o favor de ficar caladinha?  – Nossa, ela é tão irônica! Com toda a certeza ela tem algum parentesco com a Fantástica Doninha Quicante. Revirei os olhos.

    – Olha, eu não vou contar pra ninguém sobre isso, na verdade até bato palmas para vocês. Ele já estava merecendo isso a um bom tempo, sempre se achando melhor do que os outros. – Ele revira os olhos, mas logo depois assume uma feição seria –  Mas eu quero falar com você, Mione. A sós  – Ele falou olhando diretamente pra mim. Corei até a raiz dos cabelos, Sabia do que ele queria falar, mas não estava nada a vontade com isso. Nem percebi quando a Mary saiu da cabine. Os flashs daquela noite vieram...

         

                                       Flash Back On

    Andava sozinha pelos arredores da casa de Sirius. As árvores, o clima calmo, as estrelas brilhando para mim, o vento frio que batia no meu rosto. Tudo isto me fazia bem, me deixavam segura e tranquila comigo mesma. Depois de todos aqueles acontecimentos, tanto boas quanto más, na copa mundial eu fiquei balançada. Estava confusa, muita coisa mudou naqueles momentos únicos, precisava pensar. Me sentei na grama e encostei-me na árvore. A sombra que a mesma estava fazendo e o vento que fazia o meu cabelo ficar esvoaçante me dava a calma necessária para raciocinar direito.

    Fechei os olhos e imaginei uma vida melhor. Sem problemas, sem dor, sem perdas, apenas felicidade. Sorri, meus olhos pregavam-me peças mesmo fechados. Eu via a minha família toda reunida mais uma vez sorrindo e brincando entre si, felizes. Ah, que saudade deles!

    – O que você está fazendo aqui? Eu poderia lhe fazer companhia... Posso me sentar?  – Eu ouvi aquela voz aveludada e angelical já conhecida por mim. Era ele, Cedrico. Sorri. Sim, ele era o meu anjo, aquele que me salvou quando ninguém mais podia. Meu anjo salvador.

    – Claro, por que não?  – Falei a ele, mas meus olhos ainda continuaram fechados. O senti se sentar do meu lado e pegar a minha mão. Neste minimo toque eu estremeci.

   Abri meus olhos a tempo de ver seus lindos olhos castanhos  e o seu sorriso que faz qualquer menina se derreter direcionado a mim. Nossos olhares se conectaram. Castanho âmbar no castanho avelã. O meu mundo sumiu mais uma vez, só que desta vez eu sabia o porquê. Como ele conseguiu mexer tanto comigo em tão pouco tempo?

    Eu olhei dentro de seus olhos e vi a sua alma, seu ser, seu jeito, dentro daquelas lindas iris castanhas. Estávamos conectados de corpo e alma, era como se nada e nem ninguém pudesse acabar ou separar essa conexão. Pura magica.  Sei que ele também viu a minha, mas não me importei. Estava encantada com a beleza dos seus olhos, da sua alma. Ela era tão meiga, doce, inocente até certo ponto, mas ao mesmo tempo tão forte e sofrida. O que ele pode ter sofrido para o marcar até esse ponto?

   

Quando você sentir meu calor

Olhe dentro dos meus olhos

É onde meus demônios se escondem

É onde meus demônios se escondem

Não se aproxime muito

É escuro por dentro

É onde meus demônios se escondem

É onde meus demônios se escondem

    Ele franziu o cenho.

    Droga. Droga. Droga.

   Comecei a me xingar de todos os palavrões possíveis e impossíveis. Eu nunca me descuidei tanto assim, por que agora, por que hoje?

    Merda. Merda. Merda.

    Ele viu! Ele conseguiu ver... Você é uma meleca de trasgo Hermione! Como deixou isso acontecer? Ninguém nunca tinha visto antes, como ele conseguiu? Como?

   Desvio de seu olhar. Agora aqueles lindos olhos cor âmbar pareciam me perfurar por dentro, não conseguia mais olhar. Sempre soube que alguem iria descobrir alguma hora, mas não achei que fosse agora.

   Sempre fui bastante cautelosa, mas na verdade, lá no fundo, eu sabia que seria ele. Sim, agora eu posso ver, eu sabia. Soube desde quando nos olhamos pela primeira vez, bem lá no fundo. Só ele presta realmente atenção em mim, até mais do que deveria, e só para ele eu me expus de tal forma tão intensa, nem eu sei por que fiz isso, mas, sim, eu fiz. Nem mesmo para o Rony eu me expus de tal forma. Uma hora ele iria ter que saber pelo menos um pouco sobre mim não é? Suspirei, não podia me esconder agora, já me escondi demais. É a hora de deixar alguem, pelo menos, imaginar a verdade.  Por que não ele?

