Pov's Hermione

Andava calada em meio aquela multidão junto à família Wesley e o Harry. Estávamos indo em direção ao estádio da copa mundial de quadribol.

Uma sensação ruim se apoderou de mim, fiquei hesitante. Minha cicatriz no braço direito que até agora ainda não tinha dado sinais de vida começou a doer, nunca tinha doido tanto como agora! Gemi fraquinho, mordendo os lábios para não fazer barulho e não gritar de dor. Tenho que ser forte, ninguém pode saber. Ninguém pode compartilhar essa dor comigo. Sou só eu, apenas eu.

Suspirei pesadamente, parecendo carregar o mundo em minhas costas, minha aparência apenas denunciava isto. '' Porque tudo de ruim aconteceu comigo? Nunca fiz mal a ninguém, por que comigo?'' Perguntei a mim mesma sentindo meu coração se apertar de novo.

Antes de voltar a sentir autopiedade mais uma vez, comecei a sentir a sensação ruim voltar.

"Alguma coisa irá acontecer hoje com toda certeza, mas o que? Não sei, mas tenho a sensação que não irei gostar nada disso." Um calafrio tenebroso percorreu por todo o meu corpo, o medo começava a se apoderar de mim

''Com certeza não será nada bom! '' Afirmei a mim mesma segurando a varinha mais forte que o normal entre as minhas mãos... O que está acontecendo afinal?

Suspirei pesarosa e olhei as pessoas ao meu redor. A atmosfera era cheia de excitação e felicidade extremamente contagiosa. Todos estavam tão contentes e felizes, menos eu é claro, inclusive o Rony que não parava de sorrir e falar sobre o o jogo desta noite aonde irá jogar seu time preferido, a Bulgária, que vai jogar contra seu oponente, a Irlanda.

Suspirei e resolvi prestar atenção na conversa ao meu redor.

– Sabe quem irá jogar hoje contra a Irlanda no time da Bulgária, Vitor Krum – Falou Rony bastante animado para em seguida suspirar e seu tom se tornar sonhador – O melhor apanhador do mundo. Ah, como eu queria pegar um autógrafo dele!  – Falou Rony sonhador como se estivesse em seu próprio mundo encantado.

– Ih Fredinho, o Roniquinho aqui ta apaixonado pelo Krum, virou mulherzinha foi? – Falou George, tirando sarro do irmão.

– Pois é né George e eu pensando que ele gostava da mesma fruta que nós dois, irmão. Mais não tem problema não, eu não tenho preconceito afinal é o amor, não é? – Falou Fred cantarolando a ultima parte, se segurando para não rir da careta do irmão que estava super engraçada. Fred olhou para George como se estivessem se comunicando com ele apenas pelo olhar e então começaram a cantar juntos.

– Vitor e Rony de mãos dadas andando pela calçada. Rony diz eu te amo e ele diz eu também. Acabam se casando na capela da estrada pois com o Krum o coração do Rony dispara. É o amor que mexe com a tua cabeça e te deixa assim. O amor, apenas amor, amooor.– Cantaram os dois juntos em alto e desafinado som atraindo vários olhares indesejáveis para cima de nosso grupo. Rony corou de raiva e vergonha com os olhares em cima de nós, principalmente nele, então abaixou a cabeça, mas antes pude o escutar murmurar bem baixinho.

– Povo fofoqueiro, por que eles não cuidam da própria vida e deixam a minha em paz. Eu vou matar o Fred e o George, eles que me esperem vão ver só – Murmurou baixo, com a cara emburrada.

Dei uma risadinha baixa e revirei os olhos, entediada com o mesmo assunto.

– Aonde nós vamos nos sentar? – Perguntou Rony ao seu pai, curioso, assim que entramos no estádio. Enquanto os outros se perguntavam a mesma coisa e olhavam atentamente para o mesmo. Eu nada falei, estava sentindo a dor aumentar cada vez mais naquele mesmo lugar, só o que eu poderia fazer era ignorar e segurar-me para não gritar. As coisas tendiam a piorar.

– Eu consegui os melhores ingressos da arquibancada para ficar melhores lugares daqui, com vista privilegiada e tudo – Falou Sr. Wesley todo orgulhoso de si mesmo. Todos, inclusive eu, ficaram surpresos com essa noticia, incrédulos na verdade. Como ele conseguiu isso?

– Como o senhor conseguiu isso, pai? Aonde o senhor arranjou os ingressos? – Perguntou o primeiro a se pronunciar, Fred, ainda bastante surpreso com a notícia.

– Eu consegui com um amigo de trabalho que desistiu de ir na última hora, parece que a sua esposa está no St' Mungus internada e ele quis ficar lá cuidando dela. Bom, como a família dele é muito grande, ele tinha muitos ingressos e acabou vendendo a mim e ao Amos os seus ingressos nos melhores lugares da arquibancada por um preço fácil de pagar. Tem vista para todo o estadio, a vista é magnifica.  – Respondeu o Sr. Wesley, orgulhoso por ter conseguido esses ingressos para ver o jogo.

Estanquei. '' Com certeza vou ver o Cedrico, como será que ele está? deve estar bem com aqueles olhos lindos, com seu corp.... Droga, por que ele me afeta tanto? Por que ele tem que ser tão...Gostoso! Argh. Por que eu estou pensando nele? Eu gosto do Rony e não do Cedrico, acorda Hemione!'' Briguei comigo mesma, me batendo até ficar roxa mentalmente por sentir essa... atração cada vez que o olho. Eu não posso me sentir assim, não agora que a minha vida está entrando nos eixos novamente! eu estou até conseguindo sorrir novamente, porque tudo tem que ser tão complicado para mim.