Quando o fim chama

É o termino de tudo

Quando as luzes se apagam

Todos os pecadores rastejarão

Então eles cavarão suas covas

E fingiram

Serão julgados

Pela bagunça que fizeram

Não quero te deixar triste

Mas eu sou destinado ao inferno

Embora tudo seja pra você

Não quero esconder a verdade

   Chega, cansei de me esconder! Suspiro, mais uma vez, e volto a  manter aquela conexão visual com ele. A tensão antes não vista começou a transparecer. Ele me olhou de tal forma  que fiquei até arrepiada.  Estava surpresa até certo ponto, não esperava que fosse tão cedo, e que fosse logo isso, coisa que nem os meus amigos prestam atenção, que ele fosse perceber em mim.

    Nunca acreditei no que os livros e aquele velho ditado diz sobre os nossos olhos serem as janelas das nossas almas. Sempre achei que fosse apenas uma grande mentira, até o verdadeiro sentimento da dor me invadir. Eu sei que é muito dramático, mas é a mais pura verdade. Todo o dia quando eu me olho no espelho vejo lá no fundo de meus olhos os meus demônios pessoais que estão sempre a me atormentar incansavelmente. O meu sofrimento, a minha perda, as minhas cicatrizes, os meus problemas, o meu passado, tudo está presente naquele olhar.

   ‘‘Os nossos olhos são as janelas dos nossos corações, das nossas almas, e dos nossos demônios interiores. Os nossos infernos pessoais. Problemas, indecisões, dor, insegurança, morte. Ninguém pode perceber pelas suas atitudes, mas basta olhar nos seus olhos que tudo vem a tona.’’

   Nunca tinha acreditado nessas palavras tanto quanto hoje. Finalmente eu comprovei que elas eram verdadeiras. Eles são o único ponto de verdade no meio de varias mentiras, e eu vejo isso agora. Sempre tomei o cuidado necessário para que ninguém pudesse olhar mais do que 10 segundos dentro dos meus olhos, mas vejo que falhei agora. Suspiro, irritada comigo mesma por ter falhado.

    –  O q-que, por que-e... Por que tanto sofrimento? O que aconteceu com você? E-eu vejo tanta dor nos seus olhos que sinto em minha própria pele as consequências. Olha, eu sei que nós nos conhecemos a pouco tempo, mas eu realmente sinto que te conheço a minha vida toda. Você é a irmã que eu nunca tive, você é a amiga que eu pedi a Merlin, e eu sinto que devo te proteger a qualquer custo. Por favor me conte o que aconteceu, confie em mim! A dor em seus olhos é tão vivida, e sei que ainda é muito presente em você. Eu quero te ajudar, me deixa entrar na sua vida? –  Ele falou, gaguejando na primeira parte, mas a surpresa e a preocupação dominava em sua voz. Eu sabia que ele tinha percebido, mas não que ele tinha tanto amor por mim. ‘‘ Você é irmã que eu nunca tive’’. Senti uma pontada tão forte dentro do meu coração que a mera lembrança do meu passado se foi, só sentia aquela dor me corrompendo. Me encostei mais a árvore e fechei os olhos, tentando me acalmar. 1, 2, 3, 4. Respirava fundo, tentando concentrar-me na minha respiração em vez da minha dor. Sentia o meu mundo caindo aos poucos. Aquela palavra se repetia em minha cabeça.

    Irmã, irmã, irmã.

    É só isso que eu sou pra ele, depois de tudo que nós passamos? Abri os meus olhos e vi seus lindos olhos cor âmbar me encarando com preocupação. Sorri forçado a ele.

    – Eu escondo mais do que pareço. Nunca ouviu a frase ‘‘ por trás dos mais belos sorrisos, existe os piores segredos’’? Se não, está escutando agora. Não te peço para me entender, na verdade eu quero mesmo é que você fique na incompreensão, no escuro, mas por algum motivo estranho eu confio em você! Tanto que você foi o primeiro a descobrir que há alguma coisa errada comigo, mas não me pergunte o porquê e nem como eu consegui esse tormento porque isso eu nunca irei te responder. Com licença –  Falei evitando olhar em seus olhos. Estava magoada. Ele nunca gostou de mim daquele jeito, foi apenas ilusão, apenas esperanças imprósperas que ele, infelizmente, implantou na minha cabeça. E o que me deixa mais confusa ainda é o porquê de me importar com isso. Eu não gosto dele e nunca gostei, não desse jeito, mas mesmo assim me dói. Ele nunca falou que iria ficar comigo e me amar diretamente, mas me deu tantos sinais que eu pensei que... Nada, eu não pensei em nada. O que está acontecendo comigo?