'' Droga, eu estou muito emotiva ultimamente '' Pensei emotiva , abaixei a cabeça com lágrimas nos olhos. Me lembrei dos tempos ruins.  Depois disso tudo perdi meu chão e todas as certezas da minha vida, apenas uma ficou, o meu amor incondicional pelo Rony. Foi apenas essa certeza, do meu amor por ele, que me manteve sã e viva até agora, me impediu de cometer suicídio, me impediu de usar drogas, me impediu de jogar-me da ponte entre outras coisas a mais. Pensar nele, o olhar, ver seu sorriso maroto, ver seus olhos azuis hipnotizantes, sentir o seu calor quando me abraça virou o meu remédio que eu não vivo mais sem até agora... Eu o amo não é?

Senti uma mão macia em meu rosto, fazendo carinho em minha pele delicadamente. Me sentia como se fosse de porcelana. Involuntariamente me aconcheguei mais aquela mão, aquele toque tão carinhoso e que me passava tanta segurança e amor que eu a muito procurava, mas nunca achava, nem mesmo com o Rony. Fechei os meus olhos aproveitando aquela sensação. Percebi agora que tudo o que eu precisava era de alguém me consolando, me dizendo que tudo irá ficar bem, me abraçando forte e me deixando chorar em seu colo. Mas como eu iria saber? Desde que tudo aconteceu vivo solitária, triste e amargurada. Suspirei, nostálgica novamente. Sozinha.

Senti uma coisa molhada escorrendo por meu rosto, percebi que estava chorando neste momento. Levantei a mão com a intenção de enxugar minhas próprias lágrimas, mas a mão desconhecida a segurou. Abaixei mais a cabeça, ninguém poderia saber que eu estava chorando. Ninguém pode saber do meu motivo. Principalmente da minha dor. Olhei, melancólica, para a cicatriz em meu braço coberta pelo minha blusa de mangas compridas. Ninguém.

Enquanto uma mão segurava meu braço a outra fazia carinho em meu rosto. A mão que fazia carinho em meu rosto desceu até meu queixo delicadamente e o segurou, o levantando para cima calmamente. Tentei fugir, virar meu rosto para outro lado, mas ele apenas segurou-o mais forte. Ele não pode me ver neste estado! Estremeci, só não sei se foi pelo medo ou pelo choque da sua pele quente, e fria ao mesmo tempo, contra minha a minha. Foco Hermione... Não, ninguém pode!

Usei minha mão livre para afasta-lo, ele era forte, não consegui. Ele apenas me puxou para si, fazendo nossos corpos se chocarem e entrarem em ebulição. Eu estava fervendo agora, por fora e por dentro. Nunca tinha me sentido assim antes, nem com o Rony, ou qualquer outro, senti como se milhares de fogos de artificio de todas as cores e tamanhos estivessem entrando em combustão , tudo ao mesmo tempo, dentro de mim. Estremeci, mais uma vez, com o contato de sua pele com a minha.

Arfei. Quem é esse homem para me fazer sentir todas essas sensações ao mesmo tempo? Pensei enquanto estremecia mais uma vez ao sentir sua mão rodeando a minha cintura. Ele segurou novamente o meu rosto com uma delicadeza impecável e o levantou calmamente como se tivéssemos o maior tempo do mundo. Suspirei totalmente derretida com o seu toque em meu rosto.

– Quero olhar sua perfeição, olhar seus lindos olhos e me maravilhar com eles. Não me prive de vê-los – Ele sussurrou em meu ouvido. Estremeci ao sentir o seu hálito quente de menta no meu rosto, não pude resistir ao seu pedido. Levantei a cabeça vagarosamente.

Pela minha vista embaçada por causa do choro pude ver dois olhos cor castanho âmbar me encarando como a mais bela do mundo, me senti bem com esse olhar. Acho que ele percebeu minha cara de choro, suas feições mudaram rapidamente para preocupadas

– Você estava chorando? Foi alguma coisa que eu fiz? Te machuquei? Me desculpe eu não devia ter feito isso.  – Ele falou com o tom preocupado. Eu nada falei, a ficha ainda não tinha caído.

– Cedrico? – Perguntei mais para mim mesma do que pra ele, incrédula. Ele olhou dentro dos meus olhos, fiquei paralisada ao ver suas íris castanhas. Castanho no castanho. Fiquei hipnotizada pelo seu olhar, tudo de repente se tornou pura mágica ao seu lado, como as historias de contos de fada que mamãe me contava quando pequena. Me senti uma princesa que acabou de ser salva pelo seu príncipe dos sonhos, e ele era esse príncipe. O meu príncipe. Estremeci mais uma vez ao ver o quão perto nós estamos um do outro.

Desviei o olhar, quebrando a nossa conexão mágica. Olhei para sua boca, tão vermelha e carnuda. Nós fomos aproximando os nossos rostos ainda mais ficando a alguns centímetros um do outro. O tempo tinha parado, nada mais existia, somente eu e ele.

Ele começou a fazer carinhos no meu cabelo. Olhei nos seus olhos novamente então todas aquelas sensações que eu senti apenas com os toques dele voltaram. Meus lábios se entreabriram involuntariamente ao perceber o quão perto estavamos um do outro.

Fomos nos aproximando cada vez mais e mais, já podia sentir seu hálito de menta inebriante em meu rosto me fazendo esquecer os meus problemas, amigos, familia, tudo. Somente eu e ele. Fechei os olhos esperando pelo que eu sabia que viria. Pena que não veio...

– O que é que está acontecendo aqui? – Falou uma voz conhecida nos tirando do nosso transe.