    Eu me levantei rapidamente, o olhei pela ultima vez, e fui embora sem dar explicações a ele. Estava confusa comigo mesma. Agora era só eu, as estrelas que pareciam me acompanhar onde quer que eu fosse, e o meu coração estraçalhado, mesmo sem eu saber o porquê.

Não importa o que alimentamos

Ainda somos feitos de cobiça

Esse é o meu reinado vindo

Esse é o meu reinado vindo

                                        Flash Back Off

    –  Você não me explicou o que foi aquilo, Hermione. Não sabe como eu me senti impotente ao ver toda aquela dor em seus olhos sem poder fazer nada para ajudar. Passei noites em insonia tentando descobrir o que havia acontecido de tão ruim com você, pensando em alguma forma de tirar essa dor de dentro de você, por que no final das contas, eu me preocupo com você.  – Então eu finalmente percebi as suas olheiras em baixo dos seus olhos, sua pele estava mais branca que o normal e ele estava mais magro, com certeza não deve ter comido muito. Me senti culpada. Ele estava assim por minha causa. Eu não devia ter falado nada ou pelo menos não ter dado a ideia que havia alguma coisa errada comigo. Sera que eu não canso de magoar e machucar as pessoas ao meu redor? Abaixei a cabeça  – Poxa Hermione, não sabe como você me deixou lá naquela árvore! Estava estraçalhado por dentro, tentando entender o que fez a minha irmã de coração se sentir assim. Por favor, me deixa entrar na sua vida, confia em mim! Me deixe te ajudar com essa dor e te consolar quando não estiver mais aguentando. Apenas me deixe estar com você nessas horas. Me deixe saber, prometo não decepcionar... Me deixe te consolar.  – Neste momento eu já estava querendo chorar e contar tudo o que eu passei a ele, mas... Não, eu não podia. Era uma coisa somente minha e eu sabia que quando ele soubesse seria um movimento em cadeia. Todos, cedo ou tarde, mesmo que a informação não saia pela boca dele, iriam saber. As paredes tem ouvidos, na verdade tudo hoje em dia tem ouvido. Pior seria se, por causa desta informação, eu o machuca-se, como estou fazendo agora, mas nesse caso seria pior, bem pior. Ele não sabe, mas não falando eu estou é presando pelo seu bem estar. Será melhor assim, o escuro, no caso dele, será o melhor...      

     Irmã. Irmã. Irmã.

    Aquela maldita palavra mais uma vez se repetiu, entrando em meus ouvidos e fazendo questão de fazer presente, se repetindo varias vezes. Ele não sabe como me magoou quando me fez ouvir aquela palavra sair novamente de sua boca. Desta vez foi mais forte do que antes. A dor que se fez presente quase fez meus joelhos cederem e minhas pernas ficaram bambas, ainda bem que eu estava sentada. Respirei fundo. 1,2 ,3, 4.  Comecei a contar, tentando me acalmar. Meu coração batia a 200 por hora. Por que só ele conseguia esse efeito em mim? Por que só ele conseguiu me deixar sem palavras? Sim, Hermione Granger, a sabe tudo de Hogwarts, finalmente ficou sem palavras.

    Então eu soube, naquele momento, o que eu queria mais que tudo evitar. Não podia me enganar mais, mesmo eu querendo manter-me nesta ilusão... Sim, eu estava perdidamente apaixonada por Cedrico Diggory. Com a constatação eu desabei, desolada, na cadeira. Coloquei minha cabeça entre as minhas mãos.

   Droga! Bem que a minha consciência me avisou... Sim, eu estou perdidamente e loucamente apaixonada pelo único homem que só me olha com sua ‘‘irmã de coração’’, palavras dele. Pode ser mais azarada do que isso?

Quando você sentir meu calor

Olhe dentro dos meus olhos

É onde meus demônios se escondem

É onde meus demônios se escondem

Não se aproxime muito

É escuro por dentro

É onde meus demônios se escondem

É onde meus demônios se escondem




 

   


 


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Notas finais do capítulo

bom, o que acharam da musica? Eu me baseei nela para escrever esse capitulo, já que eu não estava conseguindo escrever... Vai ter continuação, se eu receber comentarios e um recomendaçãozinha ia bem tambem não é?
me motivaria muito a escrever a continuação... E quem sabe nela não estaria uma surpresinha, hum?
beijos amores que ainda continuam comigo, agradeço muito a vocês. Muito mesmo, e prometo tentar não sumir valeu